• Nenhum resultado encontrado

QUALIDADE DE VIDA DE SUJEITOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "QUALIDADE DE VIDA DE SUJEITOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

QUALIDADE DE VIDA DE SUJEITOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Larissa Gasparini da Rocha1, Livia Rossato Dias1, Nadiesca Taisa Filippin²

1 Fisioterapeuta, Santa Maria - RS, Brasil

2 Fisioterapeuta, Doutora em Fisioterapia, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA - Santa Maria - RS, Brasil. Grupo de Pesquisa Promoção da saúde e tecnologias aplicadas à Fisioterapia

Resumo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida (QV) e correlacionar com os domínios mais afetados e características de sujeitos pós-acidente vascular encefálico (AVE). Participaram do estudo 22 sujeitos, com diagnóstico clínico de AVE, de ambos os gêneros, com idades entre 49 e 78 anos. Realizou-se a avaliação da QV por meio da aplicação da Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE- AVE). Dos doze domínios, onze apresentaram correlação significativa com o escore total de QV (p≤0,05). A idade, o gênero e a função cognitiva dos sujeitos também apresentaram correlação significativa com a QV (p≤0,05). Diante disso, é preciso considerar mais do que fatores físicos quando se busca realizar o planejamento, acompanhamento e direcionamento da intervenção fisioterapêutica, pois além de cuidar da doença é importante garantir a QV destes sujeitos.

Palavras-chave: EQVE-AVE, Hemiplegia, Fisioterapia

Abstract: The purpose of this study was to evaluate the quality of life (QOL) and correlated to the most affected domains, and characteristics of the post stroke subjects. The sample was composed to 22 subjects with clinical diagnosis of stroke, both gender and age of between 49 and 78 years old. An evaluation of the QOL using the Stroke- Specific Quality of Life was performed. Eleven domains presented significant correlation with QOL total score (p≤0,05). Age, gender and, cognitive function of the subjects also presented significant correlation with QOL (p≤0,05).

Therefore, to consider more than physical factors in the planning, monitoring and guiding of the physical therapy intervention is necessary. Besides caring of disease it is also important enhancing the subjects´ quality of life.

Key-words: SSQOL, Hemiplegy, Physical Therapy

INTRODUÇÃO

O acidente vascular encefálico (AVE) é uma doença comum em todo o mundo, representando no Brasil, uma das principais causas de morbidade e mortalidade, sendo a patologia neurológica mais incapacitante [1,2].

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) [3], o AVE pode ser definido como um sinal clínico de rápido desenvolvimento de perturbação focal da função cerebral, de natureza vascular com mais de 24 horas de duração. As doenças cerebrovasculares podem levar a alterações físicas, cognitivas e comportamentais [4,5]. Tais consequências predispõem os portadores de AVE

a um padrão de vida sedentário, com limitações para as atividades de vida diária (AVDs)[6].

As sequelas decorrentes do AVE geram déficits na capacidade funcional, qualidade de vida (QV) e independência dos sujeitos [7]. Nesse contexto, torna-se fundamental o estabelecimento de parâmetros de avaliação que sejam capazes de mensurar o impacto da patologia na funcionalidade e QV, para que, assim, possa ser feita uma avaliação sistemática de programas de reabilitação [8].

É compreensível que a QV esteja diretamente relacionada com a saúde do sujeito, porém em casos de doenças há um declínio na QV. Dessa forma a QV vem sendo bastante estudada nos cuidados de saúde, sendo uma

(2)

determinante importante quando se avalia o resultado de intervenções médicas e terapêuticas, já que influencia o sujeito e sua família. Diante disso, é fundamental o desenvolvimento de estudos que busquem caracterizar os fatores que interferem na QV de sujeitos com comprometimentos neurológicos, especificamente pós-acidente vascular encefálico (pós-AVE), já que estes necessitam de cuidados a longo prazo.

No Brasil, existem poucas pesquisas avaliando aspectos qualitativos do tratamento desses pacientes [9].

Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida e correlacionar com os domínios mais afetados e características de sujeitos pós-AVE

MATERIAL E MÉTODOS

As avaliações foram realizadas em um único dia no Laboratório de Ensino Prático em Fisioterapia da UNIFRA, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 316.2010.2).

