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Instituto Federal Sul Rio Grandense. Universidade Federal de Santa Maria. Eletrosul Centrais Elétricas S.A. 1/12

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XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro

Curitiba - PR - Brasil

Wagner da Silva Brignol

Rodrigo Motta de Azevedo

Instituto Federal Sul Rio

Grandense

wagner.brignol@gmail.com

rodrigomotta1705@hotmail.com

Dalvir Maguerroski

Luciane Neves Canha

Eletrosul Centrais Elétricas S.A.

Universidade Federal de Santa

Maria

dalvir@eletrosul.gov.br

lucianecanha@gmail.com

IMPACTOS DA RESOLUÇÃO NORMATIVA (REN) 682/2015 PARA A AMPLIAÇÃO DAS MICRO E MINIGERAÇÕES DISTRIBUÍDAS A BIOGÁS ORIUNDO DE DEJETOS DE SUÍNOS NO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

Palavras-chave

Biogás de dejetos de suínos Geração Compartilhada Minigeração distribuída

Sistema de Compensação de energia elétrica

Resumo

O Brasil apresenta grande potencial de produção de biogás oriundo de dejetos de suínos para geração de energia elétrica, principalmente através do uso de micro e minigeração distribuída. Devido este grande potencial estar espalhado através de diversas propriedades de suinocultura em todo território brasileiro, para que haja viabilidade técnica e financeira deste tipo de geração, faz-se necessário, em muitos casos, que haja o agrupamento da produção de dejetos e/ou biogás de diversas propriedades, formando uma cooperativa, obtendo-se quantidade de insumo necessária para instalação deste tipo de geração.

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A comercialização desta energia através do sistema de compensação financeira da REN 482/2012 apresentava diversos entraves, porém, a REN687/2015 minimizou estes, possibilitando a ampliação da geração de energia elétrica através do biogás de dejetos de suínos, principalmente pela introdução do conceito de geração compartilhada.

Sendo assim, este trabalho apresenta o potencial brasileiro de aproveitamento do biogás de dejetos de suínos; a influência da REN687/2015 para a viabilidade técnica e comercial deste tipo de geração; assim como os possíveis resultados da utilização do sistema de compensação pelos consumidores/produtores de energia que integram o projeto de P&D-ANEEL 014/2012, firmado entre ELETROSUL, CEESP/UFSM, CERTI, UFSC, ITAI, FPTI e EMBRAPA.

1. Introdução

A difusão do uso da mini e microgeração distribuída nos sistemas de distribuição vêm se apresentando com uma alternativa para o aumento de produção de energia elétrica no Brasil.

Diversos dispositivos legais foram criados nos últimos anos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para incentivar esta prática. Dentre os dispositivos criados está a Resolução Normativa REN482/2012 que implementou o sistema Net Metering no Brasil. Mesmo que elaborada com o sentido de facilitar a disseminação das chamadas micro e minigeração distribuída (microGD e miniGD), esta resolução teve como objetivo principal incentivar que o consumidor pudesse gerar toda ou parte da energia elétrica necessária para seu consumo mensal e ainda e comercializar o excedente da energia gerada, em forma de empréstimo para a distribuidora, através do sistema de compensação de energia elétrica.

Os conceitos da Resolução Normativa ANEEL (REN) 482/2012 foram concebidos principalmente através das características da geração de energia fotovoltaica, porém, o Brasil possui outros potenciais energéticos para conversão em energia elétrica, como por exemplo: eólico e biomassa, sendo que dentre os diversos aproveitamentos possíveis da biomassa está o biogás de dejetos de suínos, pois o Brasil é 3° maior produtor mundial de suínos (38,6 milhões de animais).

Para tanto, a REN 482/2012 apresentou diversos entraves para a conexão deste tipo de fonte, dentre os quais podem-se citar: Limitação da potência instalada de GD igual a carga instalada da unidade consumidora(UC), pois normalmente as UC's produtoras de suínos são propriedades rurais que possuem pequena carga instalada; Utilização dos créditos obtidos pelo excedente de energia elétrica gerada, somente em UC's com mesmo CPF ou CNPJ; Determinação prévia da ordem de prioridade de UC's que podem se utilizar dos créditos; Prazo de 36meses para expirar os créditos acumulados, o que dificulta o pay-back da micro e miniGD; a falta de previsão de uso do sistema de compensação por condomínios e cooperativas; entre outros.

