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Analise Grafica e Estrategia - Leandro Stormer

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Academic year: 2021

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Índice

APRESENTAÇÃO...9

INTRODUÇÃO ... 11

A atração e a armadilha do mercado ... 11

O ciclo evolutivo de um trader ...12

Orientando-se por dicas ... 14

Orientando-se por notícias ... 14

A transição – assumindo dogmas ... 15

O dogma “Investir em bolsa é para o longo prazo” ... 15

A verdade absoluta – timing ... 17

CAPÍTULO 1 - O CONTEXTO DO TRADING ... 19

A análise fundamentalista e a grafista ... 19

Análise fundamentalista... ... 19

Críticas... ... 20

Análise técnica ou gráfica... ... 20

Críticas... ... 21

Sinergias e incompatibilidades ... 21

Aspectos importantes sobre trading ...22

Não existe almoço grátis ...22

A curva de aprendizado ...22

Preservar capital ...23

O canto da sereia ...23

Quanto esperar de rentabilidade ... 24

O pulo do gato ... 24

Foque-se no seu desempenho ...25

A recompensa não-financeira ...25

CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO À ANÁLISE TÉCNICA ... 26

Iniciando a compreensão do gráfico ... 26

As informações que compõem um gráfico ... 26

O gráfico de barras ... 27

O gráfico de candlesticks ... 27

Ênfase no fechamento ... 28

Candles de alta e candles de baixa ... 29

Escala ... 29

Volume ...30

Liquidez ... 31

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Diferentes periodicidades no mesmo ativo ...34 Hierarquia ...34 Prazos operacionais ...34 Daytrade ...34 Swingtrade ...34 Position ... 35 Volatilidade ... 35

Sinais básicos dos candles ... 36

Amplitude ... 36

Convicção ou dúvida ... 37

Sombras ... 38

Por que o mercado faz topos e fundos ... 39

Topos ... 39

Exaustão lenta ... 39

Exaustão rápida (clímax) ... 39

Quebra do movimento ...40

Fundos ...40

Exaustão lenta ...40

Exaustão rápida (clímax) ...40

Quebra do movimento ... 41

Suportes e resistências ... 41

Formação ...42

Suportes e resistências não-gráficos ...43

Como traçar suportes e resistências...43

A força dos suportes e resistências ...44

Rompimentos ...45

Rompimentos falsos ...46

A regra da bipolaridade ...46

Pullbacks ...47

Aplicando os conhecimentos – prática 1 ...48

Tendências ... 53

Tendência de alta ... 53

Tendência de baixa ... 53

Tendência lateral ...54

Tendência indefinida ... 55

Busque tendências claras ... 57

Opere a favor da tendência ... 57

Aplicando os conhecimentos – prática 2 ... 58

Pivots – quando as tendências direcionais surgem ... 62

Pivot de alta ... 62

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Acionamento do pivot ...67

Posicionamento e stop ...67

Rompimento do calcanhar do pivot ...68

A cabeça do pivot ... 69

Aplicando os conhecimentos – prática 3 ... 70

Linhas de tendência ...71

Linha de tendência de alta (LTA) ...72

Quais pontos utilizar para traçar ...72

Indicação de final de movimento ... 73

Ajuste de LTA ... 73

Linha de tendência de baixa (LTB) ... 74

Quais pontos utilizar para traçar ... 74

Indicação de final de movimento ... 75

Ajuste de LTB ... 75

Canais ... 75

Aplicando os conhecimentos – prática 4 ...77

Graduações de tendência ... 79

Terceiro grau: tendência terciária ... 79

Segundo grau: tendência secundária ...80

Primeiro grau: a tendência primária ...80

Aumentando a complexidade ...80

Reversão das tendências ... 81

Interação entre as tendências ... 81

Aplicando os conhecimentos – prática 5 ... 81

Volume ... 82

O padrão normal de volume ...83

Divergências de volume ...84

Alto volume indica topos ou fundos ...85

O sinal de volume mais importante ...86

Concentrações de volume ...86

Aplicando os conhecimentos – prática 6 ... 87

CAPÍTULO 3 – PADRÕES GRÁFICOS ...88

Padrões de candles ...88

Características de cenário para padrões de candles ... 89

Movimento prévio ... 89

Qualidade do movimento prévio... 89

Ocorrência de alto volume ...90

Ocorrerem onde são esperados ...90

Os padrões precisam ser acionados ...90

Tempo de acionamento e stop ... 91

Objetivo ... 91

Os padrões ... 91

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Martelo invertido (inverted hammer) ... 97

Doji (doji) ...98

Estrela (star) ...99

Engolfo (engulfing) ... 101

Harami (harami) ... 103

Nuvem negra (dark cloud) ... 104

Padrão penetrante (piercing pattern) ... 106

Aplicando os conhecimentos – prática 7 ... 107

Padrões complexos ... 107

Triângulo simétrico ... 108

Triângulo altista ... 111

Triângulo baixista ... 113

Retângulo... 115

Cunha altista (descendente) ... 117

Cunha baixista (ascendente) ... 120

Mastro e bandeira ... 121

Ombro cabeça ombro (OCO) ... 124

Ombro cabeça ombro invertido (OCO invertido) ... 126

Topo duplo (topo em M) ... 127

Fundo duplo (fundo em W) ... 129

Gaps ... 132 Tipos de gaps ... 133 Gap de área ... 133 Gap de fuga ...134 Gap de medida ... 135 Gap de exaustão ... 135 Ilha de reversão ... 136

CAPÍTULO 4 – INDICADORES E FIBONACCI ... 137

Médias móveis ... 137

Cálculo da média móvel ... 138

Periodicidade ... 139

Indicadores de graduação de tendência ... 140

Médias como indicadores de “caro” ou “barato” ... 141

Médias indicando a qualidade da tendência ... 143

Médias como suportes ou resistências ... 144

Cruzamentos ... 146

Mercado lateral ... 147

Aplicando os conhecimentos – prática 8 ... 147

Índice de força relativa (IFR) ... 149

Cálculo do IFR ... 149

(7)

IFR como indicador de trade contra a MM (21) ... 151

Aplicando os conhecimentos – prática 9 ... 152

Bandas de Bollinger... 153

Cálculo das bandas de Bollinger ... 153

Compreensão da ferramenta ... 155

Aplicação 1 – estreitamento ... 156

Aplicação 2 – fechou fora, fechou dentro (FFFD) ... 158

Aplicação 3 – candle de reversão fora das bandas ... 160

Aplicando os conhecimentos – prática 10 ... 160

Outros indicadores ... 161

On balance volume (OBV) ... 162

Moving average convergence-divergence (MACD) ... 163

Moving average convergence-divergence histogram (MACD histogram) ... 164

Stochastics (estocástico) ... 164

Divergências ... 166

Indicadores de stop ... 167

Indicadores de stop – stop and reverse (SAR) ... 167

Indicadores de stop – high - low activator (HiLo) ... 169

Aplicando os conhecimentos – prática 11 ... 170

Fibonacci ... 171

A sequência de Fibonacci ... 171

A sequência de Fibonacci e a proporção áurea ... 173

Aplicação das proporções de Fibonacci ... 176

Retrações de Fibonacci ...177

Extensões de Fibonacci ... 180

Aplicando os conhecimentos – prática 12 ... 183

CAPÍTULO 5 – STOPS E MANEJOS DE RISCO... 185

Stops... 185

Por que utilizar stops ... 185

Onde colocar os stops ... 190

Como encarar o stop e o fato de ser estopado ... 191

Como programar um stop ... 192

Stop de compra ... 192

Stop de venda ... 193

Manejo de risco ... 195

Regra 1 ... 195

Regra 2 ... 198

Quando o limite de 6% é alcançado ...200

Atualização dos valores de manejo de risco ... 201

Outras regras sugeridas... 201

CAPÍTULO 6 – PLANO DE TRADE ...204

Registros ...204

(8)

Conclusão ... 211

CAPÍTULO 7 – ESTRATÉGIA E APLICAÇÃO ... 212

Estratégias básicas ... 212

Cenário lateral ou indefinido ... 212

Operando dentro de uma congestão ... 213

Operando o rompimento de uma congestão ... 217

Cenário de tendência de alta ... 220

Cenário de tendência de baixa...222

Análise em camadas ... 224 Primeira camada ... 224 Segunda camada ... 224 Terceira camada ...225 Quarta camada ...225 Exemplo real ... 226

Exemplo real – plano de trade ...230

Exemplo real – execução do plano ... 231

CAPÍTULO 8 - COMO COMEÇAR ...233

Primeiro passo: teste o que lhe foi ensinado ...233

Segundo passo: simule ...234

Terceiro passo: comece a operar ...234

Quanto dinheiro colocar no mercado? ...234

Qual periodicidade eu escolho? ...235

Quantos e quais papéis devo acompanhar? ...235

Quando eu devo colocar mais dinheiro na conta? ...236

Qual corretora é mais adequada para mim? Qual o software de análise técnica eu devo utilizar? ... 236

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Apresentação

Investir na bolsa de valores no Brasil, um país cuja economia conseguiu firmar-se perante os olhos do mundo apenas nas últimas décadas, ainda é considerada uma opção recente. Hoje, o mercado acionário é não apenas uma escolha, mas configurou-se também como a melhor alternativa para o crescimento do capital. Além disso, a cada dia mais pessoas fazem dessa ati-vidade sua ocupação principal e, por conta disso, há hoje, no país, uma ampla comunidade de investidores profissionais.