Participaram do estudo 22 sujeitos, com diagnóstico clínico de AVE, de ambos os gêneros, com idades entre 49 e 78 anos e função cognitiva preservada, avaliada por meio do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), pontuado de acordo com o nível de escolaridade [10]. Os sujeitos que se enquadraram nos critérios de inclusão, foram submetidos à avaliação da QV, por meio da Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE). A EQVE-AVE, é uma versão brasileira da Stroke-Specific Quality of Life (SSQOL), composta por 49 itens, subdivididos em 12 domínios (energia, papel familiar, linguagem, mobilidade, humor, personalidade, auto-cuidado,

papel social, raciocínio, função de membro

superior (MMSS), visão e

trabalho/produtividade). Três possibilidades de respostas foram desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco: (1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, variando de concorda fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa, variando de incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda necessária para realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda necessária [11].

Para cada domínio utiliza-se uma opção de resposta e o ponto de referência para resposta de todos os itens se refere à semana anterior.

Neste formato, a EQVE-AVE apresenta como possibilidade de resultado o escore máximo de 245 pontos e o escore mínimo de 49 pontos, sendo que quanto menor o escore, maior a dependência e dificuldade para realização de tarefas [12,13].

A análise dos dados foi feita por meio de estatística descritiva (média e desvio-padrão).

Para a análise inferencial dos dados, inicialmente, foram testadas a normalidade dos dados (Teste de Shapiro-Wilk) e homogeneidade das variâncias (Teste de Levene). O coeficiente de correlação de Spearman foi utilizado para verificar a relação entre a QV e os domínios. O nível de significância utilizado foi de p≤0,05. O programa estatístico utilizado foi o GB-STAT.

RESULTADOS

A média de idade dos sujeitos foi de 62,91 (±8,07) anos, sendo 12 do gênero masculino e 10 do gênero feminino. O escore no MEEM foi de 23,32 (±3,64) pontos.

(3)

Houve uma predominância de sujeitos idosos, totalizando 15 sujeitos (68,1%). Em relação à profissão, foi possível verificar que todos os sujeitos encontravam-se afastados, desempregados ou aposentados devido ao AVE.

A Figura 1 representa os valores de média e desvio-padrão em cada domínio da EQVE-AVE, bem como o escore total dessa escala.

Figura 1 – Média (±DP) dos domínios e do escore total da EQVE-AVE

(1= energia, 2= Papéis familiares; 3= linguagem; 4=

mobilidade; 5= humor; 6= personalidade; 7= auto- cuidado; 8= papéis sociais; 9= memória e concentração; 10= função de MMSS; 11= visão; 12=

trabalho/produtividade; 13= total).

Todos os domínios apresentaram correlação com o escore total da QV, com exceção da visão. O domínio com maior correlação foi o de mobilidade (r=0,90; p= 0,00), seguido respectivamente pelos subitens: trabalho e produtividade (r=0,87; p=0,00), função de MMSS (r=0,83; p=0,00), auto-cuidado e energia (r=0,80;

p=0,00), humor (r=0,77; p=0,00), linguagem (r=0,69; p=0,00), papéis familiares (r=0,67;

p=0,00), papéis sociais (r=0,61; p=0,00), memória (r=0,56; p=0,00), personalidade (r=0,53; p=0,01).

O domínio visão não apresentou correlação significativa com o escore total (r=0,32; p=0,16).

A QV apresentou correlações significativas com a idade (r=-0,48; p=0,02),

gênero (r=0,50; p=0,02) e MEEM (r=0,65;

p=0,00).

DISCUSSÃO

O AVE é o diagnóstico neurológico que vem acometendo predominantemente pessoas idosas e do gênero masculino [14]. Em nosso estudo, a maior parte da amostra foi composta por sujeitos acima dos 60 anos de idade. Em relação ao gênero houve distribuição semelhante da amostra. O fato de a maioria dos nossos sujeitos serem aposentados pode ser justificado pela idade avançada e pelo fato de que as sequelas do AVE muitas vezes são incapacitantes e prejudicam ou até mesmo impossibilitam o retorno ao trabalho, ocasionando aposentadorias precoces [15].

