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Mauro Fernando Gallo. Como fazer uma boa gestão do Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF

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Como fazer uma boa gestão do Imposto de Renda das

Pessoas Físicas – IRPF

Mauro Fernando Gallo

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SUMÁRIO

03 Apresentação do autor 04 Introdução

05 Carga tributária e alíquotas legal

e efetiva

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Formado em Ciências Econômicas pela FECAP, pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP, Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FECAP e Doutor em Ciências Contábeis pela FEA – USP. 

Trabalhou como executivo durante 12 anos nas áreas de Administração, Finanças e Gerência Geral em empresas multinacionais – Rockwell do Brasil e Union Special (Chicago – USA). No setor público, foi Agente Fiscal do Estado do Paraná e Auditor Fiscal Tributário da Prefeitura Municipal de Bauru, até aposentar-se como Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Também foi professor de Gestão Tributária na BSSP Centro Educacional. Autor de livros na área tributária e de vários artigos científicos em congressos nacionais e internacionais.

Mauro Fernando Gallo

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foto ilustrativa

!

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1. Introdução

São muitas as reclamações geradas pelo pagamento dos encargos que compõem a chamada carga tributária, à qual estão sujeitas tanto as empresas quanto as pessoas físicas que atuam profissionalmente, não só em grupos de funcionários de entidades privadas e de instituições de serviço público federal, estadual e municipal, mas também como profissionais liberais, empresários, autônomos, aposentados e pensionistas, capitalistas, rentistas e outros.

Como é do conhecimento de muitos, a mídia divulga anualmente a carga tributária média da sociedade. No ano de 2017, por exemplo, o nível dessa carga foi de 32,43% (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2018). Deve-se destacar que, apesar de esse item ser calculado com base na arrecadação total de tributos no ano, dividida pelo Produto Interno Bruto – PIB do mesmo ano, trata-se de uma média aritmética, englobando tanto os tributos pagos pelas empresas (pessoas jurídicas), como os pagos pelas pessoas físicas.

Ademais, convém mencionar que, por se tratar de uma média, há empresas ou pessoas físicas que arcaram com uma carga tributária superior à média apurada, bem como há as que pagam abaixo dela. Assim sendo, sempre que se pensar em termos de gestão tributária, deve-se apurar a carga tributária efetiva da empresa ou da pessoa física em questão.

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Outro fato importante a ser destacado, antes de se adentrar especificamente nos detalhes, é que a gestão tributária, ou o planejamento tributário, como é denominado por alguns, não deve se restringir às pessoas jurídicas, ou seja, principalmente às empresas com fins lucrativos, mas, da mesma maneira, deve contemplar as pessoas físicas, as quais também podem e devem aplicar a gestão tributária em seus rendimentos, como forma de reduzir legalmente seus encargos fiscais. Importante salientar que quando se fala e gestão tributária ou planejamento tributário trata-se sempre de ser dentro da legalidade, o que implica em risco zero.

Não resta dúvida, por tudo que já foi publicado, de que a carga tributária no Brasil se encontra em patamares superiores aos existentes em países com níveis de desenvolvimentosemelhantes, sendo que há até países com desenvolvimento superior ao nosso e que apresentam índices menores de carga tributária. É o caso dos Estados Unidos, que, em 2016, apresentou uma carga de 26%, conforme dados da OCDE (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2018).

A tabela na página a seguir apresenta a evolução da carga tributária no Brasil na última década:

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2. Carga tributária e

alíquotas legal e efetiva

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É importante lembrar que pior até do que os índices de carga tributária enfrentados pela sociedade brasileira é o destino dado aos recursos arrecadados. Inegavelmente, a qualidade dos serviços prestados à nossa população é de um nível sofrível, não só na saúde, mas também na educação e inclusive na segurança, fazendo com que tanto as pessoas físicas quanto as empresas, além de arcarem com pesados gastos tributários, sejam obrigadas a assumir elevadas despesas nesses setores, se desejarem um serviço com a mínima qualidade – fato facilmente comprovável –, bastando acompanhar a divulgação diária nas várias mídias.

