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REPARO À ORIGEM (INSERTIO SCAPULARIS) DO M. TERES MINOR NO CAVALO *

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DESCRIT IV A DOS A N IM A IS DOMÉSTICOS

D ire to r: Prof. Dr. O rlando M. Paiva

REPARO À ORIGEM (INSERTIO SCAPULARIS) DO M. TERES MINOR NO CAVALO *

( R E P A I R TO T H E O R IG I N (IN S E R T IO S C A P U L A R IS ) O F T H E M.

T E R E S M IN O R IN T H E H O R S E )

A n t ô n i o F e r n a n d e s F i l h o I. L . de S a n t is P ra d a

Instrutor Instrutor

O objetivo da presente pesquisa decorre de trabalho em que Pa iv a (1946), observando, no cão, o comportamento da Insertio

scapularis do m. teres minor, diverso do descrito nos compêndios

de Anatomia Veterinária, também discordantes entre si, diz da possível ocorrência de idênticas divergências em relação aos vários mamíferos domésticos, sugerindo revisão do assunto. As disseca­ ções iniciais, a par da desarmonia das informações colhidas, con­ firmaram a conveniência da medida e, portanto, a necessidade em proceder-se aos reparos que oferecemos. Por outro lado, na bi­ bliografia consultada, nenhuma referência encontramos que pu­ desse aclarar a falta de conformidade existente entre o estabeleci­ do pelos autores didáticos e o aspecto sempre uniforme de nossas preparações.

Relataremos nêste trabalho os resultados referentes à espécie eqüina, material de lida diária nas aulas práticas e, por isso, mais fàcilmente sujeitável a pronto exame. Assim restrito o campo de investigação, passaremos a resumir os ensinamentos de tratadis­ tas, no tocante à inserção escapular do m. pequeno redondo, no ca­ valo, que se processaria:

a) na borda posterior, na fossa infra-espinhosa e no colo da escápula ( T a g a n d e B a r o n e — 1950);

* Comunicado à X X Conferência A nual da Sociedade Paulista de Medicina Vete­ rinária, realizada de 8 a 11 de setembro de 1965, em São Paulo e apresentado ao V Congresso Brasileiro de Anatom ia, realizado de 10 a 13 de ju lh o de 1967, em São Paulo.

Trabalho realizado sob os auspícios da Fundação de Am paro à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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b) em quase tôda a extensão da borda axilar da escápula

e na linha oblíqua da parte distai da fossa infra-espinhosa (Bra- dley — 1920);

c) na borda posterior e sôbre as cristas rugosas do colo da escápula (Montané e Bourdelle — 1913);

d) na borda posterior da escápula e nas impressões lineares da parte baixa da fossa infra-espinhosa (Lesbre — 1922);

e) em pequena secção à altura da metade da borda caudal da escápula e nas linhas rugosas da parte distai e posterior da fos­ sa infra-espinhosa (Sisson — 1963);

f) na parte distai da margem caudal da escápula e eni di­ reção à fossa infra-espinhosa (Varaldi — 1909);

g) na metade distai da borda caudal da escápula (Sciim altz — 1928, Ellenberc.er e Baum — 1932, Klimov — 1955;

h) no terço distai da margem caudal da escápula (Martin

— 1923, Br u n i — 1929, Bru n i e Zim m e r l — 1951, Nic k e l, Sc h u m m e r e Seiferle — 1954, Masui — 1960, Dobberstein e Ho f f m a n n — 1961);

i) no quarto distai da margem caudal da escápula (Schw arze e Schrõder — 1960);

j) na borda caudal da escápula (Mongiardino — 1903, Za- n o l l i — 1910, Gonzáles Y Garcia e Alvarez — 1929).

m a t e r ia l e m é t o d o

O material estudado compreende 26 membros torácicos de cavalo, ou seja, 5 pares retirados de 2 fêmeas puro sangue inglês (P.S.I.), e de 2 machos e 1 fêmea sem raça definida (S.R.D.); os restantes 16, correspondem a peças isoladas de 10 machos (5 D. e 5 E.) e 6 fêmeas (3 D. e 3 E.) P.S.I.. À exceção de 1 feto de têrmo, macho, S.R.D., e de 1 fêmea de três meses, P.S.I., com­ preendidos no primeiro grupo, tôdas as peças foram colhidas de animais adultos de diferentes idades.

Estando a peça a fresco ou previamente fixada em formol a 10%, procedíamos à disssecação, eliminando por completo os mm. deltóide, infra-espinhoso, grande redondo e tríceps braquial (ca­ beça longa) para evidenciar claramente o ventre muscular do m. pequeno redondo; para completá-la, realizávamos a tarefa, algo difícil, de individualizar sua lâmina tendínea, do que restava dos mm. infra-espinhoso e tríceps braquial.

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Apesar de nítida a relação de continuidade entre jxirs muscu-

laris e pars aponeurotica do m. pequeno redondo, examinâmo-la

também histológicamente, efetuando cortes longitudinais ao longo da faixa de transição entre ambas, corando-os com hematoxilina — eosina e pelos métodos de VAN GIESON e MALLORY.

R E S U L T A D O S

Como tôdas as peças se mostraram anatòmicamente uniformes, excluímos a possibilidade de interferência dos fatores raça, talhe, sexo e idade no comportamento do m. pequeno redondo (fig. 1).

Localizado junto à borda caudal da escápula, vimo-lo, sempre, constituir-se de duas partes bem definidas: pars muscularis e pars

aponeurotica.

