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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO SÂMIA COSTA FARIAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

SÂMIA COSTA FARIAS

JUIZADOS

ESPECIAIS

CÍVEIS

FEDERAIS:

SISTEMA

RECURSAL

E

MEIOS

DE

IMPUGNAÇÃO

(2)

SÂMIA COSTA FARIAS

JUIZADOS

ESPECIAIS

CÍVEIS

FEDERAIS:

SISTEMA

RECURSAL

E

MEIOS

DE

IMPUGNAÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Abimael Carvalho

(3)

SÂMIA COSTA FARIAS

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS FEDERAIS: SISTEMA RECURSAL E

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Abimael Carvalho

Aprovada em: 18 de dezembro de 2006.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Abimael Carvalho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará e Faculdade Integrada do Ceará

Prof. Danilo Santos Ferraz Universidade Federal do Ceará

(4)

A Deus, grande pai, fonte de

fé, força e perseverança

A meus pais, Ademar e

Hermenecísia, com eterna

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao professor Abimael Carvalho, que com muita presteza e dedicação me orientou neste estudo monográfico;

A Alexandre Maia, pela companhia e paciência de sempre. Às minhas irmãs, por sempre estarem ao meu lado.

Às bibliotecárias da Procuradoria da República no Ceará, Liduína e Sandra, pela constante ajuda na pesquisa bibliográfica.

(6)

“Justiça lenta não é justiça, mas uma

injustiça qualificada”

Rui Barbosa

"O processo deve dar, a quem tem um direito, tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem o direito de obter"

Chiovenda

(7)

RESUMO

Analisa o sistema recursal dos Juizados Especiais Cíveis Federais, com o

escopo de demonstrar quais os recursos e meios de impugnação cabíveis nesse

novo enfoque de justiça, além de explanar como se dá o processamento deles.

Sugestiona a possibilidade de interposição de determinados recursos não aceitos

pela doutrina e jurisprudência majoritária.

(8)

ABSTRACT

It analyzes the recursal system of the Special Federal Civil Jurisdiction courts

(Juizados Especiais Cíveis Federais), with the objective to demonstrate which are the

adjusted resources and the ways of impugnation in this new approach of justice,

besides explain how it processes. it suggests the possibility of interposition of

determined not accepted resources by the doctrine and jurispruden

(9)

SUMÁRIO

Introdução ... 10

Capítulo 1 Juizado Especial no Direito Comparado... 15

Capítulo 2 Procedimento dos Juizados ESpeciais Cíveis Federais: Breves Considerações... 20

2.1 Princípios Processuais Norteadores dos Juizados Especiais Cíveis Federais ... 20

2.1.1 Princípio da Oralidade ... 21

2.1.2 Princípio da Simplicidade ... 23

2.1.3 Princípio da Informalidade ... 23

2.1.4 Princípio da Economia Processual ... 24

2.1.5 Princípio da Celeridade ... 25

2.2 Competência Dos Juizados Especiais Cíveis Federais ... 27

2.2.1 Competência Pelo Valor da Obrigação ... 28

2.2.2 Causas Excluídas da Apreciação dos Juizados Especiais Cíveis Federais ... 30

2.2.3 Competência de Foro ... 31

2.3 Procedimento dos Juizados Especiais Cíveis Federais ... 33

2.3.1 Do ajuizamento da ação ... 33

2.3.2 Instrução Probatória ... 34

2.3.3 Audiência de Conciliação, instrução e Julgamento ... 36

2.4 Juizados Virtuais... 38

Capítulo 3 - Regras Gerais do Sistema Recursal dos Juizados Especiais Cíveis Federais ... 40

3.1 Turmas Recursais ... 41

3.2 Indispensabilidade do advogado em segundo grau de jurisdição ... 43

3.3 Hipóteses de negativa de seguimento de recurso ... 44

3.4 Controle de admissibilidade dos recursos ... 44

3.5 Efeitos decorrentes do recebimento do recurso ... 45

3.6 Prazos em Geral ... 48

Capítulo 4 - Recursos e Meios de Impugnação em Espécies ... 49

4.1 Recurso Inominado ... 49

4.2 Agravo ... 51

4.3 Embargos de declaração ... 55

4.4 Embargos Infringentes ... 59

4.5 Recurso especial ... 61

4.6 Recurso Extraordinário ... 62

4.7 Mandado de Segurança ... 63

4.8 Ação Rescisória ... 65

Considerações Finais ... 68

(10)

INTRODUÇÃO

Historicamente, fala-se que os Juizados Especiais tiveram seu nascimento no

Rio Grande do Sul, no ano de 1982, por iniciativa do então Juiz de Direito Antônio

Guilherme Tanger Jardim, que vislumbrava que o Poder Judiciário poderia melhor

atender aos jurisdicionados com uma Justiça mais ágil, econômica e menos

burocrática. O ilustre juiz colocou em funcionamento, pela primeira vez, os

chamados Juizados de Pequenas Causas, os quais atingiram as perspectivas

esperadas.

O sucesso dessa inovação deu origem à instalação de outros Juizados de

Pequenas Causas em vários Estados-membros do País. Em 1984, foi promulgada a

Lei nº. 7.244 que dispôs sobre a criação, à época opcional, e funcionamento dos

Juizados Especiais de Pequenas Causas, consoante dispunha o art. 1º, in verbis:

Art. 1º - Os Juizados Especiais de Pequenas Causas, órgãos da Justiça Ordinária, poderão ser criados nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, para processo e julgamento, por opção, do autor, das causas de reduzido valor econômico.

Os juizados de pequena causa foram substituídos pelos juizados Especiais

Cíveis e Criminais, instituídos pela Lei n.º 9.099, de 26 de setembro de 1995, que

tiveram como fundamento o disposto no art. 98, inciso I da Constituição Federal.

A partir daí iniciou-se uma luta para a instauração de tais juizados no âmbito

federal. Segundo o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Ruy Rosado de Aguiar:

(11)

Pargendler, Fátima Andrighi e pelo signatário, que elaboraram projeto de lei sobre a criação dos Juizados Especiais Federais Cíveis e Criminais, cuja iniciativa é da competência do Superior Tribunal de Justiça no que diz respeito à organização dos serviços judiciais. Essa proposta foi apreciada pelo Conselho da Justiça Federal e pelo Pleno do STJ nas sessões de 11 e 12 de setembro do corrente ano, imediatamente encaminhada à Presidência da República, onde se encontra para estudos, no que é da competência de iniciativa do Poder Executivo, e de onde seguirá para o Congresso Nacional. A proposta aprovada levou em conta as sugestões oferecidas e manteve a orientação de dispor apenas sobre a Justiça Federal, mandando aplicar, quanto ao mais, a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995i1.

O passo mais importante na abordagem do tema na história brasileira foi a

edição da Emenda Constitucional n.º 22, de 18 de março de 1999 que alterou o art.

98 da Constituição Federal de 1988 e estabeleceu que lei federal disporia sobre a

criação dos juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

Para atender ao comando constitucional, em 12 de julho de 2001, foi

promulgada a Lei n.º 10.259, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais

Federais.

O ordenamento jurídico brasileiro proclama no art. 5º, inciso XXV da

Constituição Federal o princípio da inafastabilidade do Judiciário, segundo o qual é

garantia do cidadão o direito de reclamar do Poder Judiciário proteção para um

direito lesionado ou ameaçado de lesão.