Considerando a carga tributária divulgada pelo Ministério da

ANO CARGA TRIBUTÁRIA EM %

2007 33,7

2008 33,5

2009 32,3

2010 32,5

2011 33,4

2012 32,6

2013 32,6

2014 31,9

2015 32,1

2016 32,3

2016 32,43

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Fazenda (2018) correspondente ao ano de 2017, que foi de 32,43%, pode-se inferir que as pessoas trabalham 118 dias do ano em média somente para pagar tributos, ou seja, aproximadamente quatro meses.

Esse cálculo está levando em conta a fórmula como nossos governantes calculam a carga tributária média no país. Convém lembrar que infelizmente esse modelo apresenta algumas imperfeições, conforme demonstrado na tese de doutorado do autor, em 2008, a qual pode ser consultada com maiores detalhes no site da FEA/USP-SP.

De forma resumida, podem-se citar alguns aspectos de tais imperfeições, como, por exemplo, a fórmula utilizada por nossos governantes no cálculo da carga tributária bruta, a saber:

CTB =

PIB

ARRECADAÇÃO

Onde:

CTB: carga tributária bruta

ARRECADAÇÃO: refere-se ao valor de todos os tributos recebidos pelas esferas governamentais – União, Estados, Municípios - e

ainda o Distrito Federal, apurado pela contabilidade pública de cada nível dos diversos entes governativos responsáveis.

PIB: Produto Interno Bruto – refere-se a toda a riqueza gerada na economia brasileira no período.

Portanto, considerando o modelo acima destacado de apuração

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da carga tributária bruta, primeiramente deve-se salientar que a contabilidade pública dos diversos órgãos governamentais registra a arrecadação pelo chamado regime de caixa, isto é, somente contabiliza o que foi recebido efetivamente em cada esfera do governo.

Assim sendo, na apuração da carga tributária bruta, o montante de arrecadação utilizado no modelo desconsidera os valores não arrecadados, por várias razões, dentre as quais:

i) a inadimplência dos contribuintes que podem ter declarado os valores devidos e não tenham tido condição de efetuar o pagamento correspondente;

ii) a questão de o contribuinte discordar da cobrança que lhe foi apresentada e estar discutindo os referidos valores administrativamente, ou judicialmente;

iii) o fato de o contribuinte ter parcelado o valor devido e estar pagando apenas uma pequena parcela a cada mês do

tributo devido.

Além das situações citadas, convém mencionar também que a sonegação de valores se constitui em crime contra a ordem tributária, de acordo com a Lei 8.137/1990.

No que se refere à sonegação fiscal, sem dúvida existem várias formas, as quais podem afetar somente a arrecadação e não a mensuração do PIB, ou impactar tanto a arrecadação quanto a mensuração do PIB, podendo ser na mesma proporção tanto no numerador como no denominador, ou não.

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Dessa forma, com relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, fica claro que, de todo o montante lançado pelos Estados e pelo Distrito Federal, o valor que não tenha sido pago por alguma das razões anteriormente expostas não foi computado no cálculo da carga tributária bruta. O mesmo ocorre com o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU, cujos carnês foram lançados pelas prefeituras dos diversos municípios brasileiros e pelo Distrito Federal, ou seja, os valores não pagos pelos contribuintes também não integraram o cálculo da CTB, podendo ter ocorrido o mesmo inclusive com outros impostos e taxas estaduais e municipais.

Na esfera do governo federal, a falta de arrecadação pode acontecer em relação ao Imposto de Renda das Pessoas Físicas – IRPF, se os contribuintes entregarem a declaração, mas não realizarem os respectivos pagamentos. O mesmo pode se dar com relação ao Imposto Territorial Rural – ITR, no caso de produtores rurais ou proprietários de imóveis rurais haverem declarado os respectivos impostos devidos, porém não terem efetuado os pagamentos correspondentes; pode ocorrer também o fato de estarem discutindo administrativa ou juridicamente algum auto de infração que tenha sido lavrado, ou ainda terem parcelado tributos devidos e estarem pagando em pequenas parcelas mensais.

