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NDCC Garcia D'Avila retorna da comissão Haiti XXIII

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NDCC “Garcia D'Avila” retorna

da comissão Haiti XXIII

NDCC Garcia D'Ávila quando estava a caminho do Haiti (02/04/2016)

O Navio de Desembarque de Carros de Combate (NDCC) Garcia D’Avila realizou, no período de 28 de março a 25 de maio, a Comissão Haiti XXIII. Sua missão principal foi transportar material da Força de Fuzileiros da Esquadra e do Exército Brasileiro, a fim de contribuir com o esforço logístico, em apoio ao contingente brasileiro da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH).

O navio chegou a Porto Príncipe (Haiti) no dia 19 de abril. No dia seguinte (20), após o desembarque do material da MINUSTAH, iniciou o regresso ao Brasil. Durante o retorno, o navio atracou em Belém (PA) e Salvador (BA).

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Essa foi a primeira atracação do navio no porto de Belém, onde teve a honra de receber uma visita protocolar do Governador do Estado do Pará, Simão Robison Oliveira Jatene, acompanhado do Diretor-Geral de Navegação, Almirante de Esquadra Paulo Cezar de Quadros Küster; do Comandante do 4º Distrito Naval, Vice-Almirante Alipio Jorge Rodrigues da Silva; e do prefeito da cidade de Belém, Zenaldo Coutinho.

No dia 25 de maio, após o cumprimento de mais uma missão, o navio retornou a Base Naval do Rio de Janeiro, seu porto sede.

Depois do que vi, acho que a

Humanidade não deu certo',

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diz Luciano Huck sobre Haiti

Apresentador relata, em artigo, o sofrimento que viu no país mais pobre das Américas.

Ele estava completamente nu. Não tinha mais do que 4 anos. E nu, brincava no meio do esgoto, descalço, na companhia de três ou quatro porcos que faziam o mesmo.

Longe de casa? Não, ele estava a menos de 15 metros da porta. Lá sua mãe cozinhava — não na calçada, porque ali nem havia calçada — mas do lado de fora do casebre, uma sopa na qual nem os porcos pareciam interessados.

O cheiro de tudo aquilo era indescritível, nunca havia inalado nada parecido. Algumas poucas cabras também circulavam por ali. Curiosamente, ratos e urubus não. Como não tinham “donos”, os exemplares dessas aves devoradoras de lixo e os roedores da região já foram comidos pela população.

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próximo da sua família. Escrevo este texto, distante no máximo 5km de onde aquele menino deve estar dormindo agora. O sono dos justos, em uma casa paupérrima e sem energia elétrica. Nada mais injusto.

Estou sob um mosquiteiro, num confortável alojamento do Brabat 23, o 23º Batalhão do Exército Brasileiro. Onde? Em Porto Príncipe, capital do Haiti.

Vim para ver e tentar entender o que o Brasil está fazendo aqui. E senti orgulho. Confesso que foi a única coisa que me trouxe algum sentimento positivo nesses últimos dias. Mas volto a este assunto mais à frente.

Peço desculpas por talvez carregar um pouco na tinta das próximas linhas, mas estou com o estômago embrulhado. E não é por causa do esgoto, do cheiro, dos porcos, do lixo… nada disso. Depois de tudo o que vi hoje, em Cité Soleil, uma favela com mais de 300 mil habitantes à beira do maravilhoso mar turquesa do Caribe, acho que definitivamente a Humanidade

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Acampamento para desabrigados do terremoto de 2010 no haiti-Foto AFP

Não é justo alguém viver naquelas condições. E não estou nos sertões africanos, onde a miséria toma conta de boa parte do território continental. Bem ao contrário, estou a uma hora de voo da maior e mais rica economia do mundo. Não dá tempo nem de ouvir a narração de uma partida de futebol durante a viagem. Os Estados Unidos estão logo ali na esquina.

Em função do meu trabalho, e do prazer que tenho em ouvir e tentar ajudar a encontrar caminhos, já entrei e vivi experiências riquíssimas em favelas encravadas em todas as regiões do Brasil; Norte, Nordeste, Sul, Sudeste… mas nunca vi nada sequer parecido com o que vi e vivi hoje no Haiti.

