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KELLY CRISTINA NASCIMENTO DE CASTRO IMPACTOS DO BIODIESEL PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DO NORDESTE

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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

KELLY CRISTINA NASCIMENTO DE CASTRO

IMPACTOS DO BIODIESEL PARA O DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E SOCIAL DO NORDESTE

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KELLY CRISTINA NASCIMENTO DE CASTRO

IMPACTOS DO BIODIESEL PARA O DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E SOCIAL DO NORDESTE

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários á obtenção do título de Bacharel em Economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida desde que feita de acordo.

Data da Apresentação ___ /___/___

Nota _________________________________ _______________

Prof ̊. Jose de Jesus de Sousa Lemos

Prof ̊. Orientador

Nota

_________________________________ _______________ Fabio Máia Sobral

Membro da Banca Examinadora

Nota

_________________________________ _______________ Jose Vanglésio Aguiar

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KELLY CRISTINA NASCIMENTO DE CASTRO

IMPACTOS DO BIODIESEL PARA O DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E SOCIAL DO NORDESTE

Monografia apresentada

como requisito parcial para a obtenção da graduação do curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia,

Administração, Atuarias,

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Dedicatória

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RESUMO

As políticas públicas inseridas no programa de inclusão de biodiesel direcionadas à agricultura familiar surgem como oportunidades para alavancar o desenvolvimento rural brasileiro e reduzir a disparidade regional no país, contribuindo assim para diminuição da migração rural desordenada para os grandes centros urbanos. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel foi lançado para estabelecer condições legais para introdução na matriz energética brasileira de uma fonte renovável de combustível, o biodiesel que, além de produzir impactos econômicos possui medidas que beneficiam os agricultores familiares participantes da cadeia produtiva. Na região Nordeste o programa pode gerar oportunidades de reduzir o nível pobreza na zona rural proporcionando inclusão social, através de geração de emprego e renda. Neste trabalho realiza-se pesquisa exploratória, utilizando levantamento bibliográfico e documental. Os dados são de origem secundária, onde se utilizou fontes como o Ministério do Desenvolvimento Agrário, IBGE, levantados da Produção Agrícola Municipal, além de outros documentos científicos e meios de obtenção de informações relevantes acerca da produção, distribuição e políticas públicas que envolvem a inserção do biodiesel no Nordeste em geral no semi-árido em particular. Os resultados obtidos demonstram que o biodiesel tem capacidade para promover a inclusão social no Nordeste e semi-árido, e a reduzir o êxodo dos pequenos produtores rurais para os centros urbanos, já que a região apresenta diversidade de recursos naturais e potencialidade para o cultivo de diferentes oleaginosas. Além disso as evidências encontradas na pesquisa demonstram que apesar do crescimento do número de agricultores familiares inseridos na cadeia produtiva do biodiesel, o Nordeste cultiva matérias primas que apresentam baixo rendimento em bicombustível quando comparados às demais matérias-primas produzidas em outras regiões, como a soja que ainda é a principal matéria-prima na produção do biodiesel, apesar de apresentar teor de óleo na sua composição inferior a algumas oleaginosas produzidas no Nordeste brasileiro, mas que se impõe pelas grandes áreas em que é cultivada e por tecnologias de cultivo e de extração do óleo bem mais avançados do que aqueles que prevalecem em outras oleaginosas, como a mamona que é cultivada no Nordeste Semi-árido.

Palavras-Chaves: Agricultura familiar, Biodiesel, Cadeia produtiva, Inclusão social, Nordeste.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 – Percentual mínimo obrigatório de aquisição de matéria-prima

oriunda de agricultura familiar por região ... 40

Tabela 2 – Aquisição da agricultura familiar no PNPB em milhões R$ por matéria-prima de biodiesel no período compreendido

entre 2008 até 2010 ... 40 Tabela 3 – Evolução do número de polos acompanhados pela SAF/MDA

e do número de municípios por UF - 2006 a 2010 ... 44 Tabela 4 – Matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel (B100)

no Brasil – 2005-2011 ... 46 Tabela 5 – Produção de biodiesel1 (B100), segundo Grandes Regiões e

Unidades da Federação – 2005-2011 ...49 Tabela 6 – Relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo

com as regiões produtoras ... 50 Gráfico 1 – Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005-2011 ...37

Gráfico 2 – Número total de unidades produtoras de biodiesel e número de unidades de biodiesel detentoras do Selo Combustível

Social por região, em 2010 ...38 Gráfico 3 – Evolução do número acumulado total de unidades produtoras de

biodiesel detentoras do Selo Combustível Social por ano, de

2005 a 2010 ... 38

Gráfico 4 – Capacidade instalada de produção de biodiesel ... 39

Gráfico 5 – Evolução do número de cooperativas da AF participantes

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Processo de produção de biodiesel ... 19

Figura 2 – Principais diretrizes do PNPB ... 25

Figura 3 – Mapa da área de expansão da agricultura de energia ... 34

Figura 4 – Estruturas e relação do Projeto Polos de biodiesel ... 43

Figura 5 – Polos de produção de biodiesel no Nordeste ... 44

Figura 6 – Relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo com as regiões produtoras ... 46

Figura 7 – Produção de soja por estado, período de 2004 a 2006 ... 48

Figura 8 – Capacidade nominal e produção de biodiesel (B100), por Região em 2011 (mil m³/ano) ... 50

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SUMÁRIO

RESUMO ... 05

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS ... 06

LISTA DE FIGURAS ... 07

SUMÁRIO ... 08

1. INTRODUÇÃO ... 09

1.1. O problema ...12

1.2 Objetivos ... 12

1.2.1 Geral ... 12

1.2.2 Específicos ... 13

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 Biocombustível versus Combustível fóssil ... 14

2.2 Prodiesel ... 16

2.3 Características do biodiesel ... 17

2.4 Fontes de matérias-primas ... 18

2.4.1 Culturas temporárias: soja, amendoim e girassol ... 19

2.4.2 Óleo do coco de dendê ... 20

2.4.3 Óleo do coco de babaçu ...21

2.4.4 Mamona ... 21

2.5 Potencialidades do Nordeste semiárido ... 22

2.6 Introdução de biodiesel na Matriz Energética Brasileira... 23

2.7 Biodiesel e a agricultura familiar ... 25

2.8 Incentivos aos produtores de biodiesel ... 29

2.9 Biodiesel e a produção de alimentos ... 31

3. FONTES DE DADOS E METODOLOGIA ... 34

4. RESULTADOS DA PESQUISA ... 35

4.1 Impactos sociais do programa do biodiesel no Nordeste ... 35

4.2 Evolução do Biodiesel no Nordeste... 44

5 CONCLUSÃO ... 51

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1. INTRODUÇÃO

Desde a década de 1920 o Brasil já vinha estudando novas fontes de combustíveis alternativos e renováveis. Em 1960 as indústrias Matarazzo intencionaram aproveitar todos os componentes do café, então resolveram produzir óleo comestível, mas para torná-lo próprio ao consumo humano, deveriam retirar todas as impurezas do produto, então utilizaram o álcool da cana de açúcar no processo, em seguida observou-se um fenômeno desconhecido até então, a reação química do álcool com o óleo liberava a glicerina, o que resultava em uma substância chamada éster etílico, hoje conhecido como biodiesel.

