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A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

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A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

THE IMPORTANCE OF CARDIOVASCULAR REHABILITATION IN PATIENTS WITH ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION

Juliana Rodrigues1, Giulliano Gardenghi2

1. Fisioterapeuta, Pós-graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada - CEAFI Pós-Graduação/GO.

2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP, São Paulo – SP; Coordenador científico do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada – CEAFI, Goiânia – GO; Coordenador científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE, Aparecida de Goiânia – GO; Coordenador do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo – SP. Coordenador do serviço de Fisioterapia do Hospital de Urgência de Goiânia.

Autora correspondente:

Juliana Rodrigues

Avenida Minas Gerais n° 127, Bloco 24 Apto 104, Residencial Jardim Mariana.

Bairro Bouganville. CEP: 76383-051 E-mail: juliana.intramed@gmail.com

Goiânia – GO Maio/2017

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Resumo

Introdução: A reabilitação fisioterápica vem sendo realizada em pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), visando o restabelecimento imediato das funções motora e respiratória, no intuito de voltar às atividades de vida diária o mais breve possível. O fisioterapeuta participa de todo o processo de recuperação dos pacientes desde a admissão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até após a alta hospitalar com treinos de exercícios específicos abordando todas as fases de reabilitação cardíaca. Objetivo: Compreender os efeitos da reabilitação fisioterápica em pacientes com IAM. Métodos: Foi realizada uma análise em artigos publicados entre 2004 a 2016. Resultados: Nos estudos abordados, observou-se que a RC representa uma forma segura e viável, com uma melhora na qualidade de vida dos pacientes que sofreram IAM, devolvendo-os o mais rápido para as atividades sociais e laborais. Conclusão: Os pacientes que foram submetidos a RC apresentaram bons resultados hemodinâmicos, com melhores capacidades físicas e funcionais para desempenhar suas atividades.

Palavras Chaves: Infarto Agudo do Miocárdio, Unidades de Terapia Intensiva, Fases da Reabilitação Cardíaca, Reabilitação Fisioterápica.

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Abstract

Introduction: Physical therapy rehabilitation has been performed in patients with acute myocardial infarction (AMI), aiming at the immediate reestablishment of motor and respiratory functions, in order to return to activities of daily living as soon as possible. The physiotherapist participates in the entire process of patient recovery from admission to the Intensive Care Unit (ICU) until after discharge from the hospital with specific exercise training addressing all phases of cardiac rehabilitation. Objective: To understand the effects of physical therapy rehabilitation in patients with AMI. Methods: A review was performed on articles published between 2004 and 2016. Results: In the studies studied, it was observed that CR represents a safe and viable way, with an improvement in the quality of life of patients who suffered AMI, returning them to the Faster for social and work activities.

Conclusion: Patients who underwent CR had good hemodynamic results, with better physical and functional abilities to perform their activities.

Key Words: Acute Myocardial Infarction, Intensive Care Units, Cardiac Rehabilitation Phases, Physiotherapeutic Rehabilitation.

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 17,5 milhões de pessoas por ano são vítimas das doenças cardiovasculares, sendo que 75% das mortes registradas são em países de baixa e média renda, e 80% dos óbitos são causados por derrame e ataques cardíacos1.

As doenças cardiovasculares representam uma das maiores causas de mortalidade em todo o mundo. Dentre elas, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) possui uma taxa de mortalidade em torno de 6% a 8%. O IAM ocorre devido à necrose das células miocárdicas pela oferta inadequada de oxigênio ao músculo cardíaco. É causado pela redução do fluxo sanguíneo coronariano de magnitude e duração suficiente para não ser compensado pelas reservas orgânicas, levando a isquemia e por consequente à necrose. Porém apesar de seu risco para a vida, houve a diminuição da mortalidade hospitalar devido às novas abordagens de tratamentos inseridas no cotidiano das Unidades de Terapia Intensiva para recuperação desses pacientes críticos2.

Para um bom prognóstico desses pacientes faz-se necessário o rápido reconhecimento clínico da doença objetivando reduzir a necrose miocárdica; prevenir eventos cardíacos maiores (morte, IAM não fatal e necessidade de revascularizações miocárdicas de urgência); e o tratamento adequado da fibrilação ventricular - principal responsável pela mortalidade nas primeiras horas do IAM2.