Não basta, porém, somente o acesso formal às vias jurisdicionais, no qual

poucos são privilegiados. Deve-se garantir as três ondas de acesso apregoadas pelo

ilustre professor Alexandre Freitas Câmara2, se referindo: à assistência judiciária

gratuita; à proteção aos interesse metaindividuais; novo enfoque de acesso à justiça.

1 AGUIAR, Ruy Rosado. Juizados Especiais Federais. Disponível em: . <http://www.cjf.gov.br/revista/seriepesq07.htm>. Acesso em: 01 de agosto de 2006.

(12)

Segundo entendimento de Cappelletti3, as principais barreiras para o efetivo

acesso à Justiça são:

1.custas judiciais; 2.pequenas causas (às vezes os custos excedem o montante da controvérsia em questões decididas nos processos judiciários formais); 3. tempo; 4. pequenas possibilidades da população em geral, em termos de recursos financeiros e aptidão para reconhecer um direito e propor uma ação ou sua defesa; 5.dificuldades do litigante eventual perante o habitual (normalmente grandes empresas com estrutura jurídica organizada); 6- dificuldades na defesa dos interesses difusos.

No direito brasileiro, reconhece-se que várias são as limitações impostas à

efetividade do acesso à justiça. Dentre essas barreiras, destacam-se: os altos

honorários dos advogados, o número insuficiente de defensores públicos para

atender a população carente, o excesso de formalismo processual, além da

morosidade ocasionada pelo acúmulo de processos e a infra-estrutura deficitária das

varas jurisdicionais.

Na visão do ilustre autor, existem soluções que podem ser obtidas para que

tais dificuldades sejam amenizadas e, portanto, o acesso à Justiça seja mais amplo.

Afirma ele:

a primeira solução para o acesso é a assistência judiciária; a segunda diz respeito às reformas tendentes a proporcionar representação jurídica para os interesses "difusos"; e a terceira é o que se denomina "enfoque de acesso à Justiça", representando uma tentativa de atacar as barreiras ao acesso de modo mais articulado e compreensivo, além de medidas de caráter geral, com reformas no campo dos direitos material e processual, além das estruturas dos órgãos jurisdicionais4.

Os Juizados Especiais foram criados para disponibilizar a sociedade uma

justiça mais acessível e apta a proporcionar uma prestação de tutela simples, célere

e econômica nas causas de sua competência.

3 CAPPELLETTI, Mauro, GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Fabris, 1968. 168 p.

4 CAPPELLETTI ,

(13)

Embasado nos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia

processual e celeridade, os Juizados Especiais diminuíram, pelo menos em tese, os

custos e a demora na prestação jurisdicional, viabilizando um avanço considerável

no novo enfoque do acesso à justiça.

Essa perspectiva de justiça mais célere, garantiu aos Juizados Especiais

Cíveis Federais um sistema recursal próprio, diferentemente do aplicado no âmbito

do Código de Processo Civil.

No que tange a este sistema, várias são as dúvidas apontadas e fartamente

discutidas na doutrina, das quais destaca-se: quais são os recursos cabíveis em

sede de juizados especiais cíveis federais? Apelação? Agravo? Embargos de

declaração? Recursos especiais e extraordinários? Ação rescisória? Como se dá o

processamento desses recursos cabíveis?

Em meio a tantas indagações, insere-se o presente estudo monográfico, o

qual tem por escopo analisar o sistema recursal e outros meios de impugnação em

sede de Juizados Especiais Cíveis Federais, enfocando quais são cabíveis, quando

e sua disciplina legal.

O primeiro capítulo explicitará o tratamento dado aos Juizados Especiais em

outros países, bem como as idéias que serviram de embasamento para a introdução

do tema no ordenamento jurídico brasileiro.

O segundo capítulo trará breves considerações acerca dos juizados especiais

cíveis federais, enfatizando a competência legal, os princípios norteadores, o

(14)

O terceiro capítulo tratará das considerações gerais que embasam o sistema

recursal dos juizados, enfatizando as regras comuns, prazos, preparo, órgão

competente para julgá-los.

Por fim, o quarta capítulo explanará os recursos e os meios de impugnação

em espécies cabíveis nos juizados especiais cíveis federais, sempre salientando as

controvérsias porventura existentes na doutrina e na jurisprudência.

O presente trabalho usará metodologia caracterizada como um estudo

descritivo analítico, desenvolvido através de pesquisa bibliográfica. Relativamente à

tipologia, esta será, segundo a utilização dos resultados, pura. No tocante a

abordagem será de forma qualitativa. Por fim, quanto aos objetivos da pesquisa,

buscar-se-á ser descritiva e explanatória. Considerando-se a interdisciplinaridade da

ciência jurídica, buscar-se-á, em alguns ramos jurídicos, como no direito

constitucional e processual civil, a fundamentação teórica deste trabalho.

É evidente que este estudo monográfico não tem a pretensão de esgotar um

tema tão amplo e importante, muito menos dar uma solução definitiva ao tema, mas,

outrossim, trazer à luz do mundo jurídico algumas críticas e sugestões com relação

ao sistema recursal e meios de impugnação nos Juizados Especiais Cíveis Federais,

tendo consciência de que não são entendimentos novos, mas certamente

(15)

1 JUIZADO ESPECIAL NO DIREITO COMPARADO

A Constituição de 5 de outubro de 1988, modificada pela Emenda

Constitucional n.º 22 de 1999, determina a criação de juizados especiais, providos

por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o

julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações

penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,

permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos

por turmas de juízes de primeiro grau. Foi além ao determinar que lei federal trataria

de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

A experiência dos juizados especiais não é nova no direito comparado. Ela já

vem sendo realizada em vários países.

O surgimento do primeiro órgão jurisdicional semelhante aos Juizados

Especiais deu-se na Inglaterra do século XI. Nos Estados Unidos, a experiência

pôde ser observada já a partir de 1934, com a instituição da Poor Man´s Court., que

posteriormente evoluiu e deu origem às Small Claims Courts, destinadas a julgar

causas com valor inferior a mil dólares. Não obstante, é na Alemanha que os

Juizados Especiais aparecem com maior expressão, a partir do modelo de reformas

(16)

Sobre a experiência do Juizado Especial no Direito Comparado, Mário

Parente Teófilo Neto5, Juiz de Direito Titular da 10ª Unidade do Juizado Especial da

Comarca de Fortaleza/CE, em artigo publicado na Revista de Jurisprudência das

Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Ceará, abordou a

experiência de alguns países:

Na Inglaterra, já em 1846, foram criadas as County Courts em substituição às Cortes locais, que tinham jurisdição limitada e objetivavam atingir uma prestação jurisdicional rápida e eficaz.

Nesse país existem: o Juizado Oficial de Pequenas Causas e o Juizado não oficial. Este tem por características: a) a possibilidade de apreciação de causas de valores maiores daqueles apreciados nas County Courts, sendo o procedimento conciliatório só utilizável se houver consenso entre as partes, por escrito; b) não á custas exceto uma pequena taxa para início dos trabalhos; c) o procedimento é informal e simples, bastando o auxilio de um secretário no preparo do pedido e das provas e o julgador geralmente é um advogado não remunerado.

