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Academic year: 2021

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Universidade Estadual

de Londrina

CARINA DIANE NAKATANI-MACEDO

O COMPORTAMENTO DOS RENDIMENTOS DAS

APOSENTADORIAS E PENSÕES NA RENDA DOMICILIAR

PER CAPITA – BRASIL E SUAS REGIÕES – 2004 A 2012

LONDRINA - PARANÁ 2015

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CARINA DIANE NAKATANI-MACEDO

O COMPORTAMENTO DOS RENDIMENTOS DAS

APOSENTADORIAS E PENSÕES NA RENDA DOMICILIAR

PER CAPITA – BRASIL E SUAS REGIÕES – 2004 A 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Regional-PPE (Mestrado) da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Ferreira

LONDRINA - PR 2015

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CARINA DIANE NAKATANI-MACEDO

O COMPORTAMENTO DOS RENDIMENTOS DAS

APOSENTADORIAS E PENSÕES NA RENDA DOMICILIAR

PER CAPITA – BRASIL E SUAS REGIÕES – 2004 A 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Regional-PPE (Mestrado) da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof. Dr. Carlos Roberto Ferreira Universidade Estadual de Londrina

_______________________________________ Profª. Dra. Solange de Cássia Inforzato de Souza Universidade Estadual de Londrina

__________________________________ Prof. Dr. Flávio Braga de Almeida Gabriel Universidade Estadual do Oeste do Paraná

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.

À família, pelo apoio. Em especial à minha mãe Isaura, pois todas as minhas conquistas são reflexo de seus ensinamentos e de sua dedicação.

À Universidade Estadual de Londrina, pela qual tenho apreço infinito. À CAPES pela bolsa de estudo.

Ao Programa de Mestrado em Economia Regional que me proporcionou um salto de conhecimento.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Carlos Roberto Ferreira por tudo que me ensinou, pela paciência, pelo incentivo.

A todos os Professores do Departamento de Economia. Em especial à Profª Drª Marcia Regina Gabardo da Camara pela dedicação.

Aos componentes da banca, a quem tenho imensa admiração, Profª. Drª Solange de Cássia Inforzato de Souza, por contribuir à minha formação profissional e pessoal. E ao Flávio Braga de Almeida Gabriel, por me ajudar desde a graduação e pelo exemplo a ser seguido.

Aos amigos do Mestrado da turma cinco, Ana Caravieri, Cleverson Neves, Denize Silva, Flavio Fiuza, Fernando Bigarani, Jackelline Favro, Marcio Marconato, Marcos Brambilla, pelo companheirismo, pela amizade, por fazer a dificuldades se tornarem mais leves perto de vocês.

A todos os companheiros de Mestrado, de outras turmas que de alguma forma me ajudaram, Dimitri Bessa, Emerson Esteves, Marcelo Massambani, Antônio Amaral, José Tarocco, Daniel Lelis, Edson Medeiros, Nadja Menezes, João Felema, Karla Tyskowski, Benjamim Ximenes, Auberth Venson e todos os outros.

Ao meu namorado Lucio Zanin Junior pela compressão, carinho e apoio. Aos amigos, que de longe ou de perto me apoiaram e me incentivaram.

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NAKATANI-MACEDO, Carina Diane. O comportamento dos rendimentos das

aposentadorias e pensões na renda domiciliar per capita – Brasil e suas Regiões – 2004 a 2012. 2015. 68 p. Dissertação de Mestrado em Economia Regional. Centro de Estudos Sociais

Aplicados, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015.

RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo avaliar a contribuição das transferências de aposentadorias e pensões na distribuição de renda no Brasil e suas Regiões, entre os anos de 2004 a 2012. Para isso foram coletados dados das PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) que permitiram traçar as mudanças da distribuição da renda, através da metodologia de Decomposição do Índice de Gini. Os resultados sinalizam que as rendas das aposentadorias até um salário mínimo aumentaram sua participação no total da renda, possuem caráter progressivo e colaboraram na melhora da distribuição da renda em todas as regiões, colaborando com 14,81% da queda no índice de Gini observada para o Brasil. As aposentadorias acima de um salário mínimo diminuíram sua participação na renda, apresentam caráter regressivo, no entanto, em virtude das mudanças em sua participação na renda domiciliar per capita, contribuíram positivamente com 17,23% da mudança no índice de Gini (-0,042) para o Brasil. Este resultado também pode ser observado para as regiões. As outras aposentadorias e pensões são progressivas, mas, apresentaram queda de sua participação na renda, mesmo diante do envelhecimento populacional.

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NAKATANI-MACEDO, Carina Diane. The impact of pensions and annuities transfers

over income distribution – Brazil and Regions – 2004 a 2012. 2015. 68p. Dissertation.

(Post-graduation, Masters in Regional Economics). Centre of Applied Social Studies of Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015.

ABSTRACT

The goal of this study aims to evaluate the contribution of pensions and annuities transfers over income distribution in Brazil and its Regions, between the years 2004 to 2012. The data was collected from the PNADs (Pesquisa Nacional por Amostras em Domicílios) and allowed to overlook the changes in income distribution, through the decomposition of the Gini Index methodology. The results indicate that annuities lower than the minimum wage increased their share in total income, have progressive effects and contributed to the improvement of income distribution in all regions, contributing to 14.81% of the decrease in the Gini index observed for Brazil. Pensions above the minimum wage reduced their participation in income, are regressive character, however positively contributed 17.23% of the change in the Gini index (-0.042) for Brazil. This result can also be observed in every regions. The other pensions and annuities are progressive, however, decreased their participation in income, even in the face of population aging.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Percentual da população com idade acima de 60 anos para os estados brasileiros - 2000, 2010, 2020 e 2030... 15 Figura 2 - Pirâmide etária do Brasil, América Latina e Caribe por gênero de 1950 a

2050... 17 Figura 3 - Receitas e despesas governamentais totais, por faixas etárias no Brasil –

2000-2050... 18 Figura 4 - Transferências governamentais, per capita, por grupos etários no Brasil –

1995... 19 Figura 5 - Projeções da razão de dependência para o Brasil e suas Regiões entre os

anos de 2000 e 2030... 20 Figura 6 - Curva de Lorenz... 40 Figura 7 - Um dos trapézios que formam a área de β... 41 Figura 8 - Participação por categorias no total das aposentadorias e pensões para o

Brasil de 2004 a 2012... 49 Figura 9 - Evolução da participação das aposentadorias e pensões oficiais até um

salário mínimo para as Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 50 Figura 10 - Evolução da participação das aposentadorias e pensões oficiais acima de

um salário mínimo para as Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 51 Figura 11 - Evolução da participação das outras aposentadorias e pensões para as

Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 50 Figura 12 - Progressividade das parcelas de aposentadorias e pensões por categorias

para as Regiões Brasileiras de 2004 a 2012... 54 Figura 13 - Contribuição (%) das aposentadorias e pensões na queda do índice de Gini

