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Direito Do Trabalho I - Romano Martinez

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Academic year: 2021

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DIREITO DO

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I

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葡京法律的大学 葡京法律的大学 | |大象城堡大象城堡

Pedro Romano

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Martinez

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2016/2017

2016/2017

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11

Índice

Índice

Situação Jurídica Laboral ... 3

Situação Jurídica Laboral ... 3

Sujeitos ... 3

Sujeitos ... 3

 Trabalho subo  Trabalho subordinado rdinado ... ... 1010 Retribuição Retribuição ... ... 1212 Fontes de Fontes de Direito do Trabalho ... 14Direito do Trabalho ... 14

Fontes Fontes internas internas ... 14... 14

Interpretação, integração e aplicação Interpretação, integração e aplicação das normas de das normas de Direito do Trabalho Direito do Trabalho ... 23... 23

Contrato de Contrato de Trabalho Trabalho ... 36... 36

II –  – Aspetos Gerais ... 36Aspetos Gerais ... 36

Noção; elementos ... 36

Noção; elementos ... 36

II II –  –  Distinção de Figuras Afins ... 38 Distinção de Figuras Afins ... 38

Figuras não equiparadas ao Figuras não equiparadas ao contrato de trabalho ... 38contrato de trabalho ... 38

III III –  – Sujeitos Sujeitos ... 45... 45

Direitos de Direitos de personalidade personalidade ... 45... 45

 Trabalhador:  Trabalhador: ... ... 4949 IV IV –  – Formação Formação ... 66... 66 Questões prévias ... 66 Questões prévias ... 66 Pressupostos do contrato de Pressupostos do contrato de trabalho trabalho ... 67... 67

Encontro de Encontro de vontades vontades ... 69... 69

Forma do contrato... 78 Forma do contrato... 78  V  V –  – Invalidade Invalidade ... 80... 80 Particularidades ... 80 Particularidades ... 80  VI  VI –  –  Conteúdo ... 85 Conteúdo ... 85

Prestação da Prestação da atividade atividade ... 85... 85

Retribuição Retribuição ... ... 109109 Deveres Deveres acessórios acessórios do do empregador empregador ... 129... 129

Poderes do Poderes do empregador empregador ... 130... 130

Liberdade de Liberdade de estipulação ... estipulação ... 136136 Cláusulas Cláusulas acessórias ... acessórias ... 140140  VII  VII –  –  Vicissitudes ... 145 Vicissitudes ... 145

Modificações Modificações contratuais ... 145contratuais ... 145

Redução da Redução da atividade e atividade e suspensão do csuspensão do contrato ontrato ... 153... 153  Transmissão

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Pedro Romano Martinez

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 Não dispensa a consulta do

 Não dispensa a consulta doss

manuais

manuais

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Situação Jurídica Laboral

Situação Jurídica Laboral

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Sujeitos: Sujeitos:

1.

1. Questões prévias Questões prévias : evita-se a terminologia relação jurídica, para se utilizar outra com: evita-se a terminologia relação jurídica, para se utilizar outra com

um alcance mais amplo. Não se quer com isto dizer que no Direito do Trabalho não um alcance mais amplo. Não se quer com isto dizer que no Direito do Trabalho não haja várias relações jurídicas; estas existem, todavia, a expressão situação jurídica haja várias relações jurídicas; estas existem, todavia, a expressão situação jurídica abrange, não só estas

abrange, não só estas relações jurídicas que se estabelecem no relações jurídicas que se estabelecem no âmbito do Direito doâmbito do Direito do  Trabalho,

 Trabalho, bem bem como como outras outras realidades realidades dificilmente dificilmente reconduzíveis reconduzíveis ao ao conceito conceito dede relação jurídica. Os sujeitos da situação jurídica laboral são aqueles a quem se

relação jurídica. Os sujeitos da situação jurídica laboral são aqueles a quem se podempodem imputar normas de Direito do Trabalho, ou seja, os titulares de situações que tais imputar normas de Direito do Trabalho, ou seja, os titulares de situações que tais normas pretendem regular. De entre os sujeitos do Direito do Trabalho há que normas pretendem regular. De entre os sujeitos do Direito do Trabalho há que distinguir dois níveis:

distinguir dois níveis:

a.

a.  A relação  A relação individual de individual de trabalhotrabalho: a identificação dos sujeitos não levanta: a identificação dos sujeitos não levanta grandes problemas: por um lado, o

grandes problemas: por um lado, o trabalhador e, por outro, o empregador.trabalhador e, por outro, o empregador. Os sujeitos no contrato de trabalho podem ser pessoas singulares. A dúvida Os sujeitos no contrato de trabalho podem ser pessoas singulares. A dúvida reside em saber se às pessoas coletivas é facultada a possibilidade de serem reside em saber se às pessoas coletivas é facultada a possibilidade de serem partes no contrato de trabalho; e

partes no contrato de trabalho; e

b.

b.  A relação coletiv A relação coletiva de trabalhoa de trabalho: : os sujeitos os sujeitos são as associações sinsão as associações sindicais e asdicais e as associações de empregadores. Ambas têm

associações de empregadores. Ambas têm capacidade jurídica, podendo paracapacidade jurídica, podendo para além de outras atribuições, negociar convenções coletivas de trabalho. Em além de outras atribuições, negociar convenções coletivas de trabalho. Em certos casos, os próprios empregadores podem, por si só, negociar uma certos casos, os próprios empregadores podem, por si só, negociar uma convenção coletiva de trabalho; tal faculdade não é conferida aos convenção coletiva de trabalho; tal faculdade não é conferida aos trabalhadores, pois só as associações sindicais têm capacidade jurídica neste trabalhadores, pois só as associações sindicais têm capacidade jurídica neste âmbito. Entre os sujeitos das relações coletivas de trabalho há também a âmbito. Entre os sujeitos das relações coletivas de trabalho há também a aludir às comissões de trabalhadores, que, em nome dos trabalhadores de aludir às comissões de trabalhadores, que, em nome dos trabalhadores de uma determinada empresa, têm

uma determinada empresa, têm determinadas funções representativas juntodeterminadas funções representativas junto do respetivo empregador.

do respetivo empregador.

2.

2. Trabalhador Trabalhador ::

a.

a. DeterminaçãoDeterminação: o trabalhador é aquele que presta, de forma livre, uma: o trabalhador é aquele que presta, de forma livre, uma atividade produtora para outrem, estando subordinado a este último na atividade produtora para outrem, estando subordinado a este último na realização dessa prestação. No contrato de trabalho, apresenta-se como realização dessa prestação. No contrato de trabalho, apresenta-se como devedor da atividade e credor da retribuição. É o sujeito passivo na

devedor da atividade e credor da retribuição. É o sujeito passivo na parte queparte que respeita à sobredita atividade e sujeito ativo no que toca ao pagamento da respeita à sobredita atividade e sujeito ativo no que toca ao pagamento da retribuição. Tendo por base o artigo 11.º CT, conclui-se que o trabalhador retribuição. Tendo por base o artigo 11.º CT, conclui-se que o trabalhador será aquele que presta uma atividade a

será aquele que presta uma atividade a outra pessoa (ou outras pessoas), soboutra pessoa (ou outras pessoas), sob a autoridade e direção desta. Desta noção juslaboral de trabalhador a autoridade e direção desta. Desta noção juslaboral de trabalhador excluem-se os

se os trabalhadores autónomos (podendo haver equiparaçãotrabalhadores autónomos (podendo haver equiparação –  –  artigo 13.º CT) artigo 13.º CT)

e, em razão do

e, em razão do vínculo, os trabalhadores em funções públicas, normalmentevínculo, os trabalhadores em funções públicas, normalmente designados por funcionários. Em termos juslaboralistas, a expressão designados por funcionários. Em termos juslaboralistas, a expressão trabalhador tem um sentido próprio, mais restrito, pois nele não se incluem trabalhador tem um sentido próprio, mais restrito, pois nele não se incluem todos aqueles que trabalhem, sem estar vinculados por um contrato de todos aqueles que trabalhem, sem estar vinculados por um contrato de trabalho de Direito Privado.

trabalho de Direito Privado.

b.

b. Pessoa singular ou coletivaPessoa singular ou coletiva: recentemente, tem-se discutido se a noção de: recentemente, tem-se discutido se a noção de trabalhador respeita tão-só a uma pessoa singular ou se, eventualmente, se trabalhador respeita tão-só a uma pessoa singular ou se, eventualmente, se

11 MARTINEZ, Pedro Romano; MARTINEZ, Pedro Romano; Direito do TrabalhoDireito do Trabalho; 7.ª Edição; Almedina Editores, S.A.; Coimbra, janeiro; 7.ª Edição; Almedina Editores, S.A.; Coimbra, janeiro

2015. 2015.