Já no sistema do Juizado Oficial de Pequenas Causas existe limitação da competência no valor igual ou superior a 100 (cem) libras, opção de escolha entre juiz ou árbitro, possibilidade de representação por advogado. O processo é marcado pela informalidade, concentração dos atos cabendo ainda a ampla produção de provas, inclusive pericial.

Nos EUA, o Juizado de Pequenas Causas foi implantado em 1934, em Nova Iorque, e tinha a finalidade de julgar causas de valor inferior a cinqüenta dólares. Esse juizado chamava-se de ‘Poor Men’s Court’.

Com sua evolução foi ampliado o conceito de pequenas causas que passou a ter jurisdição até mil dólares, recebendo a denominação de ‘Common Man’s Court’, também conhecida como ‘Small Claims Court’. O Juizado é uma subdivisão da Corte Civil, que integra o sistema judiciário, tendo como presidente um juiz togado que é auxiliado por vários árbitros, escolhidos entre advogados com ampla experiência profissional.

A competência desse juizado hoje abrange qualquer matéria civil, desde que não exceda o valor de mil dólares, podendo variar de um Estado para outro. Essa competência não exclui a competência da Corte Ordinária.

Quanto ao procedimento perante a ‘Small Claims Court’ , o interessado no processo faz verbalmente sua reclamação na secretaria do Juízo, ocasião em que é preenchida uma ficha, marcando-se a data da audiência de instrução e julgamento.

O próprio autor da ação recebe a carta de citação do réu a fim de providenciar que o demandado a receba. Com a citação, o promovido não

5 TEÓFILO NETO, Mário Parente. A Experiência do juizado especial no direito comparado.

(17)

só fica ciente do teor da ação, da data da audiência, como também é cientificado de que deve levar ao ato processual todas as provas que tiver.

No início da audiência, as partes são chamadas a uma conciliação. Caso não haja acordo, o juiz já decide a lide após a colheita probatória. Cumpre observar que o tempo médio entre a propositura da ação e a audiência, dependendo do Estado, é de um mês.

Os juizados norte-americanos à semelhança dos nossos situam-se próximos aos bairros periféricos e proletários e as partes podem litigar sem a assistência de advogado.

Na Itália, os Juizados de Pequenas Causas contemplam as figuras do pretor e do conciliador. O procedimento é voltado ao princípio da celeridade e da concentração dos atos em audiência. Vale dizer que a presença do advogado é facultativa.

A jurisdição é exercida pelo pretor, ficando o conciliador com atuação em causas de menor expressão. Aquele exerce jurisdição em causas de valor até cinco milhões de liras. Este atua em processos de valor até um milhão de liras para bens móveis, quando a lei não atribui a competência a outro juiz. O conciliador também atua em causas relativas ao direito de vizinhança.

Na Alemanha, as causas de menor expressão econômica restringem-se à Corte local, Amtsgerrichte e à Corte distrital, Landgeritche. Aquela julga questões de locação, alimentos e outras de valor inferior a 3.000 euros. Nessa Corte, atua necessariamente um juiz de carreira. As partes não necessitam estar obrigatoriamente assistidas por advogado.

É oportuno registrar, também, que na Alemanha foi desenvolvido desde 1967 o procedimento judicial chamado Stuttgarter Modell, adotado em cerca de 50 cortes civis. Esse procedimento permite às partes, advogados e juizes participarem da solução dos conflitos, mediante amplo diálogo.

Em conseqüência desse procedimento, a sentença é proferida de maneira mais rápida e inteligível às partes, de modo que 75% dos processos onde esse modelo é adotado terminam num prazo de seis meses.

Complementando a abordagem sobre o tema, explicita-se parte de artigo de

Oriana Piske de Azevedo Magalhães Pinto6, juíza de direito do Tribunal de Justiça

do Distrito Federal e Territórios, publicado no sítio eletrônico da Associação dos

Magistrados Brasileiro:

No México, não há previsão de juizados na Ley Orgánica del Poder Judicial de la Federación (1935) ou no Código Federal de Procedimientos Civiles (1942). Ressalte-se que a Justiça de Paz, denominada a justicia de mínima cuantía, tem como característica primordial a promoção da “conciliação p ré-processual”, na expressão de Ada Pellegrini Grinover, tendo o valor da

6 MAGALHÃES PINTO, Oriana Piske de Azevedo. Juizados de Pequenas Causas em Países Latino-Americanos. Disponível

(18)

contenda como critério para determinar uma “pequena causa”. Desta forma, não há restrição decorrente da natureza da demanda.

A Lei Orgânica dos Tribunais do Distrito Federal, no México, pela reforma de 29 de dezembro de 1975, fixou a competência cível para o limite de cinco mil pesos e a criminal para a pena de prisão de, no máximo, um ano; dividiu o país em dezesseis “delegaciones politico-administrativas” – e em cada uma delas criou, pelo menos, um juízo misto de paz. Qualquer cidadão mexicano, desde que com formação em Direito, pode ser juiz de paz, bastando que seja designado por uma comissão integrada por representantes do Tribunal e do Sindicato de Trabalhadores do mesmo Tribunal. Cabe aos secretários promover os acordos. Os procedimentos se caracterizam pela informalidade, oralidade e por uma ampla liberdade do juiz para conduzir a fase probatória. A presença de advogados é facultativa, sendo obrigatória apenas nos processos penais e em algumas questões de família.

Mas a utilização de juízes leigos não é exclusivamente mexicana. Encontra-se difundida também em outros paíEncontra-ses da América Ibérica, como na Colômbia, onde as pequenas causas são julgadas por juízes municipais, e na Costa Rica, onde essas questões são da competência dos “alcaldes”, incluindo uma fase inicial conciliatória.

Na Colômbia, as causas são separadas conforme o valor da pretensão, em maior, em menor ou em mínima quantia. O critério valorativo é determinante da competência da Justiça de mínima quantia. As pretensões patrimoniais de valor superior a 100.000 pesos são consideradas de maior quantia, as de valor compreendidos entre 5.000 e 10.000 pesos são de menor quantia e as de mínima quantia compreendem o valor inferior a 5.000 pesos.Vale destacar que os processos de mínima cuantía são julgados por jueces municipales, mediante procedimento rápido e concentrado, visto que os pedidos se apresentam verbalmente ou por escrito ao secretário do Juízo na primeira audiência de conciliação, para, a seguir, passar-se à contestação e colheita de provas, sendo suas sentenças irrecorríveis.

A Costa Rica possui juízos de mínima cuantía sob a competência dos alcaldes e com alçada para importâncias que não excedam 3.000 colones (equivalia a US$ 350, em 1998). Da mesma forma que no procedimento existente na Colômbia, este pressupõe a citação para comparecimento em três dias, salvo casos urgentes, em que a citação pode ser para o mesmo dia. Aqui também a fase inicial é conciliatória. A sentença será apelável se ultrapassar a importância mencionada no artigo 1.082 do CPC costarriquenho.