Caso os governos nas três esferas – federal, estadual e municipal, bem como o Distrito Federal – considerassem os valores devidos pelos contribuintes e não pagos, sem dúvida haveria uma carga tributária bruta mais elevada do que a normalmente publicada, o que seria mais realista.

Sem dúvida nenhuma, os valores não recebidos em determinado

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ano-calendário poderão ser recebidos em outro ano no futuro, porém, da mesma forma, estaria sendo distorcida a informação de quanto é o real montante de carga tributária bruta que os governos impõem à sociedade brasileira, pois há valores que nunca serão pagos e nem por isso deixariam de compor a carga tributária.

Sabe-se que os governos nas três esferas – apesar de terem aperfeiçoado muito o controle fiscal eletrônico – não conseguem combater a totalidade da sonegação de tributos, pois desconhecem o total de negociações realizadas pelos agentes econômicos. No entanto, os valores dos tributos que estão sendo discutidos administrativa e judicialmente, bem como os valores lançados e que não foram pagos, são de pleno conhecimento dos órgãos de fiscalização tanto federais, como estaduais e municipais, e, assim sendo, poderiam ser incluídos no cálculo da carga tributária bruta para que se obtenha um índice com

maior precisão.

Por outro lado, com base nos montantes das autuações fiscais por omissão de receitas ou outros tipos que tenham reduzido os valores dos tributos devidos, além de outros tributos tais como ICMS, IPI, PIS e COFINS, os órgãos de fiscalização poderiam utilizar-se do ferramental estatístico para poder ao menos efetuar uma estimativa dos montantes sonegados pelos agentes econômicos, o que possibilitaria a obtenção de um índice de carga tributária bruta ainda com maior acurácia.

De forma geral, o que se tem na prática é que o índice divulgado de carga tributária bruta não deve ser utilizado na gestão tributária de cada pessoa física ou empresa, e sim a carga tributária efetiva do agente econômico (pessoa física ou jurídica) em estudo.

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Como, no caso, estamos tratando de pessoa física, vamos exemplificar com o IRPF do exercício 2020, ano-calendário 2019. É muito comum uma pessoa dizer que seus rendimentos situam-se na faixa de 27,5% do imposto, como se realmente pagasse essa alíquota de IRPF, a qual é denominada de alíquota legal ou nominal, porém, a seguir, vamos demonstrar o cálculo da alíquota efetiva que iria compor sua carga tributária efetiva:

a) considerando a tabela do IRPF do exercício 2020, ano-calendário 2019, para cálculo da retenção mensal, no caso de a pessoa física ter salário de R$ 15.000,00 e não possuir dependentes, resultariam os seguintes dados:

b) primeiramente, nota-se o desconto do INSS, que teria a alíquota legal ou nominal de 11%, limitada ao máximo de R$

671,12, o que resultaria em um salário líquido a ser tributado de R$ 14.328,88 = R$ 15.000,00 - R$ 671,12;

Fonte: Receita Federal do Brasil (2020).

BASE DE CÁLCULO (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65 De 2.826,66 até 3.751,05

- 7,5

15 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5

2016 32,43

11

ALÍQUOTA (%)

-

Acima de 4.664,68 27,5

142,80 354,80 636,13 869,36

PARCELA A DEDUZIR DO IR (R$)

RENDIMENTO

%

DEDUÇÃO

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c) dessa forma, uma renda tributável de R$ 14.328,88 enquadra-se na faixa de alíquota legal ou nominal de 27,5%, por ser um rendimento superior a R$ 4.664,68, conforme tabela progressiva do IRPF;

d) calculando o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, resulta em: R$ 14.328,88 x 27,5% - R$ 869,36 (parcela de dedução) = R$

3.940,44 - R$ 869,36 = R$ 3.071,08;

e) para calcular as alíquotas efetivas do INSS e IRRF, deve-se dividir cada um dos valores pelo rendimento bruto de R$ 15.000,00 e multiplicar por 100, a saber:

Do acima exposto, tem-se que a alíquota legal ou nominal do INSS de 11% demonstrou corresponder a uma alíquota efetiva de 4,47%, enquanto a alíquota legal ou nominal do IRRF de 27,5%

representou uma alíquota efetiva de 20,11%. Isso é importante, pois, ao se efetuar uma gestão tributária, devem-se analisar os tributos sempre com base nas alíquotas efetivas e não nas alíquotas legais ou nominais, que são as publicadas na legislação, pois estas podem não significar o quanto realmente os tributos pagos estariam pesando sobre os rendimentos recebidos.