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poderá estar também perante uma pessoa coletiva. Um possível ponto de poderá estar também perante uma pessoa coletiva. Um possível ponto de partida reside no facto de o contrato de trabalho ter inicialmente na sua base partida reside no facto de o contrato de trabalho ter inicialmente na sua base uma relação comunitário-pessoal, estabelecida entre o patrão e

uma relação comunitário-pessoal, estabelecida entre o patrão e o trabalhador,o trabalhador, que deixou de se verificar hoje em dia, na maioria das relações laborais. que deixou de se verificar hoje em dia, na maioria das relações laborais. Muitas das vezes,

Muitas das vezes, o trabalhador de uma dada empresa desconhece para quemo trabalhador de uma dada empresa desconhece para quem trabalha. Tratando-se de uma sociedade, é até frequente que não

trabalha. Tratando-se de uma sociedade, é até frequente que não se conheçamse conheçam os sócios, e, por vezes, dá-se o caso de a sociedade em questão ainda ser os sócios, e, por vezes, dá-se o caso de a sociedade em questão ainda ser controlada por uma outra. Deixou, pois, de existir a tradicional relação controlada por uma outra. Deixou, pois, de existir a tradicional relação pessoal patrão/empregado. Na medida em que a ideia tradicional de pessoal patrão/empregado. Na medida em que a ideia tradicional de subordinação, baseada na relação pessoal, deixou de existir, o contrato de subordinação, baseada na relação pessoal, deixou de existir, o contrato de trabalho deve ser encarado noutra perspetiva. A subordinação de que hoje trabalho deve ser encarado noutra perspetiva. A subordinação de que hoje sese fala já não se reporta à subordinação pessoal, devendo ser entendida num fala já não se reporta à subordinação pessoal, devendo ser entendida num sentido técnico-jurídico. No fundo, trata-se de subordinação numa sentido técnico-jurídico. No fundo, trata-se de subordinação numa perspetiva psicológica, que era a tradicional, por uma subordinação perspetiva psicológica, que era a tradicional, por uma subordinação técnico-jurídica, a qual valerá, tanto para pessoas singulares, como coletivas. Nestes jurídica, a qual valerá, tanto para pessoas singulares, como coletivas. Nestes termos, admitir-se-ia a possibilidade de pessoas coletivas serem sujeitos termos, admitir-se-ia a possibilidade de pessoas coletivas serem sujeitos passivos do dever de prestar uma atividade no domínio do Direito do passivos do dever de prestar uma atividade no domínio do Direito do trabalho. Nada obstaria a que o trabalhador fosse uma pessoa coletiva, trabalho. Nada obstaria a que o trabalhador fosse uma pessoa coletiva, porque esta também pode estar sujeita a

porque esta também pode estar sujeita a uma subordinação técnico-jurídica.uma subordinação técnico-jurídica. Esta posição é justificável de um ponto de vista teórico, embora seja Esta posição é justificável de um ponto de vista teórico, embora seja necessário ponderar algumas críticas que se lhe

necessário ponderar algumas críticas que se lhe podem tecer:podem tecer:

i.

i. Histórico-cultural: nesta aceção trabalhador entende-se por pessoaHistórico-cultural: nesta aceção trabalhador entende-se por pessoa

singular. Este argumento pode ser rebatido atendendo às razões singular. Este argumento pode ser rebatido atendendo às razões invocadas no sentido da admissibilidade de o trabalhador ser uma invocadas no sentido da admissibilidade de o trabalhador ser uma pessoa coletiva, porque se demonstrou que o ponto de vista pessoa coletiva, porque se demonstrou que o ponto de vista histórico-cu

histórico-cultural foi ltural foi ultrapassado.ultrapassado.

ii.

ii. Igualmente em contestação, pode-se acrescentar que o objeto doIgualmente em contestação, pode-se acrescentar que o objeto do

Direito do trabalho pressupõe a realização

Direito do trabalho pressupõe a realização de uma atividade de uma atividade humana,humana, não englobando prestações a cargo de pessoas coletivas; mas esta não englobando prestações a cargo de pessoas coletivas; mas esta crítica poder-se-á rebater sabendo-se que as atividades serão sempre crítica poder-se-á rebater sabendo-se que as atividades serão sempre desenvolvidas por pessoas físicas, em nome ou por conta da pessoa desenvolvidas por pessoas físicas, em nome ou por conta da pessoa coletiva contratada.

coletiva contratada.

iii.

iii.  Análise  Análise de de normas reguladoras normas reguladoras do do contrato de contrato de trabalho: trabalho: analisandoanalisando

algumas normas que incidem sobre a relação individual de trabalho, algumas normas que incidem sobre a relação individual de trabalho,  verifica-se que as m

 verifica-se que as mesmas foram esmas foram feitas partindo feitas partindo do pressuposto do pressuposto de ode o trabalhador ser uma pessoa individual. Quando o

trabalhador ser uma pessoa individual. Quando o legislador elaboroulegislador elaborou os textos legislativos teve em conta o trabalhador como um sujeito os textos legislativos teve em conta o trabalhador como um sujeito individual, e não como uma pessoa

individual, e não como uma pessoa coletiva. De facto, há normas quecoletiva. De facto, há normas que não têm qualquer sentido quando aplicadas a pessoas coletivas. Estas não têm qualquer sentido quando aplicadas a pessoas coletivas. Estas normas foram elaboradas partindo do pressuposto de que quem ia normas foram elaboradas partindo do pressuposto de que quem ia realizar o trabalho era uma pessoa singular. Em suma, a realizar o trabalho era uma pessoa singular. Em suma, a especificidade do Direito laboral assenta, em grande parte, na especificidade do Direito laboral assenta, em grande parte, na humanização do trabalho, atendendo a que quem o realiza é um humanização do trabalho, atendendo a que quem o realiza é um homem (pessoa singular) e não uma

homem (pessoa singular) e não uma pessoa coletiva.pessoa coletiva. 1.

1.  Em  Em contestação contestação a a esta esta críticacrítica argumentou-se que, em certasargumentou-se que, em certas situações, quando as normas destinadas a regular o contrato situações, quando as normas destinadas a regular o contrato de trabalho têm em vista exclusivamente o prestador de de trabalho têm em vista exclusivamente o prestador de trabalho como uma pessoa singular e não uma

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recorre-se à figura da

recorre-se à figura da desconsideração ou do levantamento dadesconsideração ou do levantamento da pessoa coletiva. Nestes termos, tais normas aplicar-se-iam à pessoa coletiva. Nestes termos, tais normas aplicar-se-iam à pessoa singular que estando por detrás da pessoa coletiva, pessoa singular que estando por detrás da pessoa coletiva, efetivamente presta a atividade. Entendendo a pessoa

efetivamente presta a atividade. Entendendo a pessoa coletivacoletiva como máscara, no sentido de

como máscara, no sentido de encobrir pessoas singulares, háencobrir pessoas singulares, há que desconsiderar ou levantar essa máscara e

que desconsiderar ou levantar essa máscara e descobrir, atrásdescobrir, atrás da pessoa coletiva, quem são as pessoas singulares que a da pessoa coletiva, quem são as pessoas singulares que a integram.

integram. 2.

2. Cabe então perguntar: de que serve admitir que o trabalhador possa serCabe então perguntar: de que serve admitir que o trabalhador possa ser  pessoa

 pessoa coletiva, coletiva, para para depois depois desconsiderar desconsiderar a a sua sua personalidade?personalidade? NoNo fundo, aceitar como trabalhador uma pessoa coletiva e, fundo, aceitar como trabalhador uma pessoa coletiva e, depois, levantar a sua personalidade, para aplicar as normas depois, levantar a sua personalidade, para aplicar as normas reguladoras da relação laboral à pessoa singular que está reguladoras da relação laboral à pessoa singular que está encoberta pela pessoa coletiva, constitui uma operação encoberta pela pessoa coletiva, constitui uma operação intelectual desnecessária, complicando uma situação que, à intelectual desnecessária, complicando uma situação que, à partida, seria simples.

partida, seria simples.