Se em 2010, depois do terrível terremoto que matou mais de 200 mil haitianos, você fez alguma doação destinada à reconstrução do país caribenho, muito provavelmente seu dinheiro foi

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roubado. Porque aqui nada foi reconstruído. Começando pela dignidade humana.

O sentimento é de que deveríamos dar um restart no mundo. Começar de novo.

Entender que o mundo mudou. Que a informação que viajava na velocidade de um cavalo há 200 anos hoje trafega de mão em mão, de celular em celular, mais rápido que o pensamento.

Não podemos acreditar que fronteiras geopolíticas justifiquem a miséria absoluta, nem aqui nem logo ali. Que aquele menino cresça naquele ambiente, naquela sujeira, naquela miséria e que não possamos fazer nada por ele. Que mais uma vez a política só cuide de alguns. Ou pra ser mais preciso, do bolso de alguns.

Faltam lideranças com pensamentos de fato modernos, de fato inclusivos, de fato transformadores. Espero que a minha geração possa viver a era da transformação verdadeira, mas neste momento estou descrente, não vejo este caminho nem rascunhado. Nem aqui no Haiti, nem no Brasil, nem nos EUA, nem no mundo. Você acredita que alguém como Donald Trump possa inspirar o mundo nessa direção? Eu não.

Mas como estou indo dormir, preciso arejar os pensamentos com coisas positivas, então volto ao 23º Brabat, o batalhão do Exército brasileiro que participa da Missão de Paz da ONU em território haitiano.

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Como disse, foi a única coisa boa que encontrei por aqui. Senti orgulho da nossa bandeira. Tive orgulho de ser brasileiro. Um grupo de 856 cidadãos, brasileiros e brasileiras, com uma média de idade de cerca de 23 anos, voluntários no meio desse caos. Pessoas que deixaram filhos, mulheres, pais e mães, famílias inteiras, para servir a uma pátria que não é a deles. Entendendo que na verdade não há pátria que não seja o planeta e a Humanidade. Para ajudar. Para tentar trazer luz a este apagão social.

Eu vi, com meus próprios olhos, o carinho que a população escancara na presença dos nossos soldados. Nossos meninos vestidos de soldados frente a frente com aquele menino nu. Todos sorrindo.

Sigo minha missão, empoderando através da TV, aqueles que até então estavam fora dos radares. No caso do Haiti, os soldados brasileiros, que bravamente aplacam o sofrimento local.

Produzimos mais de 12 horas de um riquíssimo material jornalístico, que em breve irá disseminar nos lares brasileiros uma mensagem positiva e de esperança.

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Vou dormir. Espero algum dia acordar em um mundo mais justo. Pode parecer piegas, e é. Mas não é utopia.

*Luciano Huck é apresentador de TV FONTE: O Globo

Chefe da Minustah vê risco de

violência

Comandante brasileiro das tropas no Haiti alerta que a crise política vai aumentar protestos nas ruas e perigo de confusão. Forças da ONU devem estender permanência no país por mais seis meses

O general brasileiro Ajax Porto Pinheiro é o responsável pela Missão de Paz no Haiti

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Às vésperas da data prevista para a posse do novo presidente, que deveria ter sido eleito em abril, o Haiti está mergulhado em incertezas. Um acordo assinado em 5 de fevereiro previa para 14 de junho a posse do novo mandatário e o fim do governo interno.

Ao adiar a votação de abril, o presidente interino, Jocelerme Privert, deu indicações de que pretende transferir o pleito para outubro, quando o país deve realizar eleições para o Senado. Em entrevista ao Correio, o comandante das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o General brasileiro Ajax Porto Pinheiro, ressaltou preocupação com a segurança do país para os próximos dias.

