Livro de Atas
1.º Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE)
1st International Conference on Teacher Education
(INCTE)
Edição: Instituto Politécnico de Bragança Editores: Cristina Mesquita,
Manuel Vara Pires, Rui Pedro Lopes
Impressão: Instituto Politécnico de Bragança
Ano: 2016
ISBN: 978-972-745-206-4
Organização
O INCTE’16 foi organizado pelo Instituto Politécnico de Bragança, onde decorreram as ses-sões.
Comissões
Organizadora: Adorinda Gonçalves IPB, Portugal
Carla Guerreiro IPB, Portugal
Carlos Teixeira IPB, Portugal
Cristina Mesquita IPB, Portugal
Delmina Pires IPB, Portugal
Elza Mesquita IPB, Portugal
Manuel Vara Pires IPB, Portugal
Maria Angelina Sanches IPB, Portugal
Maria do Céu Ribeiro IPB, Portugal
Maria Cristina Martins IPB, Portugal
Maria José Rodrigues IPB, Portugal
Paula da Felicidade Martins IPB, Portugal
Rosa Novo IPB, Portugal
Telma Queirós IPB, Portugal
Científica: Adorinda Gonçalves IPB, Portugal
Amélia Marchão IPPortalegre, Portugal
Benvenido Martin Fraile USal, Espanha
Carla Guerreiro IPB, Portugal
Carlos Teixeira IPB, Portugal
Cristina Mesquita IPB, Portugal
Delmina Pires IPB, Portugal
Elza Mesquita IPB, Portugal
Fernando Azevedo UMinho, Portugal
Flávia Vieira UMinho, Portugal
Joaquim Machado UCP, Portugal
Juan Gavilán UdeC, Chile
Laurinda Leite UMinho, Portugal
Luís Menezes IPV, Portugal
Manuel Vara Pires IPB, Portugal
Maria Angelina Sanches IPB, Portugal
Maria do Céu Ribeiro IPB, Portugal
Maria do Céu Roldão UCP, Portugal
María Dolores Alonso-Cortés ULeón, Espanha
Maria Cristina Martins IPB, Portugal
Maria José Rodrigues IPB, Portugal
Rosa Novo IPB, Portugal
Sara Barros Araújo IPP, Portugal
Telma Queirós IPB, Portugal
II INCTE’16 – Organização
Corpo de Revisores: Adorinda Gonçalves IPB, Portugal
Amélia Marchão IPPortalegre, Portugal
Ana Raquel Prada IPB, Portugal
Benvenido Martin Fraile USal, Espanha
Carla Araújo IPB, Portugal
Carla Guerreiro IPB, Portugal
Carlos Miguel Ribeiro UAlg, Portugal
Carlos Teixeira IPB, Portugal
Cristina Mesquita IPB, Portugal
Delmina Pires IPB, Portugal
Elza Mesquita IPB, Portugal
Fernando Martins IPC, Portugal
Flávia Vieira UMinho, Portugal
Gabriela Traversi IFSul, Brasil
Helena Rocha UNL, Portugal
Ilda Freire Ribeiro IPB, Portugal
João Sousa IPB, Portugal
Joaquim Machado UCP, Portugal
Juan Gavilán UdeC, Chile
Laurinda Leite UMinho, Portugal
Luís Menezes IPV, Portugal
Manuel Meirinhos IPB, Portugal
Manuel Vara Pires IPB, Portugal
Maria Angelina Sanches IPB, Portugal
Maria da Graça Santos IPB, Portugal
Maria do Céu Ribeiro IPB, Portugal
Maria do Nascimento Mateus IPB, Portugal María Dolores Alonso-Cortés ULeón, Espanha
Maria Cristina Martins IPB, Portugal
Maria José Rodrigues IPB, Portugal
Maria Raquel Patrício IPB, Portugal
Paula Vaz IPB, Portugal
Rita Seixas IFSul, Brasil
Rosa Novo IPB, Portugal
Sara Barros Araújo IPP, Portugal
Sofia Bergano IPB, Portugal
Telma Queirós IPB, Portugal
Vitor Gonçalves IPB, Portugal
Vitor Hugo Manzke IFSul, Brasil
Índice
INCTE’16 – 1.º Encontro Internacional de Formação na Docência
Nota de Abertura
. . . 1 Contributos para uma formação na docência de (mais) qualidade. . . 3Cristina Mesquita, Manuel Vara Pires, Rui Pedro Lopes
Sessões Plenárias
. . . 7 Uma reflexão acerca da necessidade de repensar a formação de professores (resumo) . . 9Domingos Fernandes
La formación del profesorado: cuestiones perdurables en escenarios de incertidumbre. . 11
Lourdes Montero
Mesa Redonda: Formar Professores no Século XXI - Práticas,
Perspetivas e Desafios
. . . 33 Desafios à formação de educadores e professores em Portugal no século XXI . . . 35Carlos Teixeira
Desafíos y estrategias en la formación práctica del profesorado español. El caso de la
Universidad de León (resumo) . . . 43
María Dolores Alonso-Cortés
Formar professores no século XXI, no Brasil: práticas, perspetivas e desafios (resumo). 45
Vitor Hugo Manzke
Currículo e Formação de Educadores e Professores
. . . 47 A formação do educador-professor com perfil de investigador-reflexivo . . . 49Filomena Velho, Eduarda Ferreira, Elisabete Brito, Florbela Rodrigues
Análisis de un entorno virtual de aprendizaje para la formación de nuevos docentes.