Atualmente, a reabilitação fisioterápica em pacientes com IAM visa o restabelecimento das funções motora e respiratória, atuando desde a admissão do doente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) - participando nas manobras de higiene brônquica, exercícios de expansão pulmonar, estímulo de tosse, dessa forma priorizando a função respiratória; já em análise da função motora, objetiva-se a mobilização precoce, com o intuito de minimizar as alterações relacionadas ao imobilismo, sedestação fora do leito e deambulação precoce -, evoluindo até a alta hospitalar com exercícios sendo controlados a distância, tornando-se uma rotina na vida do paciente cardíopata3.

A reabilitação cardíaca (RC) de pacientes com IAM objetiva reduzir os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito, controlar as alterações psicológicas e reduzir a permanência na unidade hospitalar4.

Diversos estudos demostram a importância da reabilitação cardíaca como melhora da qualidade de vida e capacidade funcional do paciente. O principal objetivo dos programas de reabilitação cardíaca é permitir aos cardiopatas voltarem o mais rápido as suas atividades

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laborais, minimizando as possíveis limitações impostas pela patologia, num menor tempo possível4.

Esse artigo tem por objetivo fazer uma revisão do tema proposto a fim de contribuir com uma melhor atuação dos profissionais de fisioterapia nas unidades hospitalares até a alta do paciente, sendo encaminhado para programas de RC visando esclarecer seus benefícios para promover melhor qualidade de vida no pós-IAM.

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METODOLOGIA

Este estudo foi construído a partir de análises bibliográficas de artigos científicos, Diretriz de Reabilitação Cardíaca, Diretriz Sul-Americana de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular, Diretriz de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica: Aspectos Práticos e Responsabilidades, encontrados no Pubmed, Scielo, Google Acadêmico, Bireme. Foram selecionados artigos entre os anos de 2004 a 2016, sendo escritos em Português e Inglês.

Palavras-chaves utilizadas: Infarto Agudo do Miocárdio, “Acute Myocardial Infarction”, Unidades de Terapia Intensiva, “Intensive Care Units”, Fases da Reabilitação Cardíaca,

“Cardiac Rehabilitation Phases”, Reabilitação Fisioterápica, “Physiotherapeutic Rehabilitation”.

A pesquisa levou em consideração a análise das fases da reabilitação fisioterápica de pacientes com infarto agudo do miocárdio e o papel fundamental do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva.

Foram analisados 22 artigos, sendo que após leitura, foram utilizados 13 como critérios de inclusão por se tratar diversas abordagens das fases de reabilitação cardíaca em pacientes com IAM. Foram excluídos 9 artigos por estarem foram do período proposto ou não abordar o tema de RC em paciente com pós IAM.

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RESULTADOS

Os estudos sobre RC, que foram encontrados durante o levantamento bibliográfico estão relacionados no quadro, com seus objetivos propostos, condutas realizadas e resultados encontrados.

Quadro 1: Quadro comparativo de resultado entre os autores.

Autor do Estudo

Nº de

participante Objetivos Conduta realizada Conclusão

Rognmo et al 20048

21 pacientes

O objetivo deste estudo realizado na fase II, foi avaliar os efeitos do exercício de intervalo aeróbio de alta intensidade em relação ao exercício de intensidade moderada, representando a mesma carga de treinamento total, para aumentar o VO2pico em pacientes com DAC estável.

O pacientes foram distribuídos aleatoriamente para caminhar supervisionado caminhando em alta intensidade (80-90% de VO2pico) ou intensidade moderada (50-60% de VO2pico) três vezes por semana durante 10 semanas.

O exercício de intervalo aeróbio de alta intensidade é superior ao exercício moderado para aumentar o VO2pico em pacientes com DAC estável.

Izawa et al 20049

124 pacientes

O estudo examinou o impacto de um programa de rea- bilitação cardíaca, na fase II, de 8 semanas, sobre resultados fisiológicos e qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes com IAM.

