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Direito Penal V Prof. Cristina Leite

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Direito Penal V Prof. Cristina Leite

07/08/08 1ª. aula Leis ▪ Código Trânsito Brasileiro (CTB) ▪ Abuso de Autoridade

▪ ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente ▪ Lei da Tortura

▪ Leis dos crimes hediondos ▪ Estatuto do desarmamento

▪ Lei de drogas ▪ www.ibrcrim.com.br

CTB – Lei n° 9503/97 e sua modificação pela Lei n° 11705/08

1. Considerações preliminares

O CTB dispõe sobre a parte administrativa e a criminal.

Ex.: Art. 291 CTB – só serve para o crime de embriaguez ao volante Disposições Gerais

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

Antes da mudança pela Lei 11.705/08, havia previsão da aplicação do previsto no art. 74, 76 e 88, para os crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (art. 303 – pena máxima de 2 anos), embriaguez ao volante (art. 303 – pena máxima de 2 anos) e participação em competição não autorizada (racha – art. 308 – pena máxima de 3 anos).

§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).

Lei 10.259/01 – Lei que alterou o conceito de infração (crime) de menor potencial ofensivo, aumentando as mesmas.

2. Procedimento (art. 291 até 312)

Na época em que o CTB entrou em vigor houve discussão quanto à ampliação do conceito de menor potencial, pois a época, menor potencial, a pena era de 1 ano, mas com a Lei 10.259/01 diz que a de menor potencial é de 2 anos, daí este parágrafo do art. 291 só ter servido para o crime embriaguez.

Hoje a Lei mudou, porque hoje não tem mais transação penal para o crime de embriaguez. A nova redação prevê a composição de danos civis, a transação e a representação para o crime de lesão corporal culposa, contanto que o autor não esteja embriagado, participando de racha ou correndo em desabalada carreira (art. 291, § 1º., I, II e III).

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3. Conceitos

3.1. De Veículo Automotor Via Pública

Todo veículo a motor movido a propulsão que circule por seus próprios meios e que serve normalmente para transporte viário de pessoas e coisas ou tração viária de veículos utilizados para transporte de pessoas e coisas

3.2. De Via Pública

O art. 2º. do CTB, define que são vias terrestres urbanas, rurais, as ruas, as avenidas, as rodovias e o parágrafo único acrescenta que também são consideradas as vias terrestres e praias abertas a circulação pública e vias internas de condomínios

Obs.: A exigência da via pública vale para quando o artigo tiver “via pública” como elemento do tipo

Ex.: Art. 306, 308, 309 – somente nestes artigos Art. 311 – escolas, hospitais

4. Permissão ou habilitação para dirigir o veículo

É o documento dado para aquele que esta tirando CNH (Carteira Nacional de Habilitação) pela primeira vez, tem validade de um ano.

Não pode ter nenhuma infração média ou grave, só após isso recebe a definitiva.

A habilitação será apurada por meio de aptidão física e mental, sobre legislação de trânsito, primeiros socorros e direção em via pública.

5. Suspensão ou proibição da permissão ou habilitação Art. 292 – art. 307 – art. 59 § 1º.

Se o réu é reincidente o juiz deverá suspender a permissão. Reincidência específica

Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do Art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.

6. Multa reparatória

Multa em relação à reparação de danos. Competência de processar. A reparação é na Fazenda Pública. Segue rito da execução fiscal

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou

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ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.

Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. (Alterado pela L-011.705-2008)

Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do Art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.

§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.

§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.

§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.

7. Prisão em flagrante

Tem hipótese de flagrante. Evidencia a possibilidade de prisão em flagrante.

Não se evidencia a possibilidade de prisão em flagrante no caso da prestação de socorro Merece destacar que o crime é de menor potencial ofensivo. Deverá ser lavrado o termo circunstanciado não se impondo a prisão salvo se este se recusar a assinar assumindo comparecimento ao juizado

Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

8. Agravantes genéricos (art. 298)

O art. 298 traz agravantes genéricas que no caso do CTB se aplica a crime culposo e doloso Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:

I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;

II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;

V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;

VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;

VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

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Direito Penal V 2ª. Aula – 14/08/08

▪ Agravante atenuante

Alteram a pena em quantidade não pré-fixada (o juiz decide)

▪ Causa de aumento

São aquelas que trazem a quantidade de aumento e de diminuição em fração

▪ Qualificadora

Que esta sempre prevista nos parágrafos e altera os limites da pena.