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Diferença em anos entre esperança de vida e idade de aposentaria por

gênero para as regiões do Brasil nos anos de 2000, 2010, 2020 e 2030... 22 Tabela 2 - Índice de Gini para os países selecionados... 31 Tabela 3 - Índice de Gini para o Brasil entre os anos de 1981 a 2009... 33 Tabela 4 - Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita para o Brasil entre 2004

e 2012... 46 Tabela 5 - Índice de Gini para as Regiões brasileiras entre 2004 e 2012... 46 Tabela 6 - Participação percentual das aposentadorias e pensões no total da renda para

o Brasil de 2004 a 2012... 48 Tabela 7 - Progressividade (πh) das parcelas de aposentadorias e pensões no total da

renda para o Brasil de 2004 a 2012... 52 Tabela 8 - Efeito composição e concentração para a categoria de aposentadorias e

pensões oficiais até um salário mínimo para as regiões brasileiras e Brasil

entre 2004 e 2012... 56 Tabela 9 - Efeito composição e concentração para a categoria de aposentadorias e

pensões oficiais acima de um salário mínimo para as regiões brasileiras e

Brasil entre 2004 e 2012... 57 Tabela 10 - Efeito composição e concentração para as outras aposentadorias e pensões

para as regiões brasileiras e Brasil entre 2004 e 2012... 58 Tabela A1 - Projeções da razão de dependência para o Brasil e suas Regiões entre os

anos de 2000 e 2030... 66 Tabela A2 - Evolução da participação das aposentadorias e pensões oficiais até um

salário mínimo para as Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 67 Tabela A3 - Evolução da participação das aposentadorias e pensões oficiais acima de

um salário mínimo para as Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 67 Tabela A4 - Evolução da participação das outras aposentadorias e pensões para as

Regiões brasileiras e Brasil de 2004 a 2012... 68 Tabela A5 - Contribuição (%) das aposentadorias e pensões na queda do índice de Gini

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E EMPÍRICA... 14

2.1 MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS... 14

2.2 A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA... 24

2.3 FATORES DETERMINANTES NAS DIFERENÇAS DE RENDA... 29

2.4 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL... 30

3 BASE DE DADOS E METODOLOGIA... 36

3.1 BASE DE DADOS E DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS... 36

3.2 DECOMPOSIÇÃO DO ÍNDICE DE GINI... 39

4 RESULTADOS... 45

4.1 A DESCONCENTRAÇÃO DE RENDA NO BRASIL E REGIÕES... 45

4.2 PARTICIPAÇÃO DAS APOSENTADORIAS E PENSÕES NO RENDIMENTO DOMICILIAR PER CAPITA TOTAL... 47

4.3 MEDIDA DE PROGRESSIVIDADE DAS APOSENTADORIAS E PENSÕES... 52

4.4 EFEITO-CONCENTRAÇÃO E EFEITO-COMPOSIÇÃO NA MUDANÇA DO ÍNDICE DE GINI (2004-2012)... 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 60

REFERÊNCIAS... 62

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a história brasileira, através do aumento da longevidade, aponta para um crescente envelhecimento populacional, o que chama a atenção para a importância das transferências de renda pelas aposentadorias e pensões, dado o risco social gerado por um país dotado de desigualdades desde a sua origem.

A respeito dos problemas relacionados ao envelhecimento da população, Camarano (2002) evidencia que apesar do aumento da longevidade ter sido resultado de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado e do progresso tecnológico, as suas consequências têm sido vistas, em geral, com preocupações por acarretarem pressões para transferência de recursos na sociedade, colocando desafios para o Estado, os setores produtivos e as famílias.

De acordo com Carvalho (2004), dada à tendência do processo de declínio rápido e generalizado da fecundidade no Brasil e em alguns países do Terceiro Mundo que iniciaram antes este processo, é bastante realista supor-se que, em pouco mais de cem anos, a população do Brasil deverá apresentar níveis de fecundidade e mortalidade que, no longo prazo, lhe garantam taxas de crescimento em torno de zero.

Conforme Camarano (2002) a participação da população brasileira com mais de 60 anos no total da população nacional dobrou nos últimos 50 anos; passou de 4% em 1940 para 8% em 1996. De acordo com Wong et al. (2013), segundo projeções realizadas pelas Nações Unidas em 2010, 15,8% da população no Brasil, em 2020, terá 60 anos ou mais, e desta forma mais pessoas passarão a receber aposentadoria.

No Brasil, de acordo com Turra e Queiroz (2005), ainda que a distribuição dos recursos entre idosos seja desigual, em função, tanto da elevada desigualdade na distribuição dos rendimentos, quanto da adoção de regras distintas de aposentadoria nos regimes próprios e no regime geral da Previdência Social, o Estado brasileiro se consolidou, nas últimas décadas, como o grande financiador do consumo dos idosos, independente do seu nível socioeconômico.

Sabendo-se que o Governo é o principal transferidor das aposentadorias e pensões, seria contraditório ao bem estar social uma situação onde tal renda contribua com o aumento na concentração de renda. Ou seja, uma renda que tem o Governo como principal administrador deveria contribuir no combate à desigualdade social.

Boa parte das discrepâncias entre os valores que são repassados aos beneficiários da previdência social podem ser explicadas pelo rendimento que os mesmos recebiam em sua

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fase ativa no mercado de trabalho. Algumas teorias a respeito da distribuição pessoal da renda oferecem respostas aos fatores que determinam as diferenças de rendimento do trabalho. Lima (1980) afirma que essas diferenças de salários, de acordo com a teoria econômica neoclássica ortodoxa, eram vistas como um preço cujo processo de determinação se faz pela interação da oferta e da demanda.

Percebe-se que períodos com altas taxas de crescimento econômico no Brasil, levaram a piora na distribuição de renda. Segundo Hoffmann (2006), o Brasil mereceu destaque na literatura sobre a distribuição de renda pelo intenso crescimento da desigualdade entre 1960 e 1970 e por manter a desigualdade muito elevada deste período em diante. A desigualdade de renda é um problema grave que pode acarretar em sérias consequências para uma população. De acordo com Salm (2006), a desigualdade entre níveis de renda pode ser tão lastimável quanto as desigualdades sociais, culturais e políticas que cristalizam a distância entre a “senzala” e a “casa grande”.

Nos últimos anos, vários estudos têm sido feitos abordando o tema de distribuição de renda, diante das mudanças nos níveis de concentração que podem ser observado no país. Segundo Barros (2006), entre 2001 e 2005, o grau de desigualdade de renda no Brasil caiu de forma acentuada e contínua de acordo com o Índice de Gini, nesse período, declinou 4,6%. Tal melhora, independente de questões político-partidárias, é inegável diante dos números observados por diversos autores. Azevedo (2006) aponta que embora em um patamar ainda bastante alto, a concentração de renda no Brasil apresentou uma trajetória de queda contínua no período após o ano 2000.

Segundo Dedecca (2006), entre 2000 e 2005 é indiscutível a trajetória de redução da distribuição de renda no Brasil, para todas as suas regiões geográficas. Contudo existe um debate sobre suas causas e as políticas públicas que a viabilizaram e ou influenciaram. Um grupo de pensadores associa a melhora na distribuição de renda às politicas públicas de transferência de renda e de melhoria na educação. Outro grupo de pesquisadores afirma que este movimento encontra-se estreitamente ligado a ação de diversas políticas públicas, e que sua continuidade depende do desempenho da atividade econômica.

De acordo com Marinho et al. (2011) os programas de transferência de renda são considerados políticas públicas importantes para a diminuição da pobreza no Brasil. O autor ressalta que alguns artigos empíricos, usando dados das PNADs (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) do IBGE, mostram que os programas de transferência de renda do governo alcançaram seus objetivos em reduzir a desigualdade e pobreza no Brasil. Dentre eles, pode-se citar os trabalhos de Rocha (2007), Hoffman (2006), e Soares (2008).

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As aposentadorias e pensões são um dos tipos de repasse realizados entre Governo e famílias através da Previdência Social com o intuito de assegurar a renda do contribuinte quando ocorre a perda de suas capacidades laborais. A Previdência Social possui um papel muito importante na distribuição de renda, desde a sua criação no Brasil, principalmente após algumas reformas recentes que tiveram como objetivo proporcionar a equidade, e a sustentabilidade ao sistema no longo prazo.

