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Segurança Alimentar e Agrobiodiversidade

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Academic year: 2022

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Segurança Alimentar e Agrobiodiversidade

Patricia Bustamante e Terezinha Dias Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

De forma geral nas últimas décadas vem se acirrando a crise do sistema alimentar mundial, em especial nos contextos relacionados à produção, distribuição, acesso e preços dos alimentos. Tal crise vem sendo ainda mais agravada no atual contexto das mudanças climáticas. Dessa forma, atualmente cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome e a visão mundial da problemática da segurança alimentar e nutricional não pára de evoluir tendo se efetivado recentemente na legislação brasileira enquanto direito humano.

IBRANDH (2010) traça um interessante histórico sobre o desenvolvimento do termo segurança alimentar citando que inicialmente ele passou a ser usado na Europa na primeira guerra mundial e era relacionado a capacidade de cada país produzir seu alimento e que posteriormente com a constituição da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO em 1945 e após a segunda guerra o termo passou a ser tratado como uma questão de insuficiente disponibilidade de alimentos e daí instituídas diversas iniciativas de promoção e assistência alimentar, feitas especialmente a partir dos excedentes de produção dos países ricos. Neste contexto o entendimento era que a insegurança alimentar decorria da produção insuficiente de alimentos nos países pobres. Em 1974 a Conferência Mundial de Alimentação, identificou que a garantia da segurança alimentar teria que passar por uma política de armazenamento estratégico e de oferta de alimentos associada a proposta de produção de alimentos. Assim o conceito de segurança alimentar nessa época se firmou na produção de alimento e não no aspecto humano do direito à alimentação. Nesse contexto aconteceu a intensificação da revolução verde que aumentou a produção de alimento a nível mundial mas não garantiu o direito humanitário ao acesso a esse alimento. Na década de 80 o conceito de segurança alimentar passou a incorporar o acesso físico e econômico de todos e, de forma permanente, a quantidades suficientes de alimentos. Já no final dessa década e início da década de 90 o conceito passou a incorporar a idéia de acesso a alimentos seguros (não contaminados biológica ou quimicamente), de qualidade (nutricional, biológica, sanitária e tecnológica), produzido de forma equilibrada, culturalmente aceitável e também incorporando a idéia de acesso à informação. Tal visão foi consolidada pela Conferência Internacional de Nutrição (Roma, 1992), pela FAO e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na década de 90 houve uma série de movimentos relacionados a reafirmação do Direito Humano a Alimentação Adequada - DHAA e então a Segurança Alimentar e Nutricional – SAN começa a ser entendida como uma possível estratégia para garantir a todos o direito humano a alimentação adequada.

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No Brasil emergiram na década de 90 diversas organizações sociais e governamentais que passaram a se ocupar com o tema de segurança alimentar e nutricional em diversas frentes de atuação, fomentados também pelo histórico de visionários como Josué de Castro.. Aos poucos o direito humano a alimentação adequada começou a ser incluído nas agendas. Não poucas vezes considerado como tema periférico e secundário.

Aos poucos o tema foi conquistando espaço e um marco nacional com relação a efetivação do DHAA foi a “recriação” do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea, em 2003. O Consea é um instrumento que articula governo e sociedade civil na proposição de diretrizes para as ações na área da alimentação e nutrição. Tem a função de assessorar a Presidência da República na formulação de políticas de segurança alimentar e nutricional e na formulação de diretrizes para a efetivação do DHAA.

O aprofundamento do debate em diversas instâncias e especialmente no Consea teve ecos no legislativo com a criação em 2006 da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (lei 11.346) e posteriormente o aprofundamento da temática, conduz a aprovação pelo Congresso Nacional de uma Emenda Constitucional no 64, que institui o DHAA entre os direitos sociais fundamentais consagrados no artigo 6º da Constituição Federal.

Especialmente quanto à diversidade alimentar e qualidade nutricional dos alimentos a Política Nacional de SAN tem como um dos objetivos promover sistemas sustentáveis de base agroecológica, de produção e distribuição de alimentos que respeitem a biodiversidade e fortaleçam a agricultura familiar, os povos indígenas e as comunidades tradicionais e que assegurem o consumo e o acesso à alimentação adequada e saudável, respeitada a diversidade cultural da alimentar nacional. Segundo Pacheco (2010) esta definição representava, na época, possibilidades de avanço das políticas públicas e essa situação foi concretizada no ano de 2012 com a aprovação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgância – PNAPO (Decreto nº 7.794 de 2012) e em 2013 do seu plano de execução (PLANAPO). Estas políticas se opõem à perspectiva homogeneizadora da diversidade alimentar do modelo agrícola dominante e seus impactos como concentração de terra, êxodo rural, uso de tecnologias que agridem o meio ambiente, erosão genética dos cultivos e reafirmam o respeito da produção as especificidades ambientais, econômicas e socioculturais. De forma geral o modelo alimentar dominante, baseado em cadeias agroindustriais e comerciais está fomentando fortemente uma desconexão do homem com a origem do seu alimento, nesse sentido Goedert (2007) comenta que quando as pessoas sentam à mesa para o café da manhã, depois para o almoço e para o jantar, a tendência é esquecer que vivemos neste planeta como se fôssemos convidados das plantas, as quais convertem luz, nutrientes e água em alimento e que são essas plantas os organismos que mais dependem de nossos cuidados e de nossa guarda. Assim o segurança alimentar mundial depende do trinômino solo, água e dos recursos genéticos (sementes, mudas, tubérculos etc...) que constituem os pilares de sustentação da agricultura e da produção de alimento no mundo.