A Guatemala possui juizados de mínima cuantía mais próximos da tradição espanhola. Aqui os julgadores são os jueces de paz e, à sua falta, os alcaldes municipales ou os concejales, todos conhecidos como jueces menores e que têm competência para assuntos cujo valor não exceda 500 quetzales. Ressalte-se que o procedimento é concentrado e oral; a sentença é apelável. Entretanto, em se tratando de quantia inferior a 100 quetzales, os atos deverão ser todos orais, com breve registro em livro: “são os juízos de infima cuantía, com sentenças irrecorríveis, ausente condenação nas custas e despesas processuais.”

(19)

todavia, que nos anos 90, a crise política e institucional experimentada pela Venezuela forçou a realização de reformas com vistas a ampliar o acesso à Justiça e, muito particularmente, ao Judiciário. Segundo ele, “o mais radical desses esforços é a criação da Justiça de Paz, em 1995, como uma Justiça municipal, com juízes leigos eleitos popularmente e mandato revogável. O juiz de paz tem uma função mediadora, com possibilidade de apreciação por eqüidade.

No Uruguai existem os Juzgados de minima cuantía, sob a competência dos Jueces de Paz, com alçada até US$ 100, cuja audiência se desenvolve em, no máximo, duas sessões, a primeira delas para a conciliação. A sentença somente será apelável se ultrapassado o valor do artigo 86 do Código de Organización de los Tribunales. Aqueles juízes são também competentes para o julgamento envolvendo questões trabalhistas e de arrendamento, sem qualquer limite de valor. Ressalte-se que lá a alçada pode ser facilmente modificada pelo Supremo Tribunal de Justiça e naquelas questões inferiores a US$ 10 dispensam-se advogados, sendo suas sentenças irrecorríveis. As de alçada até US$ 100, ou mais, têm procedimento simplificado, porém escrito, com, no mínimo, duas instâncias antes do julgamento final.

No Chile, dentro da Justiça Comum, existem procedimentos especiais para causas de valor inferior a 1.470 escudos (US$ 1,50), de minima cuantia. Iguais facilidades procedimentais gozam as causas de valor inferior a 152.000 escudos (US$ 30.00), chamadas de menor cuantía, com as seguintes características: a) a reclamação pode ser oral ou escrita; b) há uma única audiência em que o réu pode contestar e reconvir; c) se o juiz entender, poderá designar outra audiência para instrução, desde que próxima àquela inicial; e, d) a decisão deverá ser proferida dentro de 60 dias, após apresentada a contestação; as decisões são recorríveis. Em 1971, o Presidente Allende introduziu os Tribunales Vicinales, criando um ou mais destes tribunais em cada região administrativa do Chile, que tinham como competência Pequenos Juizados Cíveis e causas de importância social para a comunidade local; o procedimento seria oral, público e informal. Ressalte-se que esta “lei foi revogada posteriormente pelo novo regime.

No Chile, a redemocratização do país deverá impor a reorganização do acesso à Justiça, apontando para a difusão de serviços de assistência jurídica gratuita, bem como para a utilização de mecanismos alternativos para a solução de conflitos. Por ora, segundo a avaliação de Ivan Enrique Vargas Viancos, o único mecanismo que vigora “é o mais limitado dos sistemas alternativos: a arbitragem”. Quanto ao instituto da conciliação, “apesar de ter sido incluída no âmbito do Judiciário há bastante tempo, sua importância ainda é modesta”.

Como se observa, vários são os países que apresentam uma justiça

semelhante aos juizados especiais, o que demonstra que a busca pela celeridade e

(20)

2 PROCEDIMENTOS DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS FEDERAIS:

BREVES CONSIDERAÇÕES

2.1 Princípios Processuais Norteadores dos Juizados Especiais Cíveis Federais

Todos os temas estudados por quaisquer ciências, inclusive as jurídicas,

devem ter regras que os fundamentam. Assim também acontece com os juizados

especiais federais os quais se embasam em alguns princípios.

José de Albuquerque Rocha afirma que os princípios exercem três funções: “a

de fundamentar o direito positivo, a de orientar a interpretação, servindo de guia na

busca de sentido e alcance das normas, e a fonte subsidiária, uma vez que atuam

como elemento integrador das lacunas legais”7.

De acordo com o art. 1º da Lei n.º 10.259/2001, aos juizados especiais

federais se aplicam, no que não conflitar com a referida norma, o disposto na Lei n.º

9.099/95.

O art. 2º da Lei n.º 9.099/95 explicita os princípios que norteiam os Juizados

Especiais Cíveis, os quais convergem na viabilização do amplo processo ao

Judiciário e na busca da conciliação entre as partes sem violação das garantias

constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Segundo o supramencionado artigo, o processo dos Juizados Especiais

Cíveis orientar-se-á pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade,

(21)

economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível a conciliação ou

a transação.

Segundo o professor Humberto Theodoro Júnior:

Esses princípios traduzem a ideologia inspiradora do novo instituto processual. Sem compreendê-lo e sem guardar-lhes fidelidade, o aplicador do novo instrumento de pacificação social não estará habilitado a cumprir a missão que o legislador lhe confiou. É preciso perquerir, com mais vagar, o que a Lei nº. 9.099/95 pretendeu transmitir no tocante à sua teologia.8

Falemos sobre cada um desses princípios.

2.1.1 Princípio da Oralidade

Ao contrário do que ocorre nos procedimentos previstos em nosso

ordenamento jurídico, nos quais predominam a forma escrita, nos juizados especiais

vige a regra da oralidade. Sobre a diferenciação entre processo escrito e oral,

escreve Humberto Theodoro Júnior (2004, p.421):

O processo, historicamente, evoluiu da forma escrita para a forma oral. Todavia, nunca houve um processo nem totalmente oral nem apenas escrito. Sempre se utilizaram atos orais e atos escritos em conjugação na atividade jurisdicional.

Quando se afirma que o processo se baseia no princípio da oralidade quer-se dizer que ele é predominantemente oral e que procura afastar as notórias causas de lentidão do processo predominantemente escrito. Assim, processo inspirado no princípio ou no critério da oralidade significa a adoção de procedimento onde a forma oral se apresenta como mandamento precípuo, embora sem eliminação do uso do registro da escrita, já que isto seria impossível em qualquer procedimento da justiça pela necessidade incontornável de documentar toda a macha da causa em juízo.

O processo dominado pela oralidade funda-se destarte em alguns subprincípios como no imediatismo, o da concentração, o da identidade física do juiz e da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, segundo a clássica lição de Chiovenda. É o conjunto desses critérios que, sendo adotados com prevalência sobre a pura manifestação escrita das partes e dos juizes, dá configuração ao processo oral.

(22)

Tal princípio traz cinco postulados fundamentais: prevalência da palavra

falada sobre a escrita; concentração dos atos processuais em audiência;

imediatidade do juiz e da fonte oral; identidade física do juiz e irrecorribilidade em

separado das interlocutórias.

A oralidade sobrepõe a palavra falada à escrita, devendo esta ser empregada

apenas quando indispensável. Esse princípio reconhece a importância da

manifestação oral dos envolvidos no processo, bem como da prova formulada

oralmente, que terá o mesmo valor que qualquer outra produzida na formação da

convicção do juiz.

A lição de José Cretela Júnior é de extrema felicidade ao tratar da oralidade.