Na década de 1970 o Instituto Nacional de Tecnologia em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas e com a Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira (CEPLAC) desenvolveram pesquisas que verificaram a viabilidade técnica da utilização de óleo vegetal como combustível.

Também na década de 1970 Expedito Parente, na Universidade Federal do Ceará, já utilizava diferentes matérias-primas, como a mandioca e madeira, para produção de álcool. Parente observou que o álcool era um combustível solitário, usado para carros de passeios, não podendo ser utilizado em caminhões, ônibus e produção de energia elétrica. Em 1977 ao observar um fruto do ingá, idealizou um sucedâneo ao óleo diesel produzido por matéria-prima oleaginosa. Utilizou óleo de algodão e metanol, no que viria a ser a tecnologia do biodiesel. A produção era artesanal, e contou com o apoio da Companhia Energética do Ceará para um de seus primeiros testes, nos veículos de manutenção da empresa.

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Vários estudos desenvolvidos com biodiesel constataram sua viabilidade técnica, mas apresentaram elevados custos de produção em relação ao óleo diesel o que acabou impedindo o seu uso em escala comercial. As atividades de produção experimental de óleo vegetal foram paralisadas por mais de uma década no Brasil, enquanto que a Europa e os Estados Unidos investiram e incentivaram as pesquisas de combustível alternativo.

Os problemas ambientais foram considerados secundários por muito tempo pela comunidade internacional, por outro lado os movimentos ecológicos, os alertas de alguns cientistas e os riscos de catástrofes ambientais causaram grandes preocupações aos governos, principalmente aos governos dos países classificados como grandes potências mundiais, já que estes são os grandes responsáveis pela intensificação do efeito estufa.

Vários fatores contribuem para introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, tais como a poluição ambiental, crises políticas nos países produtores de petróleo, potencial de exportação brasileira, devido à condição climática e geográfica do país, geração de emprego e renda e desenvolvimento regional, com ênfase na agricultura familiar das regiões mais carentes, como o Nordeste brasileiro.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2007),

A produção e o uso do biodiesel no Brasil propiciam o desenvolvimento de uma fonte energética sustentável sob os aspectos ambientais, econômicos e sociais e também trazem a perspectiva da redução das importações de óleo diesel. A dimensão do mercado no Brasil e no mundo assegura grande oportunidade para o setor agrícola. Com a ampliação do mercado de biodiesel, milhares de famílias brasileiras serão beneficiadas, principalmente agricultores do semi-árido brasileiro, com o aumento da renda proveniente do cultivo e comercialização das plantas oleaginosas utilizadas na produção do biodiesel.

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A criação de um programa que visa reduzir a emissão de gases poluentes, diminuir a dependência ou até mesmo tornar o país independente dos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo alavancar o desenvolvimento de diversas regiões carentes no país, gerando benefícios sociais ao homem do campo, necessita de um trabalho em comunidade que incentive o agricultor familiar a produzir produtos para biomassa, permitindo sua inclusão na cadeia produtiva do biocombustível.

Segundo o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (2008),

O cultivo de matérias-primas e a produção industrial de biodiesel, ou seja, a cadeia produtiva do biodiesel, tem grande potencial de geração de empregos, promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se considera o amplo potencial produtivo da agricultura familiar. No Semiárido brasileiro e na região Norte, a inclusão social é ainda mais premente.

O agronegócio nordestino vem recebendo destaque na produção de biodiesel a partir de diferentes oleaginosas, sua expansão está possibilitando resultados sociais e econômicos positivos, como a geração de renda, incentivo a produção de oleaginosas em consórcio com culturas de alimentos e fortalecimento das cooperativas da agricultura familiar, devido à evolução do mercado interno e das condições de exportação, já que existem possibilidades de vendas para o comércio internacional. A produção de biodiesel poderá reduzir a dependência de importação de petróleo e diesel no Brasil, além da possibilidade de exportação de excedentes, principalmente para países da Comunidade Europeia.

O agronegócio direcionado ao biodiesel abrange a produção de matérias-primas e insumos agrícolas, assistência técnica, financiamentos, armazenagem, transportes e distribuição com efeitos multiplicadores sobre a renda, emprego e base de arrecadação tributária e contribuem assim para o desenvolvimento regional, podendo ser em médio prazo, responsável por potencializar as exportações do novo combustível.

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climáticas específicas de produtividade por hectare e de percentagem de óleo obtida da amêndoa ou grão, estando a produtividade associada às tecnologias de cultivo, à qualidade de sementes e às tecnologias de produção.

Para que se possa aproveitar o potencial energético brasileiro é importante tomar providências que possibilitem a competição do novo combustível com o proveniente de fonte mineral (diesel) combustível diesel mineral, ou seja, incentivar também as empresas produtoras de biodiesel a comprar a matéria-prima do agricultor familiar, através da desoneração de alguns tributos e melhores condições de financiamento bancário.

1.1 O Problema

A agricultura nordestina possui fatores que são apontados como entraves ao desenvolvimento da atividade na região para o pequeno produtor, entre eles questões ambientais, falta de crédito, falta de assistência técnica, entre outros, além de efeitos negativos do clima, como as secas, dificultando a manutenção e o desenvolvimento. Com isso provoca o êxodo rural para os grandes centro urbanos sem que haja o desenvolvimento de setores de transformação e de serviços que tenham capacidade de absorver o contingente que emigra das áreas rurais. Esse processo quando acontece em um curto intervalo de tempo traz efeitos indesejáveis, tais como déficit da oferta de serviços públicos devido ao inchamento das cidades e concentração de pobreza, em virtude ao grande número de desempregados.

Atualmente no Brasil, existe uma preocupação nos meios acadêmicos em sugerir políticas públicas que visam reduzir a grande disparidade social entre o campo e a cidade, diminuindo a necessidade de procurar melhores oportunidades de emprego e renda nos grandes centros urbanos.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os possíveis reflexos sociais, econômicos e ambientais da introdução do Biodiesel na matriz energética brasileira para o desenvolvimento econômico e social da região Nordeste.