Os autores Alem, Giambiagi e Pastoriza (1998), mostraram que a proporção das aposentadorias urbanas concedidas, segundo grupos de idade, pela Previdência Social, em 1994, era de 0,2% para as pessoas até 29 anos, 1,6% para os de 30 a 39 anos de idade, a faixa etária de 40 a 49 contava com 7,6% da participação, de 50 a 59 com 23,8%, de 60 a 69 com 40,8% e os acima de 70 anos de idade representavam 26% dos beneficiários. Percebe-se que as pessoas acima de 60 anos representam a maior parte da composição dos beneficiários da Previdência Social, com 66,8% da proporção. Sabe-se que desde então estes valores tem aumentado, principalmente devido ao crescimento da longevidade. Logo a preocupação com o envelhecimento da população brasileira é um fator que não deve ser abstraído dentro das diversas preocupações existentes relacionadas às politicas públicas, pois se observa que, em outros países, tal problema causou danos significativos em distintas áreas, como previdência, saúde, acessibilidade entre outros.

Segundo Bessa (2013), a parcela de renda com respeito à aposentadoria mostrou-se regressiva para o Brasil para os anos de 1995 a 2011. A literatura aponta no sentido de que a população esta envelhecendo e a renda provinda das aposentadorias e pensões apresentam caráter regressivo na distribuição de renda.

De acordo com Monteiro (2001) a sociedade brasileira tem como característica a sua grande riqueza cultural, num país de dimensões continentais, onde as diferenças são muitas. É um desafio conhecer o grau de diversidade da sociedade e compreender como as diferenças regionais passam a ser motivo de desigualdade de oportunidades e formas de exclusão social.

Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar a contribuição do sistema previdenciário para a melhoria na distribuição per capita da renda, para o Brasil e suas cinco regiões, entre os anos de 2004 e 2012. Este trabalho tem como objetivos específicos, mostrar o caráter progressivo/regressivo da renda obtida através das transferências do regime de previdência social dividindo a parcela de aposentaria e pensões em três categorias. Identificar a contribuição das aposentadorias e pensões na melhora da distribuição de renda para todas as Regiões do Brasil.

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Utilizou-se microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), calcula-se o índice de Gini e a decomposição da renda em 10 parcelas, voltando a atenção para as parcelas referentes às aposentadorias e pensões.

A motivação para a realização da pesquisa foi, portanto, contribuir para o entendimento das mudanças recentemente ocorridas em relação à distribuição de renda e queda da desigualdade, com estudos que possam demonstrar seu comportamento no período analisado e entender como as transferências por aposentadorias e pensões contribuíram para essas mudanças. Outra justificativa é a preocupação com a camada da população, em ascensão, que obtém sua renda através dos repasses da previdência social.

Nesta parte introdutória, apresentam-se as intenções e alguns esclarecimentos em relação ao desenvolvimento da pesquisa, de forma que a possa contextualizar o tema. Encontram-se alguns tópicos descritivos quanto aos objetivos gerais, específicos e justificativas que auxiliarão no entendimento das informações que serão mostradas no decorrer desta pesquisa. No segundo capítulo apresenta-se uma revisão de literatura, contendo as principais obras pesquisadas sobre o tema. Serão divididas, a princípio, em quatro partes para explicitar de forma mais organizada cada uma de suas particularidades que dará a base para o entendimento do assunto. No terceiro capítulo, mostra-se a base de dados utilizada, a forma como foram obtidos tais dados, bem como a metodologia que foi utilizada como ferramenta para a obtenção dos resultados, as fórmulas que a compõe, bem como o cálculo das variáveis utilizadas. No capítulo quarto encontram-se os resultados, as discussões e as principais contribuições. As considerações finais constatam no capítulo cinco.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E EMPÍRICA

Neste capítulo são expostas as fundamentações teórica, empírica e histórica. Apresenta-se as obras pesquisadas sobre as mudanças demográficas, distribuição de renda, e sobre a previdência social. Tais temas, que servem de sustentação à pesquisa, são divididos em quatro seções para explicitar de forma mais organizada cada uma de suas particularidades que dará a base para o entendimento dos resultados.

2.1MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS

O aumento da expectativa de vida é um bônus para sociedade ou uma tragédia para o sistema econômico? De acordo com Turra (2012) a imortalidade é um cenário abstrato e distante. Parece mais provável, tendo em vista as centenas de anos para os quais temos ob-servações confiáveis, que o tempo de vida das novas gerações continuará aumentando de forma gradual. Se não formos surpreendidos com grandes descontinuidades, haverá tempo para a adaptação dos sistemas vigentes a vidas mais longas e uma população relativamente mais velha. Passados os próximos 50 a 100 anos, quando a fecundidade estiver em torno de um patamar de equilíbrio – se é que isto irá, de fato, acontecer – as mudanças na estrutura etária, causadas majoritariamente pelo aumento da longevidade, serão muito menos drásticas do que a atual taxa de substituição de crianças e adultos por idosos. Em um mundo já envelhecido, a repactuação dos contratos entre as gerações e as reformas para a adequação da economia não terão o caráter de urgência que têm hoje, em plena transição de regimes de altos para baixos níveis de fecundidade e mortalidade.

De acordo com Camarano e Kanso (2009), uma das maiores conquistas sociais da segunda metade do século XX em quase todo mundo em desenvolvimento foi a redução da mortalidade em todas as idades, o que resultou no aumento da esperança de vida e em que mais pessoas alcançassem as idades avançadas. Esta mudança foi seguida da queda da fecundidade. Ambas ocorreram num curto período de tempo e acarretaram transformações rápidas no ritmo de crescimento da população e na distribuição etária. Isto requer a atualização permanente das projeções populacionais, para que sirvam de instrumentos efetivos no dimensionamento das demandas por políticas públicas.

A Figura 1 ilustra a evolução da participação da população com idade superior aos 60 anos para os estados do Brasil, no período que vai de 2000 a 2030, segundo projeções do IBGE.

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Figura 1 - Percentual da população com idade acima de 60 anos para os estados brasileiros - 2000, 2010, 2020 e 2030

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do IBGE (2014).

Os quatro mapas do Brasil, contidos na figura 1, para os anos de 2000, 2010, 2020 e 2030 foram preenchidos de acordo com seu percentual de idosos (PI) na população total de cada estado. Para obter tal percentual, foram utilizados os valores demográficos projetados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, agregando-se as populações censitárias acima de 60 anos, e feito isto, calculou-se a participação deste valor encontrado na população total.

Para o ano de 2000 três estados encontravam-se no intervalo abaixo de 5%, foram eles Amazônia, Roraima, e Amapá, com percentual de idosos em 4,64%, 3,80%, 3,79%, respectivamente, todos na Região Norte. A parcela da população acima de 60 anos representada pelo intervalo de 5 a 10 por cento, foi a de maior representatividade para o ano 2000. Dos 26 estados mais o Distrito Federal, 21 deles se apresentaram nesta faixa. Para o ano de 2000, apenas dois estados, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, mostraram proporções acima de 10%.

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população brasileira, e apenas os estados de Amapá e Amazônia estavam em um intervalo abaixo dos demais estados, apresentando um valor percentual de 4,40% e 4,49% da população acima de 60 anos. Dezessete estados mais o Distrito Federal se encontraram nos intervalos de 5 a 10 por cento a Região Sul e praticamente toda a Região Sudeste exceto Espírito Santo, apresentaram percentuais de idosos acima de 10% e abaixo de 15%, juntamente com o estado da Paraíba. Ou seja, na figura 1(a), em 2000 havia apenas dois estados (Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) com proporções de idosos acima de 10%, porém, na figura 1(b), em 2010 este número aumenta para sete estados.