Estudio de caso. . . 58
Virginia Pascual, Daniel Moreno
Avaliar para melhorar: análise e discussão sobre o desempenho profissional do
docente no Brasil. . . 66
Izabel Silva
Condições do trabalho docente no ensino superior privado confessional comunitário. . . . 71
Maria Laura Brenner de Moraes
Contribuições da rede regional de ciências na formação continuada de professores . . . 79
Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha, Vitor Hugo Manzke, Jader R. Pereira
Diseño de estrategias docentes mediante la corresponsabilidad tutorial. . . 86
Bienvenido Martín Fraile
Dificuldades dos professores de ciências do ensino fundamental no ensino de física . . . 93
IV Índice
“Eu, tu e nós partilhamos e aprendemos”. Projetos curriculares integrados como
prática de formação de educadores/as de infância . . . 101
Catarina Tomás, Manuela Rosa, Carla Rocha
Experimentação na formação inicial e atuação de professores de ciências: dados
preliminares . . . 108
Gabriela Traversi, Vitor Hugo Manzke
Formação contínua de professores a distância baseada em MOOCs. . . 115
Vitor Gonçalves
Formação contínua: uma modalidade de formação que complementa a formação inicial. 122
Maria de Deus Lico
Formação de professores em ciências do ensino básico com orientação CTS/PC . . . .130
Rui Vieira, Celina Tenreiro-Vieira
Importancia de las prácticas y pasantías para los futuros docentes en el ISFODOSU. . . . .137
Elisangela Silfa
Inglês no 1.º ciclo do ensino básico no novo milénio: desafios e dificuldades na
formação de professores . . . 142
Nazaré Cardoso, Cláudia Martins, Elisabete Silva
Innovación en la formación inicial y permanente del profesorado: elaboración de
trabajos científicos . . . 150
Concepción Tuero Del Prado, Mercedes López-Aguado, Belén Zapico Robles, Lourdes Gutiérrez-Provecho
Libros de texto, curriculum y docencia: cómo se aborda el cambio climático en la
Secundaria Obligatoria. . . .156
Araceli Serantes Pazos, Pablo Meira Cartea
Literacia estatística num curso de educação básica: necessidade de um conhecimento
especializado. . . 164
Isabel Duque, Fernando Martins
O papel da discussão em fóruns virtuais na formação de supervisores. . . 173
Isolina Oliveira, Branca Miranda
O papel do conhecimento interpretativo no desenvolvimento profissional do professor
e do formador de professores. . . 180
C. Miguel Ribeiro, Maria Mellone, Arne Jakobsen
Políticas de formação de professores para a educação especial no Brasil e em Portugal:
um estudo comparado . . . .189
Maria Edith Romano Siems-Marcondes
Práticas com TIC potenciadoras de mudança . . . .195
Paula Flores, Altina Ramos
Que formação inicial para futuros educadores e professores desenvolverem a literacia
digital nas crianças?. . . .204
Lilian Moreira, Altina Ramos
Repensar o 1.º ciclo do ensino básico: organização e práticas em sala de aula . . . 212
Índice V
Representações dos alunos sobre o curso de licenciatura em educação básica. . . .220
Elza Mesquita, Maria Raquel Patrício
Didática e Formação de Educadores e Professores
. . . .229 A aprendizagem por descoberta no contexto de experiências de ensino/aprendizagemdo 2.º ciclo do ensino básico . . . .231
Joana Baptista, Delmina Pires
A importância da metodologia de trabalho de projeto na aprendizagem das crianças. . . .237
Ana Cláudia Queirós de Sousa, Elza Mesquita
A utilização de narrativas autobiográficas na construção de conhecimentos didáticos
sobre expressão plástica. . . .246
Lúcia Grave Magueta
Aprendizagem baseada na investigação em contextos de 1.º e 2.º CEB. . . .254
Inês Silva, Cristina Mesquita
As atividades lúdicas e sua importância no processo de ensino-aprendizagem . . . .263
Carla Guerreiro, Maria José Sousa
As ciências naturais na licenciatura em educação básica - implicações do percurso
formativo na prática educativa. . . 271
Maria José Rodrigues, Adorinda Gonçalves
As crianças em (inter)relação: um estudo sobre três dimensões pedagógicas . . . .278
Bruna Correia, Elza Mesquita
As leituras das crianças no processo de interação criança/sujeito-mundo . . . .287
Dora Briote, Elza Mesquita
As representações matemáticas nos manuais escolares para o ensino básico . . . .295
Isabel Cláudia Nogueira, Emília Machado, Luísa Azevedo
Comunicar na sala de aula: um estudo com alunos do ensino básico . . . 301
Elisabete Costa, Manuel Vara Pires
Construção de paródias como alternativa metodológica para o ensino de zoologia. . . 310
Gabriela Manzke, Renata Sommer, Letícia Jansen Medeiros
Didática da história e da geografia no 2.º ciclo do ensino básico . . . 315
Maria Mateus, Cristina Mesquita
Didática das ciências da natureza: uma discussão na formação inicial de professores . . .324