Incisos do 298

I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;

Dano potencial equivale a perigo = tem que comprovar o perigo (duas ou mais pessoas)

II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

Não vai ter aplicação deste agravante quando o próprio autor da infração falsificar ou adulterar as placas (remete ao art. 311 CP)

III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

Não tem aplicação destes crimes previstos no art. 302, parágrafo único, I do CTB e art.

303, parágrafo único, I do CTB (já tem previsão no parágrafo dele) – causa do aumento em fração.

Olhar para o art,. 302, por poder punir 2 vezes pelo mesmo crime

Não aplica para o art. 309 do CTB = Bis in idem (duplicado duas vezes)

Não aplica para o art. 310 do CTB = O sujeito ativo é o que entregou o veículo mesmo que o condutor não tenha carteira.

IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;

Não se aplica no art. 309 do CTB (categoria art. 143). Agravante genérico – parte geral V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;

Não vai aplicar ao art. 302, parágrafo único, IV e 303 do CTB – passageiros. Tem que ter habilitação para transportar passageiros, que poderia ser fora do horário

VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;

Carro modificado – motor adulterado – não aplica o art. 302 e 303 do CTB – somente quando a adulteração for à ocasionadora do acidente.

VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

Não se aplica para o art. 302, II e art. 303 do CTB – não precisa o crime ocorrer na faixa, à pessoa pode morrer depois, o que importa é que o crime ocorreu na faixa, Intuito de segurança do pedestre. Não se aplica aos arts. art. 302 ao 311

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Direito Penal V 3ª. Aula – 21/08/08

CTB – 9503/07 Método trifásico

1ª. Fase – Pena–Base (art. 59 CP).

2ª. Fase – Agravantes e atenuantes

3ª. Fase – Causas de aumento e diminuição

Parte Geral - Das Penas - Da Aplicação da Pena - Fixação da Pena Art. 59 CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

Dos Crimes em Espécie

Homicídio Culposo

Não houve exigência do legislador de que o crime fosse cometido em via pública

Art. 302 CTB. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. (Causas de aumento de pena) No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é

aumentada de um terço à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

IV - no exercício

Lesão Corporal culposa

Não houve exigência do legislador de que o crime fosse cometido em via pública Art. 303 CTB. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.

Dolo Eventual

O agente tolera a produção do resultado, pois o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não.

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Culpa Consciente

O resultado é previsto pelo agente que espera que o mesmo não ocorra ou que possa evitá- lo.

Objetividade Jurídica - Vida

Obs.: Pelo princípio da especialidade, em se tratando de um homicídio culposo na direção de veículo automotor, prevalecerá o art. 302 do CTB (havendo o homicídio é melhor responder pelo CP é do que pelo CTB).

O CTB é mais grave que o art. 121 § 3º. do CP, já que a pena do CP é de detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, enquanto o CTB é de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 302 CTB. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Homicídio Culposo - Art. 121 CP - Matar alguém:

§ 3º - Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Ex.: Aterro do Flamengo – a pessoa se atira na frente do carro e eu a atropelo, tendo como conseqüência a morte da vítima. Não houve culpa, Não houve negligência, imperícia ou imprudência da minha parte.

Culpa Exclusiva da Vítima

▪ No caso de culpa exclusiva da vítima o condutor não será responsabilizado

▪ No caso de culpa recíproca, ambos responderão.

▪ No caso de culpa concorrente ambos responderão dentro de sua culpabilidade.

Obs.: É admissível para o homicídio culposo à incidência do art. 16 do CP (arrependimento posterior)

Arrependimento Posterior

Art. 16 CP - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída à coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Perdão Judicial

Também é importante lembrar do cabimento do perdão judicial previsto no art, 121 § 5º. do CP

Art. 121 § 5º CP - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

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Art. 300. (VETADO)

O art. 300 do CTB foi vetado pelo Presidente em virtude deste ser menos abrangente do que o Código Penal comum.

Ex.: Estava sem habilitação e matei alguém, respondo pelo art. 302 parágrafo único, I do CTB

Ex.: Estava em um racha e no caminho para casa eu mato alguém, respondo pelo art. 69 do CP = concurso material = duas condutas.

Dos Crimes em Espécie

Art. 302 CTB Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

Concurso Material

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.

No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

O CTB tem vários crimes que se caracterizam por uma situação de perigo que ficarão absorvidos caso haja o dano (homicídio ou lesões).

Ex.: Embriaguez, racha, direção sem habilitação, entrega de direção à pessoa não habilitada e excesso de velocidade (art. 306, 308, 309 e 311 do CTB).