A Leandro & Stormer surgiu da iniciativa de dois experientes traders, Leandro Ruschel e Alexandre Wolwacz (Stormer), com o intuito de difundir a análise técnica. O principal objetivo era formar uma comunidade online que permitisse aos traders de todo o país a troca de conhe-cimentos e informações sobre o mercado em tempo real.

A Leandro & Stormer mantém uma escola de traders em São Paulo e possui equipe de es-pecialistas em análise técnica que ministra cursos em todo o país. Após participar dos cursos, nossos alunos contam com um espaço ideal para a continuação do aprendizado, podendo acessar fórum de discussões, artigos, palestras virtuais e apresentações exclusivas.

A Leandro & Stormer tem uma escola de traders em São Paulo

e mais de 15 mil alunos em 40 cidades do país

.

Utilizando sua experiência em análise técnica, a Leandro & Stormer publica livros e oferece seminários com técnicas inovadoras, que são referência no Brasil. Pelo site da L&S, você pode ter acesso às publicações e à coleção completa com todos os seminários lançados até o momento.

Hoje, com mais de 70.000 pessoas acompanhando o

mer-cado e interagindo diariamente, a Leandro & Stormer é a

maior comunidade de traders do Brasil.

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São guias de estudos e DVDs, contendo apresentações de variados temas, desde o nível iniciante até o avançado, com destaque para diversos prazos operacionais.

A Leandro & Stormer desenvolve e disponibiliza conhecimento sobre análise técnica em livros e seminários que são referência no Brasil.

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Introdução

Ao iniciar o presente curso Mercado de ações – Análise gráfica e estratégias, é importante que você tenha absorvido o conteúdo de Fundamentos do mercado de ações, desenvolvido pela L&S especialmente para seus clientes.

Lá, está contido um conhecimento importante e detalhado sobre como funcionam os mer-cados, além dos aspectos operacionais da atividade de investimento em bolsas. Temos certeza de que mesmo aqueles que já possuem algum tempo de experiência prática de mercado ficarão surpresos com aspectos sobre o mercado que desconhecem. Por isso, esse material é considerado pré-requisito para o bom entendimento deste curso, tornando a leitura das próximas páginas realmente proveitosa.

Considerando que você absorveu os conhecimentos disponibilizados nesse módulo anterior, cremos que você esteja pronto para dar o próximo passo. O conhecimento acumulado até agora não fez mais do que prepará-lo em relações às regras da atividade de trading. As regras são im-portantes para que se possa jogar, mas ninguém ganha só por saber as regras. O conhecimento que você irá adquirir agora é que irá realmente fazer com que você possa se destacar e lucrar dentro desse monstruoso e competitivo jogo que é o mercado.

Mas antes de partirmos para o conhecimento técnico de avaliação de mercado, vamos as-sentar algumas noções importantes sobre essa atividade que você está se propondo a exercer: a atividade de trading. Algumas dessas noções, se bem compreendidas, terão tanto ou mais valor do que as próprias distinções de avaliação de mercado que aprenderemos mais tarde.

A atração e a armadilha do mercado

No mundo inteiro, centenas de milhares de pessoas são atraídas todos os anos aos mercados de renda variável. Essa capacidade de atração do mercado é fruto de duas características principais.

A primeira é que o mercado é um ambiente extremamente democrático. Qualquer pessoa que possua capital e disposição para arriscá-lo será bem-vinda aos mercados de bolsa e terá um

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tratamento igual ao dispensado a qualquer outro trader. Não há beneficiamentos nem protegi-dos. Todos estarão competindo, em essência, de igual para igual.

A segunda característica é que os mercados de renda variável oferecem a possibilidade de auferir grandes ganhos praticamente do nada. A mágica da rentabilidade composta pode re-almente transformar algumas centenas de reais em algumas centenas de milhares em algum tempo. Essa possibilidade nos fascina a todos, mas o horizonte dessa possibilidade costuma ficar mais longe do que os passos da maioria conseguem alcançar.

Curiosamente, a sorte costuma estar do lado dos novatos que tentam. A sorte de principiante é mais presente nas experiências de investimento em bolsa do que em qualquer outra ativida-de. Isso se explica pelo fato das pessoas serem atraídas ao mercado nos momentos de grande euforia, quando os preços das ações sobem rápido e sem muita distinção. Esses momentos não costumam perdurar. É questão de tempo para que o mercado vire – e, em pouco tempo, todo aquele lucro rápido e fácil que se ganhou vai embora ainda mais rápido que entrou.

São esses momentos que distinguem os profissionais dos amadores. O mercado é um dos poucos ambientes onde um amador pode superar um profissional experiente, pois sorte é um dos componentes da atividade de trading. O desconhecimento dos riscos possibilita ao novato uma coragem fantástica que permite, com sorte, grandes ganhos. Mas coragem no mercado não é exatamente uma virtude, e a sorte sempre é efêmera. Um trader não pode depender da sorte. E quando o novato percebe isso é porque já devolveu tudo e mais um pouco do que ganhou. Esse é um momento importante, um divisor de águas.

Alguns realmente perceberão que brincaram com fogo e buscarão melhorar sua atuação para que não sofram novas queimaduras. Mas, para outros, o estrago terá sido pior. Apesar do resul-tado final negativo que obtiveram, ficarão obcecados por aquele curto período de tempo, quando chegaram a ganhar muito dinheiro, e tentarão a todo custo repetir a proeza. Para isso, como vicia-dos, irão se permitir as piores posturas.

O ciclo evolutivo de um trader

É normal que o trader novato seja cheio de boas intenções e carregue consigo uma boa dose de ingenuidade. Não é nada incomum que um novato, antes mesmo de seus primeiros trades, já conte com os resultados que acha que irá conseguir atuando nos mercados. Talvez essa seja uma lem-brança comum dos primeiros passos entre muitos traders, hoje experientes e menos ingênuos.

A grande maioria chega ao mercado depois de serem longamente tentados por um ciclo de alta, onde as notícias positivas sobre os investimentos em bolsa não cessam. Depois de quebrada a resistência inicial, esses investidores tomam posições visando o longo prazo e, na onda da euforia do mercado, logo veem excelentes resultados. Mas em seguida a euforia passa, e o mercado cobra a conta com juros. Muitos não aguentam o prejuízo e encerram seus investimentos. Os que não se

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Introdução

afastam de vez dos mercados passam a buscar incessantemente a repetição daqueles bons momen-tos. Atribuem o mau resultado que obtiveram ao despreparo e passam a buscar uma melhor forma de atuação, geralmente de maneira mais ativa, comprando e vendendo com maior frequência.

Os outros atalham e já chegam ao mercado para atuar de forma mais ativa. Observam o cons-tante sobe e desce do mercado, como o da ilustração abaixo, e imaginam que não deve ser muito difícil lucrar algum dinheiro disso. Raciocinam que é viável pesquisar entre os mais experientes um papel bem recomendado, esperar por uma correção nos preços e, então, comprar. Feita a com-pra, basta esperar que a operação ofereça um bom lucro e, daí, se desfazer da operação.

Mas, no momento que esse trader tenta pôr em prática seu plano, ele percebe que toda en-trada e toda saída do mercado representam um grande dilema. E esse dilema é compartilhado entre os traders que trilham ambos os caminhos e todos os demais. Esse dilema surge do des-conhecimento do que irá ocorrer no futuro, algo que não ficava tão evidente quando se olhava para o passado estático do gráfico.