1.2.2 Objetivos Específicos

A - Identificar os benefícios sociais para o agricultor familiar gerados pela participação na cadeia produtiva da bioenergia no Nordeste.

B - Aferir a capacidade potencial e efetiva do programa de bioenergia reduzir as disparidades regionais no desenvolvimento do Brasil.

C - Avaliar os resultados efetivos dos cultivos de matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel sobre a produção de alimentos.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta Seção serão discutidos os principais conceitos em que estão ancoradas as evidências empíricas encontradas na pesquisa. Não há pretensão de ser exaustiva, mas profunda o suficiente para subsidiar as análises feitas no trabalho.

2.1 Biocombustível versus Combustível fóssil

Os biocombustíveis vêm alcançando elevado nível de importância no Brasil, devido à sua disponibilidade garantida o que o difere dos combustíveis fósseis, já que estes necessitam de tempo de formação extremamente superior ao tempo de utilização. Pelo aspecto econômico, tendo em vista que o Brasil possui um dos maiores programas de energia renovável do mundo que é a produção de álcool combustível a partir da cana de açúcar e em 2004 lançou o Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel visando a produção de combustíveis a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais. Devido ao aspecto ambiental, por se tratar de um importante instrumento na redução da emissão de CO2 na atmosfera, e pelo aspecto social devido à possibilidade de gerar uma quantidade de empregos superior ao número gerado com todo o processo de produção dos combustíveis fósseis.

Diversos países constataram que havia a necessidade de buscar novas fontes alternativas de energia tanto para atender as demandas internas e externas quanto para reduzir a dependência dessas nações dos países que detinham a maior parte da produção mundial de petróleo.

Na década de 1970 as nações produtoras de petróleo descobriram que a fonte do combustível fóssil não é renovável, podendo levar até milhões de anos para novamente ser reposto, enquanto que a demanda por este combustível era crescente.

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agravou mais pelo embargo aos Estados Unidos e Europa motivados pelo apoio que estes países deram à Israel na Guerra do Yom Kippur, ocorrida na mesma época.

Segundo o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura(IICA, 2007) o Proálcool foi implantado com objetivo de evitar a dependência externa de divisas, entre 1975 a 2000 cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool foram produzidos e um volume de gasolina pura, equivalente ao consumo de 10 milhões de veículos, foram substituídos por uma fração de álcool entre 1,1% a 25%, esta ação do programa evitou a emissão de aproximadamente 110 milhões de toneladas de carbono e a importação de quase 550 milhões de barris de petróleo, o que proporcionou uma economia de aproximadamente U$ 11,5 bilhões de divisas.

Segundo Lobão (2008, P. 01),

Nos dois choques do petróleo, em 1973 e 1979, o Brasil sofreu o impacto de elevação dos preços, principalmente porque havia uma forte dependência, materializada na importação de 80% de óleo bruto então consumido no país. A partir do novo patamar de preços e das necessidades de crescimento econômico e desenvolvimento industrial, o país adotou duas grandes estratégias para contornar a crise: investimento para aumento da produção doméstica de petróleo e a implementação do Proálcool, o maior e mais bem sucedido programa de substituição de combustíveis derivados do petróleo do mundo.

O decreto nº 76.593 da Presidência da República visava incentivar a expansão da oferta de matéria-prima dando ênfase à produção agrícola, da modernização e ampliação das destilarias e da instalação de novas unidades produtoras.

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Segundo Cruz (2012) a produção alcooleira cresceu de R$ 600 milhões de litros/ano (1975-1976) para 3,4 bilhões de 1itros/ano (1979-1980) e devido aos fortes pontos positivos do programa os primeiros carros movidos exclusivamente a álcool foram produzidos em 1978.

Em consequência da segunda crise de petróleo em 1979, onde o preço do barril chega a triplicar de preço passando para U$ 40,00, os consumidores priorizavam os carros movidos a álcool e o Brasil começou a produzir carros a álcool hidratado em grande escala, essa fase foi importante para o desempenho do programa e o objetivo do governo, o qual visava consolidar o programa como alternativa à substituição de energia. Entre 1986 até 1995 o cenário do mercado de petróleo foi alterado devido a uma queda brusca no preço do petróleo, passando de um patamar U$ 30,00 a U$ 40,00 para U$ 12 a U$ 20, nesse período ocorreu escassez de recursos públicos subsidiando os programas de estímulo a energia alternativa.

No final da década de 1990, dada as externalidade positivas do álcool e com intuito de direcionar políticas públicas ao setor alcooleiro foi criado o Conselho Interministerial do Açúcar e do Àlcool. O álcool combustível voltou a ser favorável no cenário nacional com o lançamento dos veículos flex fuel em 2003, uma vez que seu preço em relação ao preço da gasolina é substancialmente menor, mas vale ressaltar que se trata de um produto que possui oscilações de preços no mercado. Algumas das principais fabricas de automóveis do mundo colocaram carros movidos a álcool e gasolina, pouco tempo depois lançaram modelos com motores bicombustíveis.

2.2 Prodiesel

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Segundo Parente (2003), em 1982 foi desenvolvido o querosene vegetal para aviões a jato que recebeu o nome de Prosene, a patente homologada do novo combustível foi doada para o Ministério da Aeronáutica. Após o desenvolvimento do Prosene as atividades de produção foram paralisadas, devido ao desinteresse da Petrobras incluindo-se a redução dos preços do petróleo.

2.3 Características do Biodiesel

A viabilidade técnica de um combustível para motores diesel deve ser vista sob a ótica dos seguintes aspectos:

• Combustibilidade. O primeiro fator trata-se da combustibilidade que é definido como a grau de facilidade em realizar a combustão no equipamento de forma desejada. O índice de cetano no biodiesel é superior ao óleo diesel, por esta razão o biodiesel queima melhor em um motor diesel.

• Impactos Ambientais das Emissões. O segundo fator trata dos impactos ambientais que a emissões de enxofre e de hidrocarbonetos aromáticos podem causar ao meio ambiente. Na sua queima ocorre combustão completa, que reduz a poluição e o efeito estufa.

• Compatibilidade ao uso. O terceiro fator diz respeito à compatibilidade ao uso que é a longevidade do motor e o seu entorno, pois o teor de enxofre e a acidez do combustível podem causar a corrosão de peças. O Biodiesel é isento de enxofre e não é corrosivo.