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O impacto da perda da biodiversidade agrícola, a agrobiodiversidade, e seus reflexos na situação de segurança alimentar ainda carece de estudos mais detalhados no Brasil.

Pacheco (2010) cita que o mais recente relatório da FAO sobre a situação dos Recursos Fitogenéticos no Brasil, publicado em 2008, não apresentou nenhum monitoramento ou análise dos fatores que afetam a diversidade de plantas cultivadas Sabe-se por relatos de agricultores que está havendo o empobrecimento dos cultivos e conseqüentemente uma redução na diversidade alimentar, sendo constante nos relatos de memórias rurais a lembrança de variedades agrícolas que compunham seus roçados e os pratos feitos a partir destas plantas nas receitas tradicionais.

Nos últimos anos o tema diversificação alimentar e conservação da agrobiodiversidade passou a ser considerado com a construção de recentes políticas, como por exemplo, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO, 2012) cujo artigo Art. 3º, inciso V cita a necessária valorização da agrobiodiversidade e dos produtos da sociobiodiversidade e estímulo às experiências locais de uso e conservação dos recursos genéticos vegetais e animais, especialmente àquelas que envolvam o manejo de raças e variedades locais, tradicionais ou crioulas

Assim agendas de mobilizações e reais demandas do campesinato nacional levaram ao fortalecimento e estruturação de importantes políticas de promoção da diversificação dos sistemas produtivos e apoio a iniciativas de conservação e manejo da agrobiodiversidade como o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos – PAA, o PAA – sementes, o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE (com a compra local de 30% agricultura famiiar) entre outros. Tais programas têm sido considerados como referências de políticas estruturantes para redução da pobreza e insegurança alimentar no Brasil e poderão adotados por diferentes países no âmbito da cooperação Sul/Sul.

Sem pretender aprofundar demasiadamente na temática, este artigo visa propiciar ao leitor uma breve contextualização do tema agrobiodiversidade envolvendo a domesticação de plantas, os riscos de uniformidade genética, os esforços nacionais de conservação e o desafio de relacionar modelos de conservação diversos e promover o diálogo e o empoderamento do campesinato nacional quanto a necessária promoção da conservação local da agrobiodiversidade no contexto da segurança e soberania alimentar.

Mas afinal, o que é a agrobiodiversidade e domesticação das plantas?

Historicamente de uma situação de coletor de frutas e sementes o homem foi aos poucos trazendo as plantas para perto de si e cuidando delas ano a ano e as adaptando-as a sua forma de vida. Da mesma forma que fez com os animais de criação, assim também aconteceu a domesticação de milhares de plantas, ocorrendo adaptação dessas plantas à forma como esses grupamentos humanos viviam, as condições ecológicas dos locais de

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plantio nos agroecossitemas, a diversidade de gostos, culturas e etc.. Os parentes silvestres são aquelas espécies das quais o homem selecionou originalmente as espécies para cultivo e também as espécies afins, as espécies próximas, mas que não foram selecionadas. Pela proximidade genética, em alguns momentos, espécies domesticadas realizaram cruzamentos com os parentes silvestres propiciando surgimento de novas variedades e também incorporando novos genes. O termo agrobiodiversidade não consta do primeiro glossário apresentado pela Convenção da Diversidade Biológica mas inclui em seu escopo a diversidade de espécies das plantas cultivadas; a diversidade genética dentro da mesma espécie e a diversidade de ecosssistemas agrícolas ou cultivados, como os sistemas agrícolas tradicionais de queima e pousio, os sistemas agroflorestais, as plantações de café na sombra, entre tantas outras maneiras de se fazer agricultura existentes no mundo.

Risco da uniformidade genética

A erosão genética ou perda de agrobiodiversidade, nos sistemas agrícolas começou a ser percebida por alguns setores de Ciência e Tecnologia no início do século 20 (Harlan, Martini, 1936) em decorrência da observação do início do sucesso da aplicação do modelo industrial à produção agrícola, posteriormente chamada revolução verde (Clement et al, 2000). Neste contexto à medida que cultivares de alto rendimento foram se tornando populares, elas foram gradativamente substituindo as populações locais de plantas que haviam coexistido com os parentes silvestres e que, ocasionalmente haviam cruzado com esses.