Ciente da necessidade de minimizar estes problemas a ANEEL publicou em 24 de novembro de 2015 a REN 687/2015 que alterou alguns itens da REN482/2012 e incluiu outros que viabilizou o aproveitamento das micro e minGD's à biogás de dejetos de suínos.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo apresentar o potencial brasileiro de aproveitamento do biogás de dejetos de suínos e a influencia da REN687/2015 para a viabilidade técnica e comercial, assim como os possíveis resultados da utilização do sistema de compensação financeira pelos consumidores/produtores de energia que integram o projeto de de1P&D-ANEEL 014/2012, firmado entre ELETROSUL e o Centro de Estudos em Energia e Sistemas de Potência da Universidade Federal de Santa Maria (CEESP/UFSM-RS), juntamente a CERTI, UFSC, ITAI, FPTI, EMBRAPA. Neste

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projeto, 12 produtores rurais contribuem com dejetos de suínos de suas propriedades para a produção de biogás, sendo este, o insumo utilizado para produção de energia elétrica através de uma miniGD de 480 kVA, instalada em uma destas propriedades.

2. Desenvolvimento

2.1. Potencial Brasileiro de Geração de Energia Elétrica a Biogás de Dejetos de Suínos

A matriz energética brasileira possui uma potência instalada geração de energia elétrica de 134,734GW, dos quais apenas 80,659MW (0,06%) utilizam o biogás como insumo para gerar eletricidade num total de 23 usinas, das quais, apenas 04 são classificadas como mini ou microGD (1).

O Brasil ocupa o terceiro lugar na produção de suínos (38,6 milhões de animais), sendo que estes animais estão distribuídos ao longo de todo território brasileiro, logo o potencial de produção de biogás e consequentemente de energia elétrica também está distribuído por todo território. A Figura 1 apresenta distribuição da criação de suínos ao longo do território nacional (2).

Figura 1- Distribuição do Rebanho de Suínos no Território Brasileiro

Como este potencial encontra-se distribuído ao longo de todo território brasileiro, seu aproveitamento depende que sejam instaladas várias centrais geradoras de energia elétrica de pequeno porte (micro e/ou miniGD) nos mais diversos locais. Considerando o número de cabeças de suínos e o número de propriedades distribuídas ao longo do território brasileiro, em média, cada propriedade possui um potencial de aproveitamento de biogás capaz de gerar até 100kW. Sendo, assim é possível realizar uma projeção do número de minigerações de energia elétrica de 100kW, que poderiam se utilizar do biogás como combustível, conforme apresentado no Quadro 1.

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Com o aproveitamento do potencial de geração de energia elétrica a partir do biogás é possível o acréscimo de cerca de 286,91MW de capacidade de geração de energia elétrica no sistema elétrico brasileiro e a possibilidade de conexão de cerca de 2.869 miniGD de 100kW, localizadas próximas ou nos próprios locais de consumo, proporcionando uma mudança radical no panorama atual, visto que, a matriz energética brasileira possui apenas 4 mini e/ou microGD’s à biogás de dejetos de animais.

Como o Brasil possui este grande potencial a ser explorado a ANEEL lançou em 2012 um projeto de pesquisa e desenvolvimento, através da chamada pública ANEEL 014/2012, denominado P014/2012.

2.2 Entraves para participação do projeto P014/2012 no Sistema de Compensação Financeira da REN482/2012

O projeto P014/2012 consiste em instalar e conectar à rede de distribuição uma miniGD que utiliza a produção de biogás oriundo de dejetos de suínos de 12 propriedades de suinocultura localizadas na zona rural do município de

Itapiranga–SC.

Por não serem propriedades lindeiras, cada propriedade contribui com sua produção de biogás para o armazenamento em um único ponto, uma vez que as propriedades estarão interligadas através de um biogasoduto, o que permite o ganho de escala necessário para viabilizar a utilização do biogás pela miniGD.

O ponto de conexão da miniGD na rede ocorrerá na propriedade rural, participante do estudo, que reuniu as melhores condições técnicas e de logística para sua instalação e operação. As características técnicas da miniGD do projeto são:

· Potência Nominal da miniGD: 480kVA (4 grupos geradores de 120kVA – 86kW regime permanente); · 03 Grupos Geradores Instalados totalizando uma Potência total de Geração Instalada de 258kW; · 01 Grupo de Geradores Reserva de 86kW;

· Tensão de Geração 380V; Tensão de Conexão na Rede de 23kV (ALINA05 Celesc).