• Compatibilidade ao manuseio. O quarto fator trata da compatibilidade ao manuseio que se refere ao transporte, armazenamento e distribuição do combustível, observando a corrosão, toxidez e ponto de fluidez. O biodiesel possui baixo risco de explosão, o que facilita seu armazenamento e transporte.

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Segundo Parente (2003, p. 14),

O que tem sido denominado de BIODIESEL, é que se trata de um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto, sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de um triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente.

2.4 Fontes de matérias-primas

De acordo com Parente (2003), as matérias-primas para a produção do biodiesel podem ter origens nos óleos vegetais, gorduras animais, óleos e gorduras residuais. O processo para produzir biodiesel engloba etapas, iniciando com a preparação da matéria-prima, em seguida a reação de transesterificação, a separação de fases, recuperação e desidratação do álcool, destilação da glicerina e por fim com a purificação do biodiesel.

A Figura 1 (Parente, 2003) mostra o processo de produção de biodiesel através de suas etapas.

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Figura 1: Processo de produção de biodiesel Fonte: Parente (2003, apud Holanda, 2004, p.34).

Óleos e gorduras de animais possuem estruturas químicas parecidas com óleos vegetais fixos. O óleo de peixe, mocotó, o sebo bovino, a banha de porco e outras matérias de origem animal são exemplos de gorduras animais que podem ser transformadas em biodiesel.

(20)

Óleos vegetais que podem ser transformados em biodiesel são os enquadrados na categoria de óleos fixos e triglicerídeos e pertencem as seguintes espécies vegetais em forma de sementes, amêndoas e polpa: grão de amendoim, amêndoas de coco dendê, coco babaçu e de coco de praia, caroço de algodão e oiticica, sementes de girassol, linhaça, tomate, maracujá, baga de mamona, semente de dendê, grão de soja, entre outros vegetais.

2.4.1 Culturas temporárias: soja, amendoim e girassol

A soja representa quase 90% da produção de óleo no Brasil, possui 17% de óleo em sua composição, apesar de ser mais proteína do que óleo ela poderá constituir um importante componente para a produção de Biodiesel.

O amendoim a partir da década de 60 começou a perder espaço para a soja, trata-se de uma oleaginosa que possui mais óleo, cerca de 40% a 43%, do que proteína e sua cultura é mecanizável, seu farelo apresenta uma excelente qualidade nutricional para rações e alimentos, somando-se ainda em sua casca, as calorias para a produção de vapor suficiente para o processo de extração mecânica, ou parcialmente necessária, para o processo de extração por solvente.

Segundo Eberard (2004),

Amendoim é uma cultura de ciclo curto, resistente à seca e de adaptabilidade ampla, sendo cultivado por pequenos e médios produtores em vários estados da federação, especialmente na região Nordeste, tanto de sequeiro, quanto de quanto de irrigado.

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Os agricultores familiares que possuem áreas aptas ao cultivo do girassol no Nordeste, possuem vantagens no plantio manual em áreas de dois (2) a cinco (5) hectares, devido ao consórcio com o milho e o feijão, que além de diversificar a renda pela venda do grão, amplia a apicultura e o uso das sobras da planta na alimentação de caprinos e bovinos. O limite no cultivo do girassol se encontra na necessidade do uso de alto padrão de tecnologia, na maioria das vezes inacessíveis para a agricultura familiar.

A soja, o amendoim e o girassol são culturas de grande expressão internacional, elevada densidade tecnológica e cultivo totalmente mecanizado, além de já terem disponível o conhecimento dos parâmetros para o cálculo dos custos, receitas e lucratividade com segurança e precisão desejada. Os bancos que operam com financiamento da produção de soja possuem um simples programa de computador que de acordo com a extensão de terra que o cliente pretende cultivar, o programa imprime o fluxo das parcelas do empréstimo e o fluxo das parcelas de pagamento.

2.4.2 Óleo do coco de dendê

O coco dendê possui 20% de óleo em sua composição, dele são extraídos dois tipos de óleos que poderão constituir matéria-prima para a produção de biodiesel. O obtido da polpa, de cor avermelhada e utilizado na tradicional culinária baiana e comercializado internacionalmente, e o óleo obtido através das amêndoas, com características físicas e químicas parecidas com as do óleo babaçu e do óleo de copra.

As dificuldades inerentes a cultura do coco de dendê referem-se ao tempo necessário para o cultivo de uma cultura permanente, o retorno do investimento começa cinco anos após o plantio, no entanto o retorno é garantido e a lucratividade atraente.

2.4.3 Óleo do coco de babaçu

(22)

dezessete milhões de hectares de floresta nativa e secundária onde predomina a palmeira do babaçu, além disso existe a possibilidade do aproveitamento total do coco.

De acordo com Parente (2003, p. 26),

Com certeza, sendo fácil demonstrar, que a prática do aproveitamento integral do coco, partindo da quebra mecanizada, poderia ser uma excelente oportunidade de geração de renda na coleta do coco, bem como na industrialização dos constituintes, produzindo riquezas bastantes oportunas para os estados detentores de babaçu, quais sejam: Maranhão, Piauí, Tocantins, parte de Goiás, além de várias micro regiões do Ceará, em Mato Grosso, em Rondônia e outras.

2.4.4 Mamona

De acordo com Parente (2003) a mamona constitui a cultura de sequeiro mais rentável entre as grandes culturas, em algumas áreas do semiárido Nordestino. Possui 43% a 45% de óleo em sua composição. Esta oleaginosa pode ser integrada no arranjo produtivo das propriedades dos agricultores familiares, devido o seu cultivo representar vantagens no ambiente semiárido, tanto pela diversificação de geração de renda como também pelo cultivo em consórcio com o feijão e milho.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2011), em 2008 foram cultivados treze (13) mil hectares de mamona resultando em 5,8 mil toneladas de grãos, em 2009 estes números subiram para 46 mil hectares e 24 mil toneladas e no ano de 2010 foram cultivados 72 mil hectares pela agricultura familiar da região Nordeste e do semiárido, totalizando 32,8 mil toneladas de grãos vendidos.

2.5 Potencialidades do Nordeste semiárido

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No semiárido algumas matérias-primas apresentam-se viáveis devido a adaptação ao clima e as condições do solo. As culturas energéticas no Nordeste tem se baseado no cultivo de lavouras de sequeiro, isto é, sem irrigação. O algodão e a mamona se apresentam viáveis por se tratarem de culturas que convivem com o regime pluviométrico do semiárido. As espécies xerófilas nativas como os pinhões, leucina e outras oleaginosas e leguminosas poderiam ser incluídas como plantas produtoras de óleo vegetal. No semiárido algumas matérias-primas apresentam-se viáveis devido a adaptação ao clima e as condições do solo.