Em conclusão, os argumentos apresentados parecem suficientes para se Em conclusão, os argumentos apresentados parecem suficientes para se concluir no sentido da inadmissibilidade de o trabalhador ser uma pessoa concluir no sentido da inadmissibilidade de o trabalhador ser uma pessoa coletiva, devendo ser sempre uma pessoa singular. Não obstante esta coletiva, devendo ser sempre uma pessoa singular. Não obstante esta conclusão (quase unanimemente aceite na doutrina laboral) e o facto de a conclusão (quase unanimemente aceite na doutrina laboral) e o facto de a jurisprudência ter sempre entendido o trabalhador como uma pessoa

jurisprudência ter sempre entendido o trabalhador como uma pessoa singular,singular, na revisão de 2009 o legisla

na revisão de 2009 o legislador decidiu esclarecer (desnecessariamente) que odor decidiu esclarecer (desnecessariamente) que o contrato de trabalho é ajustado por uma pessoa

contrato de trabalho é ajustado por uma pessoa singular (artigo 11.º CT).singular (artigo 11.º CT).

3.

3. Empregador Empregador ::

a.

a. DeterminaçãoDeterminação: o empregador, entidade patronal ou patrão é aquele que, no: o empregador, entidade patronal ou patrão é aquele que, no contrato de trabalho, ocupa a posição de

contrato de trabalho, ocupa a posição de credor da atividade, e prestação decredor da atividade, e prestação de trabalho, sendo devedor da remuneração. Em princípio, o empregador será trabalho, sendo devedor da remuneração. Em princípio, o empregador será uma única pessoa (singular ou coletiva),

uma única pessoa (singular ou coletiva), mas pode o contrato de mas pode o contrato de trabalho sertrabalho ser celebrado por várias pessoas na qualidade de empregador com um celebrado por várias pessoas na qualidade de empregador com um trabalhador, tendo em vista, principalmente no caso de pequenas

trabalhador, tendo em vista, principalmente no caso de pequenas empresas,empresas, a partilha das

a partilha das tarefas do trabalhador, que não poderiam ser tarefas do trabalhador, que não poderiam ser aproveitadas poraproveitadas por todos os empregadores a tempo integral. Havendo pluralidade de todos os empregadores a tempo integral. Havendo pluralidade de empregadores além de se aplicarem as regras de Direito das obrigações sobre empregadores além de se aplicarem as regras de Direito das obrigações sobre pluralidade de devedores e de

pluralidade de devedores e de credores, em particular o disposto nos artigoscredores, em particular o disposto nos artigos 512.º e seguintes CC, há que atender ao

512.º e seguintes CC, há que atender ao regime instituído no artigo 101.º CT,regime instituído no artigo 101.º CT, sobre pluralidade de empregadores. Em segundo lugar, nos termos do sobre pluralidade de empregadores. Em segundo lugar, nos termos do preceito em causa, só serão empregadores pessoas de Direito Privado. No preceito em causa, só serão empregadores pessoas de Direito Privado. No entanto, por vezes, as pessoas coletivas de Direito Público, para além de entanto, por vezes, as pessoas coletivas de Direito Público, para além de terem ao seu

terem ao seu serviço funcionários públicos, em determinados casos, podemserviço funcionários públicos, em determinados casos, podem celebrar contratos de trabalho regulados pelo Direito Privado. Deste modo, celebrar contratos de trabalho regulados pelo Direito Privado. Deste modo, as normas de Direito de trabalho aplicam-se às

as normas de Direito de trabalho aplicam-se às entidades patronais de Direitoentidades patronais de Direito Privado, bem como às de Direito Público, desde

Privado, bem como às de Direito Público, desde que estas ajustem contratosque estas ajustem contratos de trabalho nos termos comuns. Afirma-se igualmente que

de trabalho nos termos comuns. Afirma-se igualmente que o empregador temo empregador tem de ser titular de uma empresa. Todavia, há empregadores que não são uma de ser titular de uma empresa. Todavia, há empregadores que não são uma empresa. Na realidade, na legislação laboral, por via de

empresa. Na realidade, na legislação laboral, por via de regra, estão em causaregra, estão em causa situações em que a entidade patronal é entendida como uma empresa, mas situações em que a entidade patronal é entendida como uma empresa, mas nada obsta à existência de empregadores não compreendidos na noção de nada obsta à existência de empregadores não compreendidos na noção de empresa. Da definição legal, infere-se ainda que o empregador tem de ter, empresa. Da definição legal, infere-se ainda que o empregador tem de ter,

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Pedro Romano Martinez

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habitualmente, trabalhadores ao seu serviço. Põe-se, então, o problema de habitualmente, trabalhadores ao seu serviço. Põe-se, então, o problema de saber se não é empregador quem tiver, esporadicamente, trabalhadores ao saber se não é empregador quem tiver, esporadicamente, trabalhadores ao seu serviço. O termo

seu serviço. O termo habitualmente habitualmente   está desajustado, pois pode haver  está desajustado, pois pode haver empregadores que só contratem trabalhadores por determinados períodos, empregadores que só contratem trabalhadores por determinados períodos, sem que isso obste

sem que isso obste à sua à sua qualificação como entidade patronal. Por último, naqualificação como entidade patronal. Por último, na definição constante do preceito em causa fala-se em

definição constante do preceito em causa fala-se em trabalhadores, no plural,trabalhadores, no plural, mas não é necessário que se tenha mais de um trabalhador ao seu serviço mas não é necessário que se tenha mais de um trabalhador ao seu serviço para se ser

para se ser considerado entidade patronal, pois o empregador pode ter um sóconsiderado entidade patronal, pois o empregador pode ter um só trabalhador.

trabalhador.

4.

4. Sujeitos das relações coletivas de trabalho Sujeitos das relações coletivas de trabalho :: os sujeitos das relações coletivas deos sujeitos das relações coletivas de

trabalho são as associações

trabalho são as associações sindicais e as sindicais e as associações de empregadores, podendo, emassociações de empregadores, podendo, em certos casos, estas últimas ser

certos casos, estas últimas ser substituídas pelos próprios empregadorsubstituídas pelos próprios empregadores. E es. E com umcom um campo de aplicação mais restrito importa atender às comissões de trabalhadores e campo de aplicação mais restrito importa atender às comissões de trabalhadores e aos conselhos de empresa europeus. Apesar de

aos conselhos de empresa europeus. Apesar de limitação de poderes destas últimas,limitação de poderes destas últimas, na sequência adotada pelo Código de Trabalho de 2003 (artigo 451.º CT)

na sequência adotada pelo Código de Trabalho de 2003 (artigo 451.º CT)  –  –   que  que

acompanha a sistematização da Constituição

acompanha a sistematização da Constituição –  –   inicia-se a referência aos sujeitos  inicia-se a referência aos sujeitos

coletivos pelas comissões de trabalhadores. coletivos pelas comissões de trabalhadores.

a.

a. Comissões de trabalhadoresComissões de trabalhadores: as comissões de : as comissões de trabalhadores criadas depoistrabalhadores criadas depois da Revolução de 1974, como alternativa ou para complementar a atividade da Revolução de 1974, como alternativa ou para complementar a atividade sindical, encontram previsão no artigo 54.º CRP. Deste artigo retira-se que sindical, encontram previsão no artigo 54.º CRP. Deste artigo retira-se que éé direito dos prestadores de trabalho subordinado constituírem comissões de direito dos prestadores de trabalho subordinado constituírem comissões de trabalhadores, com vista à defesa dos seus interesses e à intervenção trabalhadores, com vista à defesa dos seus interesses e à intervenção democrática na vida da empresa. As

democrática na vida da empresa. As comissões de trabalhadores encontram-comissões de trabalhadores encontram-se hoje a

se hoje a sua disciplina nos artigo 415.º e seguintes CT, sua disciplina nos artigo 415.º e seguintes CT, onde se estabelecemonde se estabelecem regras quanto à constituição e respetivas atribuições. As comissões de regras quanto à constituição e respetivas atribuições. As comissões de trabalhadores são constituídas pelos trabalhadores de uma empresa e as trabalhadores são constituídas pelos trabalhadores de uma empresa e as suassuas atribuições respeitam, essencialmente, à informação sobre a

atribuições respeitam, essencialmente, à informação sobre a vida da empresavida da empresa e à fiscalização da

e à fiscalização da sua atividade (artigo 423.º CT). Não obstante a consagraçãosua atividade (artigo 423.º CT). Não obstante a consagração constitucional e a extensa regulamentação constante do Código de

constitucional e a extensa regulamentação constante do Código de Trabalho,Trabalho, na prática, as comissões de trabalhadores têm um papel francamente na prática, as comissões de trabalhadores têm um papel francamente reduzido. Depois de alguma incerteza no

reduzido. Depois de alguma incerteza no âmbito da legislação precedente, noâmbito da legislação precedente, no Código do Trabalho, ficou esclarecido que as comissões de