Com o fim do prazo para a posse do novo presidente marcado para o próximo sábado, manifestantes devem voltar a tomar as ruas de Porto Príncipe. Nos últimos meses, Porto Príncipe assistiu ao enfrentamento de ativistas contrários e favoráveis ao antigo governo de Michel Martelly, presidente que deixou o poder em 7 de fevereiro, após o fim do mandato. A oposição acusa o ex-presidente e o Haiti Tet Kale (PHTK) de favorecerem o candidato do partido, o rico exportador de bananas Jovenel Moise, primeiro colocado nas votações de primeiro turno. A instabilidade no país deve adiar o prazo para o fim da missão da ONU a retirada das tropas, que deveriam ocorrer em 15 de outubro. O mandato da Minustah deve ser prolongado, enquanto o impasse político não for resolvido. “O período eleitoral tende a ser violento e as animosidades têm crescido; então, é fácil concluir que não dá pra encerrar a missão”, alerta o general brasileiro. Segundo ele, o prazo para a retirada das tropas deve ser adiado para abril de 2017, caso as eleições sejam realizadas com sucesso em outubro.

O adiamento das eleições de abril provocou uma série de protestos. Como está a situação em Porto Príncipe agora?

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pouco nos últimos dias. A situação é tensa -calma. Quando os protestos diminuem, aumenta a criminalidade, pois parece que o foco das gangues muda e eles cometem mais assaltos e, em consequência, mais assassinatos. As manifestações estão paradas, porque parte dos ativistas que saem para protestar, de um lado e de outro, recebem verbas dos partidos. Atualmente, os partidos não têm muitos recursos para financiar tantas manifestações; então, concentram os esforços para os dias que acreditam que a pressão terá mais efeito. Em maio há algumas datas-chave para o Haiti.

O senhor acredita que a calma tende a continuar até quando? Os protestos vão voltar a se intensificar neste mês. Estamos esperando confusão porque, em 14 de maio (sábado), se encerra o prazo para a posse do presidente, que deveria ter sido eleito no mês passado. No entanto, o governo interino ainda tem um mês até o encerramento do período de 120 dias do mandato, previsto no acordo de 5 de fevereiro.

A oposição, que até fevereiro era situação, concordaria com a extensão do mandato de Privert?

Hoje temos uma total indefinição. Há várias opiniões. Um grupo quer que o presidente permaneça, outro pede que o primeiro-ministro assuma ou que o cargo seja repassado para o presidente do Tribunal Supremo de Justiça deles. Há várias possibilidades e muitas interpretações da Constituição. Ainda não sabemos, mas nós nos preparamos para o pior. As tropas estão em treinamento para identificar os locais que podem ter problema no futuro. Realizamos operações de patrulha em diferentes locais de forma permanente.

Há poucos dias o senhor teve uma reunião com o presidente Privert. Ele tem planos para convocar novas eleições?

Ele não tocou nesse assunto. Mas é quase consenso, hoje, que as eleições devem ser realizadas em um domingo de outubro. A data faz sentido, até por questões econômicas e logísticas.

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Nós precisamos começar a trabalhar 60 dias antes das votações. Por exemplo, leva tempo para imprimir as cédulas eleitorais, o que é feito em Abu Dabi por questões contratuais, e para o transporte delas até o Haiti. Se iniciássemos hoje esse processo, as eleições ocorreriam em julho. Em outubro, estão previstas votações para renovar um terço do Senado. O custo é muito alto para realizar duas eleições em tão curto espaço de tempo.

As cédulas chegaram a ser impressas para 24 de abril?

Não, como se suspeitava que as eleições não fossem ocorrer, eles esperaram uma certeza para não perder recursos. Teria sido uma correria, caso elas não tivessem sido adiadas. Não consigo imaginar a logística para ser possível. Em meados de janeiro, poucos dias antes da data prevista para as eleições, quando o candidato Jude Célestin anunciou que não participaria do segundo turno sem uma auditoria dos votos, o país estava pronto para votar… Nesse momento, nós perdemos todo o material eleitoral, sim. Em janeiro, foi um grande prejuízo, pois o material estava pronto e distribuído. Cada fase eleitoral custa em torno de US$ 9 milhões ou US$ 10 milhões. Para um país com problemas econômicos, como o Haiti, é algo muito custoso. Parte da verba é custeada pela comunidade internacional, mas cerca de um terço é de responsabilidade do país. O valor inclui a impressão e a distribuição nos 1.508 pontos de votação, feita por uma empresa terceirizada e, em locais mais críticos, por nós da Minustah. Inclui, também, a diária e a alimentação das forças de segurança, que ficam de plantão e coletam o material eleitoral.