Após tais esclarecimentos sobre a gestão e o planejamento tributário, bem como sobre a mensuração da carga tributária bruta efetiva, seguem alguns casos práticos com pessoas físicas e formas de reduzir legalmente seus encargos fiscais.

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1) Alíquota efetiva do INSS = x 100 = 4,47%

2) Alíquota efetiva do IRRF = x 100=20,11%

R$ 15.000,00 R$ 3.166,03

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3. Declaração simplificada ou completa

Um dos primeiros aspectos a ser considerado na gestão tributária da Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF anual é quanto e qual será a forma de declaração que pagará menos IRPF, isto é, a que propicie a maior restituição possível dos valores retidos. Nesse aspecto, não se pode culpar o governo se pagarmos a mais, pois o próprio programa da DIRPF demonstra qual das duas opções é melhor para cada pessoa.

A DIRPF simplificada possibilita uma dedução automática de 20%

sobre o rendimento tributável bruto até determinado limite anual, sem a comprovação de nenhum pagamento efetuado. No caso do exercício de 2020, ano-calendário 2019, esse limite é de R$

16.754,34, portanto é um sistema muito interessante para quem não possui muitas despesas dedutíveis, tais como: dependente(s), despesas com educação própria ou de dependente(s), despesas médicas ou de planos de saúde, despesas hospitalares, despesas com dentistas, pensões alimentícias judiciais, INSS, previdência privada, entre outros.

Por outro lado, a DIRPF completa possibilita um maior volume de deduções sem o limite de 20%, porém, para tanto, é necessário possuir os documentos hábeis que comprovem os referidos gastos; ademais, há limites no caso de dependente(s), das despesas educacionais e da previdência privada em PGBL (com benefícios fiscais).

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É possível saber em que casos é mais interessante apresentar a declaração simplificada ou a completa. Supondo-se o caso de

uma pessoa solteira, sem dependente, que não esteja estudando, que tenha um plano de saúde pelo qual pagou R$ 200,00 por mês, totalizando R$ 2.400,00 no ano de 2019 e que obteve de renda

tributável no ano R$ 48.000,00, com retenção de INSS de R$

5.280,00, a seguinte situação se apresentaria:

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ITENS

Rendimentos tributáveis

(-) Desconto simplificado 20%

(-) Retenção do INSS

(-) Despesas c/ plano de saúde

R$ 48.000,00

= Renda tributável

(R$ 9.600,00) - - R$ 38.400,00 Alíquota do IRPF

Valor do IRPF devido

15,0%

R$ 1.912,78 DIRPF

SIMPLIFICADA R$ 48.000,00

(R$ 5.280,00) (R$ 2.400,00)

DIRPF COMPLETA

R$ 42.320,00 22,5%

R$ 2.598,05

ECONOMIA TRIBUTÁRIA - 26,38%

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4. Declaração em conjunto ou em separado

Ao elaborar a Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF anual, é muito importante avaliar se o casal ou dependente(s) devem declarar em conjunto ou em separado, pois não se pode esquecer que, ao incluir o cônjuge ou o(a, s) filho(a, s), ou ainda os genitores como dependentes, o titular deve incluir em sua declaração também os rendimentos tributáveis, isentos e tributáveis exclusivamente na fonte desses dependentes. Essa inclusão poderá causar a mudança de faixa na tributação dos rendimentos totais, pois esses dependentes poderiam estar na faixa de rendimentos tributáveis com alíquota zero, porém, ao somar seus rendimentos ao do rendimento tributável do declarante, o total poderá ficar na faixa de 27,5%, o que por si só já elevaria a tributação.