Os pacientes foram divididos em grupo de treinamento supervisionado ambu- latorial e grupo controle, sendo avaliado a absorção de VO2pico, a força do punho e a força muscular da extensão do joelho e a qualidade de vida preenchida no SF-36.

Oito semanas de treinamento físico têm efeitos específicos sobre a melhora da qualidade de vida e resultados fisiológicos nos pacientes com IAM.

Meirelles et al 200610

28 pacientes

O objetivo desse estudo é analisar os efeitos do exercício físico sobre variáveis hemo- dinâmicas e metabólicas.

Na fase II do programa de RC foi composta de pacientes pertencentes aos grupos controle e exercício. No grupo controle, foram admitidos pacientes que não realizaram exer- cícios físicos entre as duas avaliações (0 e 6 meses), enquanto que no grupo de exercícios foram incluídos aqueles que tiveram assiduidade igual ou superior a 75% nas sessões de reabilitação.

Conclui-se que o programa de RC apresenta uma diversidade de benefícios para o paciente cardio- pata como diminuição do percen- tual de gordura e da circunferência abdominal, diminuindo o risco de reincidência da doença cardio- vascular; melhora do quadro glicêmico, diminuição das frações de LDL-c, redução das frações de triglicerídeos e PCR, houve melhora na FCmáx, VO2.

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Autor do Estudo

Nº de

participante Objetivos Conduta realizada Conclusão

Milani et

al 200711 63 pacientes

Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbico nas variáveis cardiovasculares em pacientes coronáriopatas participantes do PRC.

O programa de reabilitação cardiovascular foi realizado na fase II, utilizando-se exercícios aeróbicos de moderada intensidade, em 50 a 70% da frequência cardíaca de reserva, com base nos valores de frequência cardíaca de pico ou frequência cardíaca positivada obtida no teste ergométrico. A duração dos exercícios físicos foi de 20 a 30 minutos, além de fases de aquecimento inicial e desaquecimento final, com cargas de menor intensidade e duração de 5 minutos.

A reabilitação cardiovascular melhorou a capacidade física e o limiar isquêmico de pacientes participantes do PRC. O benefício na capacidade física foi maior nos pacientes com menores valores iniciais de consumo de oxigênio pico.

Kida et al

200812 70 pacientes

O estudo analisado na fase II do programa de RC foi realizado para comparar o ganho de resistência ao exercício, a força e o volume do músculo esquelético em pacientes com IAM até 3 meses após o início

Os pacientes foram divididos em dois grupos com base no volume muscular do membro inferior. E todos os pacientes participaram do programa de treinamento de exercícios de 12 semanas.

O programa de RC combinado com resistência e treinamento aeróbico melhorou a capacidade de exercício e aumentou não o volume muscular esquelético, mas a força muscular esquelética em pacientes com IAM na fase de recuperação.

Lee, et al

200813 39 pacientes

O objetivo deste estudo foi determinar o efeito da RC em reserva de perfusão miocar- díaca no paciente infartado e no paciente controle.

Foram selecionados 2 grupos: Grupo de treinamento com participação da fase II de RC por 3 meses com uma intensidade de exercício de 55% a 70%

da absorção máxima de oxigênio (VO2). E grupo de não-treinamento continuaram seu estilo de vida habitual.

A RC melhora a reserva de perfusão no miocárdio infartado e controle, com um aumento paralelo na capacidade de exercício.

Bachur et

al 200914 9 pacientes

Comparou as respostas de FC e de PA durante o repouso e pós-treino.

Os pacientes foram submetidos a fase II num total de 12 sessões de exercícios aeróbios, três vezes por semana, durante 50 minutos, intensidade 60% da FCmáx. A FC e a PA foram mensuradas durante todo o período de treinamento. Após as 12 sessões, os indivíduos foram submetidos à avaliação de força inicial para dar início ao treinamento de resistência elástica com Thera-band.

Foi escolhido o quadríceps femoral como grupo muscular para ser trabalhado.

Ocorreu aumento na PAD pós- exercício de resistência elástica.

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Autor do Estudo

Nº de

participante Objetivos Conduta realizada Conclusão

Berry et

al 201015 37 pacientes

Avaliar os efeitos meta- bólicos, hemodinâmicos e bioquímicos obtidos através do programa de reabilitação cardíaca após IAM.