Definida as características técnicas da miniGD, faz-se necessário a viabilização da conexão desta na rede de distribuição, porém, a participação desta miniGD no sistema de compensação financeira não seria possível, pois diversos pontos do arranjo técnico do projeto não estavam previstos e/ou estavam em desacordo com as diretrizes da REN 482/2012, dentre os quais podem-se destacar (3),(4):

1º. A potência de geração da miniGD exige que a conexão ocorra em MT. Como todas as UC’s participantes do projeto são atendidas em BT, seria necessário:

a. Ocorrer um aumento de carga instalada da UC da miniGD, de forma que esta passe a ser atendida em MT passando esta a ser classificada como consumidor do grupo A subgrupo A4 cujos limites de tensões estão compreendidos entre 2,3 kV a 25 kV ;

b. Firmar um contrato de demanda, no qual o valor contratado deve ser no mínimo igual à potência nominal da miniGD.

2º. Cada propriedade participante do projeto possui mais de uma unidade consumidora, ou seja, as 12 propriedades rurais totalizam 31 UC’s, e por não haver previsão de utilização do sistema de compensação financeira por condomínios ou cooperativas, haveria os seguintes problemas:

a. No caso de haver de créditos gerados pela UC da miniGD, após a compensação financeira na sua fatura de energia elétrica, o excedente não poderia ser utilizado para compensação financeira nas

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faturas de energia das outras UC’s participantes do projeto, uma vez que possuem titularidades diferentes da UC da miniGD;

b. Como todas as propriedades contribuem com o biogás utilizado como insumo da miniGD, os créditos excedentes da UC da miniGD deveriam ser divididos entre todas as UC’s participantes do projeto, e não segundo uma ordem de prioridade prévia.

2º. Por ser uma UC classificada como consumidor do grupo A subgrupo A4, é possível que haja excedente de energia gerada pela miniGD nos horário de fora ponta e ponta. Como todas outras UC’s são classificadas como consumidores do grupo B, a REN 482/2012 não previa de forma clara como fazer a conversão dos créditos gerados por UC do grupo A para compensação financeira em UC’s do grupo B.

Todas estes pontos impossibilitavam a participação da miniGD no sistema de compensação de energia elétrica juntamente com todas as propriedades participantes do projeto.

2.3 Análise das Alterações da REN482/2012 devido a publicação REN687/2015 para fins do P014/2012

Dentre os arranjos comerciais avaliados no P014/2012 está o enquadramento da miniGD no sistema de compensação de energia elétrica, porém o modelo de cooperativa ou associação, definido ao longo do projeto para que haja a divisão dos créditos gerados pela miniGD, não se enquadra nas possibilidades apresentadas pela REN482/2012, conforme já a discutido no item anterior.

No entanto a ANEEL publicou em 24 de novembro de 2015 a REN 687/2015 que altera a REN 482/2012 e os módulos 1 e 3 do PRODIST, esta REN alterou conceitos existentes e incluiu possibilidades até então não previstas no modelo atual. A seguir são apresentadas as alterações mais significativas para o projeto P014/2012 e comentários sobre estas.

2.3.1 Alteração do conceito de micro e minigeração distribuída

O Art.2°da REN 687/2015 alterou os limites de classificação de micro e miniGD adicionou outros conceitos conforme segue (5):

Art. 2° ...

I -microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instaladamenor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;

II -minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instaladasuperior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas oumenor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou para as demais fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;

VII –geração compartilhada: caracterizada pelareunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio oucooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente será compensada;

Os limites de potência de geração que definem a classificação de mini e microgeração distribuída foram adequados para coincidirem com os valores que limitam o fornecimento de energia elétrica de uma UC em baixa ou média tensão (6). Esta mudança não irá alterar a classificação da miniGD do projeto, visto que a mesma continuará classificada como

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minigeração distribuída.

Já o conceito de geração compartilhada, não existente até então, possibilita que as propriedades participantes do P014/2012 possam se beneficiar com os créditos gerados pela energia excedente despachada pela miniGD para a rede de distribuição, ou seja, este novo conceito viabiliza a conexão da miniGD na condição de participante do sistema de compensação de energia elétrica.

