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A palavra ecologia foi definida pela primeira vez em

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Academic year: 2022

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ECOLOGIA – CONCEITOS E ASPECTOS HISTÓRICOS

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palavra ecologia foi definida pela primeira vez em 1866, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel (aluno de Charles Darwin).

Segundo ele, e de maneira sintetizada se trata do estudo de todas as inter-relações complexas denominadas por Darwin como as condições da luta pela existência.

Outras definições foram propostas para distinguir a ecologia vegetal da ecologia animal, e outras propostas tratavam de relacionar com aspectos fisiológicos ou mesmo de distribuição e abundância. Krebs em 1972 a definiu como o estudo científico da distribuição e abundância de organismos e das interações que determinam a distribuição e abundância”. O conceito mais amplamente difundido em publicações acadêmicas pode ser assim definido: “Ecologia é a ciência pela qual estudamos como os organismos (animais, plantas e micróbios) interagem entre si e com o mundo natural .

Entretanto, deixando de lado o conflito gerado pelas inúmeras definições, e centrando o foco na questão principal, veremos que a simples pergunta “O que é ecologia?”, poderia ser substituída por questões mais objetivas: “O que fazem os ecólogos?”, “Em que os ecólogos estão interessados?” e “Onde a ecologia emerge em primeiro plano?”. Mas antes de buscar as respostas para estas indagações devemos procurar compreender os caminhos para o pensamento ecológico, que está fortemente ligado ao desenvolvimento do conhecimento humano. Estes caminhos que a

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humanidade vem trilhando, ao longo dos séculos. Essa história, que ficou conhecida como história natural, envolve tanto estudos das origens dos seres vivos, quanto das formações das terras e rochas no nosso planeta. A ciência emanada dessa história é a ferramenta com a qual contamos para responder a perguntas que intrigam a humanidade desde os primórdios de sua existência, Que mundo é este? De onde viemos? Em que direção devemos construir nosso futuro? Sempre que indagamos sobre a essência, a origem e o destino das coisas, acabamos nos reportando a Grécia antiga, onde se plantou a semente das modernas discussões ocorridas no mundo ocidental e das principais teorias científicas.

Os gregos não foram os primeiros a construir explicações para os fenômenos da natureza: todos os povos o fizeram, cada um a seu modo. A diferença é que as explicações propostas pelos gregos baseavam-se na razão, isto é, na investigação racional dos fenômenos naturais. Por isso, muitos conceitos criados por eles estão presentes ainda hoje nos modernos debates científicos. Muitos filósofos gregos se debruçaram sobre os enigmas da natureza na tentativa de decifrá-los.

Tales de Mileto (624-558 a.C.), foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia, representa o marco inicial da filosofia ocidental. Na linha evolutiva, desenvolveu o seguinte pensamento: “O mundo evoluiu da água por processos naturais”. Ele foi seguido por Empédocles (490-435 a.C.), um filósofo, médico, legislador, professor, mítico e profeta, que defendia a democracia e sustentava a idéia de que o mundo seria constituído por quatro

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princípios: água, ar, fogo e terra. No naturalismo esboçou o que podemos citar como os primeiros passos do pensamento Teórico Evolucionista “Sobrevive aquele que está mais bem capacitado”, aproximadamente 2460 anos antes de Charles Darwin (mencionado mais adiante).

No entanto, Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) influenciaram profundamente os rumos da história natural. Discípulo de Sócrates (470-399 a.C.), um dos mais importantes filósofos da Antiguidade, Platão, além da dedicação

pela divulgação das idéias do mestre, que se tornaram a base da filosofia, também desenvolveu uma obra vastíssima, abrangendo diversos ramos do conhecimento. Desta, a teoria das idéias foi sua maior contribuição para a compreensão da ordem existente no universo. Para Platão, existem dois níveis de compreensão do universo: o mundo das idéias, que é perfeito e imutável, e o mundo dos sentidos, uma cópia cheia de imperfeições desse mundo das idéias, e que está em constante transformação. Assim, todas as formas de vida conhecidas, no mundo dos sentidos, nascem, crescem e morrem. Mas a idéia padrão daquela forma permanece imutável. Ao considerar o mundo das idéias superior ao mundo dos sentidos e afirmar que o verdadeiro conhecimento deve ser o do mundo das idéias, Platão estava tentando resolver um antigo

Foto em preto e branco da obra renascentista "A Escola de Atenas", de Rafael Sanzio (1483-1520), pintada no Vaticano entre 1509 e 1510 para o Papa Júlio II.