Todos os domínios que compõe a EQVE- AVE apresentaram correlação com o escore total da QV, com exceção da visão. O domínio com maior correlação foi o de mobilidade e o de menor correlação o da personalidade. Estudos [16, 17]

que aplicaram a EQVE-AVE consideram que esta é uma medida válida e confiável da QV no AVE e possui moderada responsividade às mudanças.

Um estudo de Cordini e colaboradores [18]

mostrou que os domínios mais prejudicados na avaliação da QV foram os da energia, do trabalho, da função de MMSS e das relações sociais. Os domínios menos afetados foram os da visão, humor, do comportamento e das relações familiares.

Quando a QV foi correlacionada com características dos sujeitos, pode-se observar que, quando menor a idade do sujeito, melhor a QV.

Porém, Hackett e colaboradores [19], avaliando sujeitos entre 40 e 60 anos de idade, observaram uma tendência à melhor QV para os sujeitos

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Escores

Domínios Qualidade de vida

(4)

idosos, mostrando que sujeitos idosos se ajustam à sua condição de saúde, aceitando suas limitações.

Além disso, destacamos que neste estudo a QV apresentou melhores índices em sujeitos do gênero masculino. Achados [20] mostram que as mulheres apresentam maiores taxas de dependência nos auto-cuidados do que os homens, além de menores taxas de sobrevivência. No presente estudo, uma melhor função cognitiva, verificada pelo MEEM, está correlacionada com uma melhor QV. De acordo com Carod-Artal e colaboradores [21], estados cognitivos alterados se apresentam como fatores contribuintes com a pobre percepção da QV em sujeitos com sequela de AVE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo forneceu uma percepção dos sujeitos com AVE sobre sua QV e a relação desta variável com algumas características destes sujeitos. Os resultados indicam que é preciso considerar mais do que fatores físicos quando se busca realizar o planejamento, acompanhamento e o direcionamento da atuação fisioterapêutica.

Assim, é preciso cuidar da doença, mas, sobretudo garantir a QV destes sujeitos. Uma limitação do estudo foi o tamanho amostral. Portanto, torna-se importante a realização de novos estudos, com uma amostra maior, para melhor compreender a relação das variáveis analisadas, além de relacionar a QV com outros fatores que possam estar prejudicados por manifestações provocadas pelo AVE, contribuindo, assim, para melhorar a atenção voltada aos sujeitos pós-AVE.

REFERÊNCIAS

[1] Falcão, I. K.; Carvalho, E. M. F.; Barreti K, M. L.; Lessa, F. J. D.; Leite, V. M. M.

Acidente vascular cerebral precoce:

implicações para adultos em idade produtiva atendidos pelo sistema único de saúde.

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, [s.I.]. 2004; 95-105p.

[2] Pereira, S.; Coelho, F. B.; Barros, H.

Acidente vascular cerebral – hospitalização, mortalidade e prognóstico. Revista Acta Médica Portuguesa. 2004; v. 17: 187-92p.

[3] Organização Mundial da Saúde (OMS). Cif:

Classificação Internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde.

EDUSP, São Paulo: 2003.

[4] Ceccato, R. B. Aspectos clínicos: lesão encefálica adquirida. Fisioterapia: aspectos clínicos e práticos da reabilitação. São Paulo: Artes Médica: 2005.

[5] Maki, T.; Cacho, E. W. A.; Inoue, M.; Paz, L.

P.; Quagliato, E.; Nascimento, N. H. et al.

Estudo da confiabilidade da aplicação da escala de Fugl-Meyer no Brasil. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos: 2006;

v. 10, n. 2: 179-85p.

[6] Cacho, E. W. A.; Melo F. R.; Oliveira R.

Avaliação da recuperação motora de pacientes hemiplégicos através do protocolo de desempenho físico Fulg-meyer.

Neurociências, [s.I.]. 2004; 1-13p.

[7] Teixeira-Salmela, L. F.; Oliveira, E. S. G.;

Santana, E. G. S.; Resende, G. P.

Fortalecimento muscular e condicionamento físico em hemiplégicos. Acta Fisiátrica.

2000; v. 7: 108-18p.

[8] Souza, A. C. Perfil de atividade humana:

adaptação transcultural e análise das propriedades psicométricas. Belo Horizonte, 2005. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.