Por outro lado, os valores deduzidos por dependente são limitados anualmente e inferiores à faixa de alíquota zero na tabela progressiva, caso as declarações sejam feitas em separado.

Somente poderia ser vantajosa a declaração em conjunto caso os dependentes possuíssem despesas dedutíveis superiores aos rendimentos tributáveis de cada um deles, principalmente no que se refere a despesas sem limites, tais como despesas médicas, odontológicas, com plano de saúde, dentre outras.

No caso de cônjuges, os rendimentos de aluguéis constituem-se

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em um item que deve ser analisado quanto a efetuar DIRPF em conjunto ou em separado, pois é permitido declarar 50% desses valores para cada cônjuge ou 100% para um deles apenas. Assim sendo, caso um deles não possua renda, ou mesmo possua um nível de renda que esteja em faixa mais baixa na tabela progressiva, pode-se declarar 100% em seu nome, sendo que isso pode ser alterado a cada ano sem nenhum problema, como será visto mais adiante.

Outro ponto importante a ser considerado é que, no caso de casais, tanto o homem quanto a mulher podem ser o dependente, situação que também pode ser alterada a cada exercício.

Supondo um determinado ano em que o marido ou companheiro passou por um longo período de desemprego, por exemplo, ele pode ser declarado como dependente da esposa ou companheira.

Atualmente, os programas da Receita Federal do Brasil permitem simular com facilidade as declarações e comparar qual a melhor alternativa – fazer a declaração em conjunto ou em separado, seja entre o casal ou entre seus demais dependentes.

Convém mencionar que, caso um casal adote a opção pela DIRPF em separado, cada um dos cônjuges poderá incluir seus próprios dependentes, inclusive os genitores; é necessário atentar para o fato de que não é permitido incluir sogro e/ou sogra como dependentes, o que somente é possível quando a DIRPF do casal for em conjunto.

Outro detalhe é que os filhos do casal somente podem ser incluídos em uma das DIRPFs, do pai ou da mãe, não podendo o mesmo filho ser incluído na declaração de ambos, mesmo que

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60.000,00 de rendimentos de todo o período), a tributação do IRPF incidirá somente sobre esse valor do rendimento.

Caso esse aplicador, em vez de resgatar o valor da aplicação de uma única vez, retire valores parciais ou mesmo passe a recebê-lo em forma de aposentadoria mensal, da mesma forma só será tributado o rendimento correspondente a cada parcela recebida.

Quanto à forma de tributação dos respectivos resgates, existem duas maneiras distintas, denominadas regressiva e progressiva pela maioria das instituições financeiras, sendo que a pessoa, ao iniciar seu plano, deve fazer a opção, não podendo alterá-la posteriormente. Caso pretenda optar por uma forma distinta da anterior, deve dar início a um novo plano, que até pode ser na mesma instituição financeira, porém, quanto aos resgates do primeiro plano existente, haverá sempre a tributação na forma escolhida originalmente.

O funcionamento na tributação desses dois planos será explicado após a exposição do funcionamento do plano PGBL, pois a forma de tributar é a mesma em ambos os planos, variando apenas a base de cálculo, como será demonstrado na ocasião.

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5.2. Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL

O Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL é o plano de previdência privada que, além de todos os aspectos oferecidos pelos planos VGBL, possibilita também benefícios fiscais para o contribuinte que entrega a Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF no modelo completo, e que também esteja vinculado a alguma previdência oficial, seja ela do INSS ou de algum outro órgão público.

Esse plano pode ser interessante para a gestão tributária de vários tipos de profissionais, tais como funcionários de empresas privadas, de economia mista ou de órgãos públicos, além de profissionais liberais de qualquer área, bem como sócios, proprietários de empresas, rentistas que recebam aluguéis, aposentados, pensionistas, e até mesmo por recebedores de pensão alimentícia, desde que enquadrados no modelo mencionado no parágrafo anterior.