Conforme se destaca em trecho de sua obra:

Na realidade, os procedimentos oral e escrito complementam-se. Quando o legislador alude ao procedimento oral, ou ao procedimento escrito, isto significa não a contraposição ou exclusão, mas a superioridade de um, ou de outro modo, de agir do juízo. Ambos os tipos de procedimentos dizem respeito ao modo de comunicação entre as partes e o juiz. (…) O procedimento oral fundamenta-se não apenas em fatos e atos que o juiz conhece, de viva voz, como também em provas produzidas. 9

A imediação e a identidade física do juiz complementam-se. Significa a

primeira que o magistrado deve, pessoalmente, estar presente no momento da

produção da prova oral, devendo ser o responsável por ouvir as partes, testemunhas

e eventualmente terceiros que possam ter algo a esclarecer no feito, dirigindo os

trabalhos de modo a formar seu convencimento à luz de tudo que observar

diretamente.

A concentração aponta para um encurtamento formal e temporal do

procedimento, particularmente entre as fases instrutória e decisória. O juiz deve

(23)

decidir o caso sob a influência viva das impressões deixadas pelas pessoas ouvidas

em audiência. De preferência, deve julgar na própria audiência.

A intenção do legislador com a irrecorribilidade em separado das decisões

interlocutórias que pôs fim ao formalismo muitas vezes exacerbado do procedimento

ordinário, foi garantir um processo mais simples, célere e informal.

2.1.2 Princípio da Simplicidade

Esse princípio demonstra um dos maiores objetivos da implantação dos

juizados especiais, que é a busca por um processo simples e objetivo, sem as

formalidades do procedimento ordinário comum.

Nas palavras de Carreira Alvim (2002, p.49):

O princípio da simplicidade significa que o processo não deve oferecer oportunidadddes para incidentes (obstáculos) processuais, contendo-se toda a matéria de defesa na contestação, inclusive eventual pedido contraposto do réu, em seu favor, exceto as argüições de suspeição ou impedimento do juiz (exceções processuais), que se processam na forma do Código de Processo Civil

2.1.3 Princípio da Informalidade

Esse princípio determina que os atos processuais devem ser praticados de

maneira informal, sem tanto apego a formas e ritos, diferentemente do que ocorre

no procedimento ordinário comum.

Segundo Figueira Júnior10: “procurarão os juízes, os conciliadores e os servidores dos Juizados evitar ao máximo o formalismo, a exigência desproporcional

no cumprimento das normas processuais e cartorárias”.

(24)

O intuito desse princípio é garantir as finalidades do procedimento dos

juizados especiais, quais sejam, amplo acesso a justiça e desburocratização.

Como forma de garantir esse princípio, recomenda-se que as causas

complexas, que são aquelas que, via de regra, exigem a realização de provas mais

complexas, como a pericial, não sejam processadas perante os Juizados Especiais

Cíveis, exceto quando o reclamante já adunar à inicial a prova técnica necessária

para a comprovação de seu direito articulado na peça inaugural da ação.

2.1.4 Princípio da Economia Processual

Esse princípio visa a obtenção do máximo rendimento da lei com o mínimo de

atos processuais, um mínimo de forma para se conseguir o melhor resultado. A

inutilização das praxes e a concentração, num só momento, da apreensão, análise e

solução da demanda.

O conceito de economia processual moderno já não permite unicamente à

racionalização dos procedimentos. Diz também com uma concepção de

reengenharia do serviço público, inspirada pelo ideal de dar mais, com maior

qualidade e a custo menor. A busca de enxugamento do Estado, a ética da

modicidade no gasto público devem estar presentes na implantação ou no

aperfeiçoamento dos juizados especiais.

O legislador quando da instituição dos juizados especiais cíveis buscou a

singeleza, informalidade e economia. O princípio da economia processual orienta a

concentração dos atos processuais tornando o procedimento mais célere possível,

(25)

Em respeito a esse princípio, parte da doutrina entende só ser admissível um

único recurso contra as decisões proferidas pelo juiz de primeira instância, o que não

é aceito por nós, conforme discutir-se-á no momento oportuno.

Alguns doutrinadores afirmam que o princípio da economia processual está

diretamente ligado a um dos princípios ideológicos do processo econômico do

processo civil, segundo o qual, nas palavras de Carreira Alvim (2002, p.51), “o processo deve ser tanto quanto possível barato”. Para o ilustre autor, o princípio da

economia processual significa que “o processo, além de gratuito, deve conter

apenas atos processuais indispensáveis a obtenção da sua finalidade”.

2.1.5 Princípio da Celeridade

Por fim, analisemos um dos princípios mais importantes dos Juizados

Especiais Cíveis Federais, quiçá de todo ordenamento jurídico brasileiro.

Pelo princípio da celeridade, o processo deve terminar no menor tempo

possível, ter durabilidade razoável de tempo.

Evidente que todo processo necessita de um lapso temporal para que o

magistrado possa realizar os atos procedimentais (tais como citação, audiência e

etc), bem como julgar de forma justa e responsável. A intenção do princípio da

celeridade não é atropelar o procedimento previsto, ao contrário, é respeitá-lo e fazer

com que o processo tenha um procedimento com durabilidade razoável, ou seja,

oferte a prestação jurisdicional no menor espaço de tempo possível.

A doutrina apregoa que os demais princípios são englobados pelo da

celeridade, em virtude de este estar diretamente ligado a uma das finalidades

(26)

Diante desse feliz pensamento, se o processo for efetivamente oral, simples e

informal, já terá alcançado celeridade.

Carreira Alvim e Figueira Júnior (2002, p. 52) afirmam que o rito previamente

estabelecido para os juizados especiais não obsta que o magistrado busque

soluções alternativas de ordem procedimental, para prestar uma tutela jurisdicional

mais rápida.

Dentre os dispositivos garantidores da celeridade no âmbito dos Juizados

Especiais Cíveis Federais, destaca-se o art. 9º da Lei n.º 10.259/2001 que determina

que não haverá prazos diferenciados para a prática de qualquer ato processual

pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive para a interposição de recursos.

Diferentemente do que dispõe o Código de Processo Civil.

Ainda com o intuito de garantir a celeridade, dispõe o art. 13 da lei dos JEF

que não haverá reexame necessário, mesmo quando forem vencidas a União ou

suas autarquias e fundações. É uma exceção expressa ao duplo grau necessário

previsto no código de ritos civis.

Outro exemplo que pode ser citado é o fato de nos Juizados Federais,

tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da

decisão, o pagamento será efetuado na agência bancária mais próxima da Caixa

Econômica Federal ou do Banco do Brasil, no prazo de sessenta dias, contados da

entrega da requisição, por ordem do juiz, à autoridade citada para a causa,

independentemente de precatório (art. 17 da Lei n.º 10.259/2001).

Destaca-se que esse princípio ganhou status de garantia individual com o

(27)

art. 5º, prevendo: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a

razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua

tramitação.”

2.2 Competência Dos Juizados Especiais Cíveis Federais

O art. 3º da Lei 10.259/2001 disciplina as regras de competência imposta aos

juizados especiais cíveis federais, in literis:

Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;

IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput.

§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta

Da simples leitura do enunciado percebe-se que a regra é que todas as

causas de até sessenta salários mínimos que não estiverem expressamente

previstas no rol do §1º tramitarão perante os Juizados Especiais Cíveis Federais.