De acordo com Parente (2003), a cultura de mamona, conhecida também como ricinocultura, constitui uma vocação para o semiárido nordestino pelas seguintes razões:

• Adaptação da mamoneira com o clima e as condições de solo do semiárido;

• A lavoura da mamona cultivado pelos agricultores familiares poderá obter economicidade elevada;

• Após a extração do óleo da mamona, a torta resultante se apresenta como adubo de excelência, podendo ser aplicado na fruticultura, horticultura, floricultura e outras atividades importantes e crescentes nos perímetros irrigados nordestinos;

• Um hectare de mamona pode absorver até oito toneladas de gás carbono da atmosfera e contribuir para o combate do efeito estufa.

O Semiárido brasileiro possui diversidades de oleaginosas e existe um grande potencial a ser explorado, tanto em relação ao aproveitamento energético de culturas temporárias e perenes como em aproveitamento energético do óleo residual proveniente da produção de alimentos.

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estresse hídrico e também que possam ser apropriadas para a agricultura familiar gerando ocupação e trabalho no campo.

Ainda de acordo com as pesquisas de Parente (op. cit.),

É bastante sabido, pelos estatísticos dos recrutamentos assistencialistas, que a região semiárida nordestina, possui mais de 2.000 famílias de miseráveis que habitualmente convivem com a fome e que tornam-se, periodicamente, flagelados das secas. Portanto, a grande e forte motivação para o programa de biodiesel no Nordeste reside na miséria, isto é, na possibilidade de erradicar ou minorar a miséria do campo através da ocupação, com renda digna, em assentamentos familiares.

2.6 Introdução de biodiesel na matriz energética brasileira

O Brasil vem desenvolvendo faz algumas décadas pesquisas sobre o biodiesel. Os resultado dessas pesquisas proporcionaram ao país o registro da primeira patente PI8007957 na década de 1980, atualmente vem servindo de referência para o governo na implantação de políticas públicas que visam não somente vantagens econômicas como também contribuir para a inclusão social e o desenvolvimento regional de forma sustentável.

(25)

Figura 2: Principais diretrizes do PNPB

Fonte: http://www.biodiesel.gov.br/programa.html

Além dos fatores ambientais e econômicos, o enfoque do programa está em criar novas alternativas de geração de emprego, priorizando o homem do campo, facilitando o acesso ao crédito e à assistência técnica.

Segundo o PNPB (2008),

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um programa interministerial do Governo Federal que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, a produção e uso do Biodiesel, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda.

No Nordeste a agricultura familiar tradicional possui um baixo nível de desenvolvimento, reduzido nível de produtividade, e restrita inserção no mercado. Por isso concentra o maior número de pobres rurais e o nível de renda média é inferior as demais regiões do país. A região também apresenta pouca diversificação na estrutura produtiva, os produtos são poucos diferenciados com baixo valor agregado, a produção se concentra nos produtos alimentares com o uso de pouca ou nenhuma tecnologia adequada à elevação dos padrões de produção que já existem em microrregiões do próprio Nordeste.

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indústria, política, economia e ambiental, ou seja, torna-se essencial uma ação conjunta que fortaleça as bases do plano de trabalho.

A lei 11.097 de janeiro de 2005 trata da introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. O segundo artigo da lei determina um percentual mínimo de 5% na adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado, sendo o prazo máximo de oito (8) anos para a aplicação desse percentual. Após três anos da publicação da referida lei se tornou obrigatório um percentual mínimo intermediário de 2%, conhecido como B2.

A Agência Nacional do Petróleo-ANP é responsável pela regulação e fiscalização do biodiesel, bem como, estabelecer as especificações e a estrutura da cadeia produtiva. A regulamentação permite misturas superiores à estabelecidas pelo marco regulatório, de acordo com a autorização da ANP.

2.7 Biodiesel e a agricultura familiar

A agricultora familiar encontra-se espalhada em todo território nacional e, geralmente no Nordeste brasileiro é caracterizada como um setor atrasado de um ponto de vista tecnológico, econômico e principalmente social, voltado para a produção de alimentos básicos e com uma produção de subsistência.

Segundo Bianchini (2004, p. 12),

(27)

Nos últimos dez (10) anos a agricultora familiar vem conquistando um novo status político, consequentemente vem ganhando espaço e está sendo tratada como prioridade na agenda de políticas públicas e na agenda de desenvolvimento sustentável do país. Entende-se que a melhor estratégia de desenvolvimento é capacitar os agricultores familiares para aproveitar as oportunidades criadas e para produzir de forma sustentável no mercado.

Segundo estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em 2003 o valor gerado pelas cadeias produtivas da agricultura familiar correspondeu a 10% do Produto Interno Bruto, totalizando um valor de R$ 150 bilhões.

A importância da agricultura familiar no desenvolvimento do país vem impulsionando debates sobre o desenvolvimento sustentável, geração de emprego e

renda, segurança alimentar e desenvolvimento local. As políticas públicas com foco no biodiesel inserindo a agricultura familiar como fonte produtora passam a ter papel

importante no desenvolvimento do PNPB.

Veiga (1995, p. 01), argumenta que:

Evoluiu bastante nos últimos anos a percepção social sobre as vantagens que podem trazer as políticas públicas de expansão e fortalecimentos da agricultura familiar. Com muito atraso histórico, as elites brasileiras começam a identificar os agricultores familiares como um grupo social distinto e, sobretudo, a reconhecê-lo como um dos agentes coletivos do processo de desenvolvimento rural. Por isso, talvez não seja exagerado o otimismo esperar que esse grupo social também venha a ser visto como o segmento importante da estratégia de desenvolvimento de que o Brasil necessita, isto é, um dos protagonistas do lado rural da agenda de desenvolvimento que está emergindo com a renovação do debate público posterior à estabilização da economia.

(28)

• Criação do Pronaf Biodiesel, no qual o agricultor familiar poderá tomar mais crédito para custear as produção de oleaginosas antes de pagar o empréstimo do plantio anterior. O empréstimo tem como objetivo permitir que o agricultor familiar plante oleaginosas para produção de biodiesel, sem com isso abandonar o plantio anterior.

• Mobilização das principais representações da agricultora familiar, bem como movimentos sociais em torno do tema. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura é um exemplo, articulou seu sistema estadual e municipal para participar das negociações entre agricultores e empresas para monitorar as ações locais.

• Modificação na resolução do Pronaf permitindo que o agricultor familiar do microcrédito (maioria no Nordeste) possa adquirir crédito custeio para a mamona, antes o crédito somente era permitido para investimento.

