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AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL EM XEQUE: caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia MANAUS/AM 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA

ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL EM XEQUE: caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia

MANAUS/AM 2022

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ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL EM XEQUE: caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia

Dissertação elaborada pela discente Escarlete Raíssa Evangelista da Silva, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade, para fins de apresentação ao Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como requisito final para obtenção do título de mestra em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia.

Linha de pesquisa: Questão Social, Políticas Sociais, Lutas Sociais e Formação Profissional Orientadora: Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade

MANAUS/AM 2022

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Ficha Catalográfica

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

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ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL EM XEQUE: caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia

Dissertação elaborada pela mestranda Escarlete Raíssa Evangelista da Silva, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade, para fins de apresentação ao Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como requisito final para obtenção do título de mestra em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia.

Aprovado em 14 de outubro de 2022.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade – Presidente Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Prof.ª Dr.ª Marinez Gil Nogueira – Membro Interno Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Prof.ª Dr.ª Jane Cruz Prates – Membro Externo Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS

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Dedico este trabalho aos coordenadores, docentes e discentes dos Programas de Pós-graduação em Serviço Social do Brasil que, em tempos de ataque à Educação, estão resistindo e realizando verdadeiros malabarismos para expandir e consolidar os cursos de Serviço Social.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu Deus. Obrigado, meu Deus, por me dar um novo recomeço e por me amar muito mais do que eu mereço. A construção desta pesquisa só foi possível com a colaboração e ajuda de pessoas que se dispuseram em energia e tempo. Agradeço a todos que ajudaram de forma direta e indireta. De modo especial, agradeço:

À minha família, especialmente minha mãe, que não mediu esforços para que eu não desistisse do mestrado. Obrigada pela compreensão por todas às vezes que eu deixei a casa virada pelo avesso e fiquei horas em frente ao notebook. À minha querida tia Jack, que me levou chocolates, lanches e cuidou de toda minha família nos momentos mais difíceis durante os anos de 2020-2022.

À minha querida professora e orientadora, Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade, que me mostrou um novo mundo acerca da pesquisa e docência em Serviço Social. Sem dúvidas, sem sua orientação e incentivo, essa dissertação não teria sido concluída. Agradeço por colocar meus pés no chão quando foi necessário, e por me acompanhar nos momentos em que precisei alçar voo. Nada foi solitário, eu me senti segura. Existem tantas coisas que podem ser ditas, mas quero agradecer especialmente por não ter desistido da sua aluna. Obrigada pelas oportunidades de conhecer novos mundos, e por trazer novamente os dias ensolarados. Os cafés e caçadas ao tesouro em meio aos fungos aqueceram meu coração durante o último semestre.

À minha estimada e querida professora Dr.ª Marinez Gil Nogueira, a famosa “professora dos quadros”, que foi minha primeira orientadora na UFAM. A responsável por abrir os caminhos do mundo científico em minha vida, e a principal incentivadora para que eu realizasse o processo seletivo do PPGSS. Obrigada pelo carinho, incentivo e pelos conselhos de nossa última conversa.

À querida e calorosa professora, Prof.ª Dr.ª Jane Cruz Prates, que por meio das participações nas aulas do PPGSS, sempre foi muito gentil e solícita em esclarecer minhas dúvidas. Obrigada pelas aulas acerca do método marxiano, análise de conteúdo e pelas incontáveis contribuições no Exame de Qualificação e Defesa de Dissertação. É uma honra ter alguém como você participando da banca.

À minha querida amiga e mestra, Shirley Vitória Teixeira de Menezes, que foi uma parceira nos momentos de alegria e lágrimas. Obrigada por me incentivar e ter me apoiado nas fases mais difíceis durante o mestrado. Amo você!

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À minha querida amiga e caseira, Evelyn Barroso Pedrosa, que não mediu esforços para me ajudar com os dados da pesquisa. Ajudou-me na procura dos documentos em caixas, me ajudou na agilização da sistematização dos documentos que não estavam digitalizados, e sempre tirava minhas dúvidas sobre o Relatório Sucupira e processo de Avaliação. Você será uma professora maravilhosa!

Às minhas queridas irmãs de alma, Izabelle Fragoso e Ádria Lavour, que aguentaram meus desabafos e sumiços enquanto eu escrevia. Meninas, obrigada por todas as orações que fizeram por mim. Sem vocês duas, talvez eu nem tivesse chegado até esse momento. O apoio de vocês foi imprescindível para que eu concluísse essa dissertação. Amo vocês!

Às amizades que fiz durante esses três anos, Denise, Shirley, Glória, Sarah, Marjory, Isadora, Evelyn, Suellen, Silvana, Adriana, Ariel e Léo. Foram tantos os momentos que compartilhamos e escrevo isso emocionada. Vocês foram o arco-íris depois dos dias chuvosos em minha vida. Que nossos cafés, fofocas e caçadas em papéis cheios de fungos perdurem por longos anos.

Ao Grupo de Estudos de Serviço Social, Trabalho e Direitos na Amazônia (ESTRADAS), que aprofundou meu olhar sobre o processo investigativo. E, me fez compreender que o “óbvio” deve e precisa ser registrado.

Às professoras que aceitaram participar da pesquisa, que não mediram esforços para encontrar registros antigos, anotações, velhas agendas, fotografias e velhas memórias sobre o PPGSS.

Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS), que contribuíram por meio das disciplinas e apontamentos sobre meu objeto de pesquisa.

À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM), pela concessão da bolsa de mestrado e apoio financeiro para a realização desta pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento do projeto PROCAD Amazônia.

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“...o presente não é só contemporâneo, ele é herdeiro de nossa história”.

Elenise Scherer

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RESUMO

Este estudo teve como focos a trajetória e a consolidação do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS), o segundo mestrado stricto sensu implantado na região Norte, o qual se insere no contexto da pós-graduação no Brasil. O programa foi avaliado como nota três (regular) por três vezes consecutivas, o que o colocou em uma posição de risco para sua sobrevivência junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Seu objetivo geral foi: Analisar os avanços e desafios do PPGSS à luz dos critérios de avaliação da CAPES, para dar visibilidade às particularidades da região Amazônica e contribuir para a qualificação do programa. Os objetivos específicos consistiram em: contextualizar a trajetória histórica e as singularidades do PPGSS no Amazonas; evidenciar os avanços do PPGSS nas avaliações quadrienais dos anos (2013-2016/2017-2020); e desocultar os principais desafios e entraves do PPGSS à luz dos indicadores de avaliação da CAPES. Para alcançar os objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográfica, documental e de campo. Por ser uma pesquisa explicativa, à luz do Materialismo Histórico e Dialético, a coleta e o tratamento dos dados se deram por meio Enfoque Misto, dada a necessidade de articulação de dados quantitativos e qualitativos. Ao longo dos quinze anos de história na UFAM, o programa avançou em vários aspectos, seja na qualificação do corpo docente, no tempo de titulação dos alunos, nas pesquisas que trazem as particularidades do Amazonas. Os resultados encontrados apontam que, entre obstáculos e aprendizados, o programa tem construído seu amadurecimento e consolidação, o que resulta do trabalho coletivo de várias gestões e do empenho da comunidade acadêmica. O divisor de águas é o processo de apreensão e adoção do planejamento estratégico-participativo em relação às regras da avaliação conduzida pela CAPES, e amadurecimento propiciado pela experiência no PROCAD/Amazônia, o qual resultou na obtenção da nota quatro na avaliação quadrienal 2017-2020, cujo resultado foi conhecido em 2022.