Quando não temos o lado direito do gráfico, é inevitável que surja a dúvida: segurar ou liquidar? Se a posição mostrou lucro, a dúvida não será menor: o que é um bom lucro? Se liqui-darmos a operação agora, talvez percamos o restante do movimento que ainda está por vir. Mas se não liquidarmos, talvez deixemos de assegurar um lucro para ver o papel virar e nos colocar num grande prejuízo. E se já estamos no prejuízo, será que já não caiu demais e o próximo rali não está a instantes de ocorrer? Mas e se não for o caso e o fundo ainda estiver mais embaixo? Um turbilhão de dúvidas irá aflorar na mente preocupada desse trader. Em pouco tempo, ele estará convencido de que precisa de embasamento para conseguir tomar uma decisão mais precisa. Provavelmente, ele buscará amparo nas dicas de outros traders ou no julgamento do seu bom senso em relação às notícias que, dia após dia, movimentam os mercados. Aí, começam os problemas.

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Orientando-se por dicas

Sem dúvida, é importante que todo trader possua algum trader mais experiente para orientá-lo e dar conselhos. Mas não para lhe ditar trades. Primeiro, porque a dependência do conheci-mento alheio não nos permitirá ir a lugar algum com nossos próprios pés. E segundo, porque seguir dicas geralmente é um rápido meio para perder bastante dinheiro.

O mercado está cheio de pessoas dispostas a dar dicas e dizer qual papel vai “bombar”. Essa é uma característica comum daqueles que, nervosos e comprometidos com suas posições, tentam arregimentar novos traders para suas próprias apostas numa tentativa desesperada, mesmo que inconsciente, de fazer com que deem certo. Outros o farão por ego, buscando autoafirmação. Um trader experiente já passou dessa fase. Sua postura é dedicada e silenciosa. Portanto, evite dicas.

Se não o convencemos ainda, lembre-se de que os trades se tornam vitoriosos ou perdedores na hora de encerrá-los. Observe melhor. Todos estão dispostos a dizer quando e/ou o que com-prar, mas poucos completam a informação com quando e como vender.

Orientando-se por notícias

O noticiário da mídia especializada costuma ser fonte de grande frustração. Os novatos ten-dem a tomar posicionamentos baseados em cima dos julgamentos que fazem em cima dessas notícias. Eles entendem que as notícias movimentam o mercado e tentam, a todo custo, estar bem-informados. Sim, é verdade que as notícias possuem um impacto no mercado. Mas existem alguns fatos importantes sobre isso.

Primeiro e mais importante: não é a notícia que movimenta o mercado, mas a reação das pessoas à notícia. E a reação é algo muito mais complexo de antever. O mercado não segue uma lógica linear, e isso é algo que um trader que não for muito teimoso vai logo perceber. Um fato que julgamos positivo pode resultar numa forte queda dos preços, enquanto algo que julgamos negativo pode resultar numa forte alta nos preços. Ficamos confusos e bus-cando uma explicação para a falta de nexo entre causa e efeito no mercado. A explicação é simples: não há nexo.

O segundo fato é que as notícias que realmente importam, enquanto importam, ficam distantes do público. Isso explica em parte por que o mercado não segue uma lógica linear de causa e efeito. O mercado responde e precifica uma série de informações que ainda são desconhecidas da maioria do público, mas não de todo o público. Isso faz com que os movi-mentos pareçam sem sentido, pois não correspondem ao conhecimento aceito e atual sobre os fatos. O que parece sem sentido agora pode ser explicado por uma informação que está ainda para chegar ao nosso conhecimento. Mas, quando ela se torna conhecida, provavelmente já estejamos tão envolvidos com o novo cenário que está sendo precificado que se torna difícil estabelecer uma correspondência.

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Introdução

O gráfico acima é um bom exemplo disso. As ações PN da Petrobrás apresentaram uma fortíssima alta de setembro a novembro. Quando, em novembro, foram anunciados ao público os dados precisos sobre a descoberta do grande reservatório de petróleo e gás de Tupi, os preços fizeram topo. Quem se posicionou nesse ativo pelo “bom senso” de julgar que uma descoberta dessas impactaria positivamente os preços, passou os meses seguintes vendo seu investimento oscilar entre empate e forte prejuízo. Não se engane. Tupi provavelmente impactou os preços. Só é difícil precisar quando e quanto. Provavelmente, esse fato tenha sido o grande responsável pela forte alta entre setembro e novembro, mas podemos apenas supor. Infelizmente, nessa épo-ca, não tínhamos nem ideia do que estava acontecendo. Acostume-se com a ideia: dificilmente, teremos ideia do que está acontecendo.

A transição – assumindo dogmas

Depois de algum tempo tentando lucrar à base de notícias, lógica, bom senso e algumas dicas, é inevitável que esse trader se sinta frustrado. A sensação é de impotência. Frente à inconsistên-cia dos resultados, o trader se convencerá de que o mercado não pode ser batido no curto prazo. E ele irá querer acreditar nisso, pois essa é a crença que minimiza a dor de suas perdas. Por isso, ele assumirá um pressuposto comum que o reconforta, repetido à exaustão entre aqueles que não podem afirmar diferente: “Investir na bolsa é para o longo prazo”. E, assim, nasce mais um pretenso investidor de longo prazo.

O dogma “Investir em bolsa é para o longo prazo”

Investir em bolsa é para o longo prazo. Essa máxima de mercado de cara já apresenta um pro-blema conceitual. O que é longo prazo? O que é médio e curto prazo? Talvez nossos conceitos

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em relação a essas palavras não sejam nem de perto parecidos. Mas o problema morre aqui. Por-que, de fato, isso não importa. Os investimentos nos mercados de bolsa não são especificamente para nenhum desses prazos indeterminados de tempo.

A verdade é que os mercados de bolsa são ambientes ricos em oportunidades, independente-mente do prazo de investimento. Teremos excelentes oportunidades de trade, que poderão levar para sua conclusão alguns minutos, outros que levarão horas, dias, semanas ou meses. Pouco importa o nome que damos a esses prazos. O que importa é que eles ocorrem e estão lá para serem aproveitados. No entanto, seu aproveitamento depende de conhecimento.

Não existe o prazo certo. Existem os motivos certos. Temos que fazer uma distinção entre jo-gar e investir ou especular. O jogador é um apostador, alguém de comportamento inconstante, que faz suas apostas no calor do momento. O investidor ou especulador é como um enxadrista, que pensa cuidadosamente as suas jogadas. Ele possui uma estratégia e não se abala ao perder algumas peças, pois sabe que é inevitável. Ele aceita as perdas, mas as sofre de forma controlada, pois sabe que, dessa forma, chegará ao ponto de dar o xeque-mate. Essa é a figura do trader.

No final das contas, chegamos à conclusão de que a única diferença entre especular no curto prazo e no longo prazo (investir) é o tempo. A verdade dolorosa é que, se não temos embasa-mento técnico para saber por que entrar e por que sair, independentemente do prazo em que estivermos atuando, estaremos agindo como meros jogadores numa casa de apostas! Aqueles que esbravejam que os investimentos em bolsa são para o longo prazo nada mais fazem do que adiar indefinidamente a decisão e o dilema de sair do mercado, evitando, assim, a realização de prejuízos. Dizem-se investidores de longo prazo, mas continuam fazendo as mesmas apostas de quando jogavam no curto prazo. Observe o exemplo abaixo:

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prati-17

Introdução

camente sete anos de histórico nesse gráfico. Imagine alguém que tenha investido por volta do topo de 1997. Esse seria um ponto provável para que algum novato investisse no mercado? Sem dúvida! Esse ano foi marcado por um forte mercado de alta, quando o otimismo exacerbado e a euforia cegavam para os riscos e parecia ser seguro ao amador investir. Pois, se não fosse, por que todos estavam investindo?

O investimento em pouco tempo teria se transformado numa dor de cabeça. Mas resoluto de que bolsa é para longo prazo, esse jogador manteve-se firme durante dois anos de perdas, chegan-do a perder mais de 65% chegan-do seu capital inicial. Felizmente, dias melhores vieram e, por volta chegan-do terceiro ano, o mercado havia retornado e superado o patamar inicial de investimento. Já se via um lucro nominal de quase 40%. O que esse jogador deveria fazer? Realizar o lucro? Ou apenas seguir no seu investimento de longo prazo? Provavelmente, na falta de motivos para fazer dife-rente, esse jogador ficaria firme. Para o seu azar, o mercado iniciou um novo ciclo de baixa, que durou mais dois anos e meio, fazendo-o, em 2002, ter acumulado um prejuízo nominal próximo de 36%. Mantendo-se fiel, em 2003, o lucro foi novamente alcançado para a posição. Mas, e ago-ra? Realizar o lucro ou manter-se no investimento? Eis o dilema eterno do mercado.