Haverá concurso material se os contextos fáticos forem distintos. Se estiver no mesmo contexto só responde por um.

Art. 302 CTB. Parágrafo único

Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

Homicídio culposo praticado por sujeito não habilitado vai absorver o delito do art. 309 do CTB. Da mesma forma não poderá incidir a agravante genérica no art. 298, III CTB sob pena de “bis in idem”.

Art. 309 CTB . Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 298 CTB. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:

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III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

A morte pode não ser na calçada, mas a prática do crime sim.

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

Se o agente não tem como prestar socorro, este dispositivo não terá aplicação.

Ex.: Eu dirijo negligentemente e atropelo alguém, o motorista atrás dirige prudentemente e foge também. Eu respondo pelo art. 302, III do CTB e o motorista seguinte responde pelo art. 304 do CTB e os curiosos respondem pelo art. 135 do CP.

Art. 304 CTB. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Omissão de Socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

IV - no exercício de

Aplicável a qualquer motorista que atue no transporte de passageiros, como motorista de ônibus, vans e táxi, etc.

Art. 303 CTB – Lesão Corporal Culposa

Objetividade jurídica – incolumidade física

Obs.: Quando o CTB entrou em vigor este artigo foi questionado em virtude do princípio da proporcionalidade, pois a pena de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor é maior do que a pena de lesões corporais leves dolosas previstas no art. 129 CP, que prevê pena de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Art. 303 CTB. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

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Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Contudo não foi visualizada nenhuma inconstitucionalidade por diversos fatores. Não há o que se dizer ou orientar os eu cliente para que ela diga que quis cometer lesão dolosa, pois há risco de serem indiciados por tentativa de homicídio.

Art. 304 CTB – Omissão de Socorro

Objetividade jurídica – vida e saúde das pessoas

Trata-se de norma especial em relação ao art. 135 do CP. Só pode ser cometido pelo condutor.

Obs.: Outros motoristas que vejam e não prestem socorro, respondem pelo art. 135 do CP.

Trata-se de crime próprio do motorista que se envolve num acidente com vítima sem culpa, mas que deixa de prestar socorro à vítima.

Art. 304 CTB. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Omissão de Socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

AULA DIA 28/08/08 Penal V – 28 08 08

Um motorista cuidadosamente vem conduzindo seu veículo, aí vem um pedestre e por sua culpa exclusiva é atropelado. O motorista se evade. Em razão da não assistência o sujeito morre. Não se trata de homicídio culposo na direção de veículo automotor, pois o agente agia com cuidado, porém ele se tornou, pelo art. 304 do CTB garantidor daquela situação podendo:

1ª. Corrente – responde pelo art. 121 § 3º. do CP com o aumento do § 4º. Pela não prestação do socorro.

2ª. Corrente – responde pelo art. 121 § 3º. do CP em concurso com art. 304 do CTB.

3ª. Corrente (doutrina acha melhor) – responde pelo art. 121 § 3º. do CP sem o aumento do § 4º. Do art.

121 e o art. 304 do CTB porque a culpa do motorista residiu em não prestar assistência e as duas hipóteses acima acarretariam bis in idem (ninguém pode responder duas vezes pela mesma conduta).

– homicídio culposo do CP (a causa da morte foi omissão) e não do CTB pois ele não dirigiu com imperícia, negligencia ou imprudência

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Art 304 Parágrafo único

Mesmo que um terceiro socorra, continua respondendo por omissão.

Suprida por terceiros - O agente só responde se estiver evadido se um terceiro se adianta para socorrer a vítima não permite que o condutor socorra primeiro

Morte instantânea – no que tange a hipótese de morte instantânea trata-se de um equivoco do legislador, pois isto seria exceção ao art. 17 do CP que trata do crime impossível. Se a vítima teve morte instantânea não haveria bem jurídico a tutelar.

Art. 305 – Fuga do Local do acidente

Quer fugir para não responder perante a justiça. Age com culpa.

Objeto jurídico – a administração da justiça . Trata-se de crime próprio do condutor que age com culpa, que foge. Esta regra é inconstitucional, pois ninguém tem o dever de se auto incriminar.

Estado de necessidade (pode) Art. 306 – Embriaguez ao volante

A maior alteração da lei seca foi no art. 306. Expondo a dano em potencial. O legislador esta punindo sobre a possibilidade de se provocar um dano Previsão de que possa acontecer (principio da

ofencividade). É inconstitucional prevê e punir antes o agente.

Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:

Este artigo exige 03 requisitos:

1)Tem que conduzir, mesmo com o carro desligado. (No embalo de uma ladeira), não há crime se ligar o carro, mas não conduzi-lo.