Palavras chaves: Pós-graduação; Avaliação; Amazônia; Serviço Social; Região Norte.

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ABSTRACT

This study focused on the trajectory and consolidation of the Postgraduate Program in Social Work and Sustainability in the Amazon (PPGSS), the second stricto sensu master's degree implemented in the North region, which is part of the context of postgraduate studies in Brazil. The program was evaluated as a grade three (regular) for three consecutive times, which put it at risk for its survival with the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES). Its general objective was: To analyze the advances and challenges of the PPGSS in the light of CAPES evaluation criteria, to give visibility to the particularities of the Amazon region and contribute to the qualification of the program. The specific objectives consisted of: contextualizing the historical trajectory and the singularities of the PPGSS in Amazonas; highlight the advances of the PPGSS in the four-year evaluations of the years (2013-2016/2017-2020); and uncover the main challenges and obstacles of the PPGSS in the light of CAPES evaluation indicators. To achieve the objectives, bibliographic, documentary and field research were carried out. As it is an explanatory research, in the light of Historical and Dialectical Materialism, the collection and treatment of data took place through a Mixed Approach, given the need for articulation of quantitative and qualitative data. Over the fifteen years of its history at UFAM, the program has advanced in several aspects, be it in the qualification of the faculty, in the time of the students' degree, in the research that brings the particularities of the Amazon. The results found indicate that, between obstacles and learning, the program has built its maturity and consolidation, which is the result of the collective work of several administrations and the commitment of the academic community. The watershed is the apprehension process and adoption of strategic-participatory planning in relation to the rules of the evaluation conducted by CAPES, and maturation provided by the experience in PROCAD/Amazônia, which resulted in obtaining a grade four in the four-year evaluation 2017-2020 , whose result was known in 2022.

Keywords: Postgraduate studies; Evaluation; Amazon; Social Work; North Region.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O caminho da pesquisa ... 18

Figura 2: Panorama Geral da Pós-Graduação no Brasil ... 21

Figura 3: Panorama da Pós-Graduação na região Norte do Brasil ... 22

Figura 4: Ausência de Programas em Serviço Social e Balanço da Distribuição por região, status e conceito. . 71

Figura 5: Linha cronológica da criação e desenvolvimento do PPGSS no período de 2006-2009. ... 86

Figura 6: Propostas do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia. .. 89

Figura 7: Estágio de foco, zona de conforto e pressão em relação ao processo de avaliação. ... 122

Figura 8: Oficina de Avaliação e Planejamento Interno do PPGSS/UFAM ... 128

Figura 9: I Seminário de Autoavaliação e Planejamento do PPGSS/UFAM ... 130

Figura 10: Etapas do Plano de Autoavaliação e Planejamento Estratégico do PPGSS/UFAM. ... 144

Figura 11: Linha de tempo da Coordenação do PPGSS/UFAM no período 2007-2013 ... 178

Figura 12: Linha de tempo da Coordenação do PPGSS/UFAM no período 2013-2017 ... 179

Figura 13: Linha de tempo da Coordenação do PPGSS/UFAM no período 2017-2020 ... 180

Figura 14: Linha de tempo da Coordenação do PPGSS/UFAM no período 2021-2023 ... 181

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Formação Profissional em nível de Especialização e Mestrado. --- 100 Tabela 2: Formação Profissional em nível de Doutorado e Estágio Pós-Doutoral --- 101 Tabela 3: Temáticas trabalhadas pelos grupos de pesquisa do PPGSS/UFAM até o ano de 2022 104

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Produção Cientifica sobre o PPGSS/UFAM em 2020. ... 24

Quadro 2: Documentos de fonte primária e secundária utilizados na pesquisa, ... 35

Quadro 3: Principais tipologias do Conceito de Avaliação ... 46

Quadro 4: Síntese da periodicidade de Avaliação realizada pela CAPES no período 1976-2024 ... 64

Quadro 5: Distribuição dos Programas de Pós-Graduação de Mestrado em Serviço Social entre a década de 1970 e 1980. ... 67

Quadro 6: Distribuição dos Programas de Pós-Graduação de Mestrado em Serviço Social a partir da década 1990 e 2000. ... 68

Quadro 7: Distribuição dos Programas de Pós-Graduação de Mestrado em Serviço Social a partir da década 2010. ... 69

Quadro 9: Ordem decrescente das áreas reconhecidas e avaliadas pela CAPES. ... 71

Quadro 10: Distribuição dos programas e cursos avaliados e reconhecidos pela CAPES. ... 72

Quadro 11: Organização da Pós-Graduação em Serviço Social na Região Norte em 2022. ... 73

Quadro 12: Área de concentração e linhas de pesquisa da 1ª proposta do PPGSS ... 83

Quadro 13: Corpo docente e área de titulação do doutorado ... 85

Quadro 14: Disciplinas Obrigatórias e Eletivas das Grades Curriculares do período de 2007-2022 ... 91

Quadro 15: Objetivos, missão, visão e valores do PPGSS/UFAM ... 93

Quadro 16: Professores que contribuíram na proposta e ministraram disciplinas no PPGSS. ... 98

Quadro 17: Professores do PPGSS no ano de 2022. ... 99

Quadro 18: Grupos de Estudos e Pesquisas vinculados ao PPGSS/UFAM ... 103

Quadro 19: Produção científica sobre o PPGSS/UFAM. ... 110

Quadro 20: Trajetória do PPGSS/UFAM em relação à avaliação no período 2008-2022. ... 113

Quadro 21: Avaliações do PPGSS/UFAM nas trienais 2007-2009 e 2010 e 2012 ... 118

Quadro 22: Movimentos do jogo de xadrez em alusão ao processo de avaliação ... 125

Quadro 23: Ações adotadas no processo de autoavaliação do PPGSS/UFAM ... 130

Quadro 24: Potencialidades e Fragilidades do PPGSS identificadas em 2019. ... 131

Quadro 25: Comissões de Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia ... 133

Quadro 26: Principais atividades realizadas, não realizadas e pendências com base nas deliberações do seminário 2019 ... 135

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Quadro 27: Principais Potencialidades aprimoradas com base nas deliberações de 2020 ... 146 Quadro 28: Principais fragilidades permanentes com base nas deliberações de 2020 ... 147 Quadro 29: Principais metas operacionais para o quadriênio 2021-2024 ... 151

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LISTA DE SIGLAS

ABEPSS Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social ABESS Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social

ADUA Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas ANDES Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior ANDIFES Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEAS Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CF Constituição Federal