Código do Trabalho, ficou esclarecido que as comissões de trabalhadores têmtrabalhadores têm personalidade jurídica (artigo 416.º, n.º1 CT),

personalidade jurídica (artigo 416.º, n.º1 CT), sendo-lhes atribuída capacidadesendo-lhes atribuída capacidade para o exercício de direitos e obrigações necessários ou convenientes para a para o exercício de direitos e obrigações necessários ou convenientes para a prossecução dos seus fins (artigo 416.º, n.º2

prossecução dos seus fins (artigo 416.º, n.º2 CT).CT).

b.

b. Conselhos de empresa europeusConselhos de empresa europeus: depois de a Diretiva 94/94/CEE, de: depois de a Diretiva 94/94/CEE, de 22/4/1994, ter instituído os conselhos de empresa europeus, por via da 22/4/1994, ter instituído os conselhos de empresa europeus, por via da transposição para a ordem jurídica portuguesa desta Diretriz pela Lei n.º transposição para a ordem jurídica portuguesa desta Diretriz pela Lei n.º 40/99, 9 junho, foram constituídos em Portugal os designados conselhos de 40/99, 9 junho, foram constituídos em Portugal os designados conselhos de empresa europeus.

empresa europeus.

c.

c.  As  As associações associações sindicaissindicais: nas relações coletivas de trabalho, em termos: nas relações coletivas de trabalho, em termos históricos, os sindicatos têm precedência sobre as organizações de históricos, os sindicatos têm precedência sobre as organizações de

empregadores. O termo sindicato deriva da palavra grega “συνδικος”

empregadores. O termo sindicato deriva da palavra grega “συνδικος”22, que, que

significava defensor, mas que terá sido introduzido no nosso léxico por significava defensor, mas que terá sido introduzido no nosso léxico por adaptação do termo

adaptação do termo francês “francês “syndicat syndicat ”. As associações sindicais ”. As associações sindicais encontram aencontram a

sua previsão nos artigos 55.º e 56.º CTP e nos artigos 440.º e seguintes CT. sua previsão nos artigos 55.º e 56.º CTP e nos artigos 440.º e seguintes CT.

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Como resulta do n.º3 do artigo 440.º CT, a

Como resulta do n.º3 do artigo 440.º CT, a expressãoexpressão associação sindical associação sindical  engloba engloba o sindicato (associação de base), a

o sindicato (associação de base), a união (com suporte regional), a federaçãounião (com suporte regional), a federação (de base profissional) e a

(de base profissional) e a confederação geral (de âmbito nacional), sendo, porconfederação geral (de âmbito nacional), sendo, por conseguinte, mais abrangente do que o termo sindicato, não obstante, às conseguinte, mais abrangente do que o termo sindicato, não obstante, às  vezes, por simplificação, se

 vezes, por simplificação, se usarem em sinonímia. Sindicato, nos usarem em sinonímia. Sindicato, nos termos dotermos do artigo 442.º, alínea a) CT, é a

artigo 442.º, alínea a) CT, é a associação permanente de trabalhadores para aassociação permanente de trabalhadores para a defesa e promoção dos seus interesses socioprofissionais. Analisando a defesa e promoção dos seus interesses socioprofissionais. Analisando a noção legal de sindicato dela

noção legal de sindicato dela retiram-se quatro conclusões:retiram-se quatro conclusões:

i.

i. O sindicato é uma associação de pessoas à qual se aplicam as regras gerais doO sindicato é uma associação de pessoas à qual se aplicam as regras gerais do

Código Civil 

Código Civil  (artigos 157.º e seguintes, em particular, artigos 167.º e (artigos 157.º e seguintes, em particular, artigos 167.º e seguintes), como dispõe o artigo 442.º CT, com as exceções

seguintes), como dispõe o artigo 442.º CT, com as exceções previstasprevistas nomeadamente nos artigos 447.º, 449.º e 450.º CT, bem como a nomeadamente nos artigos 447.º, 449.º e 450.º CT, bem como a ressalva da inconstitucionalidade determinada quanto à aplicação dos ressalva da inconstitucionalidade determinada quanto à aplicação dos artigos 162.º, 2.ª parte e 175.º, n.º2, 3 e 4 CC às

artigos 162.º, 2.ª parte e 175.º, n.º2, 3 e 4 CC às associações sindicaisassociações sindicais (Ac. TC .ç 64/88, 159/88 e 449/91);

(Ac. TC .ç 64/88, 159/88 e 449/91);

ii.

ii. Os sindicatos têm de ser associações de caráter permanente Os sindicatos têm de ser associações de caráter permanente ; não se admitem,; não se admitem,

pois, associações ocasionais a integrar a noção de sindicato. Se os pois, associações ocasionais a integrar a noção de sindicato. Se os trabalhadores se associarem num determinado momento não trabalhadores se associarem num determinado momento não constituem um sindicato;

constituem um sindicato;

iii.

iii. Os associados têm de ser necessariamente trabalhadores Os associados têm de ser necessariamente trabalhadores . Para este efeito,. Para este efeito,

tendo em conta a noção constante do artigo 11.º CT, trabalhador é tendo em conta a noção constante do artigo 11.º CT, trabalhador é aquele que presta a sua atividade a outra pessoa sob direção desta. aquele que presta a sua atividade a outra pessoa sob direção desta. Por isso, só podem estar filiados em sindicatos trabalhadores Por isso, só podem estar filiados em sindicatos trabalhadores subordinados.

subordinados.

iv.

iv. O sindicato prossegue uma finalidade específica O sindicato prossegue uma finalidade específica : a promoção e defesa dos: a promoção e defesa dos

interesses socioprofissionais dos associados, entre os quais se

interesses socioprofissionais dos associados, entre os quais se destacadestaca a negociação de convenções coletivas de trabalho e a condução de a negociação de convenções coletivas de trabalho e a condução de lutas coletivas, em particular a greve. Para além disso, há ainda a lutas coletivas, em particular a greve. Para além disso, há ainda a referir a intervenção dos sindicatos nas decisões políticas, tanto por referir a intervenção dos sindicatos nas decisões políticas, tanto por  via

 via da da concertação concertação social, social, como como pela pela participação participação (consultiva) (consultiva) nana elaboração de legislação de trabalho.

elaboração de legislação de trabalho. Os sindicatos são pessoas coletivas de

Os sindicatos são pessoas coletivas de tipo associativo e de Direito privado,tipo associativo e de Direito privado, nos termos dos artigos 157.º e seguintes e, em especial, artigos 167.º e nos termos dos artigos 157.º e seguintes e, em especial, artigos 167.º e seguintes CC. Poder-se-ia considerar o sindicato como uma pessoa coletiva seguintes CC. Poder-se-ia considerar o sindicato como uma pessoa coletiva de Direito público, tendo em conta, por um lado, a intervenção estadual, e, de Direito público, tendo em conta, por um lado, a intervenção estadual, e, por outro, o facto de participarem na elaboração de convenções coletivas de por outro, o facto de participarem na elaboração de convenções coletivas de trabalho, e onde constam normas jurídicas. Como o artigo 447.º, n.º1 CT trabalho, e onde constam normas jurídicas. Como o artigo 447.º, n.º1 CT prescreve que a associação sindical adquire personalidade jurídica pelo registo prescreve que a associação sindical adquire personalidade jurídica pelo registo dos seus estatutos por parte do

dos seus estatutos por parte do serviço competente no ministério responsávelserviço competente no ministério responsável pela área laboral, é por via estadual que

pela área laboral, é por via estadual que os sindicatos adquirem personalidadeos sindicatos adquirem personalidade jurídica. Mas desta situação não se pode concluir que o sindicato seja uma jurídica. Mas desta situação não se pode concluir que o sindicato seja uma pessoa coletiva de Direito público. As associações previstas nos artigos 167.º pessoa coletiva de Direito público. As associações previstas nos artigos 167.º e seguintes CC, para terem personalidade jurídica, também deverão e seguintes CC, para terem personalidade jurídica, também deverão preencher os requisitos constantes desses preceitos. O facto não

preencher os requisitos constantes desses preceitos. O facto não a transformaa transforma numa pessoa coletiva de Direito público. Do mesmo modo, o artigo 447.º, numa pessoa coletiva de Direito público. Do mesmo modo, o artigo 447.º, n.º1 CT não confere às associações sindicais caráter público. Apesar de aos n.º1 CT não confere às associações sindicais caráter público. Apesar de aos sindicatos ter sido atribuído o poder de

sindicatos ter sido atribuído o poder de celebrar convenções coletivas, não écelebrar convenções coletivas, não é razão para qualificar as associações sindicais como entidades públicas, pois razão para qualificar as associações sindicais como entidades públicas, pois