É importante ressaltarmos o fato de termos nos referido às rentabilidades sempre com o termo “nominal”. Fizemos isso porque existem dois custos que alteram a realidade desses valores nomi-nais: o custo de oportunidade e a corrosão inflacionária. O custo de oportunidade implica o juro que deixamos de ganhar aplicando o capital numa renda fixa. E a corrosão inflacionária vem da perda de valor do dinheiro no tempo. Ou seja, na verdade, nesse período de quase seis anos, o inves-timento nunca saiu do prejuízo real. Se observássemos esse mesmo gráfico indexado ao dólar como forma de descontar os custos mencionados, iríamos nos surpreender ao perceber que o investimen-to só reinvestimen-tornou para o empate em julho de 2005. Portaninvestimen-to, pense melhor sobre o “longo prazo”.

A verdade absoluta – timing

A conclusão a que chegamos é que, para se ter sucesso nos investimentos em renda vari-ável, tudo depende de uma só coisa: timing. No período do exemplo anterior, entre 1996 e 2003, a bolsa ofereceu excelentes oportunidades para quem soube aproveitá-las. Mas, para aqueles que não tinham capacidade de julgar por que era momento de investir e por que era momento de pular fora; para aqueles que assumiram um comportamento passivo na expecta-tiva de que o desenrolar dos eventos os levaram ao lucro; para essas pessoas, foi um período jogado no lixo.

Por mais que os mercados tendam a uma racionalidade, esta fica comprometida na medi-da em que as pessoas são suscetíveis a contaminar suas decisões com aspectos emocionais. Ao mesmo tempo, as informações que realmente importam no prazo em que ainda podem gerar alguma vantagem no mercado, como vimos, ficam escondidas do grande público. No

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fim das contas, o movimento dos preços é fruto de um emaranhado extremamente comple-xo de participantes, que reagem de formas diferentes aos mesmos eventos e que também são influenciados pelos próprios movimentos dos preços, criando-se um sistema caótico que se autoalimenta.

Por isso, é importante não ser passivo no mercado e utilizar-se de um método. É o mé-todo que nos possibilita ter noção de timing. Caso contrário, estaremos cegos, reféns de nossas emoções num ambiente que é notório por levar as pessoas aos extremos da euforia e do pessimismo.

Se, nessa etapa do ciclo evolutivo, o trader ainda não se convenceu disso, estará se relegando à condição de um “trader erectus”, de ferramentas e concepções primitivas e fadado à extinção; em vez de se tornar um “trader sapiens”, mais sofisticado e que se perpetua.

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O contexto do trading

Capítulo 1

A análise fundamentalista e a grafista

Existem basicamente duas grandes escolas de análise para atuar nos mercados de renda vari-ável: a escola fundamentalista (clássica) e a escola técnica (grafista).

Análise fundamentalista

Sua lógica é que os preços praticados no mercado devem refletir o desempenho da empresa em questão. Portanto, é mais importante estudar os aspectos fundamentais da empresa, como sua saúde financeira, indicadores, variáveis diversas, etc., do que tentar prever os comportamentos dos preços.

O analista fundamentalista entende que o mercado é de comportamento caótico, mas que não pode fugir por muito tempo dos fundamentos que, em tese, reflete. Portanto, apesar dos altos e baixos do mercado, frutos de euforia ou pânico, o mercado tende a buscar um valor que reflita o real valor do ativo em questão. Por isso que os investidores se preocupam menos com os preços e mais com os fundamentos. Esses investidores buscam bons fundamentos. Eventualmente, os preços seguirão.

É importante ressaltar a diferença entre preço e valor. Preço é o que é praticado no mercado e é amplamente divulgado. Todos sabem o preço de um ativo. O preço é a cotação. O valor já é uma noção mais subjetiva e, muitas vezes, distante do preço. O valor representa a real repre-sentação de riqueza de um ativo, enquanto que o preço é simplesmente o reflexo monetário da disposição momentânea dos participantes em negociar esse ativo. Conseguir auferir o valor (preço justo) de um ativo é uma tremenda vantagem competitiva, pois permite ao investidor um referencial de preço para saber se algo está caro ou está barato.

Esse método é dito “de fora para dentro”, porque primeiro se busca a mensuração do que seria o preço justo para o ativo e depois se vai até o mercado para ver o preço em que esse ativo está sendo negociado. Daí que surgem as oportunidades de comprar abaixo do preço justo e vender acima ou no preço justo.

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As ferramentas para fazer essa mensuração de preço justo são várias, e elas não vão deixar de ser também bastante subjetivas, pois dependem de uma série de suposições sobre o futuro da empresa e da economia. Esse investidor tentará reduzir seu risco através da diversificação, pois é um tanto contraditório comprar uma ação por achá-la barata e vendê-la porque seu preço caiu ainda mais.

CrítiCas

A análise de fundamentos é de extremo valor, principalmente quando o horizonte de tempo do investimento é longo ou quando o ativo em questão possui baixa liquidez. Ativos de baixa liquidez só podem ser avaliados por fundamentos.

A principal fragilidade desse tipo de análise é o fato de que não existe segurança de que temos todas as informações que importam sobre um ativo para poder analisá-lo, nem de que as informa-ções que temos são precisas. Recentemente, tivemos diversas empresas brasileiras com perdas bi-lionárias em seus balanços advindas de operações alavancadas com câmbio. Em nenhum momen-to, os acionistas foram informados sobre tais operações nem sobre o risco que representavam.

Análise técnica ou gráfica

A análise técnica, ao contrário, é uma abordagem restrita ao que acontece aos preços, prestan-do nenhuma atenção ao que acontece fora prestan-dos pregões. A análise técnica está focada em captar as alterações de oferta e demanda, pois, se timing resume o mercado, são as alterações de oferta e demanda que criam o timing! A análise técnica se sustenta nos seguintes entendimentos:

1. Os gráficos descontam tudo

O analista gráfico capta alterações no mercado através de um único instrumento: o gráfico. Ele sabe que, individualmente, ele nunca saberá todas as informações relevantes para a preci-ficação de um ativo, mas ele entende que todas essas informações estão disponíveis no próprio mercado, dispersas entre todos os participantes.

O preço é a síntese da opinião e do conhecimento de todos e, portanto, deve refletir o melhor julgamento sobre o real valor de um ativo dadas as circunstâncias do momento, incluídos aí, também, os aspectos emocionais. Para o grafista, não há preço justo.

Através das alterações de preço, consegue-se identificar situações de maior demanda ou de maior oferta, além de sinais de mudança nesse equilíbrio.

2. O passado pode sim ajudar a antecipar o futuro

Levados por motivos vários, um ativo marcará topos e fundos através de suas oscilações. Cada um desses patamares de virada de preço tocará a memória dos que participaram desse momento – tanto na memória das que conseguiram interpretar o movimento corretamente e ganharam dinheiro como também daqueles que erraram na interpretação e que, certamente, não estão dispostos a repetir o erro. Por isso, quando o mercado retorna para esses patamares,

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Capítulo 1 - O contexto do trading

a memória dos participantes os impele a tomar a atitude que condiz com a postura correta das ocorrências anteriores. A análise técnica, através dos gráficos, tenta identificar esses pontos de memória e atuar de forma a se beneficiar dessa dinâmica.

3. O mercado se movimenta seguindo padrões

Em geral, os preços se movimentam de forma bastante caótica. Mas, através do estudo dos históricos de movimentação de preço, consegue-se compreender um pouco melhor como o mer-cado se movimenta, e isso nos leva à identificação de padrões de movimento que nos permitem antecipar movimentos e objetivos mais prováveis. Esses padrões reaparecem nos gráficos de tempos em tempos, gerando boas oportunidades de lucro.

CrítiCas

A abordagem grafista é extremamente útil, pois ela consegue, de forma bastante eficiente, identificar viradas de mercado. Sua abordagem é abertamente especulativa e possui um melhor desempenho em trades curtos e em mercados de grande liquidez. Sua natureza, porém, tende a estimular o overtrading, que é um péssimo hábito nos mercados.

Muitas críticas se fazem contra a análise técnica. Uns acusam a análise técnica de ser displi-cente por ignorar fundamentos, mas ela não ignora. Ela lê os fundamentos nos gráficos como um reflexo das atitudes daqueles que realmente se guiam apenas por fundamentos. Outros levantam o fato de que dificilmente veremos os grandes fundos ou players atuando em cima da análise técnica. Isso é verdade. Mas isso decorre do fato de que grandes somas de capital não encontram mobilidade de curto prazo nos mercados, pendendo sempre para posicionamentos mais longos, os quais se encaixam melhor com análise de fundamentos. Essas grandes somas de capital são como transatlânticos dos mares financeiros. Nós, no entanto, somos como pequenas lanchas. Temos uma mobilidade maior, que nos permite nos beneficiarmos dos movimentos mais curtos.