CFESS Conselho Federal de Serviço Social CPPG Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação CRESS Conselhos Regionais de Serviço Social CTS Conselho Técnico Científico

DINTER/NF Doutorado Interinstitucional Novas Fronteiras

DO Doutorado Acadêmico

DP Doutorado Profissional

DSS Departamento de Serviço Social EAD Ensino a Distância

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória ENC Exame Nacional de Cursos (ENC)

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

ENESSO Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social ENTIS Encontro Nacional de Trabalho Interdisciplinar e Saúde . ERE Ensino Remoto Emergencial

ESTRADAS Grupo de Estudos de Serviço Social, Trabalho e Direitos na Amazônia FAPEAM Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

FUFPI Fundação Universidade Federal do Piauí FUFSE Fundação Universidade Federal de Sergipe

GEDHS Grupos de Pesquisa em Gestão Social, Direitos Humanos e Sustentabilidade na Amazônia GEPCA Grupos de Estudos e Pesquisa da Complexidade Amazônica

GEPOS Grupos de Estudo, Pesquisa e Observatório Social: Gênero, Política e Poder

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GEPPSSAM Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Sociais e Seguridade Social no Amazonas GETRA Grupo de Estudos e Pesquisa em Processos de Trabalho e Serviço Social na Amazônia INTERAÇÃO Grupo Interdisciplinar de Estudos Socioambientais e de Desenvolvimento de

Tecnologias Sociais na Amazônia

IC Iniciação Científica

ICHL Instituto de Ciências Humanas e Letras

IFCHS Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias

ME Mestrado Acadêmico

MEC Ministério da Educação

MP Mestrado Profissional

MPF Ministério Público Federal

PACPG Plano de Autoavaliação e Planejamento Estratégico do Apoio à Consolidação e Avanço da Qualidade da Pós-Graduação

PAIUB Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PNPG Plano Nacional de Pós-Graduação

PPG Programa de Pós-Graduação

PPGSS Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia PROAP Programa de Apoio à Pós-Graduação

PROCAD Programa Nacional de Cooperação Acadêmica

PROCAD/NF Programa Nacional de Cooperação Acadêmica Novas Fronteiras PRODOUTORAL Programa de Formação Doutoral Docente

PROPESP Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.

PUC-GO Pontifícia Universidade Católica de Goiás

PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RIU Repositório Institucional da Universidade Federal do Amazonas

SIQSSAM Seminário Internacional de Questões Socioambientais e Sustentabilidade na Amazônia SISTEBIB Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Amazonas

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SNPG Sistema Nacional de Pós-Graduação TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TEMPPUS Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Teoria Social Crítica, Estado Movimentos Sociais e Políticas Sociais

UCPEL Universidade Católica de Pelotas UEA Universidade do Estado do Amazonas UECE Universidade Estadual do Ceará UEL Universidade Estadual de Londrina UEPB Universidade Estadual da Paraíba

UERJ Universidade do Estado do Rio De Janeiro UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFAL Universidade Federal de Alagoas

UFAM Universidade Federal do Amazonas UFBA Universidade Federal da Bahia

UFES Universidade Federal do Espírito Santo UFF Universidade Federal Fluminense UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora UFMA Universidade Federal do Maranhão UFMT Universidade Federal do Mato Grosso UFPA Universidade Federal do Pará

UFPB-JP Universidade Federal da Paraíba UFPE Universidade Federal do Pernambuco

UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UFT Universidade Federal de Tocantins UFV Universidade Federal de Viçosa UNB Universidade de Brasília

UNESP-FR Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Franca UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I - DO PONTO DE PARTIDA AO PERCURSO METODOLÓGICO

EFETIVADO ... 18

1.1 O ponto de partida: a origem do problema e relevância da pesquisa para Região Norte... 20

1.2 As pedras no meio do caminho: os impactos da pandemia no desenvolvimento da pesquisa ... 27

1.3 O percurso metodológico trilhado: metodologia, análise e exposição da pesquisa ... 29

CAPÍTULO II - A FORMAÇÃO PROFISSIONAL SOB AVALIAÇÃO: UM DESTAQUE À PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL ... 39

2.1 Entre disputas e ambivalências: descortinando caminhos e possibilidades da avaliação ... 39

2.2 A pós-graduação no Brasil à luz das orientações de qualidade da CAPES: caminhos e (des)caminhos ... 50

2.3 A pós-graduação em Serviço Social: caminhos de implantação, consolidação e expansão... 65

CAPÍTULO III - SINGULARIDADES DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA NA REGIÃO NORTE ... 75

3.1 O Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia: os caminhos para sua criação e implantação ... 76

3.2 As estruturas e propostas do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia na Região Norte ... 88

3.3 As especificidades do corpo acadêmico, docente e pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós- Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia na Região Norte ... 95

CAPÍTULO IV - O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA À LUZ DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA CAPES: ENTRE AVANÇOS E DESAFIOS ... 112

4.1 A consolidação do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia: entre avanços e desafios ... 113

4.2 Os caminhos trilhados para qualificar o conceito do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia na Região Norte... 124

4.3 Entre o passado e presente: desenhando novos caminhos para futuro do Programa de Pós- graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia ... 138

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 153

REFERÊNCIAS ... 157

APÊNDICES ... 172

ANEXOS ... 182

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CAPÍTULO I

DO PONTO DE PARTIDA AO PERCURSO METODOLÓGICO EFETIVADO

Uma pesquisa sempre nasce de um questionamento envolto de contradições e inúmeras hipóteses sobre o problema do objeto. O caminho escolhido pelo pesquisador para desvendar essas contradições desde a definição do problema até a interpretação dos resultados é o diferencial para a realização de uma exposição crítica. Como nos ensina Netto (2011), o desenvolvimento de uma pesquisa crítica não é um mero conjunto de regras formais. Mas para chegar a uma análise que ultrapasse a aparência, é necessário caminhar por uma trilha metodológica coerente com a direção social crítica defendida pela formação em Serviço Social. Todo esse processo envolve um ponto de partida e um ponto de chegada, que, na verdade, é também um ponto de retorno, porque o movimento dialético pressupõe que o conhecimento não é acabado, conforme explicitado no exemplo a seguir:

Figura 1: O caminho da pesquisa

Fonte: Elaborado pela pesquisadora para fins explicativos.

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Tal desenvolvimento pode ser exemplificado de forma didática através do “jogo do caminho ou jogo de percurso”. Com base nos estudos de Santos (2006, p.122), entendemos que “o processo de conhecimento realizado a partir da imediaticidade tem dois momentos, que Marx elucida como o

“caminho de ida” – ponto de partida – e o “caminho de volta” – ponto de chegada”. Para alcançar os objetivos da presente pesquisa foi fundamental pensar em um percurso que considerasse as conexões e múltiplas determinações que envolviam o objeto de pesquisa. Dessa forma, o primeiro capítulo é a introdução da dissertação e está estruturado em três partes interdependentes que explicitam como foi desenvolvida a presente investigação.

