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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2021

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.20.012064-0/001

Número do Númeração 0120657-

Des.(a) Baeta Neves Relator:

Des.(a) Baeta Neves Relator do Acordão:

26/05/0020 Data do Julgamento:

27/05/2020 Data da Publicação:

EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - AGRESSÃO FÍSICA PRATICADA POR ALUNA DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR - REGIMENTO INTERNO DA FACULDADE - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO - OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL - NÃO CONFIGURAÇÃO - SANÇÃO PREVISTA - DESLIGAMENTO. O desligamento de aluno é ato constitutivo de direito que deve ser precedido de processo administrativo, conferindo à parte interessada o devido processo legal, com observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sob pena de afronta ao art. 5º, LIV e LV da CF/88. Realizado o correto procedimento administrativo para apuração dos fatos ocorridos e tendo sido observado o contraditório e a ampla defesa, cabe à instituição de ensino aplicar a penalidade compatível prevista no seu regimento interno.

AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0000.20.012064-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): ELAINE GOMES MOURA - AGRAVADO(A)(S): LAEL VARELLA EDUCACAO E CULTURA LTDA A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECUSO.

DES. BAETA NEVES

RELATOR.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. BAETA NEVES (RELATOR)

V O T O

Trata-se de agravo de instrumento interposto por ELAINE GOMES MOURA contra a decisão de ordem nº 20, proferida pela MM. Juíza de Direito da 22ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte que, nos autos da

"ação declaratória de nulidade de ato jurídico c/c danos morais", ajuizada em desfavor de LAEL VARELLA EDUCAÇÃO E CULTURA LTDA, indeferiu a tutela de urgência requerida pela autora, que objetivava determinar o seu retorno à faculdade.

Em minuta recursal, a agravante afirma que estão presentes os requisitos necessários para a concessão da tutela pretendida. Aduz que não teve a oportunidade de se defender das alegações dos demais envolvidos e não pôde recorrer da decisão que determinou seu desligamento. Explica que o perigo da demora está consubstanciado no fato de que corre risco de perder sua bolsa de estudos do ProUni e seu estágio no TRE.

Alega, ainda, que o processo administrativo instaurado pela agravada sequer atende aos princípios do contraditório e da ampla defesa, já que no comunicado enviado à agravante foi apenas solicitada a sua presença para prestar esclarecimentos dos fatos ocorridos. Acrescenta que não teve acesso aos demais documentos e depoimentos do processo administrativo.

Diante disso, requer seja dado provimento ao recurso, para reformar a

decisão agravada, determinando seu retorno à faculdade.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

O pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal foi indeferido (ordem 45).

A parte agravada apresentou contraminuta, afirmando que, ao contrário do alegado pela agravante, esta teve amplo, total e irrestrito acesso à íntegra do processo administrativo que culminou na penalidade imposta, e que inclusive teve diversas oportunidades para se manifestar e produzir provas.

(ordem nº46).

É o relatório.

Passo a decidir.

Conheço do recurso, eis que presentes os seus pressupostos de admissibilidade.

Colhe-se dos autos que a autora, ora agravante, ajuizou a presente ação narrando que é estudante do 4º período do curso de Direito ministrado pela requerida e que, no dia 04/09/2019, envolveu-se em um problema disciplinar causado por terceiros, que culminou em uma séria discussão entre colegas com resultado em vias de fato.

Afirmou que, no dia 05/09/2019, foi criada uma comissão administrativa pela ré, para apurar os fatos ocorridos no fatídico dia, sendo que o ato administrativo que criou a comissão não previu apresentação de defesa pela discente ou possibilidade de recurso.

Explicou, ainda, que após o trâmite do processo administrativo, em 23/09/2019, a requerida aplicou em face da autora a pena de desligamento da faculdade, sendo que tal decisão foi comunicada no horário de aula, sujeitando-a a uma situação vexatória.

Por fim, ressaltou que o processo administrativo não observou os

princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo em vista que a faculdade

foi notificada extrajudicialmente para fornecer a integralidade dos autos à

autora e, mesmo assim, não lhe deu

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resposta.

Diante disso, requereu a concessão de tutela de urgência, para que a ré fosse compelida a reintegrar a autora à faculdade, a fim de que ela pudesse retomar suas atividades escolares.

Por sua vez, a d. Magistrada de origem indeferiu o pedido nos seguintes termos:

"No presente caso, não se verifica a probabilidade do direito, pois a causa de pedir da autora funda-se na irregularidade do procedimento administrativo desenvolvido pela ré, que em regra é válido, sendo necessária análise judicial para se afastar a sua validade. Desta feita não é possível verificar, em sede de cognição sumária, a irregularidade do procedimento, sendo matéria que depende de dilação probatória.

Destaca-se ainda que em que pese a parte autora alegar cerceamento de defesa nota-se pelo documento ao Id de nº 93083305, no art. 3 que foi-lhe facultado o comparecimento para prestar esclarecimentos, oportunidade na qual poderia exercer sua defesa, prevendo também que a ata dos atos ocorridos deveria ser assinada pelas discentes.

Pelo exposto, ausente o requisito da probabilidade do direito mostra-se inócua a análise do perigo de dano uma vez que para a concessão da tutela é necessária a demonstração concomitante dos requisitos. Assim, INDEFIRO O PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA."

Contra tal decisão insurge-se a agravante, nos termos já relatados.

Pois bem.