Mari Regina Janke, Vitor Hugo Manzke
Didática interdisciplinar da matemática: simbiose com o português. . . .332
Sofia Rézio
El papel del patrimonio cultural en la didáctica de las ciencias sociales. . . .339
Pablo M. Orduna Portús
Estratégias de promoção da oralidade e escrita na educação pré-escolar . . . .347
Carla Guerreiro, Lídia Santos, Luís Castanheira
Estratégias didáticas para o estudo da meiose no ensino básico. . . .353
VI Índice
Experimentação no ensino de biologia: uma análise de platelmintos . . . .360
Letícia Jansen Medeiros, Gessiele da Silva Corrêa, Renata Sommer
Feira de ciências, matemática e mais saberes da região do sul do Rio Grande do Sul. . . . .366
Daiane Aparecida Krewer, Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha, Vitor Hugo Manzke, Gabriela Traversi
Investigação sobre a própria prática: dois estudos sobre a comunicação matemática. . . .371
Luís Menezes, Veronique Delplancq
Matemática e literatura infantil: uma proposta interdisciplinar na sala de aula. . . .378
Helena Campos, Eurídice Teixeira, Paula Catarino
Materiais curriculares e práticas de ensino . . . .385
Ana Mota, Adorinda Gonçalves
O papel dos jogos didáticos no reportório de práticas dos docentes de economia no
ensino secundário . . . .393
Pedro Ribeiro Mucharreira, Luísa Cerdeira, Belmiro Gil Cabrito
O(s) lugar(es) do texto literário nos manuais de português. . . .402
Carlos Teixeira, Alda Correia, Joana Coutinho de Matos
Pensamento algébrico em manuais escolares do 1.º ciclo . . . 411
Sofia Rézio
Redação versus ditado: estratégias para um ensino integrador e inovador . . . 419
Paula Catarino, Joaquim Escola, Ana Paula Aires
Sistemas de equações lineares: programas de matemática numa cadeia geracional de
professores . . . .428
Isabel Teixeira, Cecília Costa, Paula Catarino, Maria Silva
Tecnologias na aprendizagem da matemática: o mentoring na formação de professores .435
Nélia Amado, Susana Carreira
Triângulos e paralelogramos com o geogebra no 5.º ano. . . .444
Rui Ramalho, Fernanda Monteiro
Um projeto realizado na prática de ensino supervisionada: importância dos
instrumentos de avaliação utilizados . . . .450
Paula Gonçalves, Cristina Martins
Uma experiência de ensino e aprendizagem da matemática com recurso a literatura
infantil na formação inicial de professores dos primeiros anos. . . .456
Raquel Santos, Maria Clara Martins
Uma proposta de organização da prática de ensino supervisionada no contexto do
ensino da disciplina de matemática no 2.º ciclo do ensino básico. . . .464
Ana Paula Aires, Maria José Machado, Sara Costa, Catarina Alves
UniVERSOS, un proyecto de expresión didático-literaria en el aula y la calle. . . .472
Susana Gómez Redondo, Lidia Sanz Molina, Juan R. Coca, Francisco José Francisco Carrera
Utilização de modelagens didáticas tridimensionais: uma abordagem para o ensino de
artrópodes. . . .480
Índice VII
Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica
. . . .489 A supervisão pedagógica na liderança de estruturas intermédias. . . 491Fernanda Pereira, Daniela Gonçalves
Análise de práticas matemáticas do 1.º ciclo do ensino básico. . . .499
Isabel Cláudia Nogueira, Teresa F. Blanco, Dolores Rodríguez Vivero
As narrativas de aprendizagem nos relatórios finais da PES. . . .506
Cristina Mesquita, Maria José Rodrigues, Maria do Céu Ribeiro, Rui Pedro Lopes
Avaliação na prática de ensino supervisionada em matemática e ciências naturais do
2.º CEB: contributos da observação de aula. . . 514
Bento Cavadas, Neusa Branco
Desenvolvimento do conhecimento didático em matemática na componente de
investigação dos relatórios de estágio no âmbito da formação de professores e educadores523
Neusa Branco, Susana Colaço
Educar com os meios e para os meios: exemplos a partir da prática de ensino
supervisionada no mestrado em educação pré-escolar e ensino do 1.º CEB. . . .532
Joaquim Escola
O amigo crítico como forma de promover a participação em contexto b-learning no
ensino superior. . . .539
Marta Fonseca, Isabel Pereira
O papel da supervisão pedagógica na avaliação pelos pares em contexto de avaliação
do desempenho docente. . . .546
Luiz Queiroga, Carlos Barreira, Albertina Oliveira
O papel do professor cooperante na formação inicial de professores: estudo de caso . . . . .552
Ana Luísa Rodrigues, Tomás Patrocínio, Ana Ribeiro, Sara Couto
Os processos comunicacionais na formação profissional: perceção dos estagiários . . . 561
Deolinda Ribeiro, Paula Flores, Susana Sá
Papéis e interações dos intervenientes no processos de supervisão: um olhar dos
orientadores cooperantes do 2.º ciclo do ensino básico . . . .570
Cristina Martins, Adorinda Gonçalves