Se as eleições forem em outubro, serão no mesmo mês em que acaba o mandato da Minustah?

Em 15 de outubro, acaba o mandato da missão. Não foi oficializado ainda, não está escrito em nenhum lugar, mas se espera que seja prorrogado por algo em torno de seis meses. Penso não ser recomendável a retirada ou a redução das tropas

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no momento em que vai ocorrer uma eleição muito complicada no país. O período eleitoral tende a ser violento, e as animosidades têm aumentado. Isso vai descambar em outubro; então, é fácil concluir que não dá para encerrar a missão. O Conselho de Segurança deve decidir os próximos passos no início de outubro. O que se comenta é que a missão terá uma extensão técnica, mas que o mandato não será renovado. Com isso, haverá um tempo de seis meses para consolidar o processo eleitoral.

O que foi discutido no encontro com Privert?

Participaram da reunião representantes da Minustah, o presidente interino, o premiê (Enex Jean-Charles) e três chefes de ministérios. Nós conversamos sobre a nossa situação no país e a nossa atuação antes, durante e depois do período eleitoral. Eles tinham muitas perguntas, e uma das preocupações do presidente era com a porosidade da fronteira do Haiti, por onde se transportam armas com facilidade. Ele perguntou como poderíamos atuar, mas isso não faz parte da missão da ONU, não está no nosso mandato e nós não temos efetivo para esse tipo de operação. A responsabilidade sobre isso é da Polícia Nacional do Haiti.

Há uma preocupação de que tais armas possam ser usadas em um momento de maior instabilidade?

Por parte de gangues, sim. Mas a polícia do Haiti, nos últimos dois meses, tem feito apreensões de armas quase que diariamente. Em geral, são armamentos menores e munição. Os policiais têm atuado nessa área e contam com a ajuda de denúncias da população e com a fiscalização rotineira nas estradas. Uma missão de avaliação da ONU estava prevista para março.

Ela se concretizou?

Não, eles adiaram porque a eleição de janeiro e a posse do presidente prevista para fevereiro não ocorreram. Decidiram

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esperar por uma definição. A missão não está definida, não se sabe quem virá, nem quando virá. É provável que ocorra em junho ou julho, mas o fato é que eles terão que vir ao país antes da reunião do Conselho de Segurança para terem informações.

O presidente foi a Nova York algumas semanas atrás. O que foi discutido?

Ele foi pressionado para que convoque uma data para a eleição. O mandato dele se encerra em 14 de junho, e é preciso uma definição sobre a parte institucional. A ONU, as embaixadas estrangeiras, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia (UE), todos cobram dos políticos haitianos um consenso sobre a realização de eleições. Enquanto isso não ocorre, o país fica nesse impasse, que gera insegurança e indefinições na área econômica. “Estamos esperando confusão porque, em 14 de maio (sábado), se encerra o prazo para a posse do presidente, que deveria ter sido eleito no mês passado”.

FONTE: Correio Braziliense

Tropa do Exército que atua em

Cristalina se prepara para

missão de paz no Haiti

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Eles simularam situações de conflito na quinta-feira se preparando para ir ao Haiti.

ONU estuda opções para saída

do Haiti

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Após 12 anos, Nações Unidas avaliam retirada progressiva; possibilidade é a de converter operação de paz em missão política a partir de 2017

Por Jamil Chade Correspondente / Genebra

A ONU quer começar a sair do Haiti, depois de 12 anos de presença de tropas internacionais. Mas, para isso, terá de organizar uma transição e ter garantias do governo local de que terá capacidade para arcar com a segurança no país mais pobre do Hemisfério Sul. A Missão de Paz poderá ser transformada, em 2017, em uma missão política,mais enxuta e sem soldados ou policiais. Mas, até que uma decisão seja tomada,o governo brasileiro garante que ficará no Haiti e no comando das tropas,como vem fazendo desde 2004, e indica que está disposto a assumir um novo mandato. Oficialmente, a operação da ONU no Haiti acaba em outubro.

