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MACUNAÍMA: A HISTÓRIA DA MITOLOGIA-TUPI GUARANI NA OBRA DE MÁRIO DE ANDRADE

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Academic year: 2021

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MACUNAÍMA: A HISTÓRIA DA MITOLOGIA-TUPI GUARANI NA OBRA DE MÁRIO DE ANDRADE

Luana Régia Costa Nayanne Almeida Reis INTRODUÇÃO

O Presente trabalho visa explanar a mitologia Tupi-Guarani pela obra de Mário de Andrade, Macunaíma. As crenças populares, os personagens míticos e folclóricos que dão vida a imaginação das pessoas e até mesmo as facetas do índio que é presença marcante na literatura brasileira. No nome do próprio personagem que é de origem indígena observa-se em formação, a junção de “Maku”, que significa mau e o sufixo “ima”, que quer dizer grande.

Opondo-se as características dadas pelo autor no romance. O autor apresenta Macunaíma como: Preguiçoso, egoísta, safado, inteligente e capaz de exercer influência sobre todos à sua volta. O herói relacionado aos elementos míticos desta Literatura é visto também como lenda, fato que está presente na obra quando o próprio herói vira uma estrela e recria uma ideia de imortalidade do elemento lendário que está contido na obra. Portanto, evidencia-se que essa matéria se manterá viva através do brilho de uma estrela. A presença desta cultura enriquece a obra de Mário e mostra a origem da grande história que perpassa pela literature.

1. O TUPI- GUARANI

Quando os portugueses chegaram à América, em 1500 existia no atual território brasileiro uma grande quantidade de sociedades indígenas. Muitos estudiosos acreditam que naquela época viviam aqui mais de mil povos diferentes. Os números não são precisos, mas estima-se que essa população poderia chegar a 5 milhões de habitantes. De acordo com as línguas que falavam, esses indivíduos podem ser divididos em dois grandes grupos: os Macro- Jê – grupo linguístico que incluía povos como os Bororo e os Karajá – e os Tupi-Guarani – grupo formado por povos como os Guarani, os Tupinambá e os Carijó.

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A figura primária em grande parte das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deu sa lua Araci, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento. Tupã então criou a humanidade em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu. Partindo da história da história do tupi - guarani (Indígena) tem-se uma vasta ideia do que este artigo poderá explanar. Visto que, o tema central é justamente o ÍNDIO, suas criações, suas facetas.

2. A PRESENÇA DO ÍNDIO COMO ELEMENTO MÍTICO

O índio é um elemento muito forte na cultura brasileira. Desde a época das grandes navegações quando enfim foi descoberto o Brasil que este ser perpassa por toda a literatura, dando vida a grandes personagens, como o próprio Macunaíma. Por essa razão a criação de narrativas com o mesmo como foco são bem tradicionais e podem ser conhecidas como lendas, mesmo existindo a capacidade de se criar, várias histórias imaginárias dentro de um mesmo ser. Carregadas de imaginação é natural e faz parte da essência humana querer saber, ao longo da vida, de onde veio e para onde vão alguns elementos da natureza. Como o sol, a lua, a água e principalmente qual o sentido deles. É justamente destes questionamentos humanos que surgem as lendas.

É próprio do ser humano querer dar um sentido, uma justificativa para a vida e os mitos vêm ao encontro desse desejo. Dessa forma, os mitos tentam explicar o surgimento do mundo e a forma como deuses e heróis o fizeram habitável para a humanidade. Em suas contundentes observações, Mindlin (2001) evidencia o raciocínio segundo o qual,

[o]s mitos frequentemente falam de acontecimentos fantásticos, mágicos. É por isso que muita gente pensa e diz que mito é invenção, mentira, ficção; mas para os povos que os contam, donos das histórias, e para quem souber decifrar sua linguagem poética, os mitos são uma

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história verdadeira, uma explicação sobre o mundo, sobre o que é viver, sobre a origem da humanidade, sobre o aparecimento da agricultura, da caça, das plantas, das estrelas, do homem e da mulher, do fogo, do sol, da lua, de tudo o que se puder imaginar. Há histórias de fantasmas, de bichos que viram gente ou o contrário, de pedaços do corpo que voam e falam. São histórias sagradas, preciosas, respeitadas por todos (MINDLIN, 2001, p. 7-8).

O povo indígena, da mesma forma que qualquer outro grupo étnico, desempenha um importante papel no conjunto de experiências históricas e sociais do Brasil. O povo indígena é detentor de saberes e responsável por criações como, por exemplo, a música, a culinária, a arte.