A figura 1(c) mostra o mapa do Brasil, com os dados referentes a projeções para 2020, e permite verificar uma mudança em sua coloração. Para este período se percebe três faixas de cores que vão aumentando conforme caminha-se para o Sul do país. Praticamente toda a Região Norte e Maranhão nos mostra proporções de idosos em suas populações que vão de 5% a 10%. A faixa em verde claro, localizada no meio do mapa, representa o intervalo que vai de 10 a 15 por cento, e conta com toda a Região Centro-Oeste e boa parte da Região Nordeste incluindo o estado de Tocantins, além de Santa Catarina e Espírito Santo. Os estados mais ao sul ficaram no intervalo de 15 a 20 por cento, são eles Minas Gerais (15,46%), Rio de Janeiro (17,21%), São Paulo (15,61%), Paraná (15,31%) e Rio Grande do Sul (18,57%). Portanto no ano de 2020 a média percentual de pessoas acima de 60 anos para o Brasil será de 13,81%. Roraima apresentou a menor participação dentre os estados com o valor percentual de 6,98, ainda assim, praticamente o dobro do valor quando comparado ao seu respectivo percentual para o ano de 2000, que foi de 3,80%.

A figura 1(d) ilustra os estados brasileiros com projeções para 2030 e permite com mais clareza ter uma dimensão da questão do envelhecimento populacional. As mudanças de tonalidades mostram que os estados se encontram agora em outras faixas que novamente divide o país em três partes, onde a proporção de idosos aumenta na medida em que se caminha em sentido ao sul do país. Dos 26 estados mais Distrito Federal, 10 deles apresentaram índices de 10 a 15 por cento, na próxima faixa de 15% a 20%, em laranja, estão 11 estados. Mais ao sul no último intervalo, que vai de 20 a 25 por cento, em vermelho, tem-se os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde este último apresentou a maior participação de idosos em sua população que foi de 24,77% para o ano de 2030.

Ao analisar os quatro mapas é claramente perceptível a elevação dos valores percentuais relativos à população acima de 60 anos, num entremeio de 30 anos, que vai de 2000 a projeções de 2030. A média entre os estados para o ano de 2030 será em torno de

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18,62% de idosos na população, ou seja, mais do que o dobro da porcentagem encontrada no ano 2000, que foi de 8,21%.

Wong e Carvalho (2006) realizou um trabalho acerca do processo de envelhecimento populacional brasileiro, e concluiu que entre os anos 1940 e 1960, a população brasileira experimentou um declínio significativo na mortalidade, com fecundidade relativamente constante. No entanto, a partir da segunda metade da década de 60, com a redução da fecundidade, houve um desencadeamento de mudanças profundas na distribuição etária, tal como na maioria dos países da América Latina e do Terceiro Mundo. A figura 2 mostra claramente as mudanças nas pirâmides etárias entre os anos de 1950 e 2050, para o Brasil, América Latina e Caribe, com distinção entre gêneros.

Figura 2 - Pirâmide etária do Brasil, América Latina e Caribe por gênero de 1950 a 2050

Fonte: Wong e Carvalho, (2006).

De acordo com Turra (2012) mudanças na composição etária, em especial seu envelhecimento, não são neutras do ponto de vista econômico e afetam o equilíbrio orçamentário de governos e de famílias. Nas sociedades contemporâneas, os idosos não são

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capazes de gerar renda do trabalho suficiente para financiar seu consumo, isto é, consomem mais do que produzem. Logo, dependem de transferências de renda e serviços de gerações mais novas.

A Figura 3, extraída do trabalho de Wong e Carvalho (2006) mostra que a razão, entre receita e despesa governamental, por idade, era próxima a 1,0 em 2000, mesmo com o padrão por idade diferindo significativamente as receitas das despesas. Em 2025, a razão receitas por despesas ficaria em torno de 0,84, ou seja, o valor das despesas superaria o valor das receitas, diferente do que ocorre para o ano de 2000, onde receitas e despesas se igualam em valores. Por fim, num cenário em 2050 a mesma razão cairia para, aproximadamente, 0,5, ou seja, as despesas corresponderiam ao dobro do valor das receitas.

Figura 3 - Receitas e despesas governamentais totais, por faixas etárias no Brasil – 2000-2050

Fonte: Wong e Carvalho, (2006).

Este aumento das despesas em relação às receitas se deve principalmente, de acordo com os autores, ao aumento da população idosa, e isto afetará o déficit público. Enquanto o padrão etário das receitas permanecerá quase o mesmo, o padrão etário das despesas

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exacerbaria a tendência descrita no período anterior. Aproximadamente 70% das despesas governamentais relacionadas à idade se destinariam à população com 60 anos ou mais. Logo se as atuais receitas governamentais continuarem constantes, a diferença entre receitas e despesas expandir-se-á velozmente, com o risco de tornar insustentável o débito fiscal.

Quando se trata de mudanças etárias, a preocupação que assombra os pesquisadores da área econômica é: Quanto isso vai custar? Em Wong e Carvalho (2006) vê-se um exercício contábil das transferências governamentais entre receitas e despesas, tomando-se como base impostos discriminados por idade. Turra (2001) apud Wong e Carvalho (2006) revela, através da figura 4, que a origem dos recursos que alimentam o financiamento de gastos públicos concentra-se nas idades centrais da população economicamente ativa. O gasto per capita mais baixo dá-se no grupo etário entre 30 e 39 anos. Nos próximos intervalos de idade as transferências governamentais aumentam exponencialmente e direcionam-se para as áreas de saúde, pensões e aposentadoria de funcionários públicos e trabalhadores do setor privado. A partir da idade de 60 anos os gastos anuais atingem uma dimensão dez vezes maior ao equivalente transferido para uma criança com menos de dez anos, o que torna ainda mais preocupante a inversão da pirâmide etária.

Figura 4 - Transferências governamentais, per capita, por faixas etárias no Brasil – 1995

Fonte: Wong e Carvalho, (2006).

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torna-se um agravante diante das expectativas de aumento da dependência da proporção de pessoas acima de 60 anos na população.

De acordo com o IBGE (2014) a razão de dependência é o peso da população considerada inativa sobre a população potencialmente ativa. Esta razão mostra que tão preocupante quanto termos proporções crescentes de pessoas saindo da faixa etária produtiva, é o estreitamento desta faixa produtiva. Quando a proporção de idosos aumenta ou a proporção de 15 a 59 anos de idade diminui, a razão de dependência aumenta. A Figura 5 mostra para cada ano, de 2000 a 2030, o percentual da razão de dependência para os idosos, que é definido pela razão entre o segmento etário economicamente dependente, pessoas acima de 60 anos, e o segmento etário potencialmente produtivo, entre 15 e 59 anos de idade.

Figura 5 - Projeções da razão de dependência para o Brasil e suas Regiões entre os anos de 2000 e 2030

Fonte: Elaborado pela autora, a partir de dados do IBGE (2014).

A evolução da razão de dependência entre os idosos para a Região Norte, mostrou um crescimento que evidencia o aumento da participação da população inativa, que é sustentada pela parcela da população potencialmente produtiva. Para o ano de 2000 tal percentual se encontrava em 9,12, que representa o menor índice dentre todas as Regiões. Este índice que representa a razão de dependência entre os idosos evoluirá para um valor próximo de 17,76% no ano de 2030, mostra que após 30 anos a dependência dos idosos sobre a população produtiva, praticamente dobrará. Apesar desde aumento, a Região Norte, apresentará em 2030 o menor percentual dentre as regiões, cerca de 11 pontos percentuais a

0 5 10 15 20 25 30 35 40 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 R az ão de de pe ndê nc ia Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

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menos em relação ao valor encontrado para o Brasil, o que é bem dentro do esperado já que a mesma região apresenta também uma das menores expectativas de vida do país.