• Modificação na resolução do programa de garantia-safra que priorizava o agricultor familiar do semiárido nordestino que plantar feijão em consórcio com a mamona, caso haja perda, ele terá prioridade em receber o benefício antes dos demais. No caso da mamona que é resistente à seca, mesmo ele perdendo o feijão, terá a garantia de atividade produtiva que lhe garanta a renda.

• Negociação com o Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia para atendimento das demandas de crédito do Pronaf de custeio e investimento do plantio de oleaginosas para a produção de Biodiesel.

(29)

Segundo pesquisa realizada pelo consórcio INCRA/FAO (1999),

A discussão sobre a importância e o papel da agricultora familiar no desenvolvimento brasileiro vem ganhando força nos últimos anos, impulsionada pelos debates sobre desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda, segurança alimentar e desenvolvimento local.

Entre 2008 e 2009 o número de cooperativa da agricultura familiar dobrou e tornou uma das principais diretrizes de trabalho de políticas públicas para fortalecer a agricultura familiar dentro do PNPB. O foco na formação de cooperativas permite proporcionar alternativas de uma participação mais sustentável e qualificada dos agricultores familiares, principalmente na região Nordeste e Semiárido.

Deve-se ressaltar que a sustentabilidade do negócio depende de uma gestão eficiente que possua um corpo administrativo constantemente qualificado e que tenham controles rígidos do ponto de vista organizacional, sustentável, financeiro, contábil, econômico e mercadológico.

Os sistemas de gestão das cooperativas que participam do PNPB podem proporcionar um aumento quantitativo e qualitativo da produção de oleaginosas para o biodiesel, facilitando assim a diversificação, o investimento e o aumento de produtividade no plano agrícola e de agregação de valor a esses grãos no plano industrial.

O fortalecimento das cooperativas possibilita não somente o desenvolvimento dos produtores familiares associados, mas também das comunidades rurais incluídas nos programas de capacitação profissional e nas ações voltadas à preservação ambiental, transferências tecnológicas e de conhecimento visando à inclusão social e desenvolvimento regional.

(30)

poder aquisitivo. A cooperativa permite que esses agricultores reduzam o grau de desigualdade encontrado no mercado.

Segundo Bialoskorski (2001),

Essa problemática, talvez seja a principal razão para a existência de iniciativas de formação de cooperativas de produção agrícola. A organização de agricultores em cooperativas possibilita uma diminuição dos riscos da produção, traz segurança para o agricultor, maior poder de barganha com os elos da cadeia e agrega valor à produção, entre outros.

O desenvolvimento do trabalho de organização da base produtiva no PNPB mostrou que a participação da agricultura familiar poderá ser consolidada através da organização em cooperativas. Organizados cooperativamente, os agricultores familiares terão mais vantagens competitivas, em termos de escala de produção, redução de custos, facilidade de acesso a insumos e tecnologias de produção, além de poder de barganha ao negociar os contratos com empresas produtoras de biodiesel.

2.8 Incentivos aos produtores de biodiesel

O selo combustível social foi lançado para estimular os produtores de biodiesel a comprar matéria-prima dos agricultores familiares beneficiados pelo PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), e assim promover o desenvolvimento regional através da geração de emprego e renda.

(31)

A lei 11.116 de 2005 dispõe que o produtor de biodiesel poderá optar por uma alíquota percentual que incide sobre o preço do produto ou, se preferir por uma alíquota específica, um valor fixo referente ao metro cúbico do produto comercializado. Cabe ao poder executivo aplicar coeficientes diferenciados de acordo com a matéria-prima utilizada, região e fornecedor.

Os projetos com o selo combustível social poderão obter financiamento de até 90%, enquanto os demais projetos o financiamento poderá chegar até 80%. Essa linha de financiamento liberada através do Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Biodiesel, de responsabilidade do BNDES, é destinada a todas as fases de produção do biodiesel, como por exemplo, a agrícola, a de produção e óleo bruto, a de armazenamento, logística, beneficiamento de sub produtos e a de aquisição de máquinas e equipamentos homologados para uso do biodiesel.

Os contratos negociados com os agricultores familiares deverão constar o prazo contratual, preços pré-estabelecidos e critérios de reajuste do preço, além de condições de entrega da matéria-prima e assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares.

Segundo a FIPE (2007),

A criação do Selo Combustível Social é uma mudança expressiva na lógica de ação do governo. A aproximação entre empresas e organizações sindicais teve como mediador o MDA que não só estabelece formalmente, através das normas do selo, que as empresas busquem os sindicatos para fechar os contratos com os agricultores, como estimula a formação de conselhos para o planejamento da produção nos quais os dois lados estejam representados.

(32)

A capacidade de produção de biodiesel no Brasil é de 5,2 milhões de metros cúbicos/ano, as 33 usinas detentoras do Selo respondem juntas por 4,5 milhões de metros cúbicos/ano que representam aproximadamente 87% do total de produção de biodiesel.

Os agricultores familiares que possuem áreas aptas ao cultivo de girassol no Nordeste vêm descobrindo as vantagens do plantio manual em áreas de dois (2) a cinco (5) hectares, devido ao consórcio com o milho e o feijão, que além de diversificar a renda pela venda dos grãos, amplia a atividade de criação de animais de médio porte com o uso das sobras da planta na alimentação de caprinos e bovinos. O limite no cultivo do girassol se encontra na necessidade do uso do alto padrão de tecnologia, na maioria das vezes inacessíveis para a agricultura familiar.

O mercado de biodiesel no Nordeste ainda tem muito a crescer, no entanto é notável a evolução da parceria entre as empresas detentoras do selo e os agricultores familiares. Essa parceria vem gerando um crescimento significativo no número de unidades parceiras da agricultura familiar, direcionando tanto para alavancar a capacidade produtiva de biodiesel como para promover a inclusão social de inúmeras famílias que provavelmente nunca haviam participado de uma cadeia agroindustrial.

2.9 Biodiesel e a produção de alimentos

A crescente demanda por fontes alternativas de energia, com destaque para a agroenergia, tem gerado debates em torno dos impactos sócio-ambientais, além dos impactos do avanço das monoculturas energéticas sobre a produção de alimentos.

(33)

De acordo com o relatório “Panorama Agrícola 2007-2016” divulgado em 04/06/2007 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a crescente demanda de produtos agrícolas destinados ao recente setor da enérgia renovável aponta uma pressão nos preços da semente, custos de rações para animais, e no final da cadeia, nos preços dos alimentos.