O alarme para a sociedade científica foi dado no início do século 20, a partir de exemplos tirados da história, como a fome que atingiu a Irlanda em meados do século 19 quando a uniformidade genética dos cultivos de batata determinou o alastramento de uma doença denominada “mela – da – batata” que levou nos anos seguintes à morte de fome cerca de 1 milhão de pessoas. Caso de destaque também aconteceu em 1943 na India, quando a doença “helmintosporiose” associada a um tufão determinaram a

“grande morte de Bengala” (Hoyt, 1992). Outros casos graves dos riscos de perda da agrobiodiversidade e a consequênte risco da uniformidade genética para a segurança alimentar humana foram relatados por Hoyt (1992).

A Conservação ex situ

A consciência da necessidade da diversidade para a segurança alimentar, levou diversos países por meio de centros nacionais e internacionais de pesquisa a realizarem grandes expedições para coleta de germoplasma visando tanto o depósito de sementes para a conservação a longo prazo em bancos de germoplasma (chamada conservação ex situ), quanto a busca de germoplasma com características morfológicas específicas para subsidiar os primórdios dos programas de melhoramento genético convencionais das principais culturais alimentares. Nesta situação foram estruturados os grandes bancos genéticos mundiais e, especialmente no Brasil, do Sistema Nacional de Conservação de Recursos Genéticos na década de 70. Tal sistema brasileiro composto de uma coleção central de germoplasma, denominada Coleção de Base, COLBASE, no então Centro Nacional de Recursos Genéticos - Cenargen (atual Embrapa Recursos Genéticos e

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Biotecnologia) e uma rede de bancos ativos de germoplasma distribuídas em 37 Unidades da Embrapa, nos diferentes estados Brasileiros, nas Empresas Estaduais de Pesquisa Agropecuárias, nas Univesidades e outros parceiros.

As diferentes formas de conservação dos recursos genéticos (ex situ, in situ e on farm) já haviam sido amplamente debatidas nas reuniões realizadas no âmbito dos encontros e conferências técnicas para tratar dos recursos fitogenéticos e discutir as estratégias mais adequadas para conservá-los, realizados pela FAO em 1961, 1967 e 1973.

Foram esses três eventos que estabeleceram as bases e as premissas científicas para as iniciativas internacionais voltadas para a conservação ex situ (fora de seus hábitats naturais, em bancos de germoplasma). A conferência de 1967 decidiu que a conservação ex situ deveria ser priorizada em relação à conservação in situ (nos ecossistemas agrícolas), e a de 1973 estabeleceu os critérios científicos para a conservação ex situ (Santilli, 2009). O principal argumento em prol da conservação ex situ focava na pronta disponibilização de material genético útil para o melhoramento de plantas

Alguns dos cientistas presentes no debate concordaram com a necessidade de se adotar, com urgência, formas de conservação ex situ, devido à alarmante erosão genética no campo. Temiam, entretanto, que, se a conservação ex situ se tornasse dominante, as variedades locais perderiam sua capacidade de adaptação. Para eles, o objetivo da conservação não deveria ser captar o momento presente na linha evolutiva, mas conservar o material para que ele pudesse continuar a evoluir. Para eles a conservação junto dos recursos genéticos junto aos agricultores contribuiria para manter a diversidade genética no campo e também para alimentar a população local.

A conservação in situ/on farm ou o manejo da agrobiodiversidade pelos agricultores

A conservação “in situ/on – farm” pode ser entendida segundo enfoque de Bellon et al. (1997), como cultivo e manejo contínuo de um conjunto diverso de populações, por agricultores, no próprio sistema agrícola de origem. Já Maxted et al. (1997), amplia esse conceito, considerando-o como o manejo sustentável da diversidade genética de variedades de cultivo tradicional localmente desenvolvidas, com espécies selvagens e herbáceas, por agricultores, dentro de sistemas de agricultura ou agro-silvicultura tradicionais. Este conceito relaciona-se a conservação de agroecossistemas inteiros, incluindo espécies agroflorestais e de coleta, assim como seus parentes silvestres e herbáceas que podem estar crescendo em áreas próximas, podendo interagir com as plantas cultivadas.

A conservação local da agrobiodiversidade (in situ/on farm) foi reconhecida mais recentemente como a conservação pelo manejo comunitário da agrobiodiversidade (Boef et al, 2012) pelos agricultores e permite que os recursos genéticos estejam sempre sendo enriquecidos enquanto são amplamente utilizados. Tal conservação representa também importante instrumento para o empoderamento das comunidades locais e o fortalecimento dos sistemas agrícolas tradicionais e locais, ricos em agrobiodiversidade, ampliando a possibilidade de segurança alimentar e nutricional dessas populações.