Parte da doutrina afirma que além das causas previstas expressamente nesse

rol, excluem-se da competência dos juizados as de menor complexidade. Entretanto,

o Tribunal Regional Federal da Quarta Região expediu o enunciado nº 9, com o

(28)

Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei N. 10.259/2001, não se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei N. 10.259/2001.

Sobre a regra geral de determinação de competência, escreve Ricardo Cunha

Chimenti11

Anoto que no âmbito dos Juizados Federais consolida-se o entendimento de que a complexidade fática ou jurídica da causa não é, do ponto de vista constitucional, critério norteador de competência. Argumenta-se, inclusive, que o art. 3º, §1º da Lei 10.259/2001, ao contrário do que fez a Lei 9.099/95, optou por definir as causas de maior complexidade, arrolando todas as hipóteses de exclusão da competência nos incisos I, II, III e IV. Não estando o quadro concreto enquadrado em nenhum daqueles incisos, e sendo o valor da causa igual ou inferior a sessenta salários mínimos, a competência é dos juizados especiais federais.

2.2.1 Competência Pelo Valor da Obrigação

A lei n.º 10.259/2001 determina que os juizados especiais federais serão

competentes para processar e julgar as causas cujo valor não excedam sessenta

salários mínimos. Para a determinação do valor da causa, observam-se os artigos

258 e seguintes do Código de Processo Civil.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, disciplinando a matéria, expediu

enunciado12 segundo o qual, na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta

o valor do salário mínimo vigente na época da propositura da ação.

Problema surge, quando a parte requer além das prestações vencidas, as

vincendas. Nesse caso deve-se observar o disposto no §2º do art. 3º da Lei

10.259/2001, o qual determina que quando a pretensão versar sobre as obrigações

vincendas, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor de sessenta

salários mínimos.

11 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais e Federais. 8ªed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 29

(29)

Sobre o assunto, o ilustre Cândido Dinamarco13 leciona:

"No caso de pedido referente a obrigações de trato sucessivo, estabelece o Código de Processo Civil que a condenação incluirá, independentemente de pedido específico, o valor de todas as prestações, enquanto durar a obrigação (art. 290). Projetada sobre o processo dos juizados especiais cíveis, essa hipótese terá por conseqüência a incompetência destes sempre que a soma das prestações exceder o máximo legal instituído pelo art. 3o, inc. I - a não ser que o autor declare pretender condenação exclusivamente pelo valor das parcelas que caibam nesse limite".

Dessa monta, quando o valor das prestações vencidas e vincendas

ultrapassar o limite legal estabelecido, para que se determine a competência dos

juizados federais, a parte deve renunciar expressamente os valores que excederem

a competência fixada em lei.14

2.2.2 Causas Excluídas da Apreciação dos Juizados Especiais Cíveis

Federais

O §1° do art. 3° da Lei 10.259/01, acima transcrito, indica as causas que não

se incluem na competência dos Juizados Especiais Cíveis Federais. Comentemos

cada uma delas.

Estão excluídas as causas referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da

Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de

divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade

administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou

individuais homogêneos.

13 DINAMARCO, Cândido Rangel. Manual dos Juizados Cíveis. 2. ed., São Paulo, Malheiros, 2001, p. 60.

14

(30)

O art. 109 da Constituição Federal dispõe sobre as causas de competência da

Justiça Federal, referindo-se: no inciso II, às “as causas entre Estado estrangeiro ou

organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País”; no

inciso III às “as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado

estrangeiro ou organismo internacional”; e no inciso IX aos “os crimes cometidos a

bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”. Essas causas são excluídas devido a importância que tais assuntos representam para o

Estado Nacional, nas palavras de Carreira Alvim15:

As causas retromencionadas apresentam particular importância para o Estado nacional, ou porque a outra parte é Estado estrangeiro ou organismo internacional, como nas hipóteses do inciso II e III do art. 109, ou porque trata de crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, sujeitos, como se sabe, a uma legislação própria, tudo a desaconselhar a sua resolução de um processo sujeito a um procedimento tão simplificado como dos juizados especiais.

Em algumas ocasiões, a lei prevê procedimento próprio para o seu

julgamento, não havendo razão lógica para aplicação da Lei 10.259/01. São elas: as

ações de mandado de segurança (Lei n.° 1.533/51); de desapropriação (Decreto-lei

n.° 3.365/41; divisão e demarcação (possui um procedimento especial muito peculiar

previsto no CPC); ação popular (Lei n.° 4.717/65); execuções fiscais (Lei

n.°6.830/80); ação de improbidade administrativa (Lei n.° 8.429/92).

As demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais

homogêneos não estão sujeitas a uma legislação especial, estando a sua tutela

disseminada pelo ordenamento jurídico, especialmente pelo Código de Defesa do

Consumidor e pela Lei de Ação Civil Pública.

Estão também excluídas da competência dos juizados especiais federais, as

ações sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais,

(31)

independentemente de sua destinação ou do seu valor, envolvendo tanto as

relações jurídicas de natureza pessoal quanto as de natureza real. Segundo Carreira

Alvim (2002, p.31), “o critério aqui também foi o de opção política, porque, à exceção

das locações, as demais ações seguem os ritos previstos no Código de Processo

Civil”.

Excluem-se, também, as ações “para a anulação ou cancelamento do ato administrativo federal, salvo a de natureza previdenciária e lançamento fiscal” e as “que tenham como objeto de impugnação da pena a de demissão imposta a

servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares”.

2.2.3 Competência de Foro

A Constituição Federal de 1988 determina, em seu art. 109, § § 2.º e 3º, que:

Art. 109 Omissis

§1° As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.

§2° As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda, no Distrito Federal.

Assim, o autor ajuizará ação no local escolhido por ele, quando no pólo

passivo estiver a União.

Onde não houver vara federal, a causa poderá ser proposta no juizado

especial federal mais próximo do foro definido no art. 4° da Lei 9.099/95, vedada a

aplicação da Lei 10.259/01 em sede de juízo estadual.

Assim, a ação deverá ser proposta: I - do domicílio do réu ou, a critério do

autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou

(32)

obrigação deva ser satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato,

nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.

Os incisos II e III trazem regras de foro especial, o que significa dizer que,

com a existência das duas hipóteses, o autor pode optar pela regra contida no Inciso

I, qual seja, o domicilio do réu.

Pelo conceito legal previsto no Código Civil, domicílio é o local onde a pessoa

reside com ânimo definitivo. Difere este de morada, que “é o lugar onde a pessoa

natural se estabelece provisoriamente” e de residência “que é o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente”.16

Ferreira Júnior17 afirma que não há, na seqüência legal, uma ordem rígida a

ser seguida pelo autor, podendo optar por qualquer uma delas. Ou seja, a opção,

entre os foros especiais é livre para o autor, não havendo ordem de preferência

entre eles. Em qualquer hipótese, caber-lhe-á sempre a alternativa pelo foro geral do

domicílio do réu. Logo, não caberá ao demandado, na espécie, impugnar a opção

exercida pelo requerente.

2.3 Procedimento dos Juizados Especiais Cíveis Federais

O rito trazido pela Lei 10.259/01 está inserido nos procedimentos especiais,

que nada mais são “que ritos diversificados insertos em processos cognitivos

colocados à disposição dos jurisdicionados para melhor adequar o instrumento à

tutela perseguida em juízo.” (Figueira Júnior, 2002, p. 216).