Cada um dos diferentes povos indígena são possuidores de culturas próprias e as suas formas, as suas originalidades merecem ser considerada como um patrimônio pela sociedade.

3. MACUNAÍMA: SUA HISTÓRIA

O herói sem caráter, de Mário de Andrade é uma das obras mais importantes da Literatura brasileira. Apesar de ser publicada no modernismo, a obra traz traços do romantismo e juntamente ainda o título de “herói”. Foi publicada em 1928 e narra à vida de um índio, de cor negra, que nasceu no interior da Amazônia. Depois de ter perdido uma pedra que ganhara de sua mulher, viajou para São Paulo na tentativa de conquistar seus irmãos e tentar recuperar seu amuleto. Mesmo fazendo uma longa pesquisa sobre mitos indígenas e folclóricos, além de, ditos populares e quaisquer outras histórias que fizessem parte da cultura popular. Mário, escreveu esse livro em apenas seis dias e o denominou de Rapsódia, uma mistura musical de motivos populares.

Uma análise um pouco mais atenta [de Macunaíma] mostra que ele foi construído a partir de uma combinação de uma infinidade de textos preexistentes elaborados pela tradição oral ou escrita, popular ou erudita, europeia ou brasileira (SOUZA, 1979, p. 10).

A identificação dos personagens é criada a partir das várias facetas dos mesmos, que deram origem a nação brasileira. Formada por indígenas, europeus e negros. Isso é notório nos irmãos de Macunaíma que são de nações diferentes, Negro e indígena. A narrativa é dividida entre o plano real e o imaginário.

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4. O ROMANCE FENÔMENO TEATRAL BRASILEIRO

Macunaíma é, sem dúvida, um fenômeno teatral brasileiro. A versão original, de quatro horas e meia, junto com as remontagens mais sintéticas, de três horas, teve 876 apresentações desde sua estreia em São Paulo no dia 15 de setembro de 1978, até a última apresentação, no dia 5 de julho de 1987, em Atenas.

O espetáculo percorreu trinta cidades brasileiras e sessenta e sete estrangeiras algumas mais de uma vez de dezessete países: Venezuela, México, Canadá, Estados Unidos, Israel, Austrália e dez nações europeias. Sua primeira turnê, em 1979 e 1980, foi a várias cidades brasileiras, a Nova York onde participou no anual Festival de teatro Latino-americano de Joseph Papp, a Washington e a catorze cidades europeias. Posteriormente, Macunaíma viajou pelo Brasil e pelo exterior todos os anos, 1980 a 1987. Venceu de melhor filme no Festival Internacional de Mar del Plata 1970, na Argentina. Macunaíma teve uma das carreiras mais longas na história do teatro.

A obra prima de Mário de Andrade inspirou filmes, como Macunaíma: sem caráter, mas cheio de graça, com roteiro e direção de Joaquim Pedro de Andrade; peças de teatro, músicas, e até um quadro pintado por Tarsila do Amaral. Nesse contexto, passamos a analisar a rapsódia andradina. O texto do escritor tem recebido as mais variadas interpretações. A crítica comparou a “rapsódia” modernista com outros gêneros, como a fabula de magia e o modelo de composição da música popular brasileira. Essas classificações genéricas foram sugeridas por M. Cavalcanti Proença, em seu estudo pioneiro, Roteiro de Macunaíma, onde o autor compara a narrativa mariodeandradiana com vários gêneros, inclusive o conto popular e a rapsódia musical baseada nos motivos populares.

Coube a Haroldo de Campos e Gilda de Melo e Souza aprofundar as sugestões. Cavalcante Proença expõe ainda outra possibilidade genérica, ao fazer uma comparação com a epopeia medieval (La Chanson de Roland). Partindo dessa aproximação, pensamos Macunaíma principalmente em termos de estrutura épica, justapondo-o a Os Lusíadas, em função dos conceitos de Mikhail Bakhtin, grande crítico russo cujas teorias tem uma relação muito clara com a cultura popular/folclórica do Brasil

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e daí com a rapsódia de Mario de Andrade, e, também, com a adaptação teatral de Antunes Filho.

Possui um estilo modernista, antropofágico, pois se alimenta e mastiga de todas as fontes linguísticas e estilísticas. [...] Sua fala é a montagem de várias falas [...]. A crítica à realidade brasileira reside justamente na apresentação de um herói sem nenhum caráter, preguiçoso, malandro e esperto, o que seria a imagem também malandra do país. Mas essa interpretação é por demais complexa, pois não há, na rapsódia, nenhuma lição de moralismo em relação ao caráter do brasileiro (SOUZA, 2008, p. 9).