Segundo dados do IBGE (2014), conforme o censo de 2010, a Região Nordeste possuia mais de 53 milhões de habitantes, quase 28% da população brasileira, sendo a segunda região mais populosa do país, atrás apenas da Região Sudeste. A linha vermelha da figura 5 mostra a razão de dependência de idosos para a Região Nordeste. Esta Região apresenta um aumento expressivo em sua razão de dependência de idosos, de 13,72% em 2000 para 24,66% em 2030. Isso demonstra que apesar do Nordeste contar com a menor esperança de vida ao nascer do Brasil, ainda assim a subordinação da parcela de maior idade aumenta sucessivamente para todo o período estudado.

A Região Sudeste é composta pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, sendo que os três primeiros representam os estados com maior população do país, também é onde se encontram os municípios mais populosos do Brasil, bem como, apresenta a maior densidade demográfica dentre as Regiões brasileiras. Apresentou para o ano de 2000 uma razão de dependência de 13,96% que saltará para 33,60% em 2030. O Sudeste, no ano 2000, quando comparado às demais Regiões, apresenta a maior proporção de idosos na população (8,93%), o que eleva sua razão de dependência de idosos, porém apresenta também a maior parcela de pessoas entre 15 a 59 anos de idade (63,97%), que faz com que tal dependência seja amenizada. Mas não se pode deixar de ressaltar que a população da Região Sudeste representava, em 2000, cerca de 43% da população brasileira, ou seja, os quase 9% de idosos da Região Sudeste, representam algo em torno de 4% da população do Brasil.

Já a Região Sul mostra que a razão de dependência para os idosos mais que dobrará no período analisado, saindo de 14%, e aumentando de forma sucessiva, para 35,46%, em um intervalo de 30 anos, ostentando o maior crescimento da razão de dependência dentre cinco Regiões do Brasil.

Quanto à razão de dependência para a Região Centro-Oeste, percebe-se que a mesma apresentou um crescimento constante no decorrer do período estudado. Mostra-se para o ano de 2000 um valor de aproximadamente 10,07%, atingindo em 2030 um valor 25,18%.

Além do fato da população estar envelhecendo e das diferenças entre as regiões do Brasil, outro fato digno de observação é a diferença entre os gêneros e suas respectivas idades de aposentadorias. De acordo com o artigo 201 da Constituição da República Federal de 1988, é assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as condições de sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de

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idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. Portanto, as mulheres se aposentam cinco anos mais cedo em relação aos homens.

Na tabela 1 estão demonstradas as diferenças entre a expectativa de vida e sua respectiva idade mínima para se aposentar, para cada gênero, nas regiões brasileiras num intervalo de 30 anos partindo de 2000, utilizando-se os dados do IBGE, supondo-se a ausência de mudanças nas leis que vigoram atualmente em relação à idade mínima permitida para receber a aposentadoria.

Tabela 1 - Diferença em anos entre esperança de vida e idade de aposentaria por gênero para as regiões do Brasil nos anos de 2000, 2010, 2020 e 2030

Região

2000 2010 2020* 2030*

Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher

Norte 0,10 11,06 2,58 14,44 4,62 16,92 6,23 18,66

Nordeste -1,42 11,38 2,17 15,47 5,02 18,31 7,12 20,13

Sudeste 1,96 15,57 7,06 19,00 10,49 21,46 12,54 23,13

Sul 3,49 15,49 7,46 19,33 10,55 22,22 12,79 24,25

Centro-oeste 2,72 14,33 5,44 17,20 7,66 19,45 9,40 21,16 Fonte: Elaborada pela autora a partir de dados do IBGE (2014).

* Projeções.

Ao analisar a Tabela 1 de forma horizontal, percebe-se que os homens da Região Norte, no ano 2000, levando em consideração sua expectativa de vida de 65 anos 1 mês e 6 dias, usufruíam da aposentadoria em 1 mês e 6 dias aproximadamente, dado que a idade mínima para se aposentar é de 65 anos para os homens. Já para as mulheres, no ano 2000, este intervalo de tempo sobe para mais de 11 anos. Na mesma linha da tabela, correspondente a região Norte percebe-se que essa diferença entre os gêneros permanece para o ano de 2010, onde os homens passavam em média 2,58 anos aposentados e as mulheres 14,44 anos. Supondo que nenhuma mudança na legislação ocorra nos próximos 15 anos, ou seja, até 2030, chega-se num patamar onde o homem passará cerca de seis anos tendo como renda sua aposentadoria enquanto a mulher receberá por mais de dezoito anos.

No ano 2000, os homens nordestinos apresentaram uma expectativa de vida abaixo da idade mínima permitida para se aposentar, mais de um ano a menos, no entanto as mulheres, já nessa época usufruíam da aposentadoria em mais de 11 anos. Estes valores

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tendem a aumentar em 2030 atingindo patamares de 20 anos recebendo o auxílio da previdência, para as mulheres nordestinas caso nada mude na legislação. Para a Região Sudeste no ano de 2000, observa-se uma diferença para as mulheres de mais de 15 anos, não diferente das outras regiões, tal resultado para os homens foi menor, atingindo um valor de quase dois anos. Em 2030, o homem atingiria 12,54 anos e a mulher 23,13 anos, mantidas constantes essas regras.

A Região Sul é a que apresenta os maiores indicadores da tabela com valores das diferenças entre a esperança de vida e a idade mínima para receber o beneficio previdenciário de 3,49, 7,46, 10,55 e 12,79, para os homens e 15,49, 19,33, 22,22 e 24,25 para as mulheres, nos anos de 2000, 2010, 2020 e 2030, respectivamente. Por fim, a Região Centro-Oeste, apresentou o mesmo comportamento das demais, com uma diferença de 2,72 anos para os homens no ano 2000 e 14,33 anos para as mulheres, caminhando com aumentos sucessivos atingirá em 2030 o montante de 9,4 anos para os homens e 21,16 anos para as mulheres, caso nada seja alterado quanto à idade de se aposentar. Para todos os períodos da tabela, bem como para todas as regiões analisadas, é perceptível a diferença entre o período em que homens e mulheres recebem os benefícios das aposentadorias e pensões. Apesar de a mulher passar muito mais tempo usufruindo da aposentadoria, para ambos os gêneros percebe-se o aumento deste período de recebimento.

De acordo com o Turra (2012) em seu trabalho realizado a respeito da longevidade, em função do envelhecimento populacional, em 2050, a razão entre arrecadação tributária e despesas públicas reduzirá, indicando que o ajuste necessário para se diminuir a pressão fiscal decorrente do crescimento na proporção de idosos não será trivial.

No mesmo trabalho, o autor alerta sobre a preocupação de que, as gerações que deixaram de receber investimentos em capital humano se tornaram gerações de idosos dependentes de benefícios não contributivos da previdência social. A expansão do suporte aos idosos aconteceu em um período favorável para a arrecadação tributária, marcado pelo aumento na proporção de adultos na população brasileira. Deve-se notar, no entanto, que o padrão demográfico de baixa proporção de dependentes não se manterá no futuro, o que implicará em riscos fiscais crescentes. Segundo estimativas realizadas por Miller et al. (2010), por exemplo, considerando apenas o efeito da dinâmica demográfica, a razão de suporte fiscal no Brasil, medida através da razão entre tributos e gastos agregados, será 31% menor em 2050 comparativamente a 2010.

Segundo Turra (2012) neste contexto de aumento da longevidade, os cuidados de longa duração com idosos passam a ser tratados como um risco social no Brasil, demandando

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financiamento público, o que incrementaria ainda mais a carga fiscal. O autor ressalta que possíveis soluções econômicas, para o consumo agregado crescente de idosos, dependem do aumento no investimento em capital humano, da criação de incentivos para acumulação de poupança e aumento das taxas de investimento na economia brasileira. O desafio, neste caso, é aliviar a restrição fiscal, através de novas reformas nas políticas públicas, visando tanto à redução do período de vida inativo quanto à diminuição da desigualdade de renda entre os idosos.