O primeiro item apresenta como surgiu o problema da pesquisa e a importância de fazer uma pesquisa sobre a história e avaliação do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) no estado do Amazonas. Em seguida, é evidenciado como aconteceu o processo de desenvolvimento e execução da pesquisa durante a pandemia e quais foram os principais desafios, mudanças adotadas durante esse período e a importância do Grupo de Estudos de Serviço Social, Trabalho e Direitos na Amazônia (ESTRADAS) no desenvolvimento da pesquisa.

O último item explicita o percurso metodológico efetivado durante todas as fases da pesquisa, oportunidade em que é destacado como aconteceu o processo de organização, sistematização, análise e exposição dos dados coletados.

A presente dissertação intitulada “Avaliação da pós-graduação em Serviço Social em xeque:

caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia” é resultado de pesquisa desenvolvida entre os anos 2020-2022, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). É um trabalho vinculado aos estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa ESTRADAS, referência em pesquisas sobre a formação profissional no Amazonas. É um dos desdobramentos do projeto guarda-chuva “Serviço Social no Amazonas entre sombras e luzes:

historiografia, formação e trabalho profissional” da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Entre os anos 2020-2022, a pesquisa esteve agregada ao Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (PROCAD/Amazônia) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio da vinculação no projeto “A formação e o trabalho profissional do Assistente Social: aproximações e particularidades entre Amazônia e Sul do Brasil”, desenvolvido em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Universidade Federal do Pará (UFPA), os quais contribuíram por meio dos seminários externos e internos na aproximação do objeto estudado e aprimoramento da pesquisa por meio dos encontros que envolveram a discussão sobre o método, as diferentes técnicas e modos de realizar uma análise.

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1.1 O ponto de partida: a origem do problema e relevância da pesquisa para Região Norte

Os caminhos trilhados na formação de um pesquisador e professor em Serviço Social nunca são solitários. Durante todo o percurso, até a finalização da dissertação a pesquisa foi orientada pela Prof.ª Dr.ª Roberta Ferreira Coelho de Andrade. No princípio, o objeto de pesquisa da presente dissertação seria o Estágio Docente, mas, durante o processo de orientação e levantamento exploratório no Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a temática avaliação da pós-graduação ganhou foco.

Presenciar o esforço coletivo do corpo acadêmico do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) para evitar um possível descredenciamento acabou despertando inquietações e curiosidades sobre o processo de avaliação. Mas principalmente teceu a pergunta “Por que o programa tirou nota três?”. Sem entender nada sobre avaliação, foram surgindo novas informações como: “ele pode ser descredenciado porque tirou nota três em três avaliações”, mas ao presenciar o esforço dos professores, aquele cenário parecia irreal e injusto, o que acabou determinando que estudaríamos sobre a avaliação do programa.

Com base em levantamento exploratório, identificamos que havia um consenso crítico de que a formação em Serviço Social na Pós-Graduação enfrentava uma gama de desafios atrelados ao incentivo do empresariamento da educação e produção de conhecimentos. O arcabouço teórico de pesquisas científicas relacionado à pós-graduação era amplo e diversificado. Entretanto, no que concerne à produção de conhecimento no Amazonas, havia uma lacuna sobre a pós-graduação stricto sensu e como aconteceu seu processo de expansão à luz dos critérios e indicadores de avaliação da CAPES.

Sabemos que a expansão e a consolidação da pós-graduação stricto sensu no Brasil são orientadas a cada decênio por um Plano Nacional de Pós-graduação (PNGP). O documento delineia diretrizes, estratégias e metas no desenvolvimento da pós-graduação que busquem assegurar a qualidade, a adequação e o aperfeiçoamento dos programas de pós-graduação no Brasil. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é fundamental nesse processo, pois vinculada ao Ministério da Educação (MEC), tem como finalidade subsidiar a formação de políticas e recursos humanos que assegurem a qualidade e expansão da pós-graduação stricto sensu.

Esse processo envolve um acompanhamento e uma avaliação periódica dos cursos de pós- graduação, direcionada pela CAPES, e realizada pelo Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNGP), objetivando certificar a entrada de novos cursos, como também, certificar a permanência ou descredenciamento de um programa. De acordo com a CAPES, esse processo é fundamentado no

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“reconhecimento e confiabilidade [...] assegurada pela análise dos pares; critérios debatidos e atualizados pela comunidade acadêmico-científica a cada período avaliativo; Transparência firmada na ampla divulgação das decisões, ações e resultados” (BRASIL, 2020, n.p).

Todavia, o debate crítico acerca do processo de avaliação da pós-graduação traz questionamentos que devem ser refletidos e discutidos. Um dos principais elementos é sua ênfase na produção quantitativa de artigos periódicos qualificados. Outros questionamentos estão relacionados às assimetrias regionais, distribuição desigual de recursos e critérios de avaliação que parecem não contemplar as particularidades ou dimensões sociais de um programa, nem as consequências desse modelo de avaliação para os programas. Não é à toa que o processo de avaliação da CAPES tem se tornado objeto de estudo em diversas áreas do conhecimento.

Os dados da Plataforma Sucupira sinalizavam que o Brasil possuía 4.631 programas desenvolvendo 7.053 cursos concentrados em 49 áreas, distribuídas em 3 Colégios e 9 Grandes Áreas, sendo 3.690 em nível de mestrado acadêmico, 2.443 em nível de doutorado e 862 em nível de mestrado profissional (BRASIL, 2021). A distribuição por região revela uma gritante disparidade quanto à expansão de programas e cursos. Mas essa não é uma discussão recente, o debate crítico revela que as regiões Norte e Centro-Oeste sempre estiveram nos focos de discussão quando o assunto é assimetria regional e distribuição de recursos financeiros, conforme demonstra a figura 2:

Figura 2: Panorama Geral da Pós-Graduação no Brasil

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da Plataforma Sucupira (BRASIL, 2021).

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Ao considerar todas as regiões, dos 4.631 programas implantados no Brasil, apenas 36 são da área de Serviço Social. Até o ano de 2022, 12 programas estavam localizados na região Sudeste, 12 programas na região Nordeste, 6 programas na região Sul, 3 programas na região Centro-Oeste e apenas 3 programas na região Norte. É evidente a disparidade no número de programas nas regiões Centro-Oeste e Norte. No que concerne aos 287 programas da região Norte, 10 estão no Amapá, 15 no Acre, 14 em Roraima, 17 em Rondônia, 28 em Tocantins, 63 no Amazonas e 140 no Pará, conforme demonstra a figura 3:

Figura 3: Panorama da Pós-Graduação na região Norte do Brasil

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da Plataforma Sucupira (BRASIL, 2021).

Dos 63 programas concentrados no Amazonas, este estudo apresenta as singularidades de apenas um, o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o único programa stricto sensu em Serviço Social no Amazonas. Assim, intitulada “Avaliação da Pós-Graduação em Serviço Social em xeque:

caminhos, avanços e desafios de um programa na Amazônia”, a presente dissertação tem como temática central a pós-graduação em Serviço Social. O objeto de estudo é o processo de avaliação do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia.