A princípio, necessário esclarecer que a causa de pedir da autora funda-

se na alegação de irregularidade do procedimento administrativo

desenvolvido pela requerida, ao passo que, até o presente o momento, não

foram apresentados indícios de que o procedimento não foi realizado da

forma correta.

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Isso porque, analisando a íntegra do documento produzido pelo procedimento administrativo (ordem nº13), depreende-se que a agravante prestou depoimento à comissão instaurada para apuração dos fatos ocorridos no dia 04/09/2019 e que todas as outras pessoas envolvidas no conflito também foram ouvidas.

Tal documento ainda esclarece que "a todos os sujeitos que foram ouvidos foi concedido o direito de permanecerem calados, bem como o direito de produzirem e juntarem as provas que entendiam pertinentes para provarem suas alegações, como mensagens de áudio, texto, dentre outros"

(p. 02).

Não bastasse, consta dos autos o e-mail de ordem nº 12, enviado para a autora, ocasião na qual lhe foi facultado o comparecimento para prestar esclarecimentos, momento em que poderia exercer sua defesa e apresentar as provas pertinentes.

Por oportuno, cabe ressaltar que, além da produção de provas testemunhais, foram produzidas também provas materiais, tais como:

capturas do conteúdo de conversas virtuais entre os envolvidos e análise de imagens gravadas pelas câmeras de segurança da faculdade.

No que tange especificamente às provas testemunhais, verifica-se que a agravante, segundo os depoimentos prestados, ameaçou e perseguiu outra aluna nos arredores da faculdade, acompanhada de sua colega Juliana, em diversas oportunidades.

Já em relação às provas materiais, extrai-se também que as câmeras de segurança da faculdade gravaram a recorrente agredindo fisicamente a aluna Júlia, que estava caída ao chão após ter sido derrubada pela Juliana.

Desse modo, ao que tudo indica, o procedimento administrativo seguiu as

regras necessárias e observou os princípios constitucionais da ampla defesa

e do contraditório, considerando que a agravante foi

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convocada para prestar esclarecimentos e que todos os envolvidos prestaram seus depoimentos, sendo que, a princípio, foi oportunizada a todos a chance de expor suas versões.

Quanto à alegação da agravante de incompatibilidade da penalidade aplicada com o disposto no Regimento Interno da faculdade, também entendo que razão não lhe assiste, pelos motivos que passo a expor.

Segundo o Regimento Interno da FAMINAS (ordem nº02), verifico que o art. 158 dispõe que a aplicação de penalidade é feita após o processo administrativo, que deve ser instaurado pelo diretor e observar os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Como já ressaltado, foi emitida uma portaria, pelo Diretor de Ensino da FAMINAS-BH, para estabelecer uma Comissão Administrativa, no intuito de apurar e decidir sobre o fato ocorrido (ordem nº 11), da qual decorreu o processo administrativo juntado ao feito (ordem nº13), inexistindo vício capaz de anular tal procedimento.

Por sua vez, a agravante afirma que as alegações de perseguição e ameaças fora da faculdade, sustentadas por diversas testemunhas, não foram devidamente comprovadas, de modo que a penalidade correta a ser aplicada no caso seria a suspensão, pelo prazo de até 30 dias, como preceitua o art. 168, I, do Regimento Interno (ordem 02):

"Art. 168. A pena de suspensão, de até 30 (trinta) dias, é aplicável:

I - por agressão a outro aluno;

I I - p o r o f e n s a a q u a l q u e r m e m b r o d o s c o r p o s d o c e n t e o u t é c n i c o a d m i n i s t r a t i v o ;

III - por improbidade na execução dos trabalhos acadêmicos;

IV - por ofensa moral ao Diretor da Faculdade de Minas - BH, ou a qualquer

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autoridade da administração;

V - por atentado doloso contra o patrimônio moral, científico, cultural ou material da Faculdade de Minas - BH; e

VI - pela tentativa de impedimento do exercício de funções pedagógicas, científicas ou administrativas da Faculdade."

Todavia, a FAMINAS decidiu pelo desligamento da aluna, enquadrando a situação fática no art. 169, III, do Regimento Interno, que dispõe o seguinte:

"Art. 169. A pena de desligamento é aplicável:

I - pela reincidência em infrações referidas nos itens V e VI do artigo anterior;

II - por agressão ao Diretor, ou a qualquer membro dos corpos docente ou técnico-administrativo; e

III - por atos incompatíveis com a dignidade da vida escolar."

Ora, demonstrada a observância ao princípio da ampla defesa, fato é que cabe à comissão instaurada para analisar o conflito ocorrido no dia 04/09/2019 decidir sobre a penalidade a ser aplicada, considerando todo o escorço fático apresentado, sendo essa uma decisão de caráter interno.

Embora a redação do mencionado inciso seja aberta a interpretações

variadas, não se pode olvidar que perseguir e ameaçar colegas de faculdade

com pretensões violentas não são atos compatíveis com o exercício digno da

vida escolar. E, a meu ver, o conteúdo dos depoimentos prestados pelas

testemunhas, somado às imagens captadas pelas câmeras de segurança da

FAMINAS, demonstra que a agravante teve, em mais de um momento,

conduta contrária ao convívio saudável que deve existir no ambiente escolar.

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De mais a mais, vislumbra-se a necessidade de maior dilação probatória sob o crivo do contraditório, não sendo possível, neste juízo de cognição sumária, aferir a probabilidade do direito invocado na exordial.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo-se incólume a decisão agravada.

Custas, ao final, pela parte vencida.

DES. MOTA E SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ARNALDO MACIEL - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"

Referências

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