Estudo prospectivo observacional, com prescrição do exercício individual, na fase II de reabilitação, três vezes por semana, 90 minutos por sessão, e intensidade de esforço determinada pelo limiar ventilatório obtido através do teste de exercício cardiorrespiratório.

A RC melhora a capacidade funcional, a eficiência do sistema cardiorrespiratório e o perfil bioquímico dos pacientes pós- IAM.

Aamot et

al 201016 39 pacientes

O objetivo foi avaliar o efeito de um início precoce (fase II) do treinamento físico em pacientes com IAM.

Um grupo de pacientes foi submetido imediatamente pós IAM ao treinamento inicial de exercícios de baixa intensidade, duas vezes por semana durante quatro semanas antes de entrar na fase de exercícios de moderada intensidade. E o outro grupo controle teve o início de treinamento atrasado, começando diretamente os exercícios de moderada intensidade após 4 semanas.

Um início precoce do treinamento de exercícios não aumentou VO2pico em comparação com 4 semanas de atraso. Para pacientes de baixo risco com alta motivação para treino físico, a caminhada em casa é uma opção como um início moderado da reabilitação cardíaca as primeiras semanas pós IAM.

Benetti et

al 201017 87 pacientes

Objetivo de comparar o efeito de diferentes intensidades de exercício aeróbio sobre a capacidade funcional dos pacientes (VO2pico) e qualidade de vida após infarto agudo do miocárdio.

Aos indivíduos participantes da fase II de reabilitação, foram atribuídos um programa de exercícios aeróbicos de alta intensidade atingindo em torno de 85% da frequência cardíaca máxima, um programa de exercícios aeróbicos de intensidade moderada atingindo 75% da frequência cardíaca máxima, ambos os grupos com exercícios aeróbicos cinco vezes por semana durante 45 minutos e a um grupo controle.

Exercícios de maior intensidade resultaram em um aumento da capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes após IAM.

Barbosa et al 201118

10 pacientes

O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida em pacientes com doença arterial coronariana, submetendo-os a um programa de reabilitação semisupervisionada fase II.

Este estudo teve caráter quantitativo, descritivo e comparativo. Foram analisadas as variáveis: IMC, massa corpórea, PAS, PAD, CA e um questionário MOS SF-36.

Os dados obtidos mostraram que o PRC influenciou na redução da circunferência abdominal e melhorou a qualidade de vida dos pacientes em relação ao questionário MOS SF-36.

Hiss et al

201219 51 pacientes

Avaliar as respostas autonômicas e hemodi- nâmicas de pacientes pós-IAM submetidos ao primeiro dia de protocolo de FTCV fase I, bem como sua segurança.

Foram submetidos ao primeiro dia do protocolo de fisioterapia cardiovascular fase I, em média 24 horas pós-IAM. , avaliado por meio das respostas da modulação autonômica da FC, respostas hemodinâmicas e de dados clínicos de pacientes pós-IAM

O exercício realizado foi eficaz, pois promoveu alterações hemodinâmicas e na modulação autonômica nesses pacientes, sem ocasionar qualquer intercorrência clínica.

(10)

Autor do Estudo

Nº de

participante Objetivos Conduta realizada Conclusão

Ribeiro et

al 201220 38 pacientes

Avaliar os efeitos do treinamento físico sobre a função autonômica em pacientes com doença arterial coronariana em recuperação do IAM.

Pacientes randomizados em 2 grupos:

treinamento e controle de exercícios. O grupo de exercícios de treinamento participou de um programa de exercícios aeróbicos, na fase II, por 8 semanas, enquanto o controle recebeu atendimento médico padrão e acompanhamento.

Exercício de treinamento melhorou a função autonômica, avaliada pela recuperação da frequência cardíaca de repouso e PAS, na ausência de mudanças na dieta ou medicação. E não foram observadas alterações significativas no grupo de controle.