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não lhes foi conferido qualquer poder legislativo, mas tão-só a possibilidade não lhes foi conferido qualquer poder legislativo, mas tão-só a possibilidade de, por via convencional, impor regras em determinadas relações laborais. de, por via convencional, impor regras em determinadas relações laborais.  Acresce

 Acresce um um outro outro argumento argumento no no sentido sentido de de os os sindicatos sindicatos deverem deverem serser qualificados como associações de Direito privado. Atento o princípio de qualificados como associações de Direito privado. Atento o princípio de liberdade sindical, os trabalhadores têm liberdade de iniciativa quanto à liberdade sindical, os trabalhadores têm liberdade de iniciativa quanto à constituição de associações sindicais (artigo 55.º, n.º2,

constituição de associações sindicais (artigo 55.º, n.º2, alínea a) CRP e alínea a) CRP e artigosartigos 440.º, n.º1, e 444.º CT), tendo os sindicatos liberdade de se associarem em 440.º, n.º1, e 444.º CT), tendo os sindicatos liberdade de se associarem em uniões, federações e confederações (artigo 55.º, n.º5 CRP), não havendo uniões, federações e confederações (artigo 55.º, n.º5 CRP), não havendo obrigatoriedade por parte dos indivíduos (trabalhadores) de se filiarem em obrigatoriedade por parte dos indivíduos (trabalhadores) de se filiarem em sindicatos, como se infere do artigo 55.º, n.º2, alínea b) CRP e do artigo 444.º sindicatos, como se infere do artigo 55.º, n.º2, alínea b) CRP e do artigo 444.º CT. A liberdade não existe só no que respeita à constituição, mas também CT. A liberdade não existe só no que respeita à constituição, mas também em relação à organização e regulamentação interna das associações sindicais em relação à organização e regulamentação interna das associações sindicais (artigo 55.º, n.º2, alínea c) CRP e

(artigo 55.º, n.º2, alínea c) CRP e artigos 445.º e seguintes CT) e ainda artigos 445.º e seguintes CT) e ainda quantoquanto ao exercício das suas funções, em particular, as associações sindicais têm a ao exercício das suas funções, em particular, as associações sindicais têm a liberdade de negociar, nos

liberdade de negociar, nos termos que entenderem, dentro dos pressupostostermos que entenderem, dentro dos pressupostos legais, as convenções coletivas de trabalho (artigo 56.º CRP). A liberdade legais, as convenções coletivas de trabalho (artigo 56.º CRP). A liberdade conforma-se com os princípios de Direito privado e não com os de Direito conforma-se com os princípios de Direito privado e não com os de Direito público, pelo que os sindicatos devem

público, pelo que os sindicatos devem ser considerados como associações deser considerados como associações de Direito privado. Importa ainda referir que, no artigo 267.º, n.º4 CRP, se Direito privado. Importa ainda referir que, no artigo 267.º, n.º4 CRP, se contrapõem as associações sindicais às associações públicas para efeito de contrapõem as associações sindicais às associações públicas para efeito de delimitação do âmbito de competências. Segundo o artigo 460.º e seguintes delimitação do âmbito de competências. Segundo o artigo 460.º e seguintes CT cabe aos delegados sindicais, comissões sindicais e comissões CT cabe aos delegados sindicais, comissões sindicais e comissões intersindicais o exercício da atividade sindical na empresa, nos termos intersindicais o exercício da atividade sindical na empresa, nos termos previstos no artigo 55.º, n.º2, alínea d) CRP. As comissões sindicais e as previstos no artigo 55.º, n.º2, alínea d) CRP. As comissões sindicais e as comissões intersindicais encontram-se definidas no artigo 442.º, comissões intersindicais encontram-se definidas no artigo 442.º, respetivamente, alíneas g) e h) CT, e nelas lê-se:

respetivamente, alíneas g) e h) CT, e nelas lê-se:

«« g) Comissão sindical de  g) Comissão sindical de empresa, a organização dos delegados sindicais empresa, a organização dos delegados sindicais dodo mesmo sindicato na

mesmo sindicato na empresa ou estabelecimento; empresa ou estabelecimento; 

««h) Comissão intersindical de empresa, a organização, a nível de umah) Comissão intersindical de empresa, a organização, a nível de uma empresa, dos delegados das comissões sindicais dos sindicatos representados empresa, dos delegados das comissões sindicais dos sindicatos representados numa confederação, que abranja no mínimo cinco delegados sindicais, ou de numa confederação, que abranja no mínimo cinco delegados sindicais, ou de todas as comissões sindicais nela

todas as comissões sindicais nela existentes existentes ».».  As funções dos delegados sindi

 As funções dos delegados sindicais, das comissões sindicais e das comissõescais, das comissões sindicais e das comissões intersindicais são, essencialmente, duas:

intersindicais são, essencialmente, duas:

 Prestar informações aos trabalhadores e ao respetivo sindicato dePrestar informações aos trabalhadores e ao respetivo sindicato de

que fazem parte; que fazem parte;

 Fiscalizar a atividade empresarial, no que respeita aoFiscalizar a atividade empresarial, no que respeita ao

cumprimento das regras de

cumprimento das regras de trabalho.trabalho.

São, pois, finalidades muito específicas. Em relação a estas entidades põe-se São, pois, finalidades muito específicas. Em relação a estas entidades põe-se o problema da sua

o problema da sua personalidade jurídica. Perante a omissão da lei, tendo personalidade jurídica. Perante a omissão da lei, tendo emem conta que lhes são conferidas certas atribuições que não correspondem à conta que lhes são conferidas certas atribuições que não correspondem à atividade individual dos seus membros e

atividade individual dos seus membros e considerando que há uma atividadeconsiderando que há uma atividade coletiva, talvez se pudesse admitir a existência de personalidade jurídica. Mas coletiva, talvez se pudesse admitir a existência de personalidade jurídica. Mas a atribuição de personalidade às comissões sindicais e comissões a atribuição de personalidade às comissões sindicais e comissões intersindicais é, sem dúvida, controversa, até porque, quando, por não haver intersindicais é, sem dúvida, controversa, até porque, quando, por não haver comissão, o delegado sindical atua individualmente não se lhe atribuí tal comissão, o delegado sindical atua individualmente não se lhe atribuí tal personalidade autónoma. Parece mais curial considerar que os delegados personalidade autónoma. Parece mais curial considerar que os delegados

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sindicais, as comissões sindicais e as comissões intersindicais são meros sindicais, as comissões sindicais e as comissões intersindicais são meros representantes dos sindicatos dentro das

representantes dos sindicatos dentro das empresas.empresas.

d.

d.  Associações  Associações de de empregadoresempregadores: a matéria referente às associações de: a matéria referente às associações de empregadores surge, hoje, nos artigos 506.º e seguintes CT. No artigo 44.º, empregadores surge, hoje, nos artigos 506.º e seguintes CT. No artigo 44.º, nº.2 CT dispõe:

nº.2 CT dispõe:

««os empregadores têm o direito de constituir associações de empregadores aos empregadores têm o direito de constituir associações de empregadores a todos os níveis para a

todos os níveis para a defesa e promoção dos seus interesses empresariais defesa e promoção dos seus interesses empresariais ».».