Um dos cenários é o de que, com as eleições nas próximas semanas e uma eventual estabilização política, um plano poderia ser desenhado para, progressivamente, reduzir a

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presença internacional. Uma das opções seria a de renovar o mandato da operação por mais seis meses e transferir a decisão final para março de 2017. Diplomatas consultados pelo Estado e envolvidos na negociação garantem que será fundamental não precipitar uma saída, o que colocaria em risco os ganhos de estabilização da última década. Desde 2004, só o Brasil já investiu mais de R$ 2,3 bilhões em suas tropas no Haiti, sendo reembolsado pela ONU em cerca de R$ 1 bilhão. Mas outra negociação se refere a quem lideraria a retirada.

A crise política no Brasil tem feito parte das considerações das Nações Unidas. Retirada. No ano passado, o então ministro da Defesa, Jacques Wagner, havia declarado no Senado que a missão no Haiti acabaria em 2016, “não por decisão nossa ,porque, na medida em que nos incorporamos a um programa desses, ficamos um pouco submetidos à decisão das Nações Unidas”.

“No ano que vem, a previsão é de retirada total das forças não só do Brasil, mas das Nações Unidas”, afirmou.

Também pesa sobre o Brasil a pressão da ONU para que arque com suas dívidas sem precedentes. Até segunda-feira, ela chegava a R$ 1,3 bilhão. Se parte desse déficit não for solucionado, o Brasil corre o risco de perder o direito ao voto em 2017. Nos últimos meses, porém,o governo voltou a tratar dessa situação coma cúpula da ONU. Neste ano, militares brasileiros que estiveram nas Nações Unidas sinalizaram que as tropas estariam em condições de ficar no Haiti, caso fosse necessário para completar a transição. No fim de fevereiro, a presidente Dilma Rousseff também tratou do assunto com Michelle Bachelet, presidente do Chile.

Santiago também tem sido um dos principais colaboradores no Haiti. Uma decisão definitiva não foi tomada, até mesmo diante da instabilidade do atual governo. Mas uma das ideias que ganha força é a de que, se a transição for por tempo limitado, o Brasil poderia ampliar seu mandato e completar a missão de

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mais de uma década. Ao Estado, o Ministério da Defesa confirmou que, no caso de uma renovação do mandato por mais seis meses, a intenção é de permanecer no Haiti. “O Brasil tem a intenção de permanecer na Minustah, aguardando os futuros entendimentos com a Organização das Nações Unidas”, indicou. “O Ministério da Defesa nunca declarou que entregará, em outubro, o comando da missão de paz das Nações Unidas no Haiti. Não existe qualquer intenção nem manifestação de interromper a presença brasileira na região”, disse o ministério, em nota. Fontes do alto escalão da ONU tinham afirmado ao Estado que a instabilidade política no Brasil e a incapacidade do País em pagar suas contas tinham aberto uma corrida por parte de governos que, na esperança de ganhar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU,se lançaram em negociações para assumir o posto ocupado pelo Exército brasileiro. Segundo essas fontes, um dos casos em estudo seria o do Canadá. O novo primeiro-ministro, Justin Trudeau, havia colocado como uma de suas promessas de campanha a volta do país ao cenário internacional.

A imprensa canadense tinha revelado, no início de março, a possibilidade de uma participação mais ativa no Haiti e abriu os debates no país – com a oposição ao governo alertando que essa não era uma ideia a ser aprovada .

“O Brasil tem a intenção de permanecer na Minustah, aguardando os futuros entendimentos com a ONU. O Ministério da Defesa nunca declarou que entregará, em outubro, o comando da missão de paz. Não existe qualquer intenção nem manifestação de interromper a presença brasileira na região” NOTA DO

MINISTÉRIO DA DEFESA DO BRASIL

Canadá nega intenção de assumir comando no país

O governo canadense negou ontem que tenha projetos de assumir qualquer papel mais importante na missão de paz da ONU no Haiti. “Não há planos de o Canadá enviar mais tropas ou

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policiais à Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) nem de assumir seu comando militar, que o Brasil lidera com muita habilidade e generosidade desde 2004”, informou Alison Grant, chefe da Seção Política da Embaixada do Canadá em Brasília, em nota enviada ao “Estado”. “Neste momento, há 86 policiais e 5 oficiais militares do Canadá em destacamento na missão da ONU no Haiti, a maior contribuição do Canadá a uma missão das Nações Unidas”, completou a diplomata canadense.