Legenda: DAC: Doença Arterial Coronariana; VO2pico: Volume de oxigênio de pico; IAM: Infarto Agudo do Miocárdio; RC: Reabilitação Cardíaca; SF-36: Formulário Curto 36 do Estudo de Resultado Médico; LDL-c: LDL-Colesterol; PCR: Proteína C-Reativa; FCmáx:

Frequência Cardíaca Máxima; FC: Frequência Cardíaca; PA: Pressão Arterial; PAD: Pressão Arterial Diastólica; PAS: Pressão Arterial Sistólica; PRC: Programa de Reabilitação Cardíaca; IMC: Índice de Massa Corporal; CA: Circunferência Abdominal; Questionário MOS SF-36: questionário Medical Outcome Study Short Form- 36; FTCV: Protocolo de Fisioterapia Cardiovascular;

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DISCUSSÃO

Durante o programa de reabilitação cardíaca são tomadas medidas para que o paciente possa alcançar uma vida normal, realizar suas Atividades de Vida Diária (AVD), além de garantir ao cardiopata melhores condições sociais, mentais e físicas. São procedimentos benéficos aos pacientes que resulta em melhora na capacidade funcional, redução de fatores de risco, melhora na qualidade de vida, redução dos sintomas e detecção precoce de sinais e sintomas que antecedem várias complicações7.

Segundo a Diretriz Sul-Americana de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular5, o programa de reabilitação cardíaca deve ser iniciado ainda dentro ambiente hospitalar de maneira o mais precoce possível, visando à recuperação funcional do paciente. Dessa forma a RC se divide em 4 fases logo descritas:

Na fase 1 – Hospitalar: essa fase tem início ainda dentro da UTI, pois é a fase de realização de exercícios simples de baixa intensidade como: terapias de higienização brônquicas e manobras de expansão pulmonar, melhora da mobilidade de caixa torácica com ganhos de amplitude de movimento e elasticidade para os músculos respiratórios, exercícios ativos para ganho de funcionalidade, treino de marcha em superfícies planas e com degraus, reduzindo os efeitos do imobilismo, fazendo com que o paciente tenha autoconfiança, dessa forma diminuindo o tempo de permanência hospitalar. A fase 1 terá a duração de aproximadamente 20 minutos, duas vezes ao dia, avaliando os sinais e sintomas apresentados pelo paciente a todo momento5.

Na fase 2 – Ambulatorial: A Diretriz de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica:

Aspectos Práticos e Responsabilidades6, diz que essa é a primeira etapa extra-hospitalar. Essa fase é iniciada após a alta hospitalar com duração média de três a seis meses, podendo se estender por mais tempo de acordo com a clínica do paciente. Deve conter exercícios de baixa intensidade e baixo impacto nas primeiras semanas como forma de adaptação inicial e prevenção de lesões musculoesqueléticas. Pode funcionar com uma equipe multiprofissional (médico, fisioterapeuta, professor de educação física, enfermeiro, nutricionista e psicólogo) individualizado em termos de intensidade, duração, frequência, modalidade de treino e progressão. Nessa fase, também se torna necessário à avaliação de frequência cardíaca, pressão arterial, saturação de oxigênio, glicemia e monitoração eletrocardiográfica. Dessa forma há um programa educacional direcionado a mudanças de estilo de vida, priorizando reeducação alimentar, abandono ao tabagismo, prática de atividades física regulares, com intensidade progressiva, contribuindo para o retorno o mais breve do paciente às atividades sociais e laborais, nas melhores condições físicas e emocionais5, 6.

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Na fase 3 e 4 – É um programa de longo prazo, com duração média de 6 a 24 meses.

Atende imediatamente os pacientes liberados da fase 2, continuando com a supervisão de profissional especializado em exercícios físicos, com o objetivo principal de aprimoramento da condição física, levando em consideração a promoção de bem estar e redução de complicações clínicas. A diferença das fases 3 e 4 consiste apenas pelo acompanhamento do protocolo de reabilitação a distância, também sendo conhecida como fase não supervisionada.

Os pacientes da fase 4 devem realizar consultas e exames periódicos pelo menos uma vez a cada seis meses, avaliando o quadro clínico, a programação e intensidade de atividade física5.