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As perspectivas para conservação de recursos genéticos on farm no Brasil são enormes.

Habitado e colonizado por diferentes povos que historicamente manejavam seus recursos geneticos de forma singular, o resultado encontrado no campo é uma grande diversidade de materiais e de formas de realizar a agricultura. Se considerarmos as populações indígenas do Brasil, serão mais de 200 etnias que ocupam 12% do território nacional. Se foram acrescentadas outras comunidades tradicionais, como quilombolas, ribeirinhos, geraizeiros, vazanteiros, etc estudos indicam um total de 25% das terras brasileiras ocupadas por agricultores tradicionais (Ameida, 2004)

A promoção do diálogo entre pesquisadores, técnicos e agricultores tradicionais é um importante instrumento para ampliar a gama de opções para conservação da agrobiodiversidade e valorizar as ações empreendidas pelos agricultores com essa finalidade. Essa questão está contemplada no Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura (TIRFAA) adotado na 31ª Reunião da Conferência da FAO, realizada em Roma em 3 de novembro de 2001. Esse tratado entrou em vigor internacionalmente em 29 de junho de 2004. É o primeiro instrumento internacional legalmente vinculante (de cumprimento obrigatório) a tratar exclusivamente dos recursos fitogenéticos. O Tratado Internacional estabeleceu um sistema multilateral de acesso e repartição de benefícios, e normas importantes sobre a conservação (ex situ, in situ e on farm), os direitos dos agricultores e a utilização sustentável dos recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura.

Adotado por 125 países, o TIRFAA reconhece os direitos e o papel dos agricultores na conservação da agrobiodiversidade e obriga os países a adotarem ações, políticas e programas de apoio à conservação on farm. Em seu artigo 9, as partes contratantes reconhecem a enorme contribuição que as comunidades locais e indígenas e os agricultores de todas as regiões do mundo, particularmente dos centros de origem e de diversidade de cultivos, têm realizado e continuado a realizar para a conservação e para o desenvolvimento dos recursos fitogenéticos que constituem a base da produção alimentar e agrícola em todo o mundo.

Relevante observar que, de maneira geral, são os recursos genéticos manejados pelos agricultores que são alvo das expediçoes de coleta de germoplasma realizadas pelos cientistas ao redor do mundo. Uma vez coletados e conservados em condiçoes de baixa temperatura e umidade, fora dos habitats naturais (ex situ), eles ficam à disposição do melhoristas e em muitos casos compõem os ensaios de melhoramento visando a obtenção de cultivares/variedades melhoradas que serão colocadas no mercado e, uma vez adquiridas pelos agricultores poderão ser manejadas no sentido de incorporar características locais aos materiais. Esse círculo virtuoso amplia variabilidade e constata a importância da complementaridade das formas de conservação (local e ex situ) da agrobiodiversidade

Considerações Finais

No contexto da segurança e soberania alimentar, o grande desafio é a consolidação de uma estratégia nacional de conservação da agrobiodiversidade que promova o necessário diálogo entre o sistema, ora governamental de conservação ex situ, e o sistema de conservação local. Pensar a conservação de forma global significa maior segurança para os programas relacionados à produção agrícola e à conservação biológica, bem como para a soberania alimentar , constituindo-se em um componente

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essencial para o desenvolvimento sustentável e para a própria manutenção da diversidade genética das espécies com importância sócio-econômica atual e potencial.

Esta tomada de consciência vem se fortalecendo em um movimento contínuo de reafirmação cultural do campesinato nacional pela sua vinculação com as sementes e neste contexto com sua agrobiodiversidade, quer estas sementes sejam chamadas da paixão, biodinâmicas, agroecológicas ou tradicionais. Assim vem se configurando movimentos sólidos em redes de guardiões de sementes crioulas, na realização de grandes feiras de troca de sementes e na estruturação de circuitos locais de trocas onde cada vez mais a semente é reconhecida como forte componente cultural identitário mobilizador no contexto da afirmação de direitos.

Embasados no Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, vem se fortalecendo também o desejo do campesinato nacional se aproximar dos sistemas de conservação ex situ, tanto para uso dos espaços de conservação públicos para a guarda da agrobiodiversidade local, tanto como para reaver dessas coleções e bancos ativos de germoplasma variedades desaparecidas de seus roçados tradicionais. Neste contexto a necessidade de construção de regras claras e públicas para o acesso aos recursos genéticos conservados é fundamental tanto para a segurança deste verdadeiro tesouro da segurança alimentar nacional, o germoplasma conservados nestes bancos, tanto para que a interação entre o sistema de conservação ex situ e in situ / on farm possa favorecer os diálogos e trocas no sentido de fortalecer a soberania alimentar nacional.

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Referências

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