Finalmente, a análise técnica é mais acessível ao pequeno investidor que a análise de funda-mentos. A segunda requer conhecimentos específicos e tempo para pesquisas e cálculos. A análise técnica é bem mais simples e acessível. Infelizmente, essa acessibilidade faz com que diversas pessoas se intitulem analistas técnicos, mesmo que pouco entendam de mercado e que, no fim, exibam conhecimento e técnicas medíocres, que não condizem com um profissional dedicado.

Sinergias e incompatibilidades

A utilização das duas abordagens em conjunto pode ser perigosa, pois, se o trader inicia uma operação em cima de um sinal gráfico e, logo depois, o mercado dá sinal de saída no prejuízo, se os fundamentos forem bons, ele ficará tentado a permanecer no trade. Isso é muito comum e acaba levando o trader a permanecer no papel quando o gráfico começa a precificar uma dete-rioração dos fundamentos. As análises não devem se misturar no meio do caminho.

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RELEMBRE:

A análise técnica se sustenta nos seguintes entendimentos:

l Os gráficos descontam tudo;

l O passado pode sim ajudar a antecipar

o futuro;

l O mercado se movimenta seguindo padrões.

Uma forma mais inteligente de misturar ambas é deter-minar com a análise de fundamentos quais são os papéis que têm maior potencial de alta, e com a análise técnica buscar os melhores pontos de entrada e saída. Mas isso faz com que cresça a tentação de segurar o papel. Além disso, se um papel tem fundamentos ruins, o próprio gráfico já esta-rá descontando isso e, portanto, não deve ser um problema. Empresas ruins oferecem excelentes trades.

Aspectos importantes sobre trading

Agora que você já compreende um pouco mais sobre como o mercado nos atrai e quais são as escolas às quais podemos recorrer para dominá-lo, é bom que esteja ciente de mais algumas noções importantes – caso você realmente pretenda operar.

Não existe almoço grátis

É fundamental entender que investir em renda variável significa aceitar o risco de perder para ganhar. Obviamente, busca-se um risco que valha a pena. Aceitamos o risco de perder des-de que o retorno potencial seja maior ou pelo menos muito mais provável. De qualquer forma, o risco de perder estará sempre presente.

Por isso, acostume-se com a ideia de que, em vários momentos, prejuízos irão ocorrer. Isso é normal na atividade de trading. O que fica ao alcance do investidor são regras e métodos para administrar esse risco, de forma que ele seja sempre controlado e aceitável.

A curva de aprendizado

Não será de um dia para o outro que estaremos plenamente aptos a operar. Existe uma curva de aprendizado, e a compreensão de sua existência é importante para que não nos frustremos desnecessariamente.

É normal que as pessoas venham ao mercado buscando lucros imediatos, mas esse não deve ser o objetivo principal. Nessa fase inicial, faltam-nos ainda muito conhecimento e percepção sobre o mercado para que consigamos lucrar com consistência. Essa é uma fase em que devemos objetivar o aprendizado através dos erros que, inevitavelmente, virão.

Se buscarmos o lucro de cara, provavelmente iremos nos frustrar, pois talvez ele não venha. Podemos dizer que nosso objetivo no primeiro ano – ou dois anos – é não perder. Pelo menos, não perder demais. Geralmente, esse é o tempo que se leva para passar pela parte mais íngreme da curva de aprendizado. Alguns terão um pouco mais de sorte e conseguirão, já de início, re-sultados positivos, mas essa não é a regra geral. Uns têm mais facilidade que outros, mas todos

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Capítulo 1 - O contexto do trading

Saberemos que passamos pela fase mais íngreme da curva de aprendizado quando não nos sen-tirmos mais tão ansiosos com os nossos trades; quando, além de conseguir visualizar o mercado de uma forma mais ampla, soubermos quais são as nossas reações frente aos movimentos dos preços. Assim, teremos chance de combater as atitudes nocivas ao nosso capital. Isso vem com a experiência. Mas, acima de tudo, perceberemos que já estamos aptos quando os resultados come-çarem a aparecer de forma consistente – e não desordenada. Esse é o sinal de que chegamos a um nível inicial de maturidade, e, daí para frente, nosso desempenho tende apenas a melhorar.

Preservar capital

A preservação de capital é o objetivo primeiro de todo o trader. E essa noção costuma vir só de-pois de algum tempo de experiência. Devemos preservar nosso capital a todo custo, de-pois só quem tem capital consegue lucrar. Costumamos nos preocupar muito com o lucro, mas, na realidade, deveríamos estar preocupados em preservar nossa ferramenta de trabalho: nosso capital.

Essa é uma orientação que deve ser seguida no sentido de cortar as perdas rapidamente e, também, de aceitar alguns ganhos rapidamente quando o mercado permitir. Aprenda, desde cedo, a realizar parcialmente os ganhos de forma a neutralizar perdas oriundas de possível vi-radas de mercado. O novato tende a ir para o tudo ou nada, buscando grandes acertos. O tempo ensinará que, na maioria das vezes, ficaremos com o nada nessa estratégia.

Não discuta com suas regras de manejo de risco. Siga-as. Não reconsidere stops, sempre será uma má ideia. Aprenda, desde cedo, que a única forma de manter-se vivo no mercado é sendo fiel ao manejo de risco e aos stops. Não exija estratégia que seja 100%. Podemos acertar nove em dez vezes na média. Mas, um dia, sem sombra de dúvida, ocorrerá uma situação em que er-raremos dez em dez. Esses eventos são mais comuns do que a estatística probabilística costuma considerar. Por isso, use stops!

O canto da sereia

O canto da sereia é a forma simbólica de se referir à capacidade do mercado de nos tirar de centro e nos levar a cometer atitudes nocivas ao nosso capital. O mercado nos acenará com altas e baixas impressionantes e nos deixará pensando em como não as aproveitamos, assumindo in-genuamente que teria sido fácil. Nós temos a tendência de superestimar nossa capacidade de lidar com as situações das quais não participamos. E superestimamos também a capacidade dos outros, a ponto de acreditar que o desempenho alheio é muito melhor que o nosso. Às vezes, até pode ser, mas, dentro de um universo enorme de pessoas, sempre haverá as pessoas fora da média.

Isso pode nos levar a sentimentos de frustração com nós mesmos e com o nosso desempenho. Passaremos a buscar objetivos irreais, apostando cada vez mais alto e nos arriscando muito além do que seria prudente. Colocaremos nosso emocional sob um estresse insuportável, tentando

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tapar buracos com apostas ainda mais altas, e, quando as coisas derem realmente erradas, nos veremos sem ação num beco sem saída.

Um trader jamais pode se deixar chegar a esse ponto. Não podemos arriscar nosso desem-penho de anos ou meses num descontrole emocional. Portanto, siga as regras. Aceite que nos-sa fortuna será feita aos poucos, dentro das oportunidades plausíveis que o mercado oferece ao longo do tempo.

Quanto esperar de rentabilidade

Essa talvez seja uma das questões mais pertinentes. Obviamente, não existem garantias de rentabilidade, e essas podem variar muito de pessoa para pessoa e de mercado para mercado. Mas o que consideramos plausível e o que buscamos é algo que fique entre 3% a 5% ao mês. É isso que a experiência nos prova ser possível.

É claro que haverá meses de rentabilidade negativa, outros medíocres e outros fantásticos. Mas o trader mais experiente irá conseguir algo mais ou menos estável dentro dessa faixa. Uma rentabilidade de 3% ao mês significa um retorno anual de 42,57%, o que é excelente.

É importante lembrar que é mais fácil auferir boas rentabilidades com capitais menores. Isso se dá pela questão de maior mobilidade e menor pressão emocional. Aqueles que têm pouco a perder podem, por se sentir mais confortáveis, assumir riscos maiores. Mas, conforme o capital cresce, a pressão aumenta, a mobilidade diminui, e a rentabilidade fica mais difícil. Uma abor-dagem mais conservadora costuma ser adotada nesses momentos.

O pulo do gato

Se é que existe algum pulo do gato no mercado, poderíamos dizer que são dois. O primeiro já vimos: é a preservação de capital. O segundo, diríamos, é saber a hora de parar. Não é difícil au-ferir uns 3% de rentabilidade ou mais na carteira. O difícil é preservar essa rentabilidade. Isso ocorre porque, quando as coisas dão certo, tendemos a ficar eufóricos e a querer operar mais. Temos dificuldade de compreender o lucro ganho como capital nosso e, por isso, nos permiti-mos, muitas vezes, uma exposição maior que a normal, visto que estamos apenas arriscando o lucro que obtivemos – e não nosso principal.