2.2A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

Segundo Lunz (2004), a previdência social no Brasil teve início em 1821, com o Decreto do Príncipe Pedro de Alcântara que dava direito a aposentadoria aos professores. Em seguida surgiram novas medidas de proteção com caráter previdenciário, como o Decreto nº 9.912, de 26 de março de 1888, que concedia direito à aposentadoria dos funcionários do Correio, e nos anos seguintes (1890) estenderam o direito aos ferroviários e a empregados de outras categorias. Em 1892 foi instituída a aposentadoria por invalidez e pensão por morte para os operários da Marinha do Rio de Janeiro.

De acordo com Lunz (2004), a Previdência Social foi criada em 24 de janeiro de 1923 através do Decreto n°4.682, conhecido como a Lei Eloy Chaves, com abrangência a todos os empregados do Sistema Ferroviário. A partir desta Lei, a proteção social no Brasil passou a contar com uma Instituição que oferecia pensão, aposentadoria, assistência médica e auxílio farmacêutico. Em 1926, o Decreto nº 5.109, de 20 de dezembro, estendeu o Regime da Lei Eloy Chaves a outras empresas.

O Brasil na década de 1930, dentro de um quadro crescente de industrialização reestruturou o Sistema Previdenciário e com isso ocorreu o surgimento de Institutos de Aposentadorias e Pensões. Em 1939 foi a época em que maior quantidade de categorias de profissionais foram incluídas no sistema previdenciário. Em 1940 surgiu Decreto que estabelecia um regimento para o ingresso dos comerciantes no sistema, e em 1942 foi iniciada a proteção à maternidade, à infância, assistência médica e aos idosos necessitados. Em 1953 a categoria de profissionais liberais e autônomos também puderam se filiar ao sistema.

Em 1960 foram unificadas as normas para os Institutos através da Lei Orgânica da Previdência Social. Em 1966 foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em 1974, através da Lei 6.195 de 19 de dezembro de 1974, foram criados os benefícios de acidente de trabalho e também cobertura previdenciária para o trabalhador rural. Em 1977,

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amparado por Lei surgiu o sistema de previdência privada. Em 1980 ocorreu uma nova ordem Constitucional e em 1988 o Brasil obteve uma inovação na Constituição onde havia um conceito inédito de seguridade social, subdivididos em três partes: Previdência Social, Saúde e Assistência Social.

Foi atribuída ao Governo a organização da seguridade social, de modo que respeitasse os sete princípios estabelecidos:

1. universalidade da cobertura e do atendimento;

2. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações rurais; 3. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 4. irredutibilidade do valor dos benefícios;

5. equidade na forma de participação no custeio; 6. diversidade da base de financiamento;

7. caráter democrático e descentralizado da administração.

Segundo Santiago e Rebelo (2007), a década de 1990 foi um período de fortalecimento dos direitos dos trabalhadores. Nesta época surge o INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, através da fusão do INPS e IAPAS. Atualmente no Brasil existem três tipos de regimes previdenciários: Regime Geral, Regimes Próprios dos Servidores Civis e Previdência Complementar.

O Regime Geral de Previdência Social é de administração pública vinculado ao INSS, é compulsório, atende empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos e trabalhadores rurais. As aposentadorias por idade são concedidas aos homens e mulheres com as respectivas idades estabelecidas ou por tempo de contribuição. O Regime de Previdência dos Servidores Públicos é compulsório. A administração do Sistema é pública. A Previdência Complementar é voluntária e sua administração é privada, sendo que geralmente possui arranjos variados e constitui-se num complemento ao benefício do Regime Geral pago pelo INSS. O Regime Geral de Previdência Social e o Regime dos Servidores Públicos são autônomos, com orçamentos separados e legislação específica para cada um deles. A Previdência Complementar pode atender a qualquer um desses Regimes.

Em Santiago e Rebelo (2007), evidencia-se que, em 1998, ocorreu uma reforma constitucional, e juntamente com a Emenda Constitucional de 2003, tais mudanças incentivaram a equidade social, a sustentabilidade ao sistema no longo prazo, o ajuste do sistema às transformações demográficas.

De acordo com Ferreira (2003) o Sistema Previdenciário Brasileiro apresentou alguns problemas em sua criação. Algumas regras básicas não foram observadas,

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prevalecendo as interferências políticas, como o paternalismo, a proteção e os privilégios a determinados grupos e segmentos, que tiveram maior capacidade de influência política, e que resistiram as mudanças e reformas da previdência social. Ou seja, não houve a preocupação com quem iria pagar a conta e quanto ela custaria no presente ou no futuro. Entre 1923 e 1966, aproximadamente 50% das receitas arrecadadas não eram gastas em pagamentos de benefícios, pois o número de trabalhadores contribuintes era muito superior ao número de inativos e, como o governo tinha o controle desses saldos positivos, em diversas ocasiões foram utilizados para outras finalidades, fora do interesse previdenciário. A partir da criação do INPS, o Estado passa a ter pleno controle institucional sobre o sistema previdenciário, passando, então, a utilizar sua capacidade de arrecadação como mecanismo complementar no financiamento ao tesouro.

Stephanes (1999) mostra que os saldos da previdência foram usados, por exemplo, na construção do Distrito Federal, na constituição e no aumento de capitais de várias empresas estatais, na manutenção de saldo na rede bancária como compensação pela execução de serviços de arrecadação de contribuições e de pagamento de benefícios. Observa-se que ao longo desse tempo, não houve a preocupação em converter esses saldos em reserva capitalizada, ou seja, não houve preocupações com futuros desequilíbrios fiscais.

Segundo Ferreira (2003) no início da década de 1980, a previdência social entrou em crise, devido à expansão da cobertura previdenciária e assistencial sem a preocupação com a contrapartida assegurando a sustentabilidade da base financeira. Nessa década .a economia estava em recessão, o que levou a diminuição do emprego e consequentemente a queda na contribuição. Com a reforma de 1988, o sistema previdenciário aumentou sua abrangência, levando a um crescente aumento nas despesas sem o devido aumento nas receitas. Além disso, as baixas taxas de fecundidade combinadas ao aumento da longevidade refletem em um aumento do número de idosos. Tais fatores levam a mudanças nos desafios relacionados às políticas públicas.

Segundo Meneguin e Amaro (2008), pressionado pela perspectiva concreta de déficits orçamentários crescentes, o Governo Fernando Henrique Cardoso encaminhou ao Congresso Nacional, em março de 1995, uma proposta de reforma da previdência social. A Emenda 20, promulgada em dezembro de 1998, igualou algumas regras do RGPS e do regime próprio de previdência do servidor público (RPSP). O regime das forças armadas, entretanto, foi mantido intacto. Ademais, após a aprovação da Emenda Constitucional n° 18, de 1998, os militares passaram a ser considerados tão-somente militares da União, dos Estados e do Distrito Federal, deixando de ser considerados servidores públicos. Não

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obstante, vários avanços foram alcançados. Dentre os principais, pode-se destacar a imposição de idade mínima para aposentadoria integral por tempo de contribuição; a imposição de dez anos de serviço público para habilitação a aposentadorias programáveis e de cinco anos no cargo ocupado; o fim da acumulação de aposentadorias, bem como impossibilidade de aumento de renda quando da passagem do servidor para a inatividade; entre outros.