2.3.2 Alteração dos limites de potência instalada da micro e miniGD

A REN 687/2015 altera o art. 4º da Resolução Normativa nº 482, de 2012, que passa a vigorar com a seguinte redação(4), (5) e (6):

Art. 4°...

§2º Caso o consumidor deseje instalarcentral geradora com potência superior ao limite estabelecido no §1º, deve solicitar o aumento da potência disponibilizada, nos termos do art. 27 da Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010,sendo dispensado o aumento da carga instalada.

§6º Para os casos de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras egeração compartilhada , a solicitação de acesso deve ser acompanhada dacópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes.

Este artigo apresenta uma solução a mais um empecilho que a REN482/2012 apresentava para a conexão da miniGD. Como a unidade consumidora da miniGD possuirá uma carga instalada inferior a potência de geração, haveria necessidade de comprovar que a carga instalada de consumo resultasse em uma demanda de consumo maior ou igual a potência de geração, pois o texto original do art. 4° da REN482/2012 limitava a potência de geração à carga instalada ou demanda contratada pela UC.

Com esta alteração será possível realizar a conexão da miniGD no modelo de sistema de compensação mesmo que a carga instalada da UC seja inferior a potência de geração total instalada, conforme texto do §2º.

Já o §6º exige que seja apresentado cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os produtores de suínos participantes do P014/2012.

2.3.3 Alteração no prazo para uso dos créditos das micro e miniGD’s

O Art. 4º da REN687/2015 altera o § 1º do art. 6º da Resolução Normativa nº 482, de 2012, que passa a vigorar com a seguinte redação(4) e (5):

§1º Para fins de compensação, a energia ativa injetada no sistema de distribuição pela unidade consumidora será cedida a título de empréstimo gratuito para a distribuidora, passando a unidade consumidora a ter um crédito em quantidade de energia ativa a ser consumida por um prazo de 60 (sessenta) meses.

Este §1º aumentou de 36 para 60 meses o prazo para o uso dos créditos gerados pela miniGD, o que auxilia na viabilidade econômica do projeto, uma vez que, o retorno financeiro de uma micro ou miniGD está associado ao possível consumo que esta UC possa ter, logo, o aumento do prazo de utilização dos créditos permite uma melhor avaliação do retorno do investimento a ser realizado.

2.3.4 Alteração da divisão dos créditos entre diversas UC’s

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com a seguinte redação (4) e (5):

“Art. 7º No faturamento de unidade consumidora integrante do sistema de compensação de energia elétrica devem ser observados os seguintes procedimentos:

VIII - otitular da unidade consumidora onde se encontra instalada a microgeração ou minigeração distribuída devedefinir o percentual da energia excedente que será destinado a cada unidade consumidora participante do sistema de compensação de energia elétrica, podendosolicitar a alteração junto à distribuidora, desde que efetuada por escrito, comantecedência mínima de 60 (sessenta) dias de sua aplicação e, para o caso de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras ou geração compartilhada, acompanhada da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes;

XI - em cada unidade consumidora participante do sistema de compensação de energia elétrica, a compensação deve se dar primeiramente no posto tarifário em que ocorreu a geração e, posteriormente, nos demais postos tarifários, devendo ser observada a relação dos valores das tarifas de energia – TE (R$/MWh), publicadas nas Resoluções Homologatórias que aprovam os processos tarifários, se houver;

XIX - ...

2ºA cobrança das bandeiras tarifárias deve ser efetuada sobre oconsumo de energia elétrica ativa a ser faturado, nos termos deste artigo.”

A alteração do art. 7° da REN 482/2012, inclui a possibilidade da UC onde estará instalada a miniGD poder definir o percentual da energia excedente (créditos) que será destinado a cada unidade consumidora participante do sistema de compensação, que no caso do P014/2012, serão 31 UC’s divididas em 12 propriedades de suinocultura.

Esta nova possibilidade para irá sanar outro problema identificado durante o projeto P014/2012, pois, caso os créditos gerados pela miniGD não forem suficientes para compensar todas as faturas de energia elétrica das 31 UC’s, não haveria critério justo para determinar qual seria a ordem de prioridade de UC’s que se beneficiariam dos créditos, uma vez que todas as propriedades participantes contribuem com biogás utilizado como combustível para miniGD.