A Amazônia é reconhecida por sua biodiversidade. É um campo extenso e complexo para o desenvolvimento de pesquisas. Embora haja uma atenção nacional e internacional sobre os aspectos ambientais e potencialidade dos recursos naturais da Amazônia, é necessário reconhecer também sua

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sociodiversidade, considerando as diversas culturas, os múltiplos saberes tradicionais, a pluralidade dos povos e, principalmente, as múltiplas expressões da questão social que envolvem a sua sociabilidade. Baseada nesta dinâmica e outras particularidades regionais e sociais, são pensadas a formação e pesquisas em nível de pós-graduação em Serviço Social na região Norte.

Contudo, embora a CAPES reconheça a importância do investimento nas pesquisas sobre as especificidades desta região, e compreenda a importância do equilíbrio regional, superação das assimetrias e disparidades, os programas ainda enfrentam diversas fragilidades no processo de sobrevivência à luz das orientações dos Planos Nacionais de Pós-Graduação e indicadores de qualidade no Brasil. Esse processo é exemplificado desde os desafios vivenciados na criação dos programas enquanto adequação de proposta como também na permanência e consolidação desses programas junto à CAPES.

Constata-se que a Região Norte em comparação às outras regiões se desenvolveu de forma tardia no processo de expansão da pós-graduação iniciado na década de 1970. A região possui apenas três programas stricto sensu, o primeiro criado em 1996 na Universidade Federal do Pará (UFPA), o segundo criado em 2007 na Universidade Federal do Amazonas (2007) e o último aprovado em 2018 na Universidade Federal de Tocantins (UFT). Esses programas estão concentrados nas áreas de Serviço Social, Políticas Sociais e Direitos (UFT), Serviço Social, Trabalho e Políticas Sociais (UFPA), Serviço Social, Políticas Públicas, Trabalho e Sustentabilidade na Amazônia (UFAM) (BRASIL, 2021).

A permanência e a consolidação desses programas na Região Norte são de extrema importância para subsidiar a produção cientifica crítica no âmbito do Serviço Social e fortalecer a qualificação profissional de excelência. Contudo, a sobrevivência desses programas é permeada por diversos desafios. Quando essa pesquisa nasceu, o PPGSS estava próximo de um possível descredenciamento no Amazonas. O programa já havia passado por três avaliações, em que foi classificado como nota três (regular), por três vezes consecutivas, o que o colocou em uma posição de risco para sua sobrevivência enquanto programa de pós-graduação junto à CAPES.

Dessa forma, o interesse pela temática formação profissional e avaliação da pós-graduação teve quatro pontos de partidas: o primeiro diz respeito às mudanças na conjuntura política e econômica que afetam a política educacional e estimulam tendências na avaliação dos programas e impactos na formação profissional em Serviço Social em nível de pós-graduação. O segundo ponto deveu-se à constatação do exaustivo esforço coletivo do corpo docente, corpo acadêmico e coordenação no aperfeiçoamento do conceito do programa em contexto de um possível descredenciamento.

O terceiro ponto surgiu do aprimoramento do objeto de pesquisa durante os primeiros 6 meses do mestrado. Em razão da pandemia, o PPGSS perdeu pessoas que deixaram marcas, registros

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documentais e bibliográficos, mas também levaram consigo memórias particulares que fazem parte da história de sobrevivência do programa. O último ponto brotou da escassez de pesquisas sobre o PPGSS. Ainda em 2020, quando optamos por estudar a história e avaliação do programa, não havia nenhuma pesquisa ativa ou material público que abordasse o objeto delineado. De acordo com levantamento exploratório, foram encontrados alguns trabalhos, conforme demonstra o quadro 1:

Quadro 1: Produção Cientifica sobre o PPGSS/UFAM em 2020.

Categoria Título Ano Região

Relatório de Iniciação Científica

A Pós-Graduação em Serviço Social: uma análise do perfil acadêmico, profissional e das pesquisas dos alunos de mestrado em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia.

2012 Norte O destino dos mestres em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia:

da qualificação à inserção profissional. 2013 Norte

A produção intelectual do corpo docente do Programa de Pós- graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) no período de 2010 a 2012.

2015 Norte Artigos em Anais

Internacionais

Na trilha da qualificação profissional: educação, formação e o destino dos

mestres. 2013 Norte

Matéria em Revista

Mestrado em Serviço Social: há dez anos fortalecendo a perspectiva da

sustentabilidade. 2017 Norte

Fonte: Elaboração própria com base em levantamento exploratório, 2020.

A pesquisa exploratória no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Amazonas (SISTEBIB/UFAM) revelou que não havia também nenhuma dissertação ou tese que abordasse a trajetória e consolidação do PPGSS, nos últimos 15 anos. O levantamento no Repositório Institucional da UFAM evidenciou três produções bibliográficas de Iniciação Cientifica nos anos 2012, 2013 e 2015, delimitadas em especificidades do programa, conforme sinalizado no quadro 1. Destaca-se que, a partir do ano de 2020, surgiram diversas produções acerca do programa. Todavia, nenhuma produção trabalhou uma sistematização da história ou entraves vivenciados pelo programa em relação às notas regulares.

Com base em levantamento exploratório no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, não foi encontrada nenhuma dissertação ou tese em Serviço Social que abordasse de forma conjunta no título as temáticas pós-graduação e avalição no período 2010-2020. Porém, ao utilizar o mecanismo de refinamento e inserir o termo “Pós-graduação em Serviço Social”, foram localizadas 14 produções bibliográficas, sendo 71% (10) dissertações e 29% (4) teses. Desse total, 50% (7) estão localizadas na Região Sudeste, 14% (2) na Região Nordeste, 21% (3) no Sul, 7% (1) no Centro-Oeste e 7% (1) na Região Norte.

Na época, o único trabalho encontrado na Região Norte era uma pesquisa desenvolvida no ano de 2016, uma dissertação do PPGSS intitulada “As transformações do trabalho docente na Universidade Federal do Amazonas: da produção ao produtivismo na pós-graduação”, mas que não

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trabalhava a trajetória histórica ou processo de avaliação do programa. O que fez com que essa pesquisa se diferenciasse dos demais estudos, pois ela apresenta os avanços e desafios que conduziram o processo de implantação e consolidação do PPGSS no Amazonas durante 15 anos.

É importante ressaltar que, a partir do 2º semestre do ano de 2020, novas produções cientificas acerca do PPGSS foram publicadas, mas estavam centradas em diferentes objetos de estudo, o que torna essa dissertação uma importante contribuição sobre a historiografia da pós-graduação em Serviço Social no Amazonas, uma vez que as únicas pesquisas sobre o programa não se aprofundavam no movimento histórico dos desafios ou avanços do programa como espaço de formação e sobrevivência junto à CAPES.

Os resultados deste estudo são relevantes sob diferentes aspectos. O primeiro aspecto pode ser sinalizado pela escassez de pesquisas desenvolvidas sobre o único programa de Serviço Social que trabalha como uma de suas temáticas centrais a perspectiva da sustentabilidade ambiental. Neste contexto, contribui para a produção científica crítica da região Norte sobre a pós-graduação e avaliação e enfatiza de forma crítica a necessidade de superação das disparidades regionais, como também pode proporcionar uma reflexão e debates sobre os atuais mecanismos e critérios de avaliação da CAPES em âmbito nacional.