FONTE: O Estado de São Paulo

Canadá se oferece para

substituir Brasil em missão

de paz no Haiti

Dívida brasileira com a ONU sobe a R$ 1,3 bilhão e põe em risco o direito a voto do País na organização

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Por Jamil Chade

Com o Brasil prestes a deixar o comando das forças de paz no Haiti depois de mais de uma década no país caribenho, o Canadá se apresenta para assumir as operações das Nações Unidas. O novo primeiro-ministro, Justin Trudeau, começou em fevereiro a negociar a transferência com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A meta de Ottawa é a de enviar até 2 mil homens ao Haiti.

Hoje, cerca de 2,3 mil soldados, 2,6 mil policiais e 1,5 mil civis atuam em nome da ONU no país. Até o fim do ano, além da troca no comando das tropas de paz, o Brasil também precisa enviar recursos para quitar parte do que deve à ONU.

O País acumula uma dívida inédita de US$ 380 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) com a organização, o segundo maior déficit de um governo com a instituição. Caso não arque com cerca de US$ 110 milhões, poderá até perder direito a voto.

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reformulação do orçamento das operações de Paz da ONU fez a contribuição do Brasil crescer. A desvalorização do real também influiu no salto do déficit. Até o fechamento desta edição, o Ministério das Relações Exteriores não havia respondido à reportagem sobre a existência de alguma negociação em relação aos depósitos na ONU.

O Ministério da Defesa já havia declarado que, em outubro, entregará o comando das tropas e, desde o início do ano, a cúpula das Nações Unidas passou a negociar com outros países uma transferência.

Parte do esforço brasileiro para assumir as funções de comando em 2004 tinha como objetivo demonstrar à comunidade internacional que o País estava disposto a aumentar sua responsabilidades nos esforços por paz e segurança no mundo, gesto que foi saudado pela ONU.

Além das tropas, o governo fez doações para programas de c o m b a t e à f o m e , f o i e l e i t o p a r a d i r i g i r e n t i d a d e s internacionais e aumentou aportes financeiros para o Alto Comissariado da ONU.

Mais de uma década depois, a situação do governo brasileiro com a ONU é diferente. Planilhas internas das contas da organização revelam que, em apenas oito meses, o buraco nas contribuições do País deu um salto de US$ 95 milhões.

Só no financiamento das diversas operações de paz no mundo, a dívida brasileira é de US$ 148 milhões. Entre os 193 países da ONU, apenas a dívida dos EUA, de US$ 1,1 bilhão, é maior. Isso sem contar com os gastos específicos do governo brasileiro para manter seus soldados no Haiti, que superaram a marca de R$ 2 bilhões. Desse total, o Brasil foi ressarcido em cerca de R$ 1,2 bilhão pela ONU.

Para o orçamento regular das Nações Unidas, a dívida brasileira era de US$ 220 milhões até ontem, superando os US$ 190 milhões do Japão, o segundo maior doador das Nações

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Unidas. Outros US$ 10 milhões faltam nas contas brasileiras para os tribunais internacionais bancados pela entidade.

Os números internos mostram que o déficit não parou de crescer desde o fim de 2014. Naquele momento, ele era de US$ 190 milhões. No dia 4 de agosto de 2015, o buraco já chegava a US$ 285 milhões.

Em agosto do ano passado, o Ministério do Planejamento indicou que pretendia “regularizar o mais rapidamente possível o pagamento do valor devido” e, em reuniões em Nova York, a diplomacia brasileira chegou a indicar aos responsáveis pela contabilidade da ONU que o governo tinha como prioridade quitar as dívidas, como demonstração de seu “compromisso com o multilateralismo”.

FONTE: O Estado de SP FOTO: Ilustrativa

Referências

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