16 GAGLIANO, Pablo Stolze e FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil. V.I, 5ªed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 248

(33)

Cumpre ressaltar que o processo de conhecimento pode ser utilizado em

sede de juizados especiais, quando a Lei 10.259/01 for silente, desde que a

normatização do Código de Processo Civil não vá de encontro ao apregoado pela

legislação especial.

Discorramos brevemente sobre o procedimento dos juizados especiais cíveis

federais.

2.3.1 Do ajuizamento da ação

A ação é proposta com um simples e informal requerimento, que pode ser

escrito ou oral, formulado pelo autor ou por seu advogado devidamente constituído,

que pode ser entregue diretamente na Secretaria do Juízo ou na Distribuição, a

depender do número de juizados instalados na circunscrição.

Note-se que quando for dispensável a presença do advogado, causas que

não excedam vinte salários mínimos, não é necessário petição inicial nos moldes do

art. 282 do Código de Processo Civil. O mesmo não ocorre nas causas que

superam esse valor, caso em que o advogado, ao redigir a peça preambular deverá

respeitar o disposto no CPC, bem como o que prescreve o art. 14 da Lei 9.099/95,

quais sejam: I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; II - os fatos e os

fundamentos, de forma sucinta; III - o objeto e seu valor.

3.3.2 Instrução Probatória

Primeiramente cumpre esclarecer que no que tange instrução probatória, ao

previsto na Lei 10.259/01, aplica-se subsidiariamente os arts. 32 ao 36 da Lei

(34)

O legislador autorizou a utilização de quaisquer meios de prova admitidos em

direito, desde que moralmente legítimas, que são aquelas obtidas de forma lícita.

Nas palavras do iminente Figueira Júnior (2002, p.256): “a prova moralmente

legítima pressupões a sua licitude e o que o sistema não permite é que ela seja

obtida por meio não idôneos. A prova deve ser lícita, assim como os meios

moralmente legítimos.”

O art. 11 da Lei dos Juizados Especiais Federais admitiu expressamente a

utilização de prova documental, devendo a autoridade ré fornecer ao juízo a

documentação de que disponha para o esclarecimento da causa. Para Carreira

Alvim (2002):

Essa determinação agiliza o procedimento, na medida em que coíbe eventuais incidentes de exibição de documentos, que poderiam comprometer a celeridade dos juizados especiais federais. Além disso, é recomendada pelo princípio da inversão do ônus da prova que deve impetrar também nos juizados especiais em razão do pequeno valor da causa.

No que tange à prova testemunhal, admite-se o número máximo de três

testemunhas para cada parte. Entretanto, se o magistrado formar seu

convencimento com apenas a oitiva de uma ou duas delas, pode dispensar a(s)

outra(s), não configurando cerceamento de defesa, conforme já decidido pelo STF

no seguinte julgado:

EMENTA: Inocorre cerceamento de defesa pela dispensa, autorizada, de testemunhas (art. 237 e paragrafo único do c.p. Civil). Conflito de decisões incomprovado. Agravo improvido – (STF, AI 29042, Relator Ribeiro da Costa, DJ 23-06-1965 PG-01512)

Cumpre salientar que as partes poderão comparecer à audiência com suas

respectivas testemunhas, independentemente de intimação, a qual só se fará

(35)

espontaneamente, caso em que a parte interessada poderá requerer ao juiz que

proceda à intimação.

A Lei 10.259/01, ao contrário da Lei 9.099/95, admite a produção de prova

pericial, que pode consistir num exame técnico necessário a realização da

conciliação ou julgamento da causa, devendo o juiz nomear pessoa habilitada que

apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de

intimação das partes.

Importante frisar que na praxis forenses, principalmente nas ações contra a

Previdência Social, corriqueiramente a realização de perícias é necessária para o

desenvolvimento da lide.

2.3.3 Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento

Dispõe o art. 16 da Lei 9.099/95 c/c art. 9º da Lei 10.259/01 que registrado o

pedido do autor, a Secretaria dos Juizados designará a sessão de conciliação, a

realizar-se no prazo de trinta dias. A audiência deverá ser ato uno e indivisível,

podendo, entretanto, ser fracionada.

Instalada a audiência, deve o juiz que preside a audiência formular a proposta

de acordo, devendo sempre buscar a conciliação e a transação.

A conciliação significa a composição amigável das partes, através da qual os

conflitos são neutralizados e solucionados, evitando-se um possível litígio. Já

transação é ato bilateral na qual as partes fazem concessões mútuas. Relativamente

a essa distinção é pertinente a lição que nos é passada por Figueira Júnior (2002, p.

(36)

A transação é o ‘negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas’, enquanto que a conciliação significa a composição amigável sem que se verifique alguma concessão por quaisquer das partes a respeito do pretenso direito alegado ou extinção de obrigação civil ou comercial (desistência da ação, renúncia ao direito, reconhecimento do pedido). Quem transaciona realiza necessariamente autocomposição; de forma diversa, as partes que apenas conciliam não estão transacionando. Portanto, são atos unilaterais ou bilaterais, que podem levar à extinção do processo com ou sem julgamento de mérito ou, ainda, solucionar, compor ou reduzir os conflitos sociológicos de interesses.

Dentro da teoria do Direito, a autocomposição pode ocorrer de três maneiras: ‘... a) mediante inteira submissão do réu à pretensão do autor, declarando-se disposto a satisfazê-la sem (mais) opor-lhe resistência e sem discutir quaisquer pontos de fato ou de direito relativos a ela (reconhecimento do pedido); b) mediante renúncia do autor ao seu alegado direito, para deixar de ser credor se antes o era e fazer com que assim se extinga qualquer nexo jurídico-substancial que eventualmente o ligasse ao réu em torno do objeto do litígio; c) mediante mútuas concessões entres as partes, declarando-se o réu disposto a satisfazer parcialmente a pretensão do autor, contando que este renuncie a impô-la por direito, e declarando-se o autor pronto a essa renúncia parcial (transação)’.

O parágrafo único do art. 22 da Lei 9.099/95 determina que “obtida a

conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo juiz togado, mediante

sentença com eficácia executiva de título executivo.”

Salienta-se que na fase inicial da audiência é indispensável a participação dos

interessados na lide, visto que esse é o momento em que se intensifica a

possibilidade de autocomposição. Ademais, o art 10 da Lei 10.259/01 admite a

designação, por escrito, da representação para a causa. Assim, é facultado aos

litigantes comparecem pessoalmente em juízo ou serem representados por quem de

direito.

Não vingando a proposta de acordo, nem aceito o juízo arbitral, inicia-se a

instrução oral do processo.

Primeiramente, deve o réu apresentar sua contestação, escrita ou oralmente,

essa última deverá ser reduzida a termo. Se por escrito, deverá ser lida e, em

(37)

será considerado revel, caso em que reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no

pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do juiz (art. 20 da Lei

9.099/95).

Entretanto, para os Juizados Especiais, estão excluídas desse efeito as

demandas de qualquer natureza que envolvam a Fazenda Pública Federal ou em

que sejam partes pessoas jurídicas de direito público, e as demandas que envolvam

as coisas postas fora do comércio.