Perceções das estudantes: processos de supervisão desenvolvidos na prática de
ensino supervisionada. . . .577
Amélia Marchão, Hélder Henriques
Perceções dos alunos e professores sobre a utilização de estratégias de ensino e
aprendizagem diversificadas . . . .585
Joana Coutinho de Matos, Maria José Rodrigues
Perfil do supervisor do 1.º ciclo do ensino básico: um alicerce para o desenvolvimento
organizacional numa instituição de ensino particular. . . .592
Bianca Almeida, Daniela Gonçalves
Práticas de supervisão pedagógica num agrupamento de escolas . . . .600
Maria da Glória Santos, Isolina Oliveira
(Re)Pensar estratégias pedagógicas a partir de sinergias entre a neuroeducação e a
supervisão pedagógica. . . .609
VIII Índice
Ser um professor criativo: reflexão sobre uma prática (de matemática) supervisionada
no 4.º ano de escolaridade. . . 617
Ângela Soares, Cecília Costa
Formação Docente e Educação para o Desenvolvimento
. . . .625 A emergência de práticas educativas promotoras de educação para o desenvolvimento .627Isabel Ferreira, Amélia Marchão, Luísa Carvalho, Teresa Mendes
A feminização da profissão docente e a educação para a paridade. . . .636
Benilde Moreira
A rede de educação para a cidadania global: desenvolvimento profissional de
professores/as. . . .644
Teresa Martins, Luís Santos
Comunidades escolares e o debate das energias disponíveis: caminho aberto à
consciência do uso energético sustentável. . . .653
Rafael Amaral, Vitor Hugo Manzke, Delmina Pires
Educación para el desarrollo e investigación colaborativa: la experiencia de SI-G y
UDC con los centros educativos. . . .659
Araceli Serantes Pazos, M. Dolores Cotelo Guerra, José Luis Iglesias Salvado, Helena Zapico Barbeito, M.Cristina Pérez Crego, Vanessa Pazos Leis, Ana Lampón Gude, María Paz Guitierrez
Feiras de ciências financiadas pelo CNPq/Br: análise do período 2010/2014. . . .667
Vitor Hugo Manzke, Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha, Daiane Aparecida Krewer, Gabriela Traversi
Formação em contexto, melhoria da escola e desenvolvimento do trabalho docente. . . 674
Joaquim Machado, Elza Mesquita
Mudanças climáticas e educação ambiental na formação de professores em Mato
Grosso, Brasil . . . .682
Giseli Dalla-Nora, Rosana Manfrinate, Araceli Serantes Pazos, Michèle Tomoko Sato
O ensino da música no século XXI: uma rede de possibilidades de formação . . . .689
Mário Cardoso, Levi Silva
Trabajando el modelo de ser vivo con futuros maestros: biodiversidad y evolución. . . .696
Anxela Bugallo-Rodríguez
Uma análise de como a história da ciência está sendo abordada no PNLD em relação à
gravitação universal de Newton . . . .704
Bruno Gomes da Silva, Nelson Marques, Daiane Aparecida Krewer, Cléo Barbosa Cardozo, Rafael Amaral, Janaina Antonovick do Amarilho
Uma experiência de formação de professores: sensibilizar para o desperdício alimentar.709
Elisabete Linhares, Marisa Correia
Índice de Autores
. . . 717Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica 577
Perceções das estudantes: processos de supervisão desenvolvidos na prática
de ensino supervisionada
Amélia Marchão1, Hélder Henriques1
ameliamarchao@esep.pt, helderhenriques@esep.pt
1C3i, Instituto Politécnico de Portalegre, Portugal
Resumo
Para sustentar um modelo coerente de prática profissional na formação inicial de educadores/as de infância não nos podemos desligar das características hodiernas da educação de infância nem de aspetos largamente consensuais e que derivam da investigação sobre a formação e desen-volvimento profissional. Referimo-nos à educação de infância alicerçada nas perspetivas socio construtivas que resiste à escolarização precoce das crianças e também à resistência da “acade-mização” da formação de educadores/as de infância e à necessidade da supervisão e do trabalho colaborativo entre “generalistas” e “especialistas”.
O que nos propomos partilhar é a reflexão sobre um modelo de concetualização e organização da prática de ensino supervisionada, a partir das perceções de 25 estudantes do mestrado em educação pré-escolar de uma escola superior de educação pública. Tendo por base um questio-nário que foi enviado a um conjunto de estudantes, tentámos perceber e interpretar a perceção das estudantes sobre os processos de supervisão desenvolvidos e sobre a importância que lhes atribuem no processo formativo e na construção da identidade profissional que em si emerge.
Palavras-Chave: educação de infância; formação de educadores de infância; supervisão.
1 Introdução
As instituições de educação de infância são contextos em que o papel pedagógico dos pro-fissionais deve ser profundamente diferenciado do modelo escolar tradicional.