Assim sendo, respeitados os quesitos mencionados no primeiro parágrafo deste subitem, a pessoa física poderá depositar até 12%

do rendimento tributável bruto, reduzindo esse montante do total de rendimento tributável no ano-calendário em que efetuar o depósito, o qual pode ser feito mensalmente, em um único depósito anual ou ainda em alguns depósitos avulsos durante o ano.

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Supondo-se, então, um rendimento tributável bruto anual de R$

100.000,00, que compreenda, por exemplo, salários e aluguéis, a seguinte situação se apresentaria, tendo a pessoa efetuado ou não depósitos em um plano PGBL de previdência privada:

A partir dos dados acima demonstrados, nota-se que uma pessoa com rendimento tributável bruto anual de R$ 100.000,00 que depositar 12% desse valor – limite máximo de benefício em um plano PGBL de previdência privada – poderá gerar uma redução de 3.30 pontos percentuais na alíquota efetiva do IRPF devido, o que significa uma diminuição de 22,22% nos encargos fiscais de IRPF dessa pessoa, no ano-calendário em que efetuou os respectivos depósitos.

No momento do resgate de um plano PGBL da previdência privada, a diferença em relação ao resgate de um plano VGBL é que, enquanto neste somente é tributado o rendimento obtido, no plano PGBL a tributação incide sobre o total da retirada ou retiradas, englobando tanto os valores aplicados quanto os rendimentos obtidos, uma vez que, quando foram efetuados os depósitos, estes foram deduzidos do rendimento tributável total.

ITENS

Rendimento tributável bruto anual (-) INSS

(-) Depósito de 12% em PGBL

= Rendimento tributável líquido

R$ 100.000,00

IRPF DEVIDO NO ANO

R$ 8.053,44 R$ 12.000,00 R$ 79.946,56 R$ 11.552,98

Alíquota efetiva anual do IRPF 11,55%

COM PGBL

R$ 3.300,00 22,22%

R$ 12.000,00 ECONOMIA TRIBUTÁRIA R$100.000,00

R$ 0,00 R$ 91.946,56 SEM PGBL

R$ 14.852,98 14,85%

R$ 8.053,44

2

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considerando 50% de suas despesas; caso o casal possua mais de um(a) filho(a), os cônjuges podem decidir qual filho será incluído nas DIRPFs do pai e da mãe, como, por exemplo, dois filhos com o pai e um com a mãe, ou vice-versa.

Para facilitar o entendimento, suponha-se que o mesmo contribuinte do exemplo citado no capítulo anterior fosse casado ao invés de solteiro, com as seguintes condições: sua esposa possui uma renda tributável de R$ 36.000,00, com retenção do INSS de R$ 3.960,00; como despesa, possui apenas a de um plano de saúde de R$ 1.800,00 no total do ano; não possui outros dependentes – tais como filhos, genitores, etc. –, e nenhum dos dois está estudando.

Dessa forma, no caso de apresentarem DIRPF em conjunto, teriam a seguinte situação, já considerando que, devido às poucas despesas dedutíveis, a declaração simplificada seria a melhor opção para o casal:

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ITENS VALORES EM R$

Rendimentos tributáveis 84.000,00 (-) Desconto simplificado de

20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 67.245,66

(16.754,34)

Alíquota do IRPF – dedução 27,5% – 10.432,32

= IRPF devido no ano 8.060,24

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Caso o mesmo casal efetuasse as DIRPFs em separado, a seguinte situação se apresentaria:

Comparando a carga tributária do casal em termos de IRPF, caso efetuasse a DIRPF em conjunto ou em separado, resulta em:

Como pode ser verificado na tabela anterior, no caso do casal em questão haveria uma economia de 74,76% na carga tributária do IRPF, somente pelo fato de o casal efetuar suas DIRPFs em separado, em vez de fazê-lo em conjunto.