Além disso, o réu poderá formulada exceção de suspeição ou de

impedimento, bem como pedido contraposto.

Se o réu entender que se encontra habilitado para responder o pedido

contrário articulado pelo réu em contestação, poderá manifestar-se sobre ela na

própria audiência. Caso contrário, irá requerer ao magistrado que designe nova data,

a fim de analisar melhor a matéria.

Procedida a colheita de provas, tais como depoimentos orais e oitivas de

testemunhas, e declarada encerrada a instrução, o magistrado prolatará a sentença

oralmente, ali mesmo na audiência.

2.4 Juizados Virtuais

A criação dos juizados Virtuais foi inovadora, várias são as vantagens desse

sistema de informática, que vem conseguindo concretizar o previsto nos princípios

norteadores dos Juizados Especiais, principalmente a celeridade e a economia

processual, objetivos maiores de todo o Judiciário, e que com a Emenda

(38)

Em pesquisa realizada no Dicionário Houaiss, encontramos o verbete virtual

como sendo “existente apenas em potência ou como faculdade, não como realidade

ou com efeito real”. Nesses termos, chamar o juizado de virtual aparenta ser algo que não existe, irreal. Mais uma vez a nomenclatura difundida no meio jurídico não é

a mais adequada para expressar o sentido do objeto. Melhor seria chamarmos de

eletrônico.

Apesar do nome não ser o mais adequado, juizados virtuais é a nomenclatura

difundida no meio acadêmico e jurisprudencial, razão pela qual será utilizada nesse

estudo monográfico.

“A Justiça sem papel é rápida e segura”, essa foi a expressão utilizada pelo

excelentíssimo juiz federal da 5ª Região Dr. Agapito Machado ao se referir a fórmula

mais inovadora dos juizados, os virtuais.

O funcionamento do processo virtual é bem simples. É um sistema de

computador que permite que o processo se desenvolva sem movimentação física,

trazendo vantagens para todos os envolvidos: juízes e serventuários da justiça, por

reduzir o trabalho burocrático; advogados, que evitam o serviço cansativo de

dirigir-se constantemente aos prédios da Justiça para protocolizar peças e fazer

acompanhamentos processuais; e, principalmente, para as partes envolvidas em

litígio, por garantir maior celeridade no trâmite processual.

Os advogados fazem um prévio cadastramento no sistema, a partir daí

podem, pela internet, protocolizar petições e respectivos documentos. As citações e

intimações podem ser enviadas por e-mail, dispensando o uso do oficial de justiça

ou o serviço dos Correios. Aumenta-se ainda a publicidade do processo, visto que as

(39)

O sistema já foi instalado na Justiça Federal e os primeiros resultados são

excelentes. É o uso da tecnologia e da modernidade em busca de uma justiça célere

(40)

3 REGRAS GERAIS DO SISTEMA RECURSAL DOS JUIZADOS

ESPECIAIS CÍVEIS FEDERAIS

A Lei n.º 10.259/2001 prevê expressamente cinco tipos de recursos contra

decisões judiciais: a) Interlocutórias de mérito proferidas em tutela de urgência que

causem gravame às partes; b) sentença; c) embargos de declaração; d) pedido de

uniformização de interpretação de lei federal; e) recurso extraordinário;

A impugnação de qualquer providência judicial pressupõe a configuração de

lesividade capaz de ensejar ao litigante prejudicado o interesse de manifestar a sua

insatisfação com a finalidade de obter a reforma da decisão. Liberman18 nos dá o

contorno de impugnação:

Do ponto de vista subjetivo, impugnação é o poder que a lei atribui a um sujeito de pedir um novo exame de causa e a pronúncia de uma nova decisão; do ponto de vista objetivo, é o ato através do qual tal poder é exercido e o inteiro procedimento que vem iniciado com este ato.”

O ilustre mestre ressalta ainda que todas as decisões, como qualquer ato

humano, podem ser defeituosas ou equivocadas. As impugnações aparecem como

remédios que a lei coloca à disposição das partes para provocar o mesmo juiz ou

outro de instância superior a proferir uma nova decisão que se espera imune do

defeito da anterior. A probabilidade de se obter uma decisão mais justa, se deve ao

fato de que a nova decisão será pronunciada em via de controle e de reexame

daquilo que foi colocado anteriormente.

(41)

Ao comentar sobre recurso, torna-se obrigatório mencionar o princípio do

duplo grau de jurisdição, que se encontra implícito em diversas passagens da

Constituição Federal de 1988. Nas palavras da ilustre Ada Pellegrini19:

indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das primeiras causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau de jurisdição. Garante assim um novo julgamento por parte do órgão da “jurisdição superior”, ou de segundo grau (também denominada de segunda instância)

O constituinte estabeleceu a competência recursal de alguns órgãos do

Judiciário, bem como instituiu o dever para os Estados de criar as Turmas de

Recurso, para julgamento de questões pertinentes aos Juizados Especiais Cíveis e

Criminais.

Entende o Superior Tribunal de Justiça que é da competência das Turmas

Recursais o julgamento de recurso interpostos em ações previdenciárias

processadas em Juizados Especiais Estaduais, o que é legalmente possível quando

a comarca não for albergada pela Justiça Federal.

3.1 Turmas Recursais

A Lei 10.259/01, no seu art. 21, dispõe que os Tribunais Regionais Federais

definirão a composição das respectivas Turmas Recursais e a área competência

territorial de cada uma delas.

A denominação legal de Turma utilizada pelas leis que regem Juizados

Especiais, apesar de receber críticas na doutrina, é a mais comumente utilizada na

praxe forense. Critica essa nomenclatura Figueira Júnior (2002,337), que afirma:

Turma é um órgão integrante de uma Corte ou Tribunal e não um órgão em si mesmo; não há que se falar em Turma se a existência de órgão colegiado ao qual pertence, assim como não há colegiado sem Turma ou Câmara.

(42)

Sem dúvida, é juridicamente mais adequado referirmo-nos a esses órgãos como Colégios Recursais.

O Colégio Recursal será composta por três juízes togados, em exercício no

primeiro grau de jurisdição. A doutrina afirma que por ser tratar de órgão ad quem

não pode ser composta por juízes substitutos.

O funcionamento da Turma de Juízes verificar-se-á na maior seção judiciária

em relação às demais integrantes da jurisdição compreendida pela Turma ou nas

cidades que servem de sede para as seções judiciárias de grande e médio porte, a

critério de cada Tribunal Regional Federal.

Para a designação dos juízes das Turmas, os Tribunais Regionais Federais

deverão obedecer aos critérios de antiguidade e merecimento, nesta ordem definida.

O §1º do art. 21 da Lei dos JEF não admite a recondução dos membros que já

integram as Turmas Recursais, dando preferência à movimentação de magistrados

no preenchimento das vagas. Excepcionalmente admitir-se-á a recondução, quando

não houver outro juízo na sede da Turma.

A Lei é omissa no que tange ao tempo de permanência do juiz como

integrante do Colégio Recursal. Por analogia, aplica-se o prazo do mandato do juiz

coordenador dos juizados, qual seja, dois anos.

Cumpre esclarecer que apesar de a Turma Recursal ser composta por juízes

de primeiro grau, ela representa segunda e última instância, ressalvada a

competência do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior

Referências

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