Um outro aspecto diz respeito à contribuição para a própria autoavaliação do PPGSS, no sentido de gerar reflexões acerca dos entraves e desafios enfrentados pelo programa. Na época da construção da pesquisa, o resultado da quadrienal 2017-2020 seria determinante acerca do destino do programa. Apostando na continuidade do programa, compreendíamos que os resultados deste estudo poderiam possibilitar o mapeamento de aspectos a serem melhorados e a construção de possíveis estratégias para o fortalecimento do programa junto à CAPES.

Um terceiro aspecto seria contribuir para que estudantes interessados em ingressar no PPGSS possam conhecer sua história, seus objetivos, seus grupos de pesquisa e possíveis possibilidades de pesquisa, bem como a proposta que norteia as atividades desenvolvidas. Mas também, afirmar a importância e a necessidade do programa na formação de mestres e produção de pesquisas no Amazonas. E, principalmente, colaborar com os estudos desenvolvidos pelo ESTRADAS, o qual tem sistematizado a história do Serviço Social no Amazonas desde a década de 1930, ao cenário contemporâneo.

Dessa forma, para que pudéssemos apresentar a realidade além da aparente descrição de dados, mas tentar realizar uma aproximação da essência que envolveu o desenvolvimento do programa, foi necessário compreender sob quais condições e contradições o mesmo se consolidou ao longo de sua trajetória entre os anos 2007-2020. Entendíamos que as condições e direções temporais de cunho de político, social e cultural moldaram parte de sua história e proposta. Neste viés, foi

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fundamental resgatar e sistematizar sua história, uma vez que não estava havia produção bibliográfica na época acerca do assunto.

Assim, buscando evidenciar a importância e as singularidades do PPGSS no Amazonas, o estudo se propôs a apresentar a trajetória do programa como espaço de formação profissional na UFAM e investigar os avanços e desafios de sua trajetória que incidiram no seu possível descredenciamento. Então foi definida como questão norteadora central: “Quais foram os principais avanços e desafios do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) no seu processo de consolidação como espaço de formação profissional da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), à luz da avaliação realizada pela CAPES?”.

Coerente com a questão norteadora central, definiram-se as questões secundárias: Qual a trajetória histórica e as singularidades do PPGSS como espaço de formação profissional no Amazonas? Quais os principais avanços do PPGSS no processo de consolidação nos últimos quinze anos? Quais foram os principais desafios enfrentados pelo PPGSS para sua sobrevivência no Amazonas à luz do processo de avaliação? Essas perguntas nortearam todo o desenvolvimento da pesquisa ao longo dos anos 2020-2022. A partir delas também foram construídos os objetivos e os capítulos da presente dissertação.

Dessa forma, o estudo propôs como objetivo geral: analisar os avanços e desafios do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) à luz dos critérios de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para dar visibilidade às particularidades da região Amazônica e contribuir para a qualificação do programa. Como objetivos específicos: contextualizar a trajetória histórica e as singularidades do PPGSS no Amazonas, evidenciar os avanços do PPGSS nas avaliações quadrienais (2013- 2016/2017-2020), e desocultar os desafios e entraves do PPGSS à luz dos indicadores da CAPES.

Além da introdução e considerações finais, a dissertação está estruturada em três partes. O segundo capítulo explicita a formação profissional sob avaliação: um destaque à pós-graduação em Serviço Social. O primeiro item destaca brevemente os caminhos e descaminhos da avaliação sob diferentes conceitos, sua relação com a avaliação e planejamento. O segundo item salienta a relação a estruturação da pós-graduação no Brasil à luz das orientações de qualidade da CAPES. O terceiro item apresenta um panorama geral da pós-graduação em Serviço Social no Brasil, seus caminhos de implantação, consolidação e expansão.

O terceiro capítulo aponta as singularidades Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) na Região Norte. No primeiro momento discorre acerca dos primeiros caminhos traçados para a criação e implantação do PPGSS. No segundo item, expõe as estruturas e propostas que nortearam a atuação e desenvolvimento do programa ao longo de 15 anos.

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O terceiro item indica algumas especificidades do corpo acadêmico, docente, objetivos e pesquisas desenvolvidas pelo programa durante o período 2007-2020.

O quarto capítulo discorre sobre os avanços e desafios do PPGSS, à luz do processo de avaliação realizado pela CAPES. No primeiro momento, faz uma leitura acerca das fases de avaliação vivenciadas pelo programa. No segundo item, discute sobre os caminhos trilhados para qualificar o conceito do programa e todo o processo que envolveu a construção de estratégias para superar o conceito três. Por último, apresenta uma leitura sobre o cenário atual do programa, possíveis desafios e novos caminhos para futuro.

Esperamos que os resultados teóricos e empíricos apresentados nesta dissertação evidenciem a importância e necessidade do programa na Região Norte; oportunizem aos leitores que compõem o programa a urgente reflexão acerca do aprimoramento contínuo do processo de autoavaliação;

evidenciem a importância da superação da competitividade e individualidade entre os alunos, docentes e corpo técnico; sejam um instrumento para fortalecimento da coletividade; e, contribuam para outras produções científicas sobre o PPGSS no Amazonas.

1.2 As pedras no meio do caminho: os impactos da pandemia no desenvolvimento da pesquisa

“Todo começo é difícil”, já dizia Marx (2013, n.p.). Tentar desvendar e construir uma linha histórica acerca do passado, presente e futuro não foi uma tarefa fácil. Durante todo o desenvolvimento da pesquisa houve diversos desafios externos e internos que ocasionaram adaptações e vários redesenhos na pesquisa. As atividades acadêmicas no PPGSS iniciaram no dia 09 de março de 2020. O tema da aula inaugural foi “Os desafios da pós-graduação em Serviço Social em um contexto de ataque à educação”. A nova turma de calouros nem imaginava o que enfrentaria nos anos seguintes: cursar o mestrado em um cenário pandêmico. A turma, que teve apenas duas aulas presenciais e iniciou o curso com diversas expectativas, precisou parar por 06 meses enquanto a UFAM pensava em medidas para a continuidade das atividades acadêmicas no novo contexto.

Embora não houvesse aula presencial, foi iniciado o processo de readequação do projeto em consonância com as medidas de segurança orientadas pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).

Simultaneamente aos esforços de readequação do projeto, a pandemia se agravou e o luto na cidade se tornou diário. Familiares, amigos e professores partiram. Dias sombrios cercaram o estado do Amazonas e trouxeram mudanças que terão impactos a curto, médio e longo prazo. As atividades acadêmicas retornaram no mês de setembro de 2020, sob uma nova configuração, no modelo de Ensino Remoto

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Emergencial (ERE), em razão da biossegurança e da não proliferação do vírus. Os discentes que não tinham condições e equipamentos não seriam obrigados a cursar o semestre especial.