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problema da filosofia grega: como os seres humanos podem chegar ao conhecimento da verdade, se o mundo a sua volta está em constante transformação? Por isso, a filosofia de Platão (assim como a de todas as correntes de pensamento que surgiram a partir dele) foi denominada idealista. Aristóteles, durante aproximadamente vinte anos, estudou filosofia em Atenas, na escola fundada por Platão para difusão e discussão de seu pensamento filosófico. Mais tarde desenvolveu um trabalho filosófico próprio, no qual discordava em muitos aspectos do pensamento de seu mestre. Para ele, acreditar num mundo das idéias independente do mundo dos sentidos significava duplicar a realidade – isto é, haveria sempre dois mundos, um real e outro ideal. Segundo Aristóteles, tudo que existe no universo é composto de matéria e forma, e essas duas características são inseparáveis (BRAGA, M. et. al., 2003).

Muito posteriormente Santo Agostinho (354-430 d.C), fundamentado nestes conceitos, e conciliando razão e fé, constituiu segundo a filosofia cristã, as bases do fixismo, que, como o próprio nome sugere, defende a idéia de que as espécies são fixas, isto é, imutáveis, independente do transcurso do tempo. Estes conceitos foram posteriormente consolidados durante a Idade Média, por outro filósofo de grande importância no mundo cristão - São Tomás de Aquino (1225-1274).

No século XVIII, um novo movimento filosófico, o iluminismo, teve repercussões em todas as áreas do conhecimento, principalmente na França, onde alcançou maior amplitude: O ideal de progresso apontava para a crença numa evolução da humanidade. A

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partir deste conceito, alguns naturalistas começaram a pensar: se as sociedades humanas são capazes de evoluir, é possível imaginar que a natureza possa se comportar de forma semelhante.

Ainda sob influência do fixismo, Car von Linné (1707- 1778) (um médico sueco), desenvolveu um método de classificação dos seres vivos, que se tornou a base da moderna taxonomia. O trabalho de Linné, denominado Systema Naturae (Sistema Natural), foi publicado em 1775 e depois completado em 1758. Criou também um processo bastante prático de identificação, conhecido como nomenclatura binomial (Gênero e espécie). Apesar de ter criado seu sistema a partir de uma visão fixista (atualmente considerada obsoleta) dos seres vivos, sua nomenclatura binomial é ainda nos tempos atuais, uma importante ferramenta na identificação das espécies.

Jean-Baptiste Pierre de Monet (Cavaleiro de Lamarck / 1744-1829), desenvolveu o primeiro modelo evolucionista, rompendo com o fixismo. Seu modelo aceitava a existência de uma cadeia de seres, alguns mais evoluídos e outros menos evoluídos. Três aspectos podem ser usados para sintetizar o evolucionismo de Lamarck:

■ As espécies interagem com o meio ambiente;

■ Ao interagirem, se transformam definitivamente, passando a utilizar com maior freqüência determinados órgãos, e deixando de lado outros, de modo que, a longo prazo, os órgãos mais utilizados se desenvolvem mais e outros sem uso atrofiam.

■ Os caracteres adquiridos são herdados pelos descendentes;

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Charles Darwin (1809 – 1882), fundou as bases da teoria moderna da evolução. Ele embarcou em 1831, na condição de naturalista, em uma expedição marítima a bordo do veleiro Beagle, organizada pelo almirantado britânico com o intuito de realizar medições geográficas de auxílio à navegação por todos os continentes.