Segundo Milani et al11, foram avaliados 63 pacientes, apresentando efeito positivo no treinamento físico aeróbico aplicado pelo programa de reabilitação cardiovascular com melhora significativa na capacidade física e no limiar isquêmico dos pacientes coronariopatas.

Os ganhos obtidos no VO2 pico (volume de oxigênio pico - consumo máximo de oxigênio atingido antes de haver estabilização da quantidade de oxigênio captado) com a reabilitação cardiovascular foram maiores em relação aos pacientes que apresentaram menores valores iniciais de consumo de VO2 pico.

Para Berry et al15, o estudo comprovou que os pacientes submetidos a revascularização miocárdica na fase aguda, apresentaram resultados positivos comparando as variáveis cardiometabólicas (hemodinâmicas, metabólicas e inflamatórias), que foram obtidos com o teste de exercício cardiorrespiratório (TECR), avaliação laboratorial e também com a mudança no estilo de vida.

O estudo realizado por Benetti et al17, afirma que os pacientes submetidos ao exercício aeróbico de alta intensidade tem aptidão cardiorrespiratória e qualidade de vida superiores aos que exercitaram em moderada intensidade e/ou sedentários. Então fica evidenciado que para obter esse benefício o paciente deve gastar, aproximadamente, 1.400 kcal por semana em alguma forma de atividade física, o que equivale a três ou quatro horas por semana de treino de resistência aeróbia.

Barbosa et al18 concluíram que o programa de reabilitação cardíaca proposto de forma semi-supervisionada também apresenta efeitos positivos, ficando claro ao paciente que o treino de exercícios é seguro e eficaz, com melhora significativa na qualidade de vida, apresentando redução da circunferência abdominal, alterações nas variáveis como IMC (Índice de Massa Corporal), PAS (Pressão Arterial Sistólica) e PAD (Pressão Arterial Diastólica), sendo esquematizado pelos próprios pacientes no questionário MOS SF 36 (Medical Outcome Study 36-item Short Form - é o questionário de medidas genéricas de qualidade de vida mais utilizado).

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Hiss et al19, diz que a RC apresenta um bom resultado na intervenção fisioterapêutica durante a fase I (1ºdia), com exercícios executados de forma ativo-assistido evitando os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito, avaliando as respostas clínicas ao aumento gradativo do esforço, determinando a intensidade da resistência a ser executada em domicílio e diminuindo o tempo de internação hospitalar, assim evitando as complicações cardiorrespiratórias e preparando o paciente para voltar as atividades de vida diária o mais rápido possível.

No estudo de Ribeiro et al20, 38 pacientes pós IAM tiveram resultados satisfatórios participando do programa de exercícios aeróbico com oito semanas de duração, apresentando melhora nos parâmetros hemodinâmicos em repouso e durante o pico de exercício (avaliando a frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e diastólica e duplo produto), enquanto o grupo controle não se observou alterações significativas.

Os estudos mencionados nesse trabalho, evidenciaram que a realização da reabilitação cardíaca do paciente pós IAM, apresentam efeitos benéficos, sendo necessária o mais rápido possível, pois promove melhor qualidade de vida ao paciente e retorno rápido para seu cotidiano. Ficou provado também que as fases de RC apresentam de forma segura e com resultados a minimizar os efeitos deletérios da imobilização prolongada no leito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi analisado em todo o estudo é possível concluir que os pacientes submetidos a reabilitação fisioterápica apresentaram melhor prognóstico na recuperação do IAM. Além de demonstrar resultados positivos hemodinamicamente, também melhoram sua capacidade física e funcional. Seguindo as etapas, conclui-se que na fase 1 o paciente previne a perda de capacidade física, evita o repouso prolongado no leito e complicações respiratórias; já na fase 2 prioriza-se melhorar a capacidade funcional do paciente, modificando os fatores de risco, e recuperando a autoconfiança depois do evento cardíaco; e nas fases 3 e 4 deve-se continuar com o programa de exercícios funcionais, aumentando a resistência e tolerância ao exercício de forma a manter um estilo de vida saudável. Dessa forma é possível orientar o paciente e seus familiares sobre a importância da prática de hábitos saudáveis para evitar as complicações que o evento cardíaco causou.

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