Com relação ao RGPS, a Emenda 20, ao “desconstitucionalizar” as regras de cálculo do valor dos benefícios e estabelecer, explicitamente, o caráter contributivo da previdência social e seu necessário equilíbrio atuarial e financeiro, abriu caminho para substancial alteração no cálculo dos benefícios (Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999). Isso se deu mediante a introdução do fator previdenciário na mensuração do valor da aposentadoria por tempo de contribuição. Com ele, foram inseridos a expectativa de sobrevida, a idade e o tempo de contribuição do segurado, ou seja, critérios atuariais que aumentam a correlação entre contribuição e benefício, de tal forma que o segurado que sai mais cedo, provocando desembolso antecipado, recebe, em contrapartida, aposentadoria de menor valor. Ademais, ao invés de considerar apenas os últimos três anos de contribuição como base para a fixação do valor da aposentadoria, como antes estabelecido na Constituição Federal, o novo cálculo considera toda a vida laboral do trabalhador (a partir de julho de 1994).

No caso da previdência privada, entre as três leis complementares previstas, duas foram editadas: Leis Complementares nº 108 e nº 109, ambas de 29 de maio de 2001. A primeira regulamentou as novas restrições impostas ao relacionamento entre as empresas estatais, como patrocinadoras de fundos de pensão, e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar. A segunda estabeleceu as regras gerais para todo o sistema de previdência privada complementar, seja na esfera de patrocinadores públicos, seja na de privados (antes dispostas na Lei nº 6.435, de 15 de julho de 1977).

O Governo Lula, que assumiu o País em 2003, enviou, em abril do mesmo ano, nova proposição ao Congresso Nacional, que, aprovada depois de apenas oito meses de tramitação, consubstanciou-se na Emenda Constitucional n° 41 (Emenda 41), de 2003. No caso do regime geral, o Governo considerou que o aprimoramento da reforma deveria ter como foco medidas de caráter gerencial e, no da previdência privada complementar, que a Emenda 20 e posterior regulamentação (Leis Complementares nº 108 e 109) haviam sido suficientes para a resolução dos problemas essenciais. Com efeito, nessa etapa do processo de reformulação da previdência social brasileira, a única medida de peso a impactar o RGPS foi a previsão de lei destinada a instituir um sistema especial de inclusão previdenciária para trabalhadores de baixa renda, que lhes garantisse acesso a benefícios no valor de um salário mínimo.

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Por fim, vale adicionar que, como forma de incentivar a prorrogação do pedido de aposentadoria até o advento da aposentadoria compulsória (70 anos de idade), foi estabelecido o direito à percepção de abono de permanência no serviço equivalente ao valor da contribuição previdenciária, no caso de servidores públicos que, tendo adquirido o direito de se aposentar, optem por permanecer em atividade.

Nesse contexto, aos servidores em atividade até a publicação da Emenda 41 ficaram garantidos proventos integrais e garantia de paridade, desde que atendidos condicionantes básicos. Além disso, nova opção foi disponibilizada ao servidor que ingressou no serviço público até a data da publicação da Emenda 20 (regra transitória). Este passou a poder optar pela aposentadoria com proventos integrais e garantia de reajustes pela paridade, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes condições: (a) 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos, se mulher; (b) 25 anos de efetivo exercício no serviço público, 15 anos de carreira e 5 no cargo em que se der a aposentadoria; (c) idade mínima reduzida em relação a 60/55 anos, na proporção de um ano para cada ano que exceda os 35/30 anos de contribuição.

Merece ainda destaque a ampliação das possibilidades de diferenciação de alíquotas e de bases de cálculo das contribuições sociais dos empregadores para a Seguridade Social, de modo a incluir a possibilidade de diferenças em razão do porte da empresa e da condição estrutural ou circunstancial do mercado de trabalho. Essa última modificação visou a complementar a alteração do art. 195 da Constituição Federal, que trata das contribuições à Seguridade Social, empreendida pela Reforma Tributária (Emenda nº 42, de 2003). De acordo com a nova redação do dispositivo, as contribuições sobre folha de salários podem ser substituídas gradual, total ou parcialmente pelas incidentes sobre receita ou faturamento. Aqui a intenção foi abrir caminho para a desoneração da folha de salários e incentivar a formalização do emprego, além de buscar facilitar a implantação do sistema de inclusão previdenciária.

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2.3FATORES DETERMINANTES NAS DIFERENÇAS DE RENDA

A partir dos anos 1950-60 vem à tona a necessidade de se explicar com maior clareza o processo de determinação de salários e a partir daí desenvolve-se a teoria do capital humano. Tal teoria supõe que a oferta de mão de obra é homogênea e o mercado de trabalho contínuo, sendo que a variável explicativa para as diferenças de rendimento é a escolaridade. O trabalhador, de forma racional, realiza investimentos em sua capacidade produtiva, através da escolarização e treinamento, a fim de auferir maiores níveis de renda no futuro.

Segundo Lima (1980), a partir dos anos 1970 surge a teoria do mercado de trabalho segmentado, onde se afirma que o mercado se segmenta de acordo com diferentes postos de trabalho com diferentes níveis salariais em que, para ocupar tais postos, os trabalhadores são selecionados segundo características especificas, sejam elas econômicas, sociais, estéticas ou outras. De acordo com Batista e Cacciamali (2009) a desigualdade de salários pode ser decorrente tanto pela heterogeneidade dos trabalhadores com respeito aos seus atributos produtivos; quanto por discriminação ou segmentação do mercado de trabalho, onde os postos de trabalho valorizam os atributos do trabalhador de forma diferente. Tais diferenças de rendimento surtem efeito negativo na equidade da distribuição da renda.

Outro fator relevante para as segmentações salariais encontradas podem ser explicadas pelas questões espaciais. Segundo Monteiro (2001) o Brasil tem como característica a sua grande riqueza cultural, num país de dimensões continentais, onde as diferenças são muitas. É um desafio conhecer o grau de diversidade da sociedade e compreender como as diferenças passam a ser motivo de desigualdade de oportunidades e formas de exclusão social. Existem diferenças históricas entre as regiões brasileiras.

Em sua pesquisa, onde buscou mostrar alguns indicadores a respeito da distribuição de rendimento, levando em conta as diferenças entre as regiões, a autora conclui que, políticas econômicas e sociais que almejem a melhoria dos indicadores sociais brasileiros deverão levar em conta o abismo existente dentro do país, muitas vezes ignorado pelos técnicos em planejamento, que insistem em padronizar as políticas apenas com parâmetros internacionais.

Monteiro (2001) salienta que a opção por políticas de desenvolvimento que não levem em conta as desigualdades regionais e locais brasileiras poderão manter, ou mesmo aprofundar, as distâncias. Somente um planejamento fundamentado no conhecimento das realidades locais poderá ter os resultados esperados de redução das desigualdades e melhoria efetiva nas condições de vida de toda a população brasileira.

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2.4DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL

Hoffmann (1997) exprimiu a expressão distribuição pessoal da renda como a forma através da qual a renda nacional é repartida entre as várias categorias de pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para sua produção. Já em estatística a expressão distribuição da renda, significa conhecer os possíveis valores da renda e as respectivas probabilidades ou frequências, sem muita ênfase, necessariamente, no fato de que existe um valor total sendo repartido. Para o termo distribuição da renda utilizada em seu trabalho, o autor destaca que os dois significados da expressão estão estreitamente relacionados e afirma que as mudanças nas leis e normas econômico-sociais que regulam a repartição da renda nacional entre as várias categorias de pessoas envolvidas na sua produção irão alterar a forma da distribuição estatística da renda.

Ainda referindo-se ao termo distribuição de renda, Hoffmann (2006) declara que este vem a ser um tema central da teoria econômica, tratado pela escola clássica e marxista como forma de compreender as leis econômicas que regulam os níveis dos salários, recebidos pelos trabalhadores, os lucros dos capitalistas e a renda da terra recebida pelos proprietários; e pela escola neoclássica com o enfoque da análise na determinação da remuneração dos fatores de produção.