5. MITOS INDÍGENAS PRESENTES NA OBRA

O autor além de utilizar-se de várias lendas e mitos brasileiros, faz menção aos de cunho indígena, a começar pelo nome do livro que determina também o personagem principal, Macunaíma. A presença do índio como elemento lendário da mitologia indígena que é considerado também uma entidade divina, criador dos animais, vegetais e humanos. Para os indígenas todas as espécies deveriam ter uma mãe.

É o herói das estórias populares contadas nos acampamentos e aldeias indígenas, fazendo rir e pensar, e um pouco despido dos atributos do deus olímpico, poderoso e sisudo (Cascudo, 2001, p. 347).

É visível a intertextualidade da presença do índio com outros contos e lendas. Têm-se personagens que marcaram a cultura popular brasileira, como: Caipora, Filho da Mandioca e o saci um personagem já bem conhecido na cultura popular. Considerado como uma entidade da mitologia indígena, que ora se apresenta de forma maléfica, ―Saci ainda para neste mundo espalhando fogueira e traçando crina de bagual‖ (ANDRADE, 2007, p. 210); ora graciosa e zombeteira, ―— Quê que quer, saci?, — Atenção minha madrinha, me dá pão com farinha?‖ (Ibid., p. 209).

Percebe-se que, apesar da obra constituir uma imensa quantidade de mitos, lendas e tradições, cada um destes tem a sua importância e faz desta narrativa uma das obras primas da literatura brasileira. A maioria dos personagens da mitologia indígena presentes na obra se mostram conhecidos e muito bem aceitos pela cultura popular brasileira, o que demonstra que essa inserção cultural indígena com a cultural brasileira só vem engrandecer ainda mais a nação brasileira.

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6. O HERÓI ROMÂNTICO X O ANTI- HERÓI MODERNISTA

A visão que se dá mais próximo da realidade do índio esta ligando aos costumes. Assim como os europeus buscavam suas origens da nacionalidade na literatura, Gonçalves Dias também vai buscar tendo por referencia a visão do europeu em relação ao índio, redescobrindo o índio uma raça que estava adormecida pela tradição que é revivida mesclada ao culto de bom selvagem. As situações desenvolvidas como gestos heroicos e trágicos têm na sua forma reflexos de epopeia, das tragédias clássicas dos romances de cavalarias medievais, ou seja, não houve uma identidade, mas uma reprodução dos valores do outro. Juca Pirama, Marabá e Leito de Folhas Verdes, seu índio é muito idealizado e moldado com sentimentos de bravura e de louvor à honra características que reflete pensamentos de um mundo ocidental, a de um herói cavalheiro medieval.

Com o Modernismo busca-se uma verdadeira identidade nacional, quebrando e fazendo critica aos valores antes usados. Eles não buscam mais da referência do europeu para falar do índio e de nosso país, vão buscar por referencia a visão do índio. Buscando a verdadeira cultura brasileira sem influências de seu colonizador. Mário de Andrade revoluciona a literatura com “Macunaíma”. Mário de Andrade in: “a {lição do amigo”}. Ao colocar Macunaíma como “um herói sem caráter” ele quer dizer que o povo brasileiro é um povo sem caráter, mas este caráter não quer dizer na conotação moral, mas na cultural afirmando que não tivemos nossas características em nossa cultura sofremos influencias de nossos colonizadores.

Percebe-se então, que na literatura brasileira o índio, já citado, será visto que várias formas, sendo bom ou ruim, ele representa o início da história de um povo.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os mitos sempre estiveram e estarão presentes na vida humana. Como pudemos perceber nestas breves explanações, estudar alguns conceitos e conhecer alguns

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mitos, simplesmente não dão conta da riqueza que o mito abrange. Em se tratando da mitologia indígena, ela se mostra mais viva hoje, do que quando fazia parte tão somente da identidade dos povos indígenas. Por fim, Macunaíma é a representação da história de um povo. Uma narrativa riquíssima em detalhes e ficção, onde se pode analisar a presença do índio na literatura, a influência de outras narrativas de cunho popular que se aliaram a essa propondo a intertextualidade.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013

GEORGE, David. Grupo Macunaíma: Carnavalização e Mito. São Paulo: Perspectiva: Editora da Universidade de São Paulo, 1990. (Coleção Debates).

MINDLIN, Betty. O primeiro homem e outros mitos dos índios brasileiros. São Paulo: Cosac Naify, 2001.

SOUZA, Gilda de Mello. O tupi e o alaúde. São Paulo: Duas Cidades, 1979.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. São Paulo: Global, 2001.

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. ROCHA, Everardo. O que é mito. São Paulo: Brasiliense, 2006

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