Além disso, o mercado não oferece boas oportunidades o tempo inteiro. Quando realizamos uma série de trades vencedores, é porque provavelmente acabamos de passar por uma. Dificil-mente, o mercado estará, logo em seguida, oferecendo oportunidades tão boas quanto, mas, na ânsia de operar, vamos “cavar” operações. Mesmo que as estopemos corretamente quando dão errado, uma a uma elas irão consumir o nosso lucro acumulado.

Estabeleça meta e a respeite. Se sua meta é 3% ao mês, ao alcançá-la, você pode parar de operar pelo restante do mês. Ou, pelo menos, irá operar somente se uma oportunidade muito

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Capítulo 1 - O contexto do trading

boa surgir. E, ainda assim, opere pequeno, se for o caso – pois é muito mais provável que venha a devolver parte dos lucros do que ter um mês de rentabilidade excepcional.

Foque-se no seu desempenho

Em épocas de mercado de forte alta, é comum, principalmente entre os traders novatos, haver uma boa dose de frustração, pois, fazendo uma comparação com o Ibovespa, percebem que não obtiveram um desempenho à altura. A frustração é ainda maior quando percebem que alguém sem conhecimento algum de mercado, mas que investe, conseguiu excelentes resultados.

Cuidado! Quando o mercado está em forte alta, é difícil para um trader mediano batê-lo. Não temos como saber que o mercado foi de forte alta até isso pertencer ao passado, e nós não faze-mos apostas cegas. O grafista busca momentos de alta probabilidade para lucrar, pois busca a preservação do seu capital. Nada impede que o mercado, mesmo sem apresentar essa segurança que buscamos, possa subir forte.

Quanto àquele sujeito que nada sabe de mercado e que pode exibir um excelente retorno na carteira, devemos retornar às primeiras páginas desta apostila. Quem não sabe por que entrar, não sabe por que sair. Lucro só é lucro quando realizado. Provavelmente, esse sujeito simples-mente comprou e deixou lá comprado. Será que ele terá a sorte de saber exatasimples-mente quando cair fora? Quantas pessoas puderam exibir excelentes desempenhos entre 2005, 2006 e 2007 para, em 2008, devolver tudo o que ganharam nos últimos três anos? Acredite, foi a maioria.

O trader técnico se destaca nos momentos ruins de mercado. Quando o mercado sobe, tenta-mos acompanhá-lo. Quando o mercado cai, tentatenta-mos nos abster desse momento ruim. Se nos sentirmos confortáveis para operar na ponta vendedora, um novo mundo de possibilidades de ganho se abrirá perante a nós, e poderemos nos destacar ainda mais.

Foque-se no seu desempenho, em atingir objetivos realistas a que você se propõe. Esqueça o que alguém pretensamente conseguiu ou quanto o mercado se movimentou. Você sabe de suas metas e aonde elas o levarão.

A recompensa não-financeira

A atividade de operar oferece uma recompensa que vai além da financeira. O mercado pro-porciona um desafio intelectual único. É uma atividade que nos coloca em constante situação de superação. Lucrar na bolsa é um exercício de autocontrole e autoconhecimento que, com o tempo, nos moldará como melhores indivíduos, e isso certamente também nos trará satisfação pessoal.

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Introdução à análise técnica

Se você chegou até aqui, consideraremos que você já compreendeu a parte operacional e teórica sobre o funcionamento da bolsa de valores. Iremos, também, supor que você possui em mente todas as noções iniciais que explicitamos no capítulo anterior. A compreensão desses dois assuntos é de suma importância para sobreviver no mercado. Esse entendimento será a base na qual iremos assentar agora os conhecimentos de análise técnica que iremos ensinar. Chegou o momento de focar nos gráficos.

Iniciando a compreensão do gráfico

Todas as decisões de um trader gráfico são tomadas em cima dos sinais extraídos do gráfico das oscilações de preço do ativo em questão. Por isso, é pertinente que comecemos nosso estudo compreendendo como essa ferramenta (o gráfico) é construída e o que ela significa.

O gráfico é a representação visual de todos os negócios fechados para um ativo num determi-nado período de tempo. A visualização de um gráfico, portanto, nos informará toda a variação de preço que o ativo sofreu. Este é composto por dois eixos: um vertical, representativo da escala de preço, e outro horizontal, representativo da escala de tempo. A escala de preço pode ser dada em moeda ou em pontos. Já a escala de tempo pode ser construída nos mais diferentes prazos de representatividade. Abordaremos isso em profundidade no momento adequado.

Mas o que de fato significa um gráfico? O gráfico é a resultante do eterno embate entre a força compradora e a força vendedora. Essas duas forças lutam entre si sempre que os mercados estão abertos. O analista gráfico é um observador desse embate, buscando nos gráficos o entendimento de que qual força prevalece ou sinais de que a força dominante irá mudar. Se tivermos capacidade de antecipar os vencedores, conseguiremos antecipar o movimento dos preços e lucrar com isso.

As informações que compõem um gráfico

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

variável e segue o desejo do analista gráfico. Pode representar um dia, uma semana, quinze minutos, ou seja, o tempo que for. As informações extraídas dessas sessões são:

1. Abertura:

É o primeiro preço negociado na sessão.

2. Máxima:

Preço mais alto negociado durante a sessão.

3. Mínima:

Preço mais baixo negociado durante a sessão.

4. Fechamento:

É o último preço negociado na sessão.

Existem dois tipos principais de gráficos que carregam essas informações: os gráficos de barras e os gráficos de candlesticks.

O gráfico de barras

Nesse formato, as oscilações de preço são representadas, a cada sessão, por uma barra vertical dotada de duas barras horizontais menores. A oscilação total dos preços é represen-tada pelo tamanho da barra vertical. A abertura da sessão é representada por uma pequena barra horizontal à esquerda da barra vertical, e o seu fechamento é representado também por uma pequena barra horizontal, mas, dessa vez, à direita da barra vertical. O extremo superior da barra vertical represen-ta a máxima, e o extremo inferior represenrepresen-ta a mínima negociada.

O gráfico de candlesticks

Esse sistema de construção de gráfico se originou no Japão por volta do século XVII. Devido à sua origem, esse sistema também é conhecido como Oriental. O sistema de barras, em contra-posição, ficou mais conhecido como sistema Ocidental por ser mais utilizado no Ocidente. As informações necessárias para a construção do gráfico nesse sistema são exatamente as mesmas do sistema de barras. Muda apenas ligeiramente a forma como elas são apresentadas.

O sistema oriental, em vez de barras, possui candles. Um candle é basicamente uma barra que entre a abertura e o fechamento possui uma moldura. Essa moldura forma o corpo do can-dle. Como o método das barras de identificar abertura e fechamento não é possível no formato

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candle, essa identificação é feita através da cor do corpo do candle. Um candle com corpo vazado, ou seja, sem preenchimento de cor, é identificado como um candle de alta. A abertura é repre-sentada pela base e o fechamento pela parte superior do corpo. Um candle de corpo preenchido ou cheio é identificado como um candle de baixa. Nesse caso, a abertura é identificada pela parte superior do corpo e o fechamento pela parte inferior.

Na figura acima, podemos visualizar a transição de uma sessão representada por uma barra para sua representação no formato candle. Agora que visualizamos um candle, podemos enten-der por que ele recebe esse nome. Candle, em inglês, significa vela. E o formato de um candle clássico lembra uma vela com seus pavios. No entanto, os pavios recebem o nome de sombra.

São essas figuras que compõem o gráfico de um ativo. Acima, temos o exemplo de um perí-odo de variação do Ibovespa tanto no gráfico em barras quanto em candles

Os dois gráficos representam exatamente o mesmo período de tempo, entre setembro de 2007 e abril de 2008. Ambos os gráficos estão na periodicidade diária – ou seja, cada barra ou candle representa um dia de negócios. Colocando os dois gráficos um abaixo do outro, fica fácil perceber as diferenças. O gráfico em barras chama mais atenção para as extremidades (máxima e mínima), enquanto que o formato de candles foca mais no corpo (abertura e fechamento).

Ênfase no fechamento

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

ta gráfico. O fechamento, sendo o último valor no tempo da sessão em que se trabalha, pode ser compreendido como o preço de consenso mais atualizado entre os participantes para o candle ou barra em questão. Além disso, o fechamento costuma ser formado pela atuação intensa dos profissionais. Esses traders costumam se antecipar à sessão seguinte, enquanto que os amadores tendem a ser reativos e participar de forma mais intensa na abertura.

