CLASSES SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS
As relações entre condições sociais e luta política
CLASSE SOCIAL é um conceito elaborado por Marx para se referir às diferenças de condição social em uma sociedade
Para Marx, as pessoas em uma sociedade não vivem condições idênticas. Mais ainda, para o autor, essas condições são diferentes e
opostas: isto é, o que uma quer, outra não quer. Os interesses de uma classe são exatamente o que a outra classe rejeita.
Portanto, para Marx, as classes sociais estão em conflito. Daí sua famosa frase: “a luta de
classes é o motor da história”.
Para Marx, no
capitalismo, as classes em oposição seriam as
dos burgueses e dos proletários, isto é, dos donos da produção e de
quem vende a mão-de- obra para sobreviver.
Ou seja, a principal oposição no
capitalismo, para Marx, é entre capital e
trabalho.
Essa relação é de exploração. Para Marx,
para o capital continuar crescendo, é preciso
aprofundar a exploração do
trabalhador. Por outro lado, para o trabalhador deixar de ser explorado,
é preciso que o
capitalismo mude. Daí o conflito entre capital e trabalho no capitalismo.
Ao longo do século XIX até as primeiras décadas do XX, os trabalhadores se organizaram e partiram para a luta por melhores condições de trabalho e de vida.
Por mais que o ideal dos trabalhadores fosse o socialismo (ou seja, o fim do capitalismo), suas demandas eram leis e reformas do sistema capitalista, as quais amenizariam a precariedade da classe operária.
Por meio de greves, motins, piquetes e manifestações públicas, sempre enfrentando os poderes econômicos e políticos, os trabalhadores alcançaram diversas conquistas:
- Jornada de trabalho definida por lei (8 horas);
- Legalização da greve;
- Direito à organização sindical;
- Até mesmo o fim de restrições socioeconômicas para cargos de representação política (como deputados) e o sufrágio universal;
Até as primeiras décadas do século XX, as lutas sociais nos países capitalistas eram basicamente as dos trabalhadores por
melhores condições de trabalho e de vida. Não haviam outras formas significativas de movimentos sociais. Era uma luta do pobre contra o rico, do operário lutando por menos exploração e
do capitalista tentando barrar e coibir as conquistas dos trabalhadores.
Depois de muitas conquistas dos trabalhadores e, também,
da massificação da produção capitalista, que diminuiu o preço dos bens de consumo,
alguns países atingiram o que a sociologia define como sociedade de classe
média.
Não se trata de afirmar que as desigualdades entre o capital e o trabalho desapareceram, mas que diminuíram. Os trabalhadores tinham direitos que os defendiam, renda para
o consumo e bens acessíveis disponíveis no mercado. Essa sociedade de classe média pode também ser entendida como Estado
de Bem-Estar Social.
A partir da década de 1940, a realidade muda nos países capitalistas
Nesse contexto, a luta dos trabalhadores não acaba, mas perde fôlego. Afinal, era mais fácil mobilizar os trabalhadores para qualificar sua mão-de-obra e, assim, crescer no capitalismo, do
que para lutar pelo socialismo.
Contudo, ao mesmo tempo em que a luta dos trabalhadores diminui, surgem os novos movimentos sociais, ou o que a
sociologia chama de nova esquerda.
Nas décadas de 1950 e 1960, surgem movimentos sociais que faziam diversas reivindicações de mudanças, mas que não se
identificavam com a luta dos trabalhadores.
São movimentos sociais identitários, com bandeiras bastante específicas, como o
estudantil, o jovem, o hippie, o negro, o feminismo, o ambientalista, o gay, dentre diversos outros. Suas reivindicações pediam profundas reformas nos países capitalistas, mas
não eram movimentos determinados por condições de classe.
A luta dos movimentos sociais dos anos 60 em diante é por cidadania e por direitos humanos. Em
outras palavras, por liberdade, igualdade e respeito às diferenças. Não
se trata, portanto, de uma luta de classe por melhores
condições de trabalho.
A luta dos movimentos sociais vai além da condição de classe.
As demandas e bandeiras dos movimentos sociais podem mobilizar pessoas em diferentes condições socioeconômicas.
Assim, é possível ter ricos e pobres lutando juntos por causas ambientalistas, assim como identificar trabalhadores e
empresários lutando por leis e punições mais severas para acidentes de trânsito provocados por alto consumo de álcool.
Desde então, esse é o panorama das relações entre classes sociais e movimentos sociais
Porém, mesmo indo além, os movimentos sociais também apresentam semelhanças com as lutas de classes:
1 – Trata-se de uma luta por menos desigualdades sociais, tal como as as lutas de classes dos trabalhadores. Desse modo, a conquista dos movimentos sociais implica numa perda de poder de grupos que se beneficiam com as iniquidades econômicas e disparidades de poder.
2 – Por mais que ricos possam participar das lutas dos movimentos sociais, na realidade observa-se que a radical maioria dos seus participantes são pessoas que se sentem excluídas e desprestigiadas socialmente.
Movimentos sociais e classes sociais hoje: diferenças, mas, também, semelhanças e justaposições
Exemplo: o caso do movimento espanhol contra os despejos