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BIBLIOTERAPIA APLICADA EM PORTADORES DE AUTISMO

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Academic year: 2022

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BIBLIOTERAPIA APLICADA EM PORTADORES DE AUTISMO

Maria Jéssica Xavier Albuquerque1 Ana Lívia Mendes de Sousa2 Francisca Valesca Viana Dantas3 Ariluci Goes Elliot4 1 Introdução/ Desenvolvimento

No período do clímax da explosão informacional, estamos presenciando o surgimento de novas áreas de atuação do profissional bibliotecário, sendo a biblioterapia uma área multidisciplinar pertencendo a vários campos como a Medicina, Psicologia e Biblioteconomia surge um novo campo para o bibliotecário, onde através de um treinamento essencial para lidar com este tipo de terapia pode ser um ótimo local para o seu desempenho profissional.

(Leite, 2009).

A biblioterapia como recurso psicoterapêutico foi desenvolvida em hospitais e clinicas de saúde mental, tendo como objetivo a cura e o restabelecimento de pessoas com transtornos emocionais e de comportamento.

Nessa acepção Seitz (2005, p. 76) afirma que,

As primeiras experiências em Biblioterapia foram feitas por médicos americanos, no período de 1802 a 1853. Porém, só em 1904 quando uma bibliotecária tornou-se chefe da biblioteca do hospital de Wanderley, Massachussets, é que foi iniciado um programa, envolvendo os aspectos psiquiátricos da leitura, fazendo com que a biblioterapia passasse a ser considerado um ramo da biblioteconomia.

Em relação ao Autista, Gadia, Tuchuman e Rotta (2004, p. 83) enfatizam que “a expressão

‘autismo’ foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1911, para designar a perda do contacto com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação”.

Os autores ainda apontam algumas das “manifestações comportamentais que definem o autismo e incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades”.

1 Discente do curso de Biblioteconomia, UFC- campus Cariri, Juazeiro do Norte- CE, e-mail:

m.x.jessica@hotmail.com.

2 Discente do curso de Biblioteconomia, UFC- campus Cariri, Juazeiro do Norte- CE, e-mail:

leidli2@hotmail.com.

3 Discente do curso de Biblioteconomia, UFC- campus Cariri, Juazeiro do Norte- CE, e-mail:

waleska.perfect@hotmail.com.

4 Docente do curso de Biblioteconomia, UFC- campus Cariri, Juazeiro do Norte- CE, e-mail:

ariluci@cariri.ufc.br.

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Caldin (2001, p. 3) sublinha que “a biblioterapia auxilia o autoconhecimento pela reflexão, pois reforça padrões sociais desejáveis, proporcionando desenvolvimento emocional através das experiências vicárias e auxilia na mudança de comportamento”.

Segundo Ferreira (2003, p. 39)

A Biblioterapia é uma técnica de mudança de comportamento através do autoconhecimento e que utiliza as qualidades racionais (intelecto, inteligência, compreensão cognitiva) e emotivas dos indivíduos que se submetem a ela, para obter uma modificação do seu comportamento.

Proporciona uma terapia por meio da leitura e interpretação, desta forma o sujeito exerce sua liberdade de criar novos sentidos a partir do lido tendo como projetar seus sentimentos para além de si mesmo, considerando que a leitura proporciona conforto, contribuído para o bem estar físico mental das pessoas.

Ressaltamos que é importante o biblioterapêuta conhecer o problema do seu paciente antes da seleção do material a ser utilizado formulando hipóteses quanto ao impacto que este terá sobre o tratamento, observando os objetivos traçados, pois estes elementos comprometem a qualidade do resultado.

Leite (2009, p. 24) delineia a biblioterapia como “uma prática multidisciplinar, [...] que incentiva à leitura para socializar pessoas, aliviar a dor e o sofrimento como atividade alternativa e/ou complementar ao uso dos medicamentos”.

Segundo Elliott et al (2011, p. 5)

O que diferencia a leitura normalmente feita por qualquer leitor, da leitura oferecida através da biblioterapia, é a intensidade e os objetivos. A partir da leitura de um texto literário com funções terapêuticas acontecem à aproximação do paciente de uma experiência de sentido que promove o jogo interpretativo, obrigando ao leitor/ouvinte assumir outras posições, através do desligamento e utilização do aspecto racional do leitor/ouvinte, como a percepção, a capacidade cognitiva, inteligência e compreensão, sem deixar de lado a emoção de forma a obter mudança através do autoconhecimento.

Komosinski, Zordan e Menegolla (2007, p.87) nas suas considerações a cerca da Biblioterapia esclarecem,

A palavra do texto literário, já dizia Aristóteles na Poética, provoca a cartase (káthasis), a vivência de emoções, de situações propostas pelo texto e que vividas pelas personagens, levam ao alivio das tensões. A palavra do texto, por ser naturalmente dialógica, provoca a interação texto/leitor, diz Baktin.

[...] Ora, se as palavras influenciam as pessoas, são meios eficazes para provocar a modificação de comportamentos.

As crianças autistas possuem dificuldade de se relacionarem com os outros comprometendo a construção de laços afetivos e o desempenho social cotidiano destas. Segundo Vasques (2008, p. 429):

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justificam sua ausência ou o encaminhamento a espaços reeducativos, com vistas à adaptação comportamental.