Em países onde existe escassez de espaço e de terras agricultáveis, a produção de energia poderá interferir na disponibilidade de alimentos. A utilização desordenada de terras destinadas a produção de alimentos para a produção de biomassa pode incorrer em consequências sobre a oferta de alimentos, daí vem a importância de buscar desenvolvimento rápido dos combustíveis, mas considerando este fator.

As preocupações referentes a possíveis substituições de culturas alimentares por produção de oleaginosas, em virtude da maior rentabilidade dessas culturas e dos possíveis deslocamentos das culturas alimentares para regiões menos atrativas, podem estabelecer uma redução da área destinada à produção de alimentos e contribuir para uma elevação de preços e prejuízos à segurança alimentar, especialmente para populações de baixa renda. Além de elevar preços dos alimentos a atratividade da produção agroenergética poderá elevar o preço das terras, resultando na redução de acesso à terra pelos comunitários, que tendem a perder o direito de propriedade, assim como os micro-proprietários e minifundiários que poderão apresentar dificuldade de ocupação da área cultivável e serem marginalizados da produção.

(34)

Segundo o Plano Nacional de Agroenergia (PNA) a expansão da área de agricultura energética não poderá ser à custa da oferta de alimentos e impactos ambientais, desta forma, o governo brasileiro estruturou o Plano de Agroenergia e o Plano Nacional de Biodiesel ao incentivo do uso de mão-de-obra familiar, visando minimizar os impactos sobre a oferta de alimentos, além de alavancar a geração de emprego no campo.

A Embrapa e o IBGE disponibilizaram dados mostrando que a área total do território brasileiro é de 851 milhões de hectares, deste total 402 milhões de hectares, que representam 47%, tem potencial agricultável, porém apenas 62 milhões de hectares são utilizados para o cultivo nas lavouras. Os dados mostram que existem cerca de 340 milhões de hectares viáveis para utilização na agricultura, estima-se ainda que existe algo em torno de 90 milhões de hectares de terras disponíveis para a agroenergia. Existe a possibilidade de culturas energéticas na safrinha (culturas cultivadas após a colheita da safra principal) que acrescentaria 26 milhões de hectares sobre os 62 milhões de hectares de área cultivada. A Figura 3 mostra o mapeamento do potencial de expansão da agroenergia no Brasil.

(35)

3. FONTES DE DADOS E METODOLOGIA

Esta pesquisa é exploratória utilizando levantamento bibliográfico e documental sobre a introdução do biodiesel na matriz energética Brasileira, identificando os objetivos, as matérias-primas ideais para produzir na região de acordo com sua produtividade, o potencial da política nacional de biodiesel de contribuir para desenvolvimento sustentável e os reflexos socioeconômicos, avaliando sua capacidade em gerar desenvolvimento para o Nordeste brasileiro. A pesquisa utilizada tem natureza quantitativa e qualitativa.

Os dados utilizados no trabalho são de origem secundária, gerados por instituições públicas e privadas envolvidas na produção e na distribuição do biodiesel no Brasil. As informações contemplam séries de produção das diferentes fontes de energia, onde são produzidas e os sujeitos sociais envolvidos.

As informações estão organizadas em tabelas de distribuição de frequências absolutas e relativas. As ilustrações dos resultados também é feita utilizando-se figuras e gráficos.

Acredita-se que não seria necessário fazer maiores incursões em modelagens estatísticas ou econométricas para que os objetivos do trabalho pudessem ser atingidos. Embora se saiba da importância que esses procedimentos têm para as avaliações econômicas. Mas para que apresentem consistência e robustez, necessitam de uma massa de informações sistemáticas para que se dispusesse de graus de liberdade suficientemente elevados para realizar os testes estatísticos com o devido rigor. Infelizmente não se conseguiu reunir informações com essa magnitude.

(36)

4. RESULTADOS DA PESQUISA

Nesta seção serão abordados os resultados obtidos através das políticas públicas inseridas no PNPB, cujas ações estão materializadas pelas leis, decretos, resoluções, portarias e instruções normativas. Essas políticas públicas visam promover a inclusão social inserindo os agricultores familiares na base produtiva do biodiesel, assegurando sua competividade frente aos grandes produtores de biocombustível, além de gerar impactos econômicos, impactos ambientais e promover o desenvolvimento regional.

Desta forma, os resultados estarão expostos através de gráficos, tabelas e figuras mostrando evidências da evolução do biodiesel na matriz energética brasileiras, principalmente na região Nordeste e semiárido.

4.1 Impactos sociais no Nordeste

O desenvolvimento regional e a inclusão social são princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel. Isso significa que a produção e o consumo devem ocorrer de forma descentralizada e não excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias-primas.

A partir da produção de Biodiesel o mercado energético brasileiro poderá dar sustentação a um grande programa de geração de emprego e renda pela possibilidade de gerar ocupação a um enorme número de pessoas que trabalham em lavouras familiares e que vivem em péssimas condições de vida.

(37)

Gráfico 1: Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005-2011

Fonte: ANP/SPP (Anuário Estatístico 2012)

Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades comprovam que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem ser gerados aproximadamente de 45 mil empregos no campo. A geração de emprego se estende nos centros urbanos, admitindo-se que para cada emprego gerado no campo são gerados três (3) empregos nas cidades. Na hipótese de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de um milhão de empregos.

Conforme comparativos de Holanda(2004) com a criação de postos de trabalho empresarial, em média emprega-se um trabalhador para cada 100 hectares cultivados na agricultura empresarial, e na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador.

(38)

Pode-se constatar no Gráfico 2 que no mínimo metade das unidades produtoras de biodiesel possuem o Selo Combustível Social.

Gráfico 2: Número total de unidades produtoras de biodiesel e número de unidades de biodiesel detentoras do Selo Combustível Social por região no Brasil, em 2010

6 6 2 4 1 2 9 5 6 3 3 1 4 6 7 3 3

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

N NE CO SU S BRASIL

Nº total de unidades produtoras Nº de unidades produtoras detentoras do selo

Fonte: SAF/MDS, MME e ANP (2010)

No Gráficos 3, entre 2005 e 2006 surgiram 3 e 6 usinas produtora de biodiesel respectivamente, realizando parcerias com a agricultura familiar. Em 2007 surgiram mais 17 unidades produtoras de biodiesel trabalhando com a agricultura familiar, aumentando mais 4 e 2 unidades nos dois anos seguintes, totalizando em 2010 um saldo acumulativo de 33 unidades parceiras da agricultura familiar.