A aceitação desta diferenciação e desta distância aos modelos escolares tradicionais leva-nos a assumir algumas especificidades das instituições destinadas à educação de infância que, no registo de Cardona (2006), se plasmam no seguinte: (i) o termo ensino é substituído pelo termo educação; (ii) os seus profissionais designam-se educadores e não professores; (iii) es-tes não dão aulas mas organizam atividades; (iv) não existem classes mas grupos; (v) não se utiliza a designação alunos mas crianças; (vi) não se utiliza a expressão sala de aula mas sala de atividades; (vii) e as instituições são jardins de infância e não são escolas.
Neste quadro de especificidades releva-se a importância do projeto de trabalho do educador de infância ser definido a partir das caraterísticas específicas das crianças do grupo, tendo em atenção os aspetos do seu desenvolvimento e das suas vivências socioculturais, bem como as características do contexto institucional e de, como a investigação demonstra, dever concor-rer para promover o desenvolvimento cognitivo, linguístico, emocional bem como as compe-tências sociais das crianças. A aceitação destas especificidades leva-nos a anuir que a forma-ção dos profissionais da educaforma-ção de infância deva também ela assentar em especificidades que, naturalmente é preciso assumir no processo formativo, em todas as suas áreas e com-ponentes, embora neste artigo se destaque a área de estágio e em particular o processo de supervisão.
578 Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica
reflexão do que ‘acontece’ e do que pode ser melhorado nos contextos educativos, não vin-cando impressões pessoais mas vinvin-cando o conhecimento que se tem vindo a construir. Este objetivo não é fácil de concretizar, sobretudo se a equipa de supervisão incluir diferentes “es-pecialistas” (de diferentes áreas de formação) e “generalistas” (entenda-se com formação em educação de infância) que, embora envolvidos num projeto comum, estão ligados a diferentes áreas do saber e a diferentes níveis de ensino, o que pode levar a visões mais hodiernas ou a visões mais tradicionais sobre o trabalho educativo-pedagógico a desenvolver no jardim de infância.
O trabalho supervisivo, na sua globalidade e numa perspetiva colaborativa, a assumir pelos intervenientes, influi diretamente nos processos formativos e, por isso, importa questioná-lo, ouvindo os principais intervenientes – os estudantes (agora já profissionais). É o que aqui procuramos fazer.
2 Perspetivas atuais da educação de infância e desafios para a formação dos
profissionais: processos de supervisão
Como sabemos, em Portugal, a resposta educativa assegurada pelos educadores de infân-cia deve alicerçar-se nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar que, não sendo um currículo formal/prescrito, instituem atitudes fundamentais a desenvolver de modo sis-temático na construção de propostas curriculares para cada grupo de crianças e possibilitam fundamentar diversas opções educativas ou currículos. Deste modo, o entendimento curri-cular para a educação de infância, de configuração lata e focalizada no desenvolvimento e na aprendizagem da criança bem como no seu bem-estar, coaduna-se com um projeto que se orga-niza e desenvolve tendo como pano de fundo os intervenientes principais (educador e criança) e aspirando que a criança afirme a sua identidade, as suas potencialidades e competências e que vá descobrindo os outros e a vida em cidadania efetiva (Marchão, 2012).
Ainda a sustentar esse currículo como projeto, concorrem, em nosso entender, as peda-gogias da infância em participação que, tal como salienta Oliveira-Formosinho (2007, p. 13), podem “reclamar uma herança rica e diversificada de pensar a criança como ser participante, e não como um ser em espera de participação” e que acredita que a criança tem direitos, tem competências e que a escuta da sua voz transforma a ação pedagógica numa atividade parti-lhada. Trata-se de uma criança que participa da construção da sua própria vida, determinando-a, com atividade e função, e com voz próprideterminando-a, rica em potencial, forte e poderosa (Dahlberg, Moss & Pence, 1999; Malaguzzi, 1993).
A pedagogia em participação é o oposto ao modo de fazer transmissivo, pois a participação implica escutar, dialogar e negociar; implica configurar “a ambiguidade, a emergência, o im-previsto como critério do fazer e do pensar, produzindo possibilidades múltiplas que definem uma pedagogia transformativa” (Oliveira-Formosinho, 2007, p. 19).
Fruto da investigação mais recente em educação de infância, e no quadro desta pedagogia, o educador precisa de entender a criança como sujeito competente e de direitos e, por isso, na estruturação da ação educativa-pedagógica parte dos seus interesses como motivação para a experiência educativa e tem da criança uma imagem construtora do conhecimento, com competência para ter voz no processo de ensino-aprendizagem. Parte das suas experiências e dos seus entendimentos sobre as coisas, bem como do universo social e cultural, interligando vários eixos: os objetivos da educação pré-escolar; as orientações curriculares definidas; a ideia da criança como ser competente e do modo integrado como ela se desenvolve e aprende; e a ideia do que se deve aprender no jardim de infância.
Face a este entendimento da educação de infância, face à pedagogia transformativa da in-fância e face a este modo de entender a criança, que educador de inin-fância devemos formar?
Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica 579
consensuais e que derivam da investigação sobre a formação e o desenvolvimento profissio-nal. A saber: (i) a prática profissional em contexto é o centro e o eixo estruturante da formação dos profissionais da infância; (ii) todas as componentes científicas, científico-didáticas e cur-riculares do saber profissional docente devem ser sustentadas na teoria, no rigor e na prática (questionada e refletida); (iii); a importância da lógica de projeto na organização da forma-ção; (iv) a necessidade de resistir à academização da formação de “professores de crianças” (Formosinho, 2002); (iv) a necessidade de alertar para o perigo de uma escolarização precoce das crianças como é dito no Relatório da OCDE sobre a Educação e Cuidados para a Infância (OCDE, 2006); (v) e a coerência da supervisão e do trabalho colaborativo entre “generalistas” e “especialistas” envolvidos na formação inicial.
Perante tais constatações assume-se a necessidade de processos de formação de índole socio construtivista, fazendo emergir o sujeito em formação (futuro profissional) através de interações entre os restantes intervenientes no projeto formativo, em particular supervisores da prática de ensino supervisionada.
É no âmbito dessas interações que se desenvolve o processo de orientação e de supervisão que se focaliza nos projetos de trabalho pedagógico desenvolvidos pelos futuros profissionais, estruturados por estes sob a orientação dos supervisores (bem como dos educadores coope-rantes), assumindo a especificidade e a dinâmica de cada contexto, desejavelmente sob a égide das pedagogias hodiernas e em participação como antes argumentámos.
Avocamos que neste processo ou modelo devem caber os contributos e intervenção efetiva dos diferentes supervisores “especialistas” nas diferentes áreas curriculares equivalentes à educação de infância e os contributos e intervenção dos supervisores “generalistas”, de modo a acautelar as especificidades próprias da educação de infância, nomeadamente a integra-ção curricular em detrimento de uma qualquer pedagogia mosaico, entre outros aspetos. Esta “coabitação” de supervisores nem sempre é fácil e pacífica e pode, em extremos negativos, conduzir a uma formação também do tipo mosaico, desarticulada ou exageradamente acade-micista (Formosinho, 2002); porém, ela pode ser benéfica, por via de um compromisso com a própria educação de infância instituído através de um conhecimento real e aprofundado da mesma, baseado nos resultados da investigação, da socialização e reflexão do conhecimento entre pares, e não baseado em experiências ou visões pessoais, por exemplo. Neste âmbito assume-se a supervisão partilhada
no sentido de ajudar o futuro professor supervisionado a desenvolver a sua profissiona-lidade, estimulando o seu desempenho também através de uma forma reflexiva e exer-cendo, deste modo, uma influência indireta na aprendizagem das crianças e melhoria dos contextos, e consequentemente, na qualidade da educação (Mesquita, Formosinho & Machado, 2012, p. 66).
Importa que, segundo os mesmos autores, a supervisão permita “aprender a prática”, construindo uma identidade profissional autónoma e reflexiva, que agilize o pensamento crí-tico e criativo atuante na mudança.
Assim, o supervisor deve orientar para a procura de indicadores de coerência ou de in-coerência do ambiente educativo e curricular, de acordo com os princípios e a natureza do currículo em educação de infância, nomeadamente: a existência de uma rotina securizante; a promoção de atividades significativas, o jogo e a exploração livre; a escuta e a participação das crianças nos processos de decisão, de planeamento e de ação; a emergência dos projetos resultado das interações entre as crianças e os adultos, entre outros, ou seja ajudar o futuro profissional na busca e construção de uma pedagogia em participação que considere a criança com agência, com competência, que tem direito a uma cultura pedagógica de qualidade ele-vada.
580 Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica
criança em particular, evocamos o pensamento de Vasconcelos (2009) a propósito da supervi-são como colocação de andaimes e, relembramos ainda, numa convocação do pensamento de Alarcão (2009), outras caraterísticas do supervisor que concorrem para a construção do pro-fissional docente: ter grande capacidade de observação e de interpretação; ter conhecimento dos conteúdos sobre as quais exerce a supervisão; saber ir buscar os saberes de referência; valorizar a dimensão da relação interpessoal; e manifestar inteligência interpessoal. Nestas características incluímos a necessidade de conhecer os modelos pedagógicos/curriculares da educação de infância, bem como o modo como aprendem as crianças que a frequentam.
3 Mapeamento e desenvolvimento do estudo
Inscrevemos este trabalho numa matriz interpretativa-reflexiva (Vilelas, 2009), no for-mato investigação-ação, na medida em que somos sujeitos intervenientes do contexto e pro-curamos respostas para a melhoria dos processos formativos, por via da implicação dos dife-rentes intervenientes.
Com este pequeno estudo, com uma natureza vincada a um contexto de formação inicial de educadores de infância com trinta anos de existência e que ao longo do tempo tem optado, em diferentes momentos, por “modelos” diferenciados de funcionamento da prática de ensino supervisionada (sobretudo ao nível da sua responsabilização/intervenção) - (i) supervisores “generalistas” ou (ii) supervisores “generalistas” e supervisores “especialistas” – pretende-mos centrar-nos no modelo (ii) e, porque o entendepretende-mos necessariamente colaborativo e em equipa, refleti-lo sob o “olhar” e opinião dos antes estudantes do Mestrado em Educação Pré-escolar.
Nesse sentido, selecionámos uma amostra aleatória de vinte e cinco estudantes (54% dos diplomados) que frequentaram o mestrado entre 2010 e 2015 a quem enviámos um questio-nário construído para o efeito. Este foi enviado e rececionado através da ferramenta “Formu-lários do Google”.