A primeira, situando-se caudo-lateralmente ã articulação es- cápulo-umeral, de aspecto bastante irregular, exibe as faces lateral e medial a estenderem-se para as homônimas superfícies da parte aponeurotica, relacionando-se, respectivamente, com os mm. in- fra-espinhoso e tríceps braquial (cabeças longa e lateral); à cau- do-lateral aplica-se o m. deltóide, enquanto à crânio-medial incor­ pora-se contingente muscular que provém de particular tubérculo situado pouco acima da margem lateral d.a cavidade glenóide.

Das arestas, cumpre à dorso-cranial estabelecer relação com a parte aponeurotica. Pelo comportamento especial, merecem tam­ bém citação as arqueadas bordas lateral e caudal; aquela conver­ ge proximalmente para esta, que forma o limite caudal da porção muscular e se prolonga na correspondente margem da lâmina apo- neurótica; por sua vez, a borda cranial do corpo muscular conti­ nua-se na da porção aponeurotica.

Quanto à segunda, representa a metade proximal do m. peque­ no redondo e pode comparar-se à lâmina fasciculada trapezoidal, cujas faces lateral e medial se relacionam por ordem de enumera­ ção, com os mm. infra-espinhoso e tríceps braquial (cabeça longa). Sua margem dorso-cranial proporciona a origem principal do músculo, que se faz a partir do limite inferior do quarto proximal da borda caudal da escápula, até meio comprimento desta, onde a linha de fixação, reta no seu todo, se desvia para a fossa infra-es- pinhosa, acompanhando rugosidade vista a alcançar o colo do osso.

Por outro lado, como os feixes tendíneos se mostram progres­ sivamente mais longos em direção caudal, a borda ventro-caudal afasta-se aos poucos da precedente no mesmo rumo.

Das margens paralelas, anteriormente referidas, a caudal as­ sinala o ponto proximal extremo da implantação escapular.

Cortes histológicos confirmam que as partes muscular e apo- neurótica examinadas integram uma só entidade anatômica.

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Resumindo, a origem (insertio scajmlaris) do m. teres minor efetua-se: 1. por intermédio da pars aponeurotica, mediante fei­ xes tendíneos tanto mais longos quanto mais caudais, na margem caudal da escápula (do limite inferior do quarto proximal até meio comprimento) e na fossa infra-espinhosa (em linha rugosa que desce até o colo do osso); 2. por meio de curto tendão que per­ tence ao pequeno contingente muscular incorporado à face crânio- -medial do m. teres minor, em particular tubérculo do supercílio da cavidade glenóide.

C O M E N T Á R IO S E C O N C L U S Õ E S

O invariável aspecto morfológico das nossas preparações, em lote de animais, extremamente diversificado quanto à raça, talhe, sexo e idade, diferente do descrito nos compêndios de Anatomia Veterinária, também divergentes entre si, comprovou, plenamente, pelo que apuramos no cavalo, a necessidade da revisão sugerida por PAIVA, relativamente aos mamíferos domésticos.

De fato, demonstramos a inexatidão dos ensinamentos dos tra­ tadistas, quando certificam que a origem do m. pequeno redondo se processa no quarto (Schw arze e Sciirõder), no terço (Martin; Br u n i; Br u n i e Zim m e r l; Nic k e l, Sc h u m m e r e Seiferle; Ma- s u i; Dobberstein e Ho f f m a n n) ou na metade distai (Sc iim altz; Ellenberger e Ba um; Klim o v) da borda caudal da escápula. En­ tendemos, ainda, como imprecisas as informações que a indicam a realizar-se: em quase tôda a extensão da margem axilar dêsse osso e na linha oblíqua da parte distai da fossa infra-espinhosa (Bradley), em pequena secção da borda caudal, à altura da me­ tade e nas linhas rugosas da parte distai e posterior da citada fossa (Sis s o n), na margem posterior da escápula e nas impressões lineares da parte baixa da fossa (Lesbre) , na borda posterior e sôbre as cristas rugosas do colo (Montané e Bourdelle), na mar­ gem posterior, na fossa infra-espinhosa e no colo da escápula

(Tagand e Barone), na parte distai da borda caudal e em direção à fossa (Varaldi); ou, simplesmente, na margem caudal (Mon- giardino; Zanolli; Gonzáles Y Garcia e Alvarez). Na reali­ dade, entretanto, segundo comprovamos, ela faz-se, retilineamente, desde o limite inferior do quarto proximal até meio comprimento da margem caudal da escápula e, depois, sem interrupção, em li­ nha rugosa da fossa infra-espinhosa, que alcança as imediações do colo.

No tocante ao contingente muscular endereçado à face crâ- nio-medial do m. pequeno redondo, descobrímo-lo a originar-se de tubérculo do supercílio da cavidade glenóide, consoante afirmam os AA. consultados.

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Fig. 1 — Inserção escapular do m. pequeno redondo no cavalo.

S U M M A R Y

The horse's teres minor muscle was dissected in 26 thoracic limbs in order to study its origin (insertio scapularis). It arises from the middle proximal fourth of the caudal border of the

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sea-532 Rev. Fac. Med. Vet. S. P aulo — Vol. 7, fase. 3, 1966-1967

pula and from an oblique muscular imprint of the infraspinous fossa. The second origin, in line and continuous with the first, reaches the level of the scapular neck.

Sex, age and breed seems not to influence the anatomical dis­ position of the teres minor muscle.

R E F E R Ê N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S

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Referências

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