Há, pois, a possibilidade de vários empregadores se associarem para a defesa Há, pois, a possibilidade de vários empregadores se associarem para a defesa e promoção de interesses empresariais. Empregador é aquele que contrate e promoção de interesses empresariais. Empregador é aquele que contrate um ou mais trabalhadores, mediante a celebração de contrato de trabalho e a um ou mais trabalhadores, mediante a celebração de contrato de trabalho e a associação de empregadores corresponde, tendencialmente, a um associação de empregadores corresponde, tendencialmente, a um agrupamento de empresários que são empregadores. Das associações de agrupamento de empresários que são empregadores. Das associações de empregadores só podem fazer parte entidades privadas (artigo 442.º, n.º2, empregadores só podem fazer parte entidades privadas (artigo 442.º, n.º2, alínea a) CT); o empregador que se agrupa

alínea a) CT); o empregador que se agrupa numa associação de empregadores,numa associação de empregadores, tem de ser uma entidade e Direito privado e entidades de Direito público, tem de ser uma entidade e Direito privado e entidades de Direito público, que sejam empregadores, não se

que sejam empregadores, não se podem filiar nestas associações. Do podem filiar nestas associações. Do dispostodisposto no nº.4 do artigo 440.º CT retira-se que as associações de empregadores se no nº.4 do artigo 440.º CT retira-se que as associações de empregadores se podem agrupar em uniões (de base

podem agrupar em uniões (de base regional), federações (do mesmo ramo deregional), federações (do mesmo ramo de atividade) e confederações (de âmbito nacional). Na medida em que

atividade) e confederações (de âmbito nacional). Na medida em que o Códigoo Código do Trabalho, tal como a legislação precedente, assenta no pressuposto de o do Trabalho, tal como a legislação precedente, assenta no pressuposto de o empregador ser uma empresa, levanta-se a dúvida quanto a saber se só as empregador ser uma empresa, levanta-se a dúvida quanto a saber se só as empresas poderiam constituir associações de empregadores, delas ficando empresas poderiam constituir associações de empregadores, delas ficando excluído todo o empregador que não fosse empresa. Esta dúvida tem excluído todo o empregador que não fosse empresa. Esta dúvida tem particular pertinência na medida em que na alínea a) do n.º2 do artigo 442.º particular pertinência na medida em que na alínea a) do n.º2 do artigo 442.º CT se indica que

CT se indica que na associação de empregadores se associam pessoal titularesna associação de empregadores se associam pessoal titulares de uma empresa. Tal conclusão não parece admissível, porque nada parece de uma empresa. Tal conclusão não parece admissível, porque nada parece obstar a que um empregador, que não constitua uma empresa, se possa filiar obstar a que um empregador, que não constitua uma empresa, se possa filiar numa determinada associação de empregadores para defesa ou

numa determinada associação de empregadores para defesa ou seus interesses.seus interesses. Em suma, não parece que esteja vedada a empregadores, não enquadráveis Em suma, não parece que esteja vedada a empregadores, não enquadráveis no conceito de empresa a sua filiação em associações de empregadores. É no conceito de empresa a sua filiação em associações de empregadores. É evidente que, na maioria dos casos, são empresas que se agrupam nas evidente que, na maioria dos casos, são empresas que se agrupam nas associações de empregadores, mas isso não obsta a

associações de empregadores, mas isso não obsta a que delas também façamque delas também façam parte outros empregadores, que não são empresas. Acresce que nas parte outros empregadores, que não são empresas. Acresce que nas associações de empregadores, nos termos do disposto no artigo 444.º, nº.4 associações de empregadores, nos termos do disposto no artigo 444.º, nº.4 CT, podem associar-se empresários que não empreguem trabalhadores. CT, podem associar-se empresários que não empreguem trabalhadores. Deste modo, nas associações de empregadores filiam-se empregadores Deste modo, nas associações de empregadores filiam-se empregadores –  – 

sejam ou não empresas

sejam ou não empresas  –  –   e empresários sem trabalhadores. Quanto à  e empresários sem trabalhadores. Quanto à

qualificação jurídica, as associações de empregadores devem entender-se qualificação jurídica, as associações de empregadores devem entender-se como pessoas coletivas de Direito privado, de base associativa, nos termos como pessoas coletivas de Direito privado, de base associativa, nos termos dos artigos 167.º e

dos artigos 167.º e seguintes CC, pelas mesmas razões invocadas a seguintes CC, pelas mesmas razões invocadas a propósitopropósito dos sindicatos. Tal como acontece em relação às associações sindicais, nos dos sindicatos. Tal como acontece em relação às associações sindicais, nos artigos 447.º e seguintes CT também se estabelecem exceções às regras gerais artigos 447.º e seguintes CT também se estabelecem exceções às regras gerais do Código Civil relativas à constituição de associações. No que respeita à do Código Civil relativas à constituição de associações. No que respeita à celebração de convenções coletivas de trabalho e demais instrumentos celebração de convenções coletivas de trabalho e demais instrumentos negociais de regulamentação coletiva do trabalho, como corolário da negociais de regulamentação coletiva do trabalho, como corolário da personalidade jurídica das associações de empregadores, bem como das personalidade jurídica das associações de empregadores, bem como das uniões, federações e confederações (artigo 447.º, n.º1 CT), têm capacidade uniões, federações e confederações (artigo 447.º, n.º1 CT), têm capacidade para celebrar convenções coletivas de trabalho (artigo 443.º, n.º1, alínea a) para celebrar convenções coletivas de trabalho (artigo 443.º, n.º1, alínea a)

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CT); mas, em determinadas circunstâncias, têm igualmente capacidade CT); mas, em determinadas circunstâncias, têm igualmente capacidade negocial os próprios empregadores (artigo 491.º, n.º1 CT). Por conseguinte, negocial os próprios empregadores (artigo 491.º, n.º1 CT). Por conseguinte, do lado dos empregadores, a capacidade negocial foi conferida, tanto às do lado dos empregadores, a capacidade negocial foi conferida, tanto às associações de empregadores, como aos próprios empregadores; mas, por associações de empregadores, como aos próprios empregadores; mas, por parte dos trabalhadores, a capacidade negocial só é reconhecida às parte dos trabalhadores, a capacidade negocial só é reconhecida às associações sindicais.

associações sindicais.

Trabalho subordinado

Trabalho subordinado: para se estar perante uma situação jurídica laboral é necessário: para se estar perante uma situação jurídica laboral é necessário que a atividade seja desenvolvida de forma subordinada, pelo que, se o trabalhador que a atividade seja desenvolvida de forma subordinada, pelo que, se o trabalhador desempenhar uma atividade independente, não há contrato de

desempenhar uma atividade independente, não há contrato de trabalho. Como se dispunhatrabalho. Como se dispunha no artigo 10.º CT 2003, a atividade tem de ser prestada sob a autoridade e direção do no artigo 10.º CT 2003, a atividade tem de ser prestada sob a autoridade e direção do empregador; apesar de a expressão não se manter no atual artigo 11.º CT 2009 a solução é a empregador; apesar de a expressão não se manter no atual artigo 11.º CT 2009 a solução é a mesma, aludindo se agora a a

mesma, aludindo se agora a atividade prestada no âmbito da organização e sob a autoridadetividade prestada no âmbito da organização e sob a autoridade do empregador. A existência de uma subordinação jurídica é imprescindível e vale, não só do empregador. A existência de uma subordinação jurídica é imprescindível e vale, não só no domínio do contrato de trabalho, mas também das relações coletivas de trabalho; só há no domínio do contrato de trabalho, mas também das relações coletivas de trabalho; só há contrato de trabalho se a atividade for desenvolvida de forma subordinada e, da mesma contrato de trabalho se a atividade for desenvolvida de forma subordinada e, da mesma forma, as relações coletivas de

forma, as relações coletivas de trabalho, designadamentrabalho, designadamente as te as convenções coletivas de trabalho,convenções coletivas de trabalho, só se es

só se estabelecem relativamente ao trabalho subordinado. O critério da subordinação, comotabelecem relativamente ao trabalho subordinado. O critério da subordinação, como elemento integrador do contrato de trabalho, é válido, tanto na ordem jurídica portuguesa, elemento integrador do contrato de trabalho, é válido, tanto na ordem jurídica portuguesa, como em sistemas jurídicos estrangeiros. A subordinação pode ser entendida em dois como em sistemas jurídicos estrangeiros. A subordinação pode ser entendida em dois sentidos:

sentidos:

1.