Todavia, retornamos no semestre especial, pois entendíamos que o PPGSS estava sendo avaliado e seria importante para aumentar o conceito do programa. Contudo, estudar no ERE não foi tão simples. É importante ressaltar este cenário pela defesa do retorno presencial. Na casa da pesquisadora moravam oito pessoas, quatro eram universitários, um trabalhava na modalidade home office e três crianças tinham aula on-line pela Rede Municipal, um caos na divisão de equipamentos.

Ainda no mês de novembro de 2020, dois equipamentos tiveram perda total. O início do mês de novembro foi desafiador, sem os equipamentos adequados e as aulas prosseguiram. A pesquisadora utilizou o celular para terminar a revisão teórica do projeto e acompanhar as aulas síncronas.

O resultado de todo esse processo foi adoecedor em diversos aspectos em curto, médio e longo prazo. Mas também foi no mês de novembro que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) concedeu uma bolsa de estudos, a qual foi fundamental para permanecer no PPGSS. O projeto foi readaptado e para se aprofundar sobre a trajetória de avanços e desafios do programa, a pesquisadora passou a integrar a “Comissão de comunicação” e a “Comissão de autoavaliação e planejamento estratégico” do programa. A participação nas comissões foi fundamental para compreender os objetivos do programa e apreender seus principais desafios. Os seminários de avaliação foram imprescindíveis para que houvesse um mergulho na realidade do PPGSS.

No ano de 2021, desenvolver a pesquisa dentro do Modelo de Ensino Emergencial (ERE) se tornou uma obrigação. O desânimo de continuar o mestrado era constante. É extremamente necessário relatar que o ERE agudizou sintomas de ansiedade, procrastinação e medo. Apesar de entender o mestrado como um espaço privilegiado de aprendizagem, o processo de adaptação a esse formato emergencial foi turbulento. O ambiente conhecido como “lar” se transformou em ambiente de estudo e trabalho, equilibrar ambos e lidar com problemas cotidianos em consequência da pandemia foi exaustivo, mas não impediu que o aprendizado acontecesse. Ao mesmo tempo, o sentimento de não estar atendendo aos requisitos do mestrado foi companheiro durante o 1º e 2º semestre.

Durante essa trajetória foram cursadas oito disciplinas obrigatórias e uma eletiva. O conteúdo ministrado nas disciplinas foi essencial para o desenvolvimento do projeto e o primeiro capítulo da dissertação. As professoras Hamida Assunção, Marinez Cunha, Débora Rodrigues, Socorro Chaves, Lidiany Cavalcante, Milena Barros, Roberta Ferreira, Cristiane Fernandez e Iraildes Caldas foram as responsáveis pelas disciplinas. Existe um pedaço delas nos capítulos da dissertação, são mulheres, professoras e pesquisadoras de excelência que merecem ser evidenciadas na trajetória do PPGSS.

Merecem ser lembradas pelo seu empenho, empatia e incentivo em tempos tão difíceis.

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O mestrado também proporcionou a experiência no Estágio Docência, em que o aluno pode realizar uma aproximação às habilidades e competências exercidas no magistério sob duas óticas:

aprendendo e ensinando. Se aprender no ERE é desafiador, ensinar é mais difícil ainda. Foi desolador realizar nesse modelo. A interação com os alunos através de uma tela de computador ou celular é extremamente limitada. Em todo esse processo, a parte mais recompensadora foi perceber e ouvir dos alunos que estavam apreendendo algo, que você fez parte do processo ou contribuiu para seu crescimento. Também foi incentivador ouvir dos alunos que estavam conseguindo compreender o que estava sendo ensinado depois de estarem 1 ano sem estudar.

Outro desafio externo foi compreender que o assunto “Avaliação e Pós-Graduação” era uma discussão em movimento contínuo. Durante os dois anos de desenvolvimento da pesquisa, surgiram novas informações, mudanças, crises. Por ser um objeto ao qual não tinha apropriação, a pesquisadora enfrentou o desafio de entender aquilo que era importante no momento, e o que poderia deixar para investigar em outras pesquisas. Acompanhar o movimento do cenário político e econômico em relação à educação também foi um divisor de águas. Foi desta relação que houve a possibilidade de compreender o processo avaliativo realizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e os possíveis caminhos do PPGSS/UFAM no Amazonas.

A participação no grupo de pesquisa ESTRADAS foi imprescindível para que o olhar de pesquisadora se ampliasse e conseguisse ver as conexões, tensões e a própria importância da historiografia nesse processo todo. A pesquisa estava inserida em um projeto guarda-chuva que requeria uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo mais ampla. Observar como a orientadora conduzia o desenvolvimento pesquisa e participar deste processo propiciou o aprendizado de caminhos para a investigação e análise da presente dissertação. Essa dissertação é resultado de uma investigação que não fecha todas as lacunas sobre a história, consolidação e avaliação do programa, mas apresenta uma aproximação sob o olhar de uma discente pesquisadora.

1.3 O percurso metodológico trilhado: metodologia, análise e exposição da pesquisa

A produção de conhecimento científico é concebida à luz da teoria e do método. A teoria, por sua vez, é constituída para apreender e explicar um fenômeno (MINAYO, 2008). Na perspectiva marxiana, a teoria é “a reprodução ideal do movimento real do objeto pelo sujeito de pesquisa: pela teoria, o sujeito reproduz em seu pensamento a estrutura e a dinâmica do seu objeto de pesquisa”

(NETTO, 2011, p. 21). Entende-se que a teoria é o resultado do pensamento do pesquisador através das aproximações e compreensão do movimento de uma determinada realidade. Todavia, a

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interpretação do pesquisador não é uma verdade unívoca, sendo passível de ser refutada. Portanto, para atingir os objetivos propostos explicitados na introdução, foi fundamental planejar um percurso metodológico coerente com uma pesquisa social crítica.

Os estudos de Minayo (2008) elencam que o conceito de metodologia é um assunto controverso e com diversas interpretações. Enquanto alguns separam teoria e método, outros, ao contrário, afirmam a indissociabilidade entre ambos. A supracitada autora entende o conceito de metodologia como o “caminho do pensamento” (percurso que a investigação requer para análise de uma realidade), que inclui de modo justificado uma teoria de abordagem (método), onde sua prática é exercida através da operacionalização de instrumentos (técnicas) e criatividade do pesquisador (a articulação da sua interpretação com as teorias e experiência), que foram previamente pensadas para responder inquietações da investigação. Dessa forma, Minayo (2009, p. 15) afirma que a metodologia:

[...] inclui as concepções teóricas da abordagem, articulando-se com a teoria, com a realidade empírica e com os pensamentos sobre a realidade[...]a teoria e a metodologia caminham juntas, intrincavelmente inseparáveis. Enquanto conjunto de técnicas, a metodologia deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática.