Verdi (2003, p.111) em artigo que relata a experiência de trabalho com um grupo de pais de crianças e adolescentes autistas e psicóticas comenta alguns dos aspectos de convivência destas famílias:

Sendo o Autismo e a Psicose Infantil dois transtornos mentais graves que afetam prematuramente os vínculos, percebíamos nestas famílias (principalmente aquelas cujo único filho tinha sido afetado por estes transtornos) uma dificuldade em identificar seus papéis parentais. [...] A negação autística dos vínculos é algo bastante enlouquecedor para as mães e os pais dessas crianças, pois os filhos não os olham nos olhos e parecem nunca ouvi-los em suas recomendações, ou responderem a suas comunicações, portanto, não o reconhecem em seus papéis parentais, em suas tarefas de educá-los.

Para Seitz (2005, p. 84)

No processo de sociabilização, a leitura pode levantar questões, com as quais o paciente possa compartilhar e conversar com outras pessoas. O conhecimento da existência de outras pessoas com problemas semelhantes, ou piores do que os seus, pode dar mais coragem para enfrentar seus próprios problemas, diminuído seu ‘isolamento’ e solidão.

O ponto chave do problema é a ressocialização destes pacientes que pode ser amenizado a partir de uma leitura dirigida e de outras atividades complementares, assim, participando e comentando textos, obtêm-se resultados positivos neste aspecto.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a biblioterapia como uma nova proposta de atuação para o campo do profissional bibliotecário, assim como sua utilização no auxilio do tratamento de doenças psicológicas, neste caso a síndrome autista, já que os pacientes que possuem tal síndrome expõem perda de contato com a realidade, dificuldade de se relacionarem, afetando assim seus vínculos, sintomas de isolamento social, emocional e agressividade, portanto, a técnica biblioterapêutica auxilia no processo de socialização, compreensão pessoal e desenvolvimento emocional.

2 Metodologia/ Resultados.

Este artigo apresenta uma revisão de literatura das opiniões de vários autores a cerca da utilização da Biblioterapia aplicada aos portadores da síndrome autista, cujas principais fontes são as obras: “A leitura como função terapêutica: Biblioterapia”, de Clarice Forkamp Caldin;

“Grupo de pais de crianças autistas- tessitura de vínculos”, de Marly Terra Verdi; e “A leitura é o melhor remédio: a biblioterapia com crianças portadoras de câncer”, de Ariluci Goes Elliott et al. Foram empregados como principais bases de dados: Scientific Commons, Lilacs e Scielo. Tendo em vista trabalhos publicados no período de 2001 a 2011.

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3 Considerações Finais

Após as abordagens utilizadas ao longo do trabalho, pode-se relatar que a biblioterapia é uma técnica que visa mudança de comportamento através do autoconhecimento, compreensão, identificação com personagens, discussão e comentários de textos que trazem a reflexão e a exposição de sentimentos do indivíduo, produzindo um alívio que os leva a superar seus problemas.

A biblioterapia pode ser aplicada por profissionais de diversas áreas, incluindo o bibliotecário que no caso é o responsável pela escolha do material a ser utilizado ao longo do tratamento e precisa estar atento aos detalhes de cada faixa etária e conhecer os problemas do indivíduo, antes da seleção do material.

Ao ser aplicado em crianças autistas, podem-se obter resultados positivos, uma vez que a biblioterapia não se restringe a materiais bibliográficos, trabalha com grupos homogêneos e é uma técnica que busca a socialização, o autoconhecimento e auxilia no desenvolvimento emocional, proporcionando uma modificação do seu comportamento, já que, pacientes que possuem esta síndrome demonstram como característica a negação dos vínculos afetivos, agressividade, dificuldade na interpretação, tornando-as presas na literalidade dos textos.

4 Referências

CALDIN, C. F., A leitura como função terapêutica: Biblioterapia. Enc. Bibli: R.

Biblioteconomia. Ciência da Informação. Florianópolis, Nº. 12, Dez. 2001. Disponível em:

<http://en.scientificcommons.org/clarice_fortkamp_caldin#search_string=biblioterapia-

%20depr>. Acessado em 15 Maio 2012.

ELLIOTT, A.; BERNARDINO, M. C. R.; NETO, M. L. R.; ANDRADE, F. P.; SILVA, T. P.

A leitura é o melhor remédio: a biblioterapia com crianças portadoras de câncer. CBBD - CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, Brasil, jun.

2011. Disponível em: http: //febab.org.br/congressos/index.php/cbbd/xxiv/paper/view/195.

Acessado em: 14 Maio 2012.

FERREIRA, D. T., Biblioterapia: Uma prática para o desenvolvimento Social. In______

ETD- Educação Temática Digital, Campinas, SP, Vol.4, Nº. 2, p 35- 47, jun. 2003 [ISSN:

1517- 2539]. Disponível em: <http:// WWW.fae.unicamp.br/ revista/ índex. php/etd/article/

view/1809>. Acessado em 7 Maio 2012.

GADIA, C. A.; TUCHUMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. In______ Jornal de Pediatria. V. 80, n. 2, 2004, p. 83-94

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SEITZ, E. M., Biblioterapia: Uma experiência com pacientes internados em clinica médica. . In______ ETD- Educação Temática Digital, Campinas, SP, v.1, n. 1, dez. 2005, p 73- 85.

VASQUES, C. K., Cartografia de um novo olhar... Sobre a escolarização de sujeitos com autismo e psicose infantil. In______ Atos de pesquisa em educação- PPGE/ME FURB.

N.3, set./dez. 2008, p. 428-441.

VERDI, T. M., Grupo de pais de crianças autistas- tessitura dos vínculos. In______ Rev. da SPAGESP. v. 4, n. 4, 2003, p. 110-114.

KOMOSINSKI, L. M. G.; ZORDAN, E. P.; MENEGOLLA, C., Biblioterapia. In______ Rev.

Língua e Literatura. v. 10. n. 14, jul.2007, p. 85-100.

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