Partindo da documentação concetual e de funcionamento do mestrado, organizámos o ques-tionário, cujas questões foram agrupadas em dois blocos principais: identificação; e perceções sobre o processo de supervisão. No primeiro bloco pretendíamos identificar o sexo, a idade e ano de conclusão do mestrado; e no segundo bloco (questões fechadas e abertas) pretendíamos indagar sobre a importância da supervisão; sobre as perceções e ideias do processo vivenci-ado; e recolher sugestões. Algumas das questões fechadas foram respondidas através de uma escala estruturada em cinco parâmetros, sendo 1 nada importante; 2 pouco importante; 3 -nem muito -nem pouco importante; 4 - importante e 5 - muito importante. Outras questões fe-chadas foram respondidas numa escala com três valores, sendo 1 - não concordo; 2 - concordo e 3 - concordo totalmente.
Provimos ao tratamento das questões fechadas usando o programa Excel e desenvolvemos procedimentos de análise de conteúdo sobre a questão que diz respeito às ideias e sugestões sobre o processo de supervisão vivenciado.
A análise e interpretação das perceções dos participantes, marcada pela nossa reflexão ali-cerçada na vivência do próprio processo, permitiu-nos perceber a importância que atribuem à supervisão na sua trajetória formativa e na construção da identidade profissional que em si emerge.
3.1 Apresentação e análise dos resultados
As participantes do estudo (todas do sexo feminino) têm idades compreendidas entre os 22 e 28 anos e os 29 e os 32 anos de idade. Quatro concluíram o mestrado entre 2010 e 2011 e vinte e uma entre 2012 e 2015.
Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica 581
surgem alinhados com dados de outros estudos e que relevam e tornam indiscutível a presença da supervisão pedagógica na formação de docentes.
Questionadas sobre a importância da participação dos supervisores “generalistas e especi-alistas”, as participantes responderam de acordo com os dados que sistematizamos na tabela 1, e através da escala de 1 a 5:
Tabela 1: Importância da participação de diferentes supervisores
Supervisores/as 1 2 3 4 5
Da área da matemática 4 - 7 4 8 Da área do português 4 - 5 2 14 Da área das expressões 4 - 5 3 13 Da área do conhecimento do mundo 4 - 6 4 12 Com formação em educação de infância - - - 3 22
As respostas valorizam a participação de supervisores “especialistas e generalistas” no processo formativo, situando-se a maioria das respostas nas posições 3 (nem muito nem pouco importante), 4 (importante) e 5 (muito importante). O valor 1 (nada importante) foi consi-derado apenas para os supervisores “especialistas”, registando-se quatro respostas em cada área de especialização. Embora com pouco destaque a área de especialização “português” foi a considerada mais importante, seguindo-se da especialização “expressões”, da especialização “conhecimento do mundo”, e da especialização “matemática”. Sobre a participação de supervi-sores generalistas, as respostas apontam-na como uma participação importante (3 respostas) e uma participação muito importante (22 respostas).
Podemos analisar estes resultados apontando para as especificidades da educação de in-fância que antes evocamos e para uma afirmação da educação de inin-fância com um sentido não escolarizado, valorizando a comunicação, a expressão da criança, embora não esquecendo a sua relação com o mundo. Também os podemos cruzar com as respostas dadas pelas partici-pantes à questão que mais à frente se lhes colocou sobre as competências mais necessárias aos supervisores, destacando, por exemplo, “ter competências práticas (ter exercido a profissão de educadora de infância)”, “saber orientar os estudantes sobre os processos em educação de infância” ou “conhecer bem as creches e os jardins de infância”.
Desafiadas a avaliar a disponibilidade dos supervisores para apoiar a planificação e a re-flexão, as participantes dão as seguintes respostas: cinco situam a disponibilidade no nível 3; oito no nível 4 e 12 no nível 5. A maioria considera a disponibilidade dos supervisores no nível 3 e 4; destaque mínimo, já que 12 consideram-na no nível 5. Eventualmente, e entre outras razões, podemos considerar que os supervisores desenvolvem estas tarefas não em exclusivo, pois exercem a docência simultaneamente noutros cursos e com o desenvolvimento de outras atividades institucionais.
As competências mais necessárias (de uma lista de 13) e que o supervisor deve possuir são hierarquizadas do seguinte modo: ter competências práticas (ter exercido a profissão de educador de infância), apontada por nove participantes; saber orientar as estudantes sobre os processos em educação de infância, apontada por cinco participantes; deixar as estudantes serem criativas, apontada por quatro participantes; conhecer bem as creches e os jardins de infância, apontada por quatro participantes; promover a confiança nas estudantes, apontada por duas participantes; e estabelecer boas relações interpessoais com as estudantes, apontada por uma participante.
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Um conjunto alargado de competências listadas não mereceu a escolha das participantes: ter competências teóricas; ser autoritário com as estudantes; ser exigente com as estudantes; criarstressnas estudantes; ser controlador; ser experiente; ser diretivo.
Confrontadas ainda com mais algumas hipóteses de resposta, as participantes respondem conforme a tabela 2 e uma escala valorada de 1 a 3.