Isso ocorre porque os amadores tendem a se posicionar em cima das notícias que tomaram conhecimento na noite anterior ou cedo pela manhã. Eles se apressam a enviar suas ordens ao mercado, pois anseiam por aproveitar todo o movimento que esperam que ocorra com os preços. Depois disso, precisam voltar sua atenção à sua atividade principal de mercado e ficam menos ativos – por isso que os sinais que ocorrem mais para o fechamento do mercado costumam ser muito mais confiáveis do que os que ocorrem no início do pregão. É por isso que existe uma pre-dileção pelos gráficos de candlesticks. O seu formato chama a atenção do trader para o corpo e, consequentemente, para o fechamento, tornando mais fácil a leitura do gráfico. Mas não deixa de ser uma questão de costume. Daqui para frente, iremos adotar o formato de candles.

Candles de alta e candles de baixa

Essa diferenciação é feita considerando-se a relação entre a abertura e o fechamento do can-dle em questão. Cancan-dles de alta são aqueles que apresentam seu fechamento acima da abertura. Candles de baixa são aqueles que, ao contrário, apresentam seu fechamento abaixo da abertura. Não se deve confundir essa denominação com a variação do candle, que pode ser de alta, neutra ou de baixa. A variação é dada pela relação entre o fechamento do candle anterior na série de preços e o preço corrente do ativo. Por isso, é possível termos um candle baixista de variação positiva ou um candle altista de variação negativa. Observe o exemplo abaixo.

Escala

A escala é a ferramenta de formação do gráfico responsável por definir o tamanho das variações de preço representadas pelos candles. A escala pode ser expressa num formato arit-mético ou logarítmico.

O formato aritmético trabalha com valores nominais. Ele expressará o quanto em moeda o ativo variou, independentemente de quanto isso signifique em termos de valorização percentu-al. Portanto, uma variação de 10 para 11 terá a mesma proporção da variação de 100 para 101, independentemente de, na primeira situação, o ativo ter variado 10% e, na segunda, apenas 1%.

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Em ambos os casos, o ativo variou 1, e é isso que é levado em consideração.

Na escala logarítmica, o que é levado em consideração é a variação percentual da mudança de preço. Dessa forma, a distância para representar a primeira situação seria 10 vezes maior que a distância que representaria a segunda. Isso se explica pelo fato da variação de 10% ser 10 vezes maior que a variação de 1%. A utilização de uma ou outra possui consequências na formação do gráfico. Observe:

Acima, temos o formato logarítmico (esquerda) e o formato aritmético (direita) representan-do a variação representan-do mesmo ativo e no mesmo períorepresentan-do. Percebemos que o gráfico assume outro as-pecto, apesar dos valores nominais serem exatamente os mesmos em ambos os gráficos. Como nosso resultado é fruto da variação percentual de nossas posições, é natural que utilizemos o formato logarítmico. Também se percebe que as oscilações no formato logarítmico são mais comportadas no que tange a análise técnica. Isso talvez se explique devido ao seu uso mais con-sistente. De qualquer forma, utilize a escala logarítmica.

Volume

O volume não é parte integrante do gráfico como os candles ou as escalas. É, na verdade, um indicador. Mas de tão essencial à análise dos movimentos de preço, essa é uma ferramenta que sempre acompanhará o gráfico de um bom analista.

O volume representa o nível de atividade do mercado, sendo o motor que empurra e sus-tenta os movimentos de preço. Baixo volume demonstra baixa participação dos investidores e, portanto, pequeno comprometimento financeiro com o movimento em si, tornando-o frágil. Alto volume demonstra que os investidores estão atentos e ativos, oferecendo sustentação e validade aos movimentos e aos sinais que percebemos.

O volume é geralmente representado por um histograma na parte inferior do gráfico, como no exemplo ao lado. Sua representação pode ser expressa no formato quantidade ou no formato financeiro. No primeiro, o volume expressa a quantidade de títulos que trocaram de mãos durante a formação de cada candle. No segundo, expressa o valor financeiro

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

tante de todos os negócios representados pelo candle em questão.

Cada formato possui suas peculiaridades. O formato financeiro é fortemente afetado pe-las variações de preço do ativo, pois, se o ativo sobe 100% de preço, ele expressará um volume financeiro 100% maior, apesar de negociar a mesma quantidade de títulos. Porém, no curto prazo, o efeito do preço no volume é pequeno.

Mesmo assim, damos preferência ao volume quantidade, pois queremos ver a atividade do merca-do independentemente da variação de preço. No entanto, no caso merca-dos índices, o volume quantidade se torna pouco confiável, porque, no mercado brasileiro, os papéis não possuem padronização de lote mínimo. A única forma de padronizar o volume é pelo giro financeiro dos ativos. Portanto, por falta de ferramenta mais adequada, utiliza-se o volume financeiro para índices. O volume quantidade é utilizado para os demais ativos.

Liquidez

Liquidez determina a facilidade com que conseguimos comprar ou vender determinado ativo. Operar ativos que ofereçam essa facilidade é muito importante, pois não adianta sabermos a que preço entrar e sair se, na hora agá, não há ninguém nesses patamares de preço para ser a contraparte do negócio.

A liquidez tem vários aspectos. A primeira forma de avaliar a liquidez de um ativo é observar quanto esse ativo movimenta ou gira em média, seja em títulos ou em dinheiro. Por regra geral, seguimos a recomendação de, sozinhos, não respondermos por mais de 5% do volume médio do ativo – seja em títulos ou financeiro. Portanto, se um ativo movimenta, em média, 200 mil títulos ou R$ 1 milhão, não devemos operar mais do que 10 mil títulos ou R$ 50 mil.

A segunda forma de avaliar a liquidez é observar o spread entre as ofertas no livro de ofertas. Apesar do spread mudar bastante de acordo com o momento da negociação, percebe-se certa cons-tância na quantidade de ofertas presente no livro de ofertas e os spreads de preço entre elas. Não são aconselhados ativos com altos spreads ou que, apesar de um spread pequeno, o volume financeiro das ofertas seja pequeno demais para absorver uma oferta média num mesmo patamar de preço.

Uma boa forma de conciliar os dois aspectos dentro de uma mesma informação é considerar o volume médio de negócios por pregão. Buscamos atuar nos ativos que possuem, em média, mais de 500 negócios por dia. Para tal, observe a média dos últimos 20 pregões. Esses ativos não oferecerão dificuldade na hora de abrir ou encerrar uma posição às pressas.

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e devem ser evitados. É claro que, havendo um sinal muito forte de entrada, poderemos fazer posição, desde que respeitando o limite de 5%. Papéis com média inferior a 100 negócios por dia, por regra geral, devem ser ignorados.

Análise técnica precisa de liquidez

Essa é uma questão fundamental que as pessoas teimam em ignorar. Os sinais gráficos, para serem confiáveis, precisam surgir de ambientes de alta liquidez. Quanto menor a liquidez de um ativo, mais comprometida fica a credibilidade gráfica dele. Isso ocorre porque os sinais são fruto da atividade dos participantes. Quando há poucos participantes, os sinais podem refletir opiniões distantes da opinião do restante do mercado, não encontrando, assim, adesão. Além disso, uma quantidade limitada de participantes geralmente possui pequena capacidade finan-ceira para sustentar os movimentos, tornando-os frágeis. Quando temos alta liquidez, essas fragilidades deixam de existir, tornando o gráfico mais consistente.

Uma forma de tentar amenizar os riscos de operar ativos pouco líquidos é elevar o prazo operacio-nal, de forma a aumentar a quantidade de capital utilizada na formação dos sinais gráficos.

Periodicidade

Compreender o aspecto da periodicidade e como isso afeta o posicionamento de diferentes traders é absolutamente importante para qualquer um que pretenda se orientar no mercado através de gráficos. Sem essa compreensão, a análise técnica parecerá completamente contra-ditória e confusa, afetando a credibilidade da abordagem e a capacidade do analista técnico em manter-se fiel aos trades efetuados.

De início, devemos entender que a periodicidade é sempre referida de acordo com o tempo que um candle isoladamente representa, e não com o período total visualizado no gráfico. Des-sa forma, se o gráfico é de periodicidade diária, cada candle representará o período de um dia. Portanto, como o gráfico é formado por uma grande quantidade de candles, num gráfico diário geralmente teremos a variação de preço de alguns meses de negócios. Se o gráfico for de pe-riodicidade semanal, cada candle representará uma semana, e o gráfico inteiro provavelmente exibirá anos de negócios. A seguir, temos a comparação de duas periodicidades para o mesmo prazo de tempo de um ativo.