1. Subordinação económica Subordinação económica : melhor designada por dependência económica,: melhor designada por dependência económica,

entende-se que o trabalhador necessita da remuneração para sustentar a

entende-se que o trabalhador necessita da remuneração para sustentar a sua família,sua família, pois esse é o seu único ou primordial meio de subsistência. Este critério pois esse é o seu único ou primordial meio de subsistência. Este critério socioeconómico encara a relação laboral numa perspetiva subjetivista e esteve na socioeconómico encara a relação laboral numa perspetiva subjetivista e esteve na base do aparecimento do Direito do trabalho; de facto as regras de Direito do base do aparecimento do Direito do trabalho; de facto as regras de Direito do  Trabalho tiver

 Trabalho tiveram a sua origem am a sua origem relacionada comrelacionada como motivos o motivos da parte econda parte economicamenteomicamente mais fraca (o trabalhador). No artigo 10.º, parte final CT

mais fraca (o trabalhador). No artigo 10.º, parte final CT diz-se, concretamente, quediz-se, concretamente, que o prestador de trabalho deva considerar-se na dependência económica do o prestador de trabalho deva considerar-se na dependência económica do beneficiário da atividade. Trata-se de um entendimento que não deve ser tido em beneficiário da atividade. Trata-se de um entendimento que não deve ser tido em conta para efeitos de Direito do trabalho, porque para o trabalho subordinado conta para efeitos de Direito do trabalho, porque para o trabalho subordinado interessa apenas a dependência jurídica. A dependência económica existirá, interessa apenas a dependência jurídica. A dependência económica existirá, eventualmente, com respeito a um trabalhador independente, que

eventualmente, com respeito a um trabalhador independente, que pode encontrar-sepode encontrar-se na dependência económica daquela para quem trabalha; mas não se está perante uma na dependência económica daquela para quem trabalha; mas não se está perante uma típica situação jurídica

típica situação jurídica laboral. Deste modo, no laboral. Deste modo, no designado trabalho para-subordinado,designado trabalho para-subordinado, por apresentar, do ponto de vista económico e social, afinidades com a

por apresentar, do ponto de vista económico e social, afinidades com a relação laboral,relação laboral, pode justificar-se a aplicação de normas de Direito do Trabalho, por exemplo, pode justificar-se a aplicação de normas de Direito do Trabalho, por exemplo, contratos equiparados (artigo 10.º CT).

contratos equiparados (artigo 10.º CT).

2.

2. Subordinação técnico-jurídica Subordinação técnico-jurídica : a subordinação será entendida como dependência: a subordinação será entendida como dependência

jurídica, significando que o trabalhador executa uma atividade sob a autoridade e a jurídica, significando que o trabalhador executa uma atividade sob a autoridade e a direção do empregador. Isto implica que o trabalhador receba instruções e ordens, direção do empregador. Isto implica que o trabalhador receba instruções e ordens, bem como esteja sujeito ao poder disciplinar do empregador. Neste sentido, bem como esteja sujeito ao poder disciplinar do empregador. Neste sentido, estar-se-á perante a subordinação em sentido técnico-jurídico, em que prevalece uma se-á perante a subordinação em sentido técnico-jurídico, em que prevalece uma perspetiva objetivista. A subordinação técnico-jurídica pode ser entendida num perspetiva objetivista. A subordinação técnico-jurídica pode ser entendida num sentido amplo, abrangendo três realidades:

sentido amplo, abrangendo três realidades:

a.

a.  A  A alienabilidadealienabilidade: significa que o trabalhador exerce uma atividade para: significa que o trabalhador exerce uma atividade para outrem, alienando a sua força de trabalho; o trabalhador põe à

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outra pessoa a sua atividade, sem assumir os riscos. Assim, os resultados outra pessoa a sua atividade, sem assumir os riscos. Assim, os resultados dessa atividade entram, desde logo, na esfera jurídica do empregador. No dessa atividade entram, desde logo, na esfera jurídica do empregador. No fundo, a ideia de alienar

fundo, a ideia de alienar o trabalho corresponde ao que, no Direito Romano,o trabalho corresponde ao que, no Direito Romano, se entendia por locação de atividade; alguém punha à disposição de outrem a se entendia por locação de atividade; alguém punha à disposição de outrem a sua força de trabalho, mediante uma remuneração.

sua força de trabalho, mediante uma remuneração.

b.

b. Dever de obediênciaDever de obediência: encontra várias referências na lei, em particular no: encontra várias referências na lei, em particular no Código do Trabalho. Assim, no artigo 128.º, n.º1, alínea a) CT, diz-se que o Código do Trabalho. Assim, no artigo 128.º, n.º1, alínea a) CT, diz-se que o trabalhador deve cumprir as ordens

trabalhador deve cumprir as ordens e instruções do e instruções do empregador respeitantesempregador respeitantes a execução ou disciplina do trabalho, bem como a segurança e saúde no a execução ou disciplina do trabalho, bem como a segurança e saúde no trabalho; no artigo 97.º CT refere-se que

trabalho; no artigo 97.º CT refere-se que compete ao empregador estabelecercompete ao empregador estabelecer os termos em que deve ser prestado o trabalho; e no artigo 128.º, n.º2 CT os termos em que deve ser prestado o trabalho; e no artigo 128.º, n.º2 CT estabelece-se que o dever de

estabelece-se que o dever de obediência respeita tanto às ordens e instruçõesobediência respeita tanto às ordens e instruções dadas diret

dadas diretamente pelo amente pelo empregador empregador como às como às emanadas dos emanadas dos superioressuperiores hierárquicos do trabalhador, dentro dos poderes que por aquele lhes forem hierárquicos do trabalhador, dentro dos poderes que por aquele lhes forem atribuídos. O dever de obediência está relacionado, por um lado, com a atribuídos. O dever de obediência está relacionado, por um lado, com a generalidade e a falta de concretização da atividade laboral, bem como, por generalidade e a falta de concretização da atividade laboral, bem como, por outro, com a mútua colaboração, que é própria da relação laboral. No artigo outro, com a mútua colaboração, que é própria da relação laboral. No artigo 126.º CT encontra-se estabelecido o princípio da boa fé. O dever de 126.º CT encontra-se estabelecido o princípio da boa fé. O dever de obediência, na estrutura da relação laboral, tal

obediência, na estrutura da relação laboral, tal como foi concebido na lei, como foi concebido na lei, fazfaz parte do princípio da boa fé. Deste princípio resulta igualmente o dever de o parte do princípio da boa fé. Deste princípio resulta igualmente o dever de o trabalhador obedecer ao empregador. A obediência significa uma trabalhador obedecer ao empregador. A obediência significa uma obrigatoriedade de acatar as ordens emitidas pelo empregador, mas não obrigatoriedade de acatar as ordens emitidas pelo empregador, mas não pressupõe uma emissão permanente de

pressupõe uma emissão permanente de comandos; para haver subordinaçãocomandos; para haver subordinação jurídica basta que o trabalhador esteja

jurídica basta que o trabalhador esteja na disponibilidade de receber ordens.na disponibilidade de receber ordens. O dever de obediência é a contrapartida do poder de direção conferido ao O dever de obediência é a contrapartida do poder de direção conferido ao empregador. O poder de direção e o corresponde

empregador. O poder de direção e o correspondente dever de obediência têmnte dever de obediência têm limites, tal como se infere da

limites, tal como se infere da 2.ª parte da alínea e) 2.ª parte da alínea e) do n.º1 do artigo 128.º CTdo n.º1 do artigo 128.º CT e do artigo 331.º, n.º1, alínea b) CT. Não há um direito ilimitado de o e do artigo 331.º, n.º1, alínea b) CT. Não há um direito ilimitado de o empregador dar ordens, tendo o

empregador dar ordens, tendo o trabalhador direito à desobediência legítima.trabalhador direito à desobediência legítima. Quanto aos limites, uns são de ordem genérica, resultando da lei

Quanto aos limites, uns são de ordem genérica, resultando da lei (artigo 331.º,(artigo 331.º, n.º1, alínea b) CT) e das convenções coletivas de trabalho onde se determina n.º1, alínea b) CT) e das convenções coletivas de trabalho onde se determina como deve o poder de direção ser exercido, e outros são específicos, como deve o poder de direção ser exercido, e outros são específicos, constando de cada contrato de

constando de cada contrato de trabalho, tendo em conta as trabalho, tendo em conta as particularidadparticularidadeses da relação laboral em concreto. Mesmo que os limites não tenham sido da relação laboral em concreto. Mesmo que os limites não tenham sido estipulados no contrato de trabalho ou não resultem diretamente das regras estipulados no contrato de trabalho ou não resultem diretamente das regras gerais, podem ser determinados em função das particularidades daquela gerais, podem ser determinados em função das particularidades daquela relação de trabalho e da própria atividade que é realizada, pois o dever de relação de trabalho e da própria atividade que é realizada, pois o dever de obediência pode ser maior ou menor atendendo a circunstâncias várias. Do obediência pode ser maior ou menor atendendo a circunstâncias várias. Do que se lê no artigo 128.º, n.º2 CT, infere-se que o poder de direção pode ser que se lê no artigo 128.º, n.º2 CT, infere-se que o poder de direção pode ser exercido não só pelo

exercido não só pelo empregador, mas também por outros trabalhadores. Naempregador, mas também por outros trabalhadores. Na realidade, com alguma frequência, as empresas encontram-se estruturadas realidade, com alguma frequência, as empresas encontram-se estruturadas hierarquicamente, e aquelas que ocupam os

hierarquicamente, e aquelas que ocupam os postos cimeiros, que também sãopostos cimeiros, que também são trabalhadores, dão ordens aos inferiores hierárquicos; por isso, estes últimos trabalhadores, dão ordens aos inferiores hierárquicos; por isso, estes últimos estão sujeitos ao dever de

estão sujeitos ao dever de obediência em relação a obediência em relação a outros trabalhadooutros trabalhadores.res.