Outros dois pontos abordados neste novo texto e que são importantes são:

1º. A possibilidade de utilizar os créditos da energia excedente da miniGD no horário de ponta em outros postos tarifários, desde que observada à relação dos valores das tarifas de energia – TE (R$/MWh), situação até o momento não prevista, e que resolve o problema dos possíveis créditos gerados no horário de ponta pela miniGD;

2º. A cobrança da bandeira tarifária somente sobre a energia elétrica faturada desonera os gastos com energia das UC’s, visto que, no texto original, a bandeira tarifária é cobrada pelo total da energia consumida.

2.4 Possíveis resultados da utilização do sistema de compensação financeira no P014/2012

O texto da REN687/2015 sanou os problemas citados neste trabalho de forma a possibilitar que as UC’s do P014/2012 participem do sistema de compensação de energia elétrica. Para tanto, as 12 propriedades serão reunidas em uma cooperativa de produtores de suínos havendo a possibilidade do enquadramento da miniGD no conceito de geração compartilhada.

Para realizar a estimativa dos créditos gerados pela miniGD e os impactos que estes créditos podem causar nas faturas de energia elétrica das UC’s, faz-se necessário a determinação do regime operacional da miniGD. A tabela 1 apresenta

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o regime operacional e a estimativa de energia e créditos gerados por mês.

Tabela 1 – Regime operacional da miniGD do P014/2012

O regime operacional da miniGD considera diversos fatores, entre os quais, a estimativa de produção diária de biogás que neste projeto é 1.527,61 m3 .Devido à potência nominal da miniGD a UC da cooperativa será classificada como consumidor do grupo A subgrupo A4, o que significa que deve ter uma demanda contratada a ser paga mensalmente pela cooperativa para a distribuidora. Como a cooperativa é formada pelos produtores de suínos participantes do projeto, estes deverão dividir os custos operacionais da miniGD inclusive o da fatura de energia elétrica.

Sendo assim, é necessário definir a forma mais justa para a divisão desta fatura de energia elétrica (cota parte) entre os participantes da cooperativa, e qual o impacto da utilização dos créditos gerados na UC da cooperativa nas faturas de energia elétrica das UC’s de cada produtor.

Para obter estes resultados realizaram-se os seguintes estudos:

a. Determinação do melhor tipo de tarifação da demanda a ser contratada para UC da cooperativa; b. Análise do consumo médio anual de energia elétrica da UC’s das propriedades;

c. Análise do impacto financeiro nas faturas de energia elétrica das UC’s dos produtores e determinação dos novos gastos mensais com energia elétrica.

2.4.1 Determinação do melhor tipo de tarifação a ser contratada para UC da Cooperativa

Na análise de qual o melhor valor de demanda a ser contratada, ou seja, que vai resultar no menor valor na fatura de energia elétrica da UC da cooperativa, devem-se considerar o possível regime operacional da miniGD, a potência total instalada e os valores das tarifas e impostos vigentes, tais como PIS, COFINS e ICMS (7) e (8).

Como um dos grupos geradores é reserva, o valor de demanda a ser contratada pela miniGD deve ser a potência total instalada de 258kW, mesmo que a potência máxima de geração seja 172kW, uma vez que a REN687/2015 considera que a demanda contratada deverá ser igual ou superior a potência instalada da miniGD. A tabela 2 apresenta os resultados das análises dos valores de demanda contratada pela miniGD, considerando os tipos de tarifação para contratação.

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Tabela 2 – Valores da Fatura de Energia Elétrica da miniGD de acordo com o tipo de tarifação

De acordo com a tabela 2, o menor valor de fatura de energia elétrica da UC cooperativa obtido é de R$ 2.650,71 com a tarifa verde.

2.4.2 Análise do impacto financeiro nas faturas de energia elétrica das UC’s dos produtores e determinação dos novos gastos mensais com energia elétrica

Para avaliar o impacto financeiro nas faturas de energia elétrica das UC’s analisou-se o comportamento dos seus consumos durante um intervalo de 01 (um) ano - julho 2014 à julho 2015 – obtendo-se a média mensal de consumo de cada UC.

Mesmo que os consumos de todas as UC’s sejam compensados com os créditos, ainda haverá um valor mensal a ser pago em cada fatura, pois conforme (5): “Para as unidades consumidoras conectadas em baixa tensão, grupo B, ainda

que a energia injetada na rede seja superior ao consumo, será devido o pagamento referente ao custo de disponibilidade – valor em reais equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico)”.