Hoffmann (1997) faz algumas observações a respeito das diferenças entre as várias formas de se mensurar uma boa medida de desigualdade. Segundo o autor, de acordo com o princípio de Pigou-Dalton, uma medida de desigualdade eficiente deve aumentar quando é feita uma transferência regressiva de renda, isto é, quando parte da renda de uma pessoa é transferida para outra cuja renda era igual ou maior do que a renda da primeira, além do mais, quando uma transferência ocorre entre pessoas do mesmo intervalo, este tipo de medida torna-se mais torna-sensível em relação aos demais. O principio de Pigou-Dalton comprova que uma transferência de renda de um indivíduo mais rico para um indivíduo mais pobre, desde que essa transferência não inverta a posição social entre os dois, resulta em uma maior igualdade social.

Cacciamali e Cury (2013) afirmam que o Brasil, o Chile e a Colômbia conduziram, segundo analistas internacionais, o crescimento da região sul da América Latina, na década de 2010, mas que, há desafios internos e externos que devem ser superados, principalmente no caso do Brasil, haja vista sua condição de líder regional. Conclui que não são poucos os desafios para a continuidade do processo de crescimento da América Latina, e que a concretização das possíveis soluções não é trivial, e após apontar diversas sugestões acerca de

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movimentos que devem ser tomados para que haja a continuidade do processo de crescimento da América Latina, faz um alerta a respeito da questão social.

O problema da concentração de renda é recorrente em vários países do mundo, não apenas no Brasil, porém, quando comparado ao cenário mundial, percebe-se que o Brasil encontra-se entre os países com maior desigualdade de renda. A tabela 2 mostra o índice de Gini para alguns países. Entre os países selecionados, nota-se que o Brasil se encontra na 4ª posição, apontando que há uma má distribuição dos recursos.

Tabela 2 – Índice de Gini para os países selecionados.

País Índice de Gini Ano

África do Sul 0,631 2009 Bolívia 0,563 2008 Colômbia 0,559 2010 Brasil 0,547 2009 Chile 0,521 2009 Costa Rica 0,507 2009 Equador 0,493 2010 El Salvador 0,483 2009 Argentina 0,445 2010 Costa do Marfim 0,415 2008 Camboja 0,379 2008 Croácia 0,337 2008 Bangladesh 0,321 2010 Egito 0,308 2008 Cazaquistão 0,290 2009 Afeganistão 0,278 2008 Eslováquia 0,260 2009

Fonte: Elaborada pela autora, a partir de dados do Banco Mundial (2014).

Cacciamali e Cury (2013) constataram que houve a necessidade de promover maior diversificação de parceiros econômicos e comerciais para evitar o aprofundamento da dependência das economias da Região Sul com a China e das economias da Região Norte com os Estados Unidos. Visto que a crescente dependência da América do Sul em relação à China pode implicar maior desindustrialização da região, com graves implicações no médio e longo prazo para o crescimento sistêmico da produtividade. A manutenção do modelo secundário exportador de baixos salários mantido pelo México e Centro-América poderá restringir a execução de medidas redistributivas mais profundas, como a política ativa de salário mínimo, ou de diminuição das desigualdades regionais ou setoriais, por exemplo, dado

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que as consequências são bem conhecidas, como o aumento das desigualdades e restrição aos níveis de bem-estar.

Além disso, a política econômica dos anos 2000 foi gerida, na maioria dos países da América Latina, por grupos políticos que ocuparam espaço por meio de agendas comprometidas com demandas populares. O cumprimento dessas propostas e, muitas vezes, até a dramaticidade da questão social na região tornam as lideranças suscetíveis à realização de gastos não compatíveis com a realidade orçamentária. Os autores chamam a atenção para o fato de que nunca é demais repetir que a alocação dos recursos deve ser gerida mantendo parâmetros de responsabilidade fiscal e medidas populistas, no presente, comprometerão a sustentabilidade do desenvolvimento no longo prazo.

De acordo com Cacciamali e Cury (2013) para continuar com o processo distributivo de renda é necessário manter articulados os programas redistributivos de renda e de combate à pobreza, pois a dinâmica capitalista é concentradora e requer demandas sociais organizadas, que se traduzam em políticas públicas para conter, ou, pelo menos, diminuir a elevação da desigualdade. Neste aspecto social, a manutenção das políticas de acesso ao crédito para empresas de menor porte e negócios informais, políticas ativas e passivas de mercado de trabalho, como a política ativa de salário mínimo, qualificação, intermediação, e seguro-desemprego, programas de transferência de renda para os mais pobres, são contrapeso para as forças concentradoras.

Em relação ao Brasil, a literatura a respeito da distribuição de renda aponta para a ocorrência de desconcentração de renda. A tabela 3 traz os valores para cada ano, no período de 1981 a 2009, do índice de Gini para o Brasil. Os dados mostram que no período a desigualdade na distribuição da renda no país decaiu de 0,582 para 0,539. No entanto, esse declínio não se deu de forma constante. Nos anos de 1980 a desigualdade de renda no Brasil atingiu o seu pico, encerrando a década com a concentração de renda apresentando o pior valor do período, com o índice de Gini igual a 0,634. Na década de 1990 o país tem uma pequena queda no índice de Gini, de 0,612 em 1990 para 0,592 em 1999. Apenas a partir do novo milênio torna-se possível observar a queda contínua de 0,592 em 2001 para 0,539 em 2009.

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Tabela 3 – Índice de Gini para o Brasil entre os anos de 1981 a 2009

Ano Brasil Ano Brasil

1981 0,582 1997 0,600 1983 0,594 1998 0,598 1984 0,587 1999 0,592 1985 0,595 2001 0,594 1986 0,586 2002 0,587 1988 0,616 2003 0,581 1989 0,634 2004 0,569 1990 0,612 2005 0,566 1992 0,580 2006 0,559 1993 0,602 2007 0,552 1995 0,599 2008 0,544 1996 0,600 2009 0,539

Fonte: Elaborada pela autora, a partir de dados de Ferreira e Souza (2011).

A melhora na distribuição de renda do Brasil é consenso entre a maioria dos pesquisadores desse tema. Entretanto, Hoffmann (2009) ressaltou que há substanciais diferenças na contribuição do rendimento domiciliar para o índice de Gini da distribuição da renda domiciliar per capita, tanto regionais como entre as diferentes parcelas de renda. O rendimento do trabalho de militares e funcionários públicos estatutários, por exemplo, está associado a 11,4% do índice de Gini no Estado de São Paulo, mas essa percentagem é 38,9% no Distrito Federal. Aposentadorias e pensões oficiais respondem por 15,7% do índice Gini no Estado de São Paulo e por 27,8% do índice de Gini no Rio de Janeiro. Entre as nove parcelas do RDPC analisadas, a que mais contribui para a redução da desigualdade no período 2001-2007 é o rendimento dos empregados do setor privado (incluindo todos os celetistas), representando quase 50% da redução do índice de Gini no período.

No estudo de Bessa (2013) realizado para o Brasil e região Nordeste sobre desigualdade de renda das parcelas de rendimentos domiciliares per capita, de 1995 a 2012, para o Brasil e o Nordeste o autor constatou uma tendência de queda da concentração de renda, mas a região nordestina apresentou uma taxa de queda na desigualdade de renda menor que a taxa nacional (11,36% no Brasil contra 9,96% no Nordeste). Uma observação feita pelo autor, que pode justificar tal diferença, é o fato de que na região Nordeste há uma menor participação das parcelas de rendimento oriunda do trabalho perante o restante do país, e uma grande importância dos programas de transferências condicionadas de renda para esta queda, principalmente depois do ano de 2004, quando foi implantado o Programa Bolsa Família.

Referências

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