Durante os cinco anos de viagem ao redor do mundo, conseguiu registrar uma vasta quantidade de informações sobre uma enorme variedade de ambientes. No entanto foi nas ilhas Galápagos onde realizou as observações mais evidentes para a fundamentação de seus estudos, desenvolvidos durante as duas décadas seguintes ao seu regresso.

Darwin contou com a colaboração de outro naturalista, Alfred Russel Wallace (1823-1913), que no período de 1847 a 1852 explorou e realizou coletas na bacia do Amazonas (Townsend, 2010), este escreveu para Darwin, descrevendo em toda a sua essência, a mesma teoria da evolução, na qual, o primeiro vinha trabalhando desde 1842. Darwin apresentou em 1º de junho de 1858, na Sociedade Lineense de Londres os resultados de seus estudos: “A ORIGEM DAS ESPÉCIES através da seleção natural”. A publicação da sua obra no ano seguinte, teve grande repercussão, esgotando-se rapidamente.

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Ao colocar o homem em pé de igualdade com todos os outros seres vivos, o evolucionismo rompeu com um pensamento secular. Mesmo os iluministas franceses do século XVIII, que procuraram romper com as abordagens místicas da natureza, acreditavam que o homem tinha um papel central dentro da nova ordem racionalista que pretendia difundir. Já o evolucionismo colocava em dúvida essa supremacia humana. Por isso, as conclusões de Darwin foram impactantes, para muitos teólogos, naturalistas e filósofos (BRAGA, M. et. al., 2003, pg. 50).

Apesar da complexidade de todos os aspectos abordados pelos trabalhos de Darwin, o processo de seleção natural por ele proposto pode ser sintetizado em dois pontos:

● Adversidades produzidas por alterações ambientais, poderiam levar a uma luta pela vida e, como conseqüência, a uma seleção natural, na qual, os indivíduos mais aptos tenderiam a sobreviver, e os menos aptos, morreriam sem deixar descendentes ou deixariam poucos descendentes. Assim, depois de certo tempo, a maioria dos indivíduos ou mesmo todos eles apresentariam as características mais adequadas às condições do meio;

● As transformações das espécies ocorrem lenta e gradualmente, formando ramificações derivadas de seres primários (árvore da vida de Darwin).

Após a publicação da obra de Darwin, os debates em torno do evolucionismo se ampliaram e logo ultrapassaram o âmbito puramente científico. Os seus livros foram proibidos em diversas bibliotecas de Universidades (principalmente as inglesas) que

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tinham forte influência religiosa [...] (BRAGA, M. et. al., 2003, pg.

53).

Até mesmo entre os simpatizantes do evolucionismo, havia uma importante corrente ideológica que rejeitava a idéia da seleção natural, aceitando as propostas formuladas por Lamarck sobre a herança dos caracteres adquiridos, como principal mecanismo do processo de evolução das espécies. Os historiadores da ciência denominaram esta corrente ideológica de neolamarckismo, sendo o pensamento mais difundido entre os estudiosos das ciências naturais, pelo menos até o final do século XIX.

No entanto novas idéias evolucionistas começaram a surgir no início do século XX, como resultado da divulgação dos trabalhos de Gregor Johann Mendel (1822 – 1884), que realizou diversos experimentos sobre hereditariedade e cujos resultados se tornaram a base da genética moderna, e pela colaboração de outros pesquisadores como Auguste Weismann (1834-1914) e Hugo de Vries (1848-1935). Muitos historiadores da ciência consideram que os trabalhos destes pesquisadores, forneceram os elementos sobre a hereditariedade, que faltavam para a fundamentação desta nova corrente de pensamento evolucionista, denominada de neodarwinismo. Esse conjunto de teorias auxiliares ao evolucionismo de Darwin formou um poderoso modelo explicativo que foi se consolidando ao longo do século XX.

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Bibliografia

BRAGA, M.; GUERRA A.; REIS, J. C. Darwin e o pensamento evolucionista. São Paulo:

Atual, 2003.

TOWNSEND, C.R. Fundamentos em ecologia. 3a ed., Porto Alegre: Artmed, 2010.

Referências

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