Assim, a elaboração de um percurso metodológico e o desenvolvimento da investigação fundamentada em teorias e métodos requerem um planejamento prévio que contemple todas as fases de uma pesquisa. Dessa forma, foi necessário planejar um caminho metodológico que atendesse aos objetivos propostos da investigação e que estivesse coerente com os pressupostos defendidos na formação profissional em Serviço Social. De acordo com Prates (2017), muito além da execução de técnicas, o desenvolvimento de uma pesquisa exige o exercício da mediação teórico-prática, sendo a pesquisa um instrumento imprescindível para a formação e trabalho no adensamento de conceitos e desocultamento das contradições que atravessam todos os processos da realidade.

Um dos pressupostos defendidos pela formação profissional e trabalho em Serviço Social é a relação indissociável entre teoria e prática. Para Guerra (2009, p. 14), “a dimensão investigativa está intrinsecamente relacionada com a dimensão interventiva, e a qualidade de uma implica a plena realização da outra”. Por isso, a pesquisa assume centralidade na formação profissional e trabalho, pois é um instrumento interventivo capaz de desvendar as refrações da questão social e desocultar os padrões limitados de intervenção do Estado condicionados pelo capitalismo. É através da pesquisa que se identificam e se constroem estratégias que possam orientar e instrumentalizar a ação profissional, atender as demandas da sociedade em um constate movimento crítico (GUERRA, 2009).

Nesse processo, é indispensável uma postura investigativa com um compromisso ético em superar o aparente mediato, sendo primordial em uma pesquisa, a articulação de conteúdos teóricos

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com dados empíricos que descendem de uma realidade transfigurada pelo capitalismo (PRATES, 2017). Assim, a produção de conhecimentos materializada pela formação profissional em Serviço Social, que busca desvendar as contradições agudizadas pelo capitalismo, precisa estar ancorada em uma perspectiva teórica coerente aos objetivos da investigação e formação. O método marxiano é considerado imprescindível para questionar e descortinar as aparências que ocultam a essência de um fenômeno. Reitera-se, portanto, que o:

[...]o método marxiano é o movimento que o autor faz para desocultar uma realidade marcada pelo modo de produção capitalista que, para acumular, precisa explorar e produzir desigualdades, precisa padronizar, negando a diversidade, precisa tornar abstrato, meramente quantitativo, o trabalho qualitativo, ocultando suas particularidades (PRATES, 2014, p. 215).

Contudo, desocultar e apresentar uma nova leitura sobre uma realidade não é uma tarefa simples, pois “a realidade não é transparente e é sempre mais rica e mais complexa do que nosso limitado olhar e nosso limitado saber” (MINAYO, 2009, p. 17). O marxismo enquanto abordagem propicia uma aproximação da “historicidade dos processos sociais e dos conceitos, as condições socioeconômicas de produção dos fenômenos e as contradições sociais [...]” (MINAYO, 2009, p. 24).

E, enquanto método, assegura uma apreensão dialética capaz de “analisar os contextos históricos, as determinações socioeconômicas dos fenômenos, as relações sociais de produção e de dominação com a compreensão das representações sociais” (MINAYO, 2009, p. 24).

Na ótica de Netto (2011, p. 22), “o método de pesquisa que propicia o conhecimento teórico, partindo da aparência, visa alcançar a essência do objeto”. Prates (2012, p. 122), baseada nas análises marxianas de Hobsbawm (1989) e Lefebvre (1991), complementa que “o método de investigação deve primar por uma pesquisa profunda e exaustiva da realidade, estabelecer categorias, [...]

identificando contradições e conexões”. Para problematizar a atual realidade do PPGSS, foi fundamental desvendar as contradições que envolveram o seu desenvolvimento. Não se trata de uma simples investigação, pois, de acordo com os estudos de Kosik (1969), compreender o fenômeno não implica apenas em conhecer o aparente mediato, mas conseguir apreender através de suas manifestações a essência, conforme aponta:

O fenômeno indica a essência e, ao mesmo tempo, a esconde. A essência se manifesta no fenômeno, mas só de modo inadequado, parcial, ou apenas sob certos ângulos e aspectos. O fenômeno indica algo que não é ele mesmo e vive apenas graças a seu contrário. A essência não se dá imediatamente; é mediata ao fenômeno e, portanto, se manifesta em algo diferente daquilo que é. A essência se manifesta no fenômeno. O fato de se manifestar no fenômeno revela seu movimento e demonstra que a essência não é inerte nem passiva. Justamente por isso o fenômeno revela a essência. A manifestação da essência é precisamente a atividade do fenômeno (KOSIK, 1969, p.11).

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Richardson (2012, p.52) corrobora que a aparência é a parte superficial de uma realidade, porém “é uma forma de expressão da essência e depende dela”. O autor ainda aponta que a essência é a parte mais profunda da realidade e concorda com Kosik (1969) ao afirmar que a essência está escondida debaixo de uma superfície de aparências. Netto (2011) advoga que a aparência é um nível da realidade e não deve ser descartada, pois é por meio da aparência imediata e empírica que se inicia o processo de conhecimento e apreensão da essência. Com base nestes fundamentos teóricos, a presente dissertação adotou como método o Materialismo Histórico e Dialético, entendendo a importância de realizar uma leitura que supere a superficialidade.

Os estudos de Behring e Boschetti (2011) asseveram que o método na perspectiva marxiana não está fundado em regras ou materialização de meras técnicas, mas é o estabelecimento de uma relação entre sujeito e objeto, que permite que o pesquisador realize uma aproximação das características do objeto, onde o conhecimento não será absoluto, mas será possível apreender algumas de suas múltiplas determinações. Guerra (2009, p.7), corrobora que, o materialismo histórico e dialético é capaz de captar o movimento do objeto de investigação, ou seja, sua lógica de constituição, apreendendo nesse processo “o que o objeto é, e como chegou a ser o que é (seu processo de constituição), quais seus fundamentos, sua capacidade de transformar-se em outro”.

Para Prates (2012), baseada em Marx, o método dá visibilidade às contradições e transformações ocorridas no percurso histórico, transformações que resultam de múltiplas determinações. Dessa forma, para conhecer o PPGSS, foi necessário “começar pelo real e pelo concreto, que são a pressuposição prévia e efetiva” do objeto (NETTO, 2011, p. 41). Por meio de múltiplas determinações acabou gerando abstrações que puderam colaborar com uma análise da trajetória do programa. A presente dissertação buscou apresentar uma sistematização da história do programa, mas também tentou explicitar as contradições, conexões e transições que condicionaram e envolveram sua história de consolidação no Amazonas.

Partindo do princípio de que o PPGSS era um objeto inserido em uma realidade dinâmica em constante transformação política, social, histórica e cultural, foi fundamental realizar uma análise que contemplasse essas conexões. Mesmo que de forma singela, tentamos trabalhar com a tríade do passado, presente e futuro, pois “a realidade também carrega elementos novos e velhos. O passado convive com o presente e aponta tendência para o futuro” (GUERRA, 2009, p.12). Assim, ao analisar a tríade que envolveu o programa foi possível identificar os elementos que constituíram sua história e possíveis caminhos para o futuro.

Dessa forma, o estudo não pode deixar de lado as múltiplas determinações econômicas, políticas, culturais e sociais que condicionaram ou direcionaram o desenvolvimento do programa e

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