Os novos gastos mensais com energia elétrica de cada propriedade não irão englobar somente os valores das faturas das UC’s da propriedade. Deve-se considerar que haverá um valor mensal a ser pago referente à fatura da cooperativa, o qual deve ser dividido entre as propriedades (cota parte).

Para determinar o novo custo mensal com energia elétrica de cada propriedade foram feitas as seguintes considerações: a. Contratação da tarifa verde para a UC da Cooperativa resultando em um custo mensal fixo total de R$

2.650,71;

b. Divisão da cota parte de forma proporcional ao consumo de cada unidade consumidora, ou seja, quanto maior o consumo maior será a cota parte;

c. Inclusão do novo valor da fatura de energia de cada UC relativo ao custo de disponibilidade;

Para o cálculo dos novos valores das contas de energia elétrica foram considerados os valores atuais das tarifas de energia elétrica assim como os valores de todos os impostos incidentes, de acordo com (9), (10), e (11). A tabela 3 apresenta a estimativa de redução de custos com energia elétrica de cada propriedade, mesmo com a divisão do valor da fatura de energia elétrica da miniGD entre as propriedades da cooperativa

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2.4.3 Análise dos Resultados

De acordo com a Tabela 3 pode-se verificar que mesmo que cada propriedade assuma o pagamento relativo a divisão do valor da fatura da UC da miniGD (cota parte) proporcional ao consumo de cada UC, houve grande redução no custo mensal com energia elétrica de cada propriedade.

Nos casos das propriedades 11 e 12, mesmo assumindo a sua cota parte da divisão da fatura de energia elétrica da UC da miniGD, estas tiveram 86% de redução no gasto com energia elétrica.

Considerando que a miniGD possui uma capacidade de geração mensal de 52.976 kWh de energia elétrica, e que o somatório dos consumos médios de energia elétrica de todas as UC’s equivalem à 42.474kWh, os créditos gerados na fatura da UC da cooperativa serão suficientes para realizar a compensação financeira de todas as UC’s participantes do projeto, havendo ainda uma “sobra” dos créditos gerados de 10.502kWh (19% do total dos créditos). Com isso, há uma margem para que os produtores aumentem em até 19% seus consumos mensais de energia elétrica, e ainda seria possível realizar a compensação financeira em todas as UC’s.

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cooperativa, e ainda o pagamento dos custos de disponibilidade de cada UC, o uso dos créditos para compensação financeira nas faturas de energia de todas as UC’s resultará em uma economia total de R$16.304,90 por mês.

3. Conclusões

A produção de biogás a partir de dejetos de suínos é um grande potencial energético a ser explorado no Brasil devido ao grande número de propriedades produtoras de suínos, principalmente nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais.

Se propriedades produtoras de suínos utilizarem os dejetos para produção de biogás, estas possuirão combustível para diversas atividades, como gerar energia elétrica, além de resolver um passivo ambiental, já que é necessário dar a destinação a estes dejetos com o menor impacto ambiental.

Porém, grande parte das propriedades produtoras de suínos não possuem quantidade de suínos necessária para produzir biogás suficiente para abastecer uma micro ou miniGD com capacidade de geração que pague o investimentos a serem realizados para sua instalação, conexão e manutenção.

Para que o uso deste potencial energético seja viável economicamente, é necessária a realização de um arranjo no qual as propriedades possam aglutinar seus potenciais energéticos, possibilitando assim a efetivação da produção de energia elétrica e conexão nos sistemas de distribuição.

Neste sentido, o modelo apresentado pela REN687/2015 que permite cooperativas participarem do sistema de

compensação financeira de energia elétrica, através do conceito de geração compartilhada, traz novas perspectivas para o aproveitamento deste potencial energético.

A viabilidade deste arranjo comercial ficou evidenciada com os resultados apresentados, pois, como se observou neste trabalho cada produtor rural participante deste projeto poderá ter seu gasto com energia elétrica diminuído

substancialmente, ocasionando a redução no seu custo de produção, o que ajuda a fortalecer este setor produtivo do país.

4. Referências bibliográficas

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http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm;

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ANEEL, Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf

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P&D-ANEEL 014/2012 : Agradecimento pelo apoio financeiro à ANEEL, ELETROSUL, UFSM, CAPES,

CNPq e FAPERGS

Referências

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