Tabela 2: Supervisores e supervisandos
O/A supervisor/a é alguém com quem as estudantes 1 2 3
estão à vontade - 2 23
não se inibem para discutir os problemas e as questões da prática e
ensino supervisionada - - 25
podem questionar e refletir sobre as atividades desenvolvidas - - 25 constroem confiança e autoconfiança - 1 24
As respostas, de modo maioritário, apontam para o supervisor como alguém com quem as estudantes se sentem à vontade, com quem podem discutir e refletir sem inibições as questões da prática e com quem constroem confiança e autoconfiança. Pensamos que demonstram que, para além de reconhecerem outras competências nos supervisores, as participantes elevam “qualidades” pessoais no supervisor que, podem ser encaradas, como condições fundamentais para que a estudante se forme num processo em que ela própria é a protagonista e em que vai ganhando autonomia e confiança necessárias ao longo da vida profissional.
Questionadas sobre o processo de supervisão vivenciado, e convidadas a deixar outras opi-niões ou sugestões, as participantes responderam em três categorias: importância da super-visão para o trajeto formativo; avaliação do processo desenvolvido; e sugestões. Plasmam-se algumas respostas.
Ao nível da importância da supervisão para o trajeto formativo:
Q1A supervisão foi bastante importante para nos ajudar a sentir mais confiantes e apoiadas.
Q9Foi bastante positivo, e valoro o trabalho dos meus supervisores, pois deram-me a autonomia necessária para o deram-meu crescideram-mento/desenvolvideram-mento enquanto futura educadora; ajudaram-me a desenvolver a minha autoconfiança, assim como estiveram sempre disponíveis(…).
Q10Foi o período mais importante na minha formação. Os momentos de supervisão são, sem dúvida, de nervosismo e de ansiedade, mas são fundamentais para o nosso crescimento e envolvência na profissão.
Q20Não imagino o curso sem estágio e sem supervisão. Ao nível da avaliação do processo desenvolvido:
Q3Basear a supervisão em confiança e boa disposição, em à vontade e na partilha de ideias e saberes.
Q15A supervisão a que fui sujeita correu bem, porque os diretores do curso[a diretora
com formação e exercício anterior em educação de infância]estiveram sempre presentes e ajudaram a equilibrar a orientação dos restantes supervisores.
Q21Sempre que precisei de ajuda tive sempre apoio dos supervisores e em particular da diretora do curso.
Q18É menos positivo quando todos os supervisores vão às salas e, sobretudo, quando vai mais do que um na mesma semana;
Q20Continuar a basear o processo de supervisão na confiança. Sugestões:
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Q25Por vezes, alguns supervisores das áreas deviam compreender melhor as peda-gogias da educação de infância e deviam compreender que os jardins de infância são contextos onde nem tudo se pode fazer.
Numa interpretação destes excertos, consideramos a valorização e a importância indis-cutível dos estágios e da supervisão pedagógica na formação de educadores de infância. As participantes, numa avaliação do processo que vivenciaram, destacam a confiança que deve existir, o equilíbrio que a supervisão “generalista” institui no processo e o stress pessoal/de contexto que deriva, eventualmente, do número de supervisores da equipa que acompanham e supervisionam as estudantes. Na realidade, considerando que cada estudante é orientada/su-pervisionada por um supervisor ligado a cada uma das áreas curriculares e por um supervisor “generalista”, este facto pode causar dificuldades na própria gestão do tempo, das planifica-ções e da ação que deve ser responsiva ao contexto e, sobretudo, às crianças e ao grupo e, ao mesmo tempo “agradar” à educadora e a toda a equipa supervisora.
As sugestões dadas apontam de novo alguma preocupação que deve presidir à equipa su-pervisora, ou seja, a necessidade de todos os envolvidos serem conhecedores da realidade, da profissão, da investigação e, particularmente, das pedagogias hodiernas da infância, do modo como estas consideram a criança, e dos riscos para uma eventual escolarização precoce.
4 Considerações finais
Os resultados deste pequeno estudo apontam para a importância da supervisão no plano formativo de educadores de infância. As participantes mencionam a necessidade da supervi-são como um processo que se desenvolve em interação positiva e focalizada nas especificida-des da educação de infância, o que reforça a argumentação com que sustentamos este texto. Validam a estruturação das equipas supervisoras, hierarquizando a importância da partici-pação dos supervisores das diferentes áreas de especialização, e justificando de modo claro a necessidade de as equipas integrarem supervisores com formação e prática na educação de infância. Os resultados levam-nos a configurar: (i) a necessidade de reforçar o diálogo entre os supervisores de modo a que a sua ação colaborativa se fortaleça através de um conhecimento cada vez maior da educação de infância, do que a investigação vem afirmando sobre ela e sobre a criança enquanto pessoa com agência; (ii) a necessidade de continuar a refletir sobre que educadores estamos a formar face aos desafios de uma pedagogia em participação e se esses educadores são competentes para travar o ímpeto de uma escolarização precoce das crianças; (iii) e a necessidade de travar uma formação “em mosaico” e desviante da construção de uma identidade profissional responsiva às exigências atuais da profissão de educador de infância.
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