c.

c. Sujeição ao poder disciplinar do empregadorSujeição ao poder disciplinar do empregador: a subordinação é: a subordinação é representada pela sujeição ao poder disciplinar do empregador. O poder representada pela sujeição ao poder disciplinar do empregador. O poder disciplinar está previsto nos artigos 328.º e seguintes CT e, destes preceitos, disciplinar está previsto nos artigos 328.º e seguintes CT e, destes preceitos, depreende-se que este poder é inerente à relação laboral, fazendo parte do depreende-se que este poder é inerente à relação laboral, fazendo parte do

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contrato de trabalho. O trabalhador tem de sujeitar-se às sanções que o contrato de trabalho. O trabalhador tem de sujeitar-se às sanções que o empregador entenda aplicar, sempre que viole deveres impostos pela relação empregador entenda aplicar, sempre que viole deveres impostos pela relação laboral. No Código de Trabalho (artigos 328.º e seguintes e 351.º

laboral. No Código de Trabalho (artigos 328.º e seguintes e 351.º e seguintes),e seguintes), o poder disciplinar é visto na sua faceta punitiva, apresentando-se como a o poder disciplinar é visto na sua faceta punitiva, apresentando-se como a faculdade de o empregador aplicar sanções disciplinares ao trabalhador faculdade de o empregador aplicar sanções disciplinares ao trabalhador inadimplente. Daí que o poder disciplinar se inclua

inadimplente. Daí que o poder disciplinar se inclua no Capítulo referente aono Capítulo referente ao incumprimento do contrato de trabalho: é um poder conferido ao incumprimento do contrato de trabalho: é um poder conferido ao empregador perante o incumprimento por parte do trabalho de obrigações empregador perante o incumprimento por parte do trabalho de obrigações emergentes do contrato de trabalho. O poder disciplinar é uma

emergentes do contrato de trabalho. O poder disciplinar é uma consequênciaconsequência do poder de direção. Como a entidade patronal pode emitir determinadas do poder de direção. Como a entidade patronal pode emitir determinadas ordens e há o dever de obediência em relação às

ordens e há o dever de obediência em relação às mesmas, se estas não foremmesmas, se estas não forem respeitadas pelo trabalhador, a entidade patronal tem a possibilidade de o respeitadas pelo trabalhador, a entidade patronal tem a possibilidade de o punir. Mas o poder disciplinar existe não só em

punir. Mas o poder disciplinar existe não só em caso de desrespeito de ordens,caso de desrespeito de ordens, como também na hipótese de

como também na hipótese de incumprimentincumprimento de o de regras contratuais e legais,regras contratuais e legais, relativas à relação laboral, que

relativas à relação laboral, que vigoram na empresa. A imagem vigoram na empresa. A imagem do que ocorredo que ocorre com o poder de direção, o poder de punir também tem limites, sendo com o poder de direção, o poder de punir também tem limites, sendo abusivas as sanções aplicadas em contrariedade aos parâmetros legais (c.f., abusivas as sanções aplicadas em contrariedade aos parâmetros legais (c.f., entre outros, artigos 328.º, n.º3, 330.º, n.º1 e

entre outros, artigos 328.º, n.º3, 330.º, n.º1 e 331.º CT).331.º CT).

Os três elementos indicados permitem distinguir o trabalho subordinado do trabalho Os três elementos indicados permitem distinguir o trabalho subordinado do trabalho independente. De facto, numa situação

independente. De facto, numa situação de trabalho autónomo, o prestador de sde trabalho autónomo, o prestador de serviçoerviço não aliena a sua atividade; ele trabalha por sua conta, e poderá, se assim estiver não aliena a sua atividade; ele trabalha por sua conta, e poderá, se assim estiver acordado, alienar o resultado do seu trabalho. O trabalhador autónomo não está acordado, alienar o resultado do seu trabalho. O trabalhador autónomo não está sujeito a um dever de obediência, não recebe ordens do beneficiário da atividade, o sujeito a um dever de obediência, não recebe ordens do beneficiário da atividade, o qual se limita, no momento da celebração do contrato, a dar indicações quanto ao qual se limita, no momento da celebração do contrato, a dar indicações quanto ao resultado a obter. Por último, o trabalho autónomo não está sujeito ao poder resultado a obter. Por último, o trabalho autónomo não está sujeito ao poder disciplinar, podendo, em caso de incumprimento dos deveres contratuais, ser-lhe disciplinar, podendo, em caso de incumprimento dos deveres contratuais, ser-lhe exigida uma indemnização com base em responsabilidade civil. Estas duas ultimas exigida uma indemnização com base em responsabilidade civil. Estas duas ultimas (Dever de obediência e sujeição

(Dever de obediência e sujeição ao poder disciplinar) correspondem à subordinaçãoao poder disciplinar) correspondem à subordinação em sentido restrito, que se

em sentido restrito, que se pode traduzir pela sujeição laboral.pode traduzir pela sujeição laboral.

Retribuição

Retribuição: os termos retribuição, remuneração, salário, ordenado, vencimento, etc. são: os termos retribuição, remuneração, salário, ordenado, vencimento, etc. são sinónimos; utiliza-se, de preferência, a palavra retribuição, de acordo com a terminologia sinónimos; utiliza-se, de preferência, a palavra retribuição, de acordo com a terminologia legal (artigos 258.º e seguintes CT). A retribuição é a prestação que deve ser efetuada pelo legal (artigos 258.º e seguintes CT). A retribuição é a prestação que deve ser efetuada pelo empregador ao trabalhador, como contrapartida da atividade por este desenvolvida. A empregador ao trabalhador, como contrapartida da atividade por este desenvolvida. A existência de retribuição é um pressuposto do contrato de trabalho, como se deduz do existência de retribuição é um pressuposto do contrato de trabalho, como se deduz do disposto no artigo 11.º CT,

disposto no artigo 11.º CT, ao caracterizar o contrato de ao caracterizar o contrato de trabalho como aquele pelo qual umatrabalho como aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição. Além disso, no artigo 127.º, n.º1, alínea c) CT pessoa se obriga, mediante retribuição. Além disso, no artigo 127.º, n.º1, alínea c) CT considera-se que um dos deveres do empregador é o de pagar pontualmente a retribuição. considera-se que um dos deveres do empregador é o de pagar pontualmente a retribuição. Nesta sequência, nos artigos 258.º e seguintes CT inicia-se um capítulo sob a epígrafe Nesta sequência, nos artigos 258.º e seguintes CT inicia-se um capítulo sob a epígrafe Retribuição e outras prestações patrimoniais 

Retribuição e outras prestações patrimoniais . Assim sendo, o contrato de trabalho classificar-se-á. Assim sendo, o contrato de trabalho classificar-se-á como um negócio jurídico oneroso e

como um negócio jurídico oneroso e sinalagmático. O contrato de trabalho é sinalagmático. O contrato de trabalho é sinalagmático,sinalagmático, porque a remuneração funciona como contrapartida da atividade desenvolvida pelo porque a remuneração funciona como contrapartida da atividade desenvolvida pelo trabalhador, mas a

trabalhador, mas a natureza sinalagmática deste contrato apresenta natureza sinalagmática deste contrato apresenta particularidaparticularidades. Primeiro,des. Primeiro, na relação entre a prestação da atividade e o pagamento do salário verifica-se que, por um na relação entre a prestação da atividade e o pagamento do salário verifica-se que, por um lado, o risco corre

lado, o risco corre por conta do empregador e, por por conta do empregador e, por outro, estabeleceu-se um regime especialoutro, estabeleceu-se um regime especial quanto à mora no pagamento da retribuição. Segundo, dos artigos 126.º e seguintes CT quanto à mora no pagamento da retribuição. Segundo, dos artigos 126.º e seguintes CT infere-se da existência de um princípio de boa fé, baseado no clássico dever de assistência. infere-se da existência de um princípio de boa fé, baseado no clássico dever de assistência.

Referências

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