2)Tem que estar com concentração de álcool por litro de sangue = ou superior a 06 decigramas/l ou sob influência de substância psicoativa.

3)Tem que estar na via pública.

OBJETO JURÍDICO.

Segurança viária.

Obs.: Críticas a lei.

 Retorno dos chamados delito de perigo abstrato: Foi retirado o termo “expondo a dano potencial a incolumidade de outrem” assim hoje basta a mera condução do veículo com concentração de álcool por litro de sangue = ou superior a 6 dg/l. Parte da doutrina entende que este artigo padece de inconstitucionalidade por ferir o princípio da ofensividade ou lesividade. Art. 277 § 2 e 3 da lei.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

OBJETO JURÍDICO.

Respeito a penalidade imposta por transgressão criminal. Este Artigo implica dirigir durante o período em que essa conduta está vedada em decorrência de condenação criminal. Essa regra pressupõe a reincidência.

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Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Basta que o agente não colabore com o início do cumprimento da pena deixando de entregar o documento à autoridade judiciária em 48h.

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:

OBJETO JURÍDICO.

Segurança viária.

Trata-se de crime de concurso necessário, é um crime plurisubjetivo, pois há necessidade de no mínimo 02 pessoas. Quem assiste incentiva e responde por partícipe. A lei fala de competição automobilística. Se for competição de motocicletas responderá pelo art. 308 da mesma lei, pois também são veículos automotores. Só será crime se estiver em via publica, sem autorização e houver dano potencial a incolumidade pública ou privada.

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

OBJETO JURÍDICO.

Segurança viária.

É necessário que o condutor esteja em via publica e não possua permissão e nem habilitação. Há crime quando o documento estiver vencido a mais de 30 dias (Art. 162 ; V;

CTB). Há também crime se o agente for habilitado para um veículo de uma categoria e estiver dirigindo de outra.

Obs.: Caso a permissão esteja suspensa, incorrerá no art. 307; CTB. Caso o agente estiver com habilitação falsa responde pelo crime do Art. 309 CTB em concurso do Art. 304 do CP.

Se o agente é habilitado, configura infração mera administrativa pelo fato de dirigir sem portar o documento.

A lei exige o perigo de dano, bastando a condução de forma anormal. (contramão, zigue- zague).

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi -lo com segurança:

OBJETO JURÍDICO.

Segurança viária.

Trata-se de uma regra de exceção pluralista a teoria monista prevista no art. 29 do CP, que diz que todos que concorrem para o mesmo fato, responde pelo mesmo crime. Aqui por opção do legislador foi criada uma norma para aquele que dirige sem estar habilitado e outra que é a regra do Art. 310; CTB, para aquele que participa do delito de falta de habilitação.

Uma pessoa não habilitada maior responde pelo Art. 309; CTB se gerar perigo de dano. O responsável sempre responde pelo art. 310; CTB.

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:

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OBJETO JURÍDICO.

Segurança viária.

Esse crime só existirá se houver a grande concentração de pessoas, se o agente passa na porta de escola de madrugada não existirá crime. Também só existirá o crime para a velocidade incompatível. Caso se faça manobras perigosas dento dos limites de velocidade, responderá pelo Art. 34 da LCP Dec. Lei 3688/41.

Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

OBJETO JURÍDICO.

Crime contra administração da justiça e dolo de enganar para evitar sua punição é exigido.

QUESTÃO.

1) O motorista Alberto, imprudentemente ao fazer uma ultrapassagem perigosa na BR 101, adentra na contramão e colide com veículo de Bruna que conduzia observando a todas as normas de cuidado. Em razão da colisão os veículos são arremessados no acostamento e atropelam um vendedor ambulante. Em seguida, Alberto que agiu de forma culposa, prestando socorro, telefona para 193 3e 190 chamando respectivamente o bombeiro e policia. Tendo em vista que o vendedor estava agonizando, Bruna, apavorada com a situação, resolve evadir-se. Logo após Celso policial rodoviário em serviço, passa pelo local pilotando sua moto e vendo tudo não presta assistência. Um pouco depois, os bombeiros chegam juntamente com a polícia, e o vendedor morre na ambulância e Alberto é preso em flagrante delito. Comente a questão a luz do CTB respondendo as indagações:

a) A que tipo penal responderá Alberto.

b) A que tipo penal responderá Bruna.

c) A que tipo penal responderá Celso.

d) A atitude dos policiais em prender Alberto foi correto? Comente.

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