[9] Costa, A. M.; Duarte, E. Atividade física e a relação com a qualidade de vida de pessoas com seqüelas de acidente vascular cerebral.

Revista Brasileira de Ciencia e Movimento.

2002: v. 10, n. 1: 47-54p.

(5)

[10] Brucki, S. M. D.; Nitrini, R.; Caramelli, R.; Bertolucci, P. H. F.; Okamoto, I. H.

Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arquivos de Neuro- psiquiatria. 2003; v. 61, n. 3-B: 777-781p.

[11] Lima, R. C. M. Adaptação transcultural do Stroke Specific Quality of Life - SSQOL:

um instrumento específico para avaliar a qualidade de vida de hemiplégicos. 2006.

Dissertação (Mestrado), Belo Horizonte:

2006.

[12] Williams, L. S.; Weinberger, M.; Harris, L. E.; Clark, D. O.; Biller, J. Development of a stroke-specific quality of life scale. Stroke.

1999; v. 30, n.7: 1362-9p.

[13] Duncan, P. W.; Jorgensen, H. S.; Wade, D. T. Outcome measures in acute stroke trials: a systematic review and some recommendations to improve practice.

Stroke. 2000; v. 31, n. 6: 1429-38p.

[14] Mayo, N. E.; Wood-Dauphinee, S.; Cote, R.; Durcan, L.; Carlton, J. Activity, participation, and quality of life 6 months poststroke. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. 2002; v. 83: 1035-42p.

[15] Scalzo, P. L.; De Souza, E. S.; Moreira, A. G. O; Vieira, D. A.F. Qualidade de vida em pacientes com Acidente Vascular Cerebral: clínica de fisioterapia Puc Minas Betim. Revista Neurociência. 2010; v. 18, n.

2: 139-144p.

[16] Santos, A. S. Questionário específico de avaliação da qualidade de vida em pacientes portadores de doença cérebro vascular do tipo isquêmica: tradução e adaptação cultural para a língua portuguesa falada no Brasil.

(Dissertação), Florianópolis: 2000; 48p.

[17] Ewert, T.; Stucki, G. Validity of the SS- QOL in Germany and in survivors of hemorrhagic or ischemic stroke.

Neurorehabilitation and Neural Repair.

2007; v. 21: 161-8p.

[18] Cordini, K. L.; Oda, E. Y.; Furlanetto, L.

M. Qualidade de vida de pacientes com história prévia de acidente vascular encefálico: observação de casos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 2005; v. 54, n. 4:

312-317p.

[19] Hackett, M. L.; Duncan, J. R.; Anderson, C.

S.; Broad, J. B.; Bonita, R. Health-related quality of life among long-term survivors of stroke: results from the Auckland Stroke Study, 1991-1992. Stroke. 2000; v. 31, n. 2:

440-7p.

[20] Ministério da Saúde: A estratégia da saúde para o virar do Século 1998-2002. Lisboa:

1998.

[21] Carod-Artal, F. J.; Egido, J. A.; Gonzalez, J.

L.; Varela De Seijas, E. Quality of life among stroke survivors evaluated 1 year after stroke:

experience of a stroke unit. Stroke, 2000; v.

31, n. 12: 2995-3000p.

e-mail: lary_600@msn.com

Referências

Documentos relacionados

O jornal O TEMPO de 06 de abril de 1997, sob o título ‘Polícia paga’ menciona a necessidade que tem forçado algumas organizações policiais a buscar alternativas junto

Esta Dissertação foi julgada pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, e aprovada em sua

Com o objetivo de estabelecer um Banco de Germoplasma de Coffea spp, através de técnicas de criopreservação, estudos vêm sendo desenvolvidos na Embrapa Recursos Genéticos

Por meio desta pesquisa e da implementação do Repositório institucional da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), espera-se que

A necessidade de interpretar tais dispositivos decorre do fato de que, como já analisado, quem exerce a atividade empresarial, atualmente no Brasil é o empresário individual,

ABEMA - Associação Brasileira de Meio Ambiente AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural AIA – Avaliação de Impacto Ambiental ANA – Agência Nacional das

Para fins de gestão, porém, é importante que a administração consiga não somente estimar o valor dos intangíveis como também identificar as contribuições relativas dos