O primeiro gráfico é de periodicidade diária, e o segundo é de periodicidade semanal. As variações percentuais e nominais de preço são exatamente as mesmas. O que muda é que, no primeiro, vemos os movimentos com um pouco mais de detalhe. O segundo gráfico, sendo semanal, é cinco vezes menor que o primeiro, pois, como há cinco dias úteis na semana, um candle no semanal representa a junção de cinco candles da periodicidade diária. Assim, o aspec-to do gráfico muda.

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

Como é feita a contagem de tempo

É uma dúvida comum a forma como o tempo de uma periodicidade é contado. Por exemplo, havendo um feriado no meio da semana, como fica o gráfico semanal? O prazo de tempo de cada periodicidade é sempre igual, não sendo afetado por eventuais paralisações dos negócios. O candle semanal sempre vai de segunda a sexta, ou seja, não existe compensação de qualquer feriado que possa ocorrer no meio do caminho. O mesmo ocorre com gráficos de periodicidade intradiária quando há qualquer tipo de paralisação nos negócios, como quando há leilões. Por exemplo, na periodicidade de 15 minutos, o candle sempre inicia no primeiro segundo dos minu-tos múltiplos de 15. Portanto, às 13h00min01seg, esse candle se inicia e se encerra às 13h15min, independentemente de haver paralisação dos negócios das 13h05min até as 13h10min.

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Diferentes periodicidades no mesmo ativo

Não existe uma periodicidade correta para operar. Existem as mais utilizadas, que são:

1. Intradiárias à Tempo de candle menor do que 1 pregão

• 5 minutos.

• 15 minutos.

• 60 minutos.

2. Longas à Tempo de candle igual ou maior que 1 pregão

• Diária.

• Semanal.

Os sinais que vemos numa periodicidade não aparecerão necessariamente em outra. Dessa forma, é possível que uma periodicidade diga compra, e outra diga venda. Não há nisso contra-dição. Devemos apenas ficar atentos ao horizonte de tempo. Os sinais mais fortes são aqueles que aparecem em mais de uma periodicidade.

Hierarquia

Existe uma hierarquia nítida entre as periodicidades. As maiores são mais consistentes que as menores. Isso se explica principalmente pela quantidade de dinheiro envolvida na formação do gráfico e dos sinais. Num gráfico semanal, temos uma enorme quantidade de dinheiro en-volvido na sua formação – se comparado com um gráfico diário, de forma que um trader ou um pequeno grupo de traders, isoladamente, tenham pouca representatividade. A manipulação de preços ou a formação de sinais de pouca adesão são menos prováveis. Já num gráfico intradiário, existe maior facilidade para que essas situações ocorram. Portanto, a regra é: quanto menor a periodicidade, menor será a credibilidade do gráfico.

Prazos operacionais

Decorrente das diferentes periodicidades, classificamos os trades de acordo com a periodici-dade em que são executados:

Daytrade -

Os daytrades surgem dos sinais que observamos nos gráficos intradiários, seja qual for a periodicidade intradiária específica. Em termos legais, daytrade é qualquer ope-ração que é aberta e fechada dentro do mesmo dia de negócios. O daytrader, aquele que opera no intradiário, é um tipo de trader extremamente ativo e que, pela sua abordagem de mercado, necessita de dedicação total à sua atividade.

Swingtrade -

O tipo de operação chamada de swing trade é aquela que se origina dos sinais extraídos do gráfico diário. O nome swing é uma menção aos movimentos direcionais

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

que o mercado executa, sem contramovimento. Swings são pernas de movimento. O swing trader costuma ficar posicionado enquanto o movimento não demonstrar fraqueza, saindo do trade quando o mercado ameaça uma correção. Em tese, não é necessária dedicação exclusiva ao mercado, mas é desejável a possibilidade de um acompanhamento mais de perto do pregão, principalmente dos momentos perto do fechamento do pregão.

Position -

Position vem de posição em inglês. O termo é uma menção ao fato de que, nesse tipo de operação, sob o ponto de vista da periodicidade diária, o trader geralmente mantém sua posição por mais tempo, mesmo contra correções menores – ou seja, swings contrários da pe-riodicidade diária. O position trader pode ficar de poucas semanas a vários meses posicionado. Essa é uma abordagem que não precisa de dedicação total ao mercado e é a recomendada para quem possui uma atividade principal fora do mercado. Além disso, o gráfico semanal costuma ser mais comportado e consistente que os demais.

Volatilidade -

Volatilidade é a rapidez com que um ativo percorre as distâncias de preço. A volatilidade pode ser direcional ou estática. Volatilidade direcional é aquela que faz com que o ativo percorra grandes distâncias de preço rapidamente. Já a volatilidade estática é aquela que faz com que haja grande e constante variação de preço, mas sem que o ativo se movimente muito em termos de distância de preço. Esse tipo de volatilidade gera incerteza em relação aos preços e é mais desconfortável de operar.

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Na imagem anterior, temos um bom exemplo de volatilidade direcional. Percebemos que, na maior parte das vezes, os movimentos são claros. Temos candles ordenados um acima do outro nos movimentos de alta e candles um abaixo do outro nos movimentos de baixa. Quando o mercado sobe, dificilmente a mínima de um candle é violada pela mínima do candle imediatamente posterior. Quando o mercado cai, dificilmente a máxima é rompida. Esse tipo de ativo é mais fácil de operar, pois os movimentos são mais confiáveis e manejáveis. Agora, observe o próximo exemplo.

Esse gráfico representa a variação para outro ativo no mesmo prazo de tempo e periodicida-de que o do exemplo anterior. Também percebemos granperiodicida-de volatilidaperiodicida-de nesse ativo, mas essa é mais errática. As máximas e mínimas são constantemente violadas enquanto um ativo vai de um patamar de preço a outro. É difícil manejar uma posição nesse tipo de volatilidade, pois não temos critérios muito seguros para definir stops. Podendo optar, opte pelo primeiro tipo de gráfico. Será mais fácil de auferir bons resultados.

Sinais básicos dos candles

Agora que já temos uma compreensão melhor de como é feita a leitura geral de um gráfico, é chegada a hora de começarmos a estudar os sinais que podem nos dar indicações sobre os movi-mentos mais prováveis para os preços. Iniciaremos com sinais básicos extraídos dos candles.

Amplitude

A amplitude é a distância entre a mínima e a máxima de um candle. Grandes amplitudes demonstram alta volatilidade. Pequenas amplitudes demonstram baixa volatilidade. Essa

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Capítulo 2 - Introdução à análise técnica

ração é de pouca importância entre dois gráficos distintos, pois diferentes ativos possuem diferen-tes volatilidades médias nos seus movimentos. Isso fica claro se compararmos os dois exemplos anteriores. O segundo ativo, de volatilidade estática, possui candles visualmente maiores, mas sua variação percentual entre eles é menor se comparada ao primeiro gráfico. A comparação de amplitude deve ser feita entre os candles do mesmo gráfico, pois estão sob a mesma escala. São os candles de alta volatilidade que possuem capacidade de nos dar dinheiro rapidamente.

Convicção ou dúvida

A volatilidade (amplitude) de um candle apenas nos diz se o ativo está se movimentando ou não. A informação mais importante é se essa volatilidade é direcionada (convicta) ou estática (dúvida). A melhor forma de observar isso é comparar a distância que existe entre a abertura e o fechamento e a distância que esses pontos se encontram das extremidades do candle.

Candles que possuem grande distância entre a abertura e o fechamento, exibindo corpos relativamente grandes, demonstram convicção. Esse tipo de candle mostra que não houve hesi-tação, e uma força dominou claramente a sessão de negócios.

Candles que, apesar de terem grande amplitude, exibem pequeno corpo são sinais de dúvida. Mostram que nenhuma força conseguiu se sobressair na sessão e, portanto, existe dúvida sobre o rumo dos preços.

Quando a amplitude do candle é pequena, independentemente do corpo ser grande em rela-ção à amplitude, também é demonstrarela-ção de dúvida, pois não há convicrela-ção ou capacidade nem entre os compradores nem entre os vendedores para empurrar os preços.

Existe mais um detalhe a avaliar, de extrema importância para compreendermos a real con-vicção que um candle expressa. Nos candles de alta (vazados), quanto menor a distância entre o fechamento e a máxima, maior a convicção altista. Nos candles de baixa (preenchidos), quanto menor a distância entre o fechamento e a mínima, maior a convicção baixista.

Independentemente de serem vazados ou pre-enchidos, esses candles sempre significam uma boa dose de convicção.

Independentemente de serem vazados ou pre-enchidos, esses candles sempre significam uma boa dose de dúvida ou indefinição.

Referências

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