ITENS CÔNJUGE 1

Rendimentos tributáveis 48.000,00

(-) Desconto simplificado de 20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 38.400,00

(9.600,00)

Alíquota do IRPF – dedução 15,0% – 4.198,16

= IRPF devido no ano 1.561,84

TOTAL DE IRPF DEVIDO NO ANO

CÔNJUGE 2

36.000,00

28.800,00 (7.200,00)

7,5% – 1.687,43 472,57 2.034,41

ITENS CARGA TRIBUTÁRIA IRPF

DIRPF em conjunto R$ 8.060,24

DIRPF em separado (total) R$ 2.034,41

Economia tributária R$ 6.025,83

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 74,76%

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5. Previdência privada

A previdência privada pode se destinar a vários objetivos, desde a formação de uma aposentadoria privada até fazer parte da gestão tributária, passando inclusive pela simplificação na sucessão familiar, entre outros.

Será dado enfoque à gestão tributária, por se tratar do objetivo central desta obra, o que não significa que não serão analisados alguns aspectos não tributários, para um melhor entendimento por parte do leitor.

Primeiramente, deve-se mencionar que existem previdências privadas fechadas e abertas, sendo as fechadas aquelas compostas por grupos de funcionários privados ou públicos de determinadas empresas ou entidades públicas, as quais não serão analisadas, tendo em vista que somente quem faz parte dessas organizações pode participar, além de essas previdências possuírem regras próprias para entrada, saída e outros.

Assim sendo, serão analisadas as previdências privadas abertas por serem ligadas ou não a bancos comerciais, porém todas as pessoas podem entrar e sair de acordo com regras gerais estabelecidas pelo Banco Central e SUSEP, sendo que as variações de uma para outra podem ser pequenas, principalmente no que se refere aos rendimentos e custos operacionais. Convém lembrar, ainda, que muitas regras das previdências privadas abertas

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podem ser válidas para as previdências privadas fechadas, assim, quem necessitar pode analisar por similaridade e entender melhor o seu caso em questão.

Analisando-se então as previdências privadas abertas, estas normalmente apresentam dois tipos de planos:

a) Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL;

b) Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL.

5.1 Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL

O VGBL é um plano de previdência privada que não apresenta nenhum benefício tributário, sendo que as pessoas podem depositar qualquer quantia mensalmente ou até mesmo esporadicamente, visando principalmente aos aspectos de aposentadoria, aplicação financeira e sucessão familiar, entre outros, porém jamais visando à gestão tributária.

Os resgates poderão ocorrer de duas formas – ou mediante o início da aposentadoria, conforme data estabelecida junto ao plano, ou por resgates avulsos a cada 60 dias durante o período de capitalização, ou seja, períodos em que se efetuam os depósitos antes da idade estabelecida para a aposentadoria.

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Com relação à aposentadoria, é sempre útil pensar na previdência privada como um complemento da aposentadoria oficial, que é limitada a R$ 6.101,06 pelo INSS. Muitos profissionais têm renda superior a esse limite quando em atividade e, como seus recolhimentos ao INSS são baseados no limite estabelecido em lei, em contrapartida irão conseguir, no máximo, uma aposentadoria e pensão para seu cônjuge dentro do referido limite, lembrando, ainda, que será muito difícil alcançar esse limite máximo, tendo em conta que a nova formula de cálculo reduz o recebimento, bem como a redução das pensões para quem não possui dependentes menores.

Dentre os contribuintes enquadrados nas circunstâncias mencionadas, encontram-se os profissionais liberais, tais como médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos, economistas, contadores e psicólogos, entre outros, além de sócios e proprietários das empresas, bem como funcionários qualificados, como gerentes e diretores contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

No caso de resgates efetuados nos planos VGBL, somente os rendimentos serão tributados pelo IRRF, e não o valor total do resgate, pois, como não houve nenhum incentivo fiscal para que se realizassem os depósitos, não há por que tributar o valor do principal (montante depositado) quando de seu resgate, e sim somente os rendimentos obtidos pelos referidos depósitos.

Assim, supondo-se hipoteticamente que uma pessoa faça uma aplicação de R$ 100.000,00 em um plano VGBL e, após um período de 10 anos, queira fazer o resgate total da aplicação, no valor de R$

160.000,00 (R$ 100.000,00 do capital investido, acrescidos de R$

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Referências

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