Gráfico 3: Evolução do número acumulado total de unidades produtoras de biodiesel detentoras do Selo Combustível Social por ano, de 2005 a 2010

3 9 2 6 3 0 3 2 3 3

0 5 10 15 20 25 30 35

2005 2006 2007 2008 2009 2010

2005 2006 2007 2008 2009 2010

(39)

De acordo com as evidências mostradas no Gráfico 4, entre 2006 e 2012 houve um crescimento significativo da capacidade instalada de produção de biodiesel no Brasil. Em junho de 2012, ficou em 6.341 mil m³/ano (528 mil/mês), dessa capacidade 85% é referente às empresas detentoras do Selo Combustível Social.

Gráfico 4: Capacidade Instalada de Produção de Biodiesel

Fonte: Ministério de Minas e Energia (2012)

(40)

Tabela 1: Percentual mínimo obrigatório de aquisição de matéria prima oriunda de agricultura familiar por região.

Região Percentual

vigente /2009

Percentual até a safra 2009/2010, a

partir de 02/2009

Percentual a partir da safra 2010/2011, a partir de 02/2009

Centro-Oeste e Norte 10 10 15

Nordeste e Semiárido 50 30 30

Sudeste e Sul 30 30 30

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), in Trentiti (2010)

Das principais matérias-primas na produção do biodiesel, a mamona que é produzida em sua maioria na região Nordeste e no semiárido, vem se destacando gradativamente por sua participação na matriz de aquisição do selo combustível social, passando de R$ 5,1 milhões (1,8% do total) em 2008 para R$ 26,7 milhões (3,8% do total) em 2009, e em 2010 aproximadamente 50% da área produzida de mamona no Brasil foi da agricultura familiar, chegando a R$ 46,3 milhões (4,4% do total), como

pode ser observado nos dados mostrados na Tabela 2. Tabela 2: Aquisição da agricultura familiar no PNPB em milhões R$ por matéria-prima

de biodiesel no período compreendido entre 2008 até 2010

Matéria-prima 2008 2009 2010

TOTAL R$ 276,54 R$ 677,34 R$ 1.058,70

Soja R$ 256,06 R$ 640,76 R$ 995,86

Mamona R$ 5,14 R$ 26,79 R$ 46,36

Óleo de Soja R$ 10,20 R$ 4,39 R$ 5,37

Gergelim R$ 0,00 R$ 0,18 R$ 4,17

Dendê R$ 2,45 R$ 2,50 R$ 3,35

Girassol R$ 1,95 R$ 1,12 R$ 1,18

Canola R$ 0,62 R$ 0,35 R$ 1,17

Amendoim R$ 0,11 R$ 1,22 R$ 1,05

Outras R$ 0,02 R$ 0,19

(41)

As usinas que possuem o selo combustível social podem adquirir o produto através das cooperativas agropecuárias. Nos anos 2006 e 2007 não houve ocorrência de cooperativas no Nordeste e Semiárido, porém entre 2008 a 2010 foi registrado um crescimento de 17% do número de cooperativas.

A evolução do número de cooperativas demonstra o cumprimento de uma das metas da política pública de usar a produção de matéria-prima oriunda da agricultura familiar para produção do biocombustível como forma de incentivar a capacidade de produção e gerar uma participação mais qualificada e sustentável na superação dos gargalos agrícolas, mercadológicos e gerenciais.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2010 o total de estabelecimentos que venderam sua produção através de cooperativas, 73% pertencem a região Sul e 25% pertencem a região Nordeste. No Gráfico 5 mostra-se a evolução do número de cooperativas da agricultura familiar no Nordeste e Semiárido brasileiro.

Gráfico 5: Evolução do número de cooperativas da AF participantes do PNPB – Brasil e Nordeste e Semiárido

4

13 20

42 50

0 0 1

5 10

2006 2007 2008 2009 2010

Nº de cooperativas AFs Nordeste e Semiárido

Nº cooperativas AFs Brasil

(42)

Em 2006 foi implantado pelo MDA o Projeto Polos de Biodiesel com foco microrregional ou territorial, visando promover a inclusão social dos agricultores familiares na cadeia do biodiesel. Os polos são espaços geográficos compostos por diversos municípios e sua formação leva em consideração: a presença de agricultores familiares com vocação para plantio de oleaginosas, a identidade coletiva territorial, a presença de áreas consideradas aptas para o plantio e zoneamento agrícola, a atuação ou interesses de empresas detentoras do selo Combustível Social e a presença de atores sociais políticos e econômicos interessados no desenvolvimento destas cadeias produtivas.

(43)

Figura 4: Estruturas e relação do Projeto Polos de biodiesel

Figura 4: Estruturas e relação do Projeto Polos de biodiesel Fonte: MDA/2010

O Nordeste foi a primeira região de atuação do projeto, devido à necessidade de uma maior demanda de organização da base, e apresenta a maior quantidade de polos e técnicos mobilizados, comparado as demais regiões. A Figura 5 mostra onde se localizam os polos de produção de biodiesel na região Nordeste.

(44)

Figura 5: Polos de produção de biodiesel no Nordeste Fonte: SAF/MDA (2010)

Tabela 3: Evolução do número de pólos acompanhados pela SAF/MDA e do número de municípios por UF - 2006 a 2010

(45)

O Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) firmaram um acordo de cooperação geral com investimento de R$ 180 milhões, considerado o maior já realiza no país em organização econômica da agricultura familiar. Essa acordo de cooperação tem como objetivo fortalecer as atividades dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais, e visa atender 2 mil empreendimentos entre cooperativas, associações agroindustriais familiares até 2014.

4.2 Evolução do biodiesel no Nordeste

O Nordeste compreende uma área com mais de 900 mil km² e com grande diversidade em recursos naturais, apresentando boa disponibilidade de solos apropriados para o desenvolvimento da agricultura irrigada.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento as principais matérias-primas no Nordeste são representadas pela mamona, pinhão manso e algodão (em toda a região Nordeste). O girassol está presente nos estados do Piauí e Maranhão, enquanto a soja também está presente nesses estados, incluindo o estado da Bahia, corforme mostra a Figura 6.

De acordo com o Anuário Estatístico da ANP, a soja é a matéria-prima que mais se destaca na produção de biodiesel. O volume de óleo de soja na produção de biodiesel é muito superior aos volumes de produção da mamona, girassol, amendoim, pinhão manso e outros materiais graxos. Até mesmo a crescente produção de algodão está distante do volume de soja utilizado na produção de biodiesel, como mostra a Tabela 4.

(46)

Figura 6: Relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo com as regiões produtoras

Fonte: Mapa construído a partir da tabela 12, Meireles F. S. 2003 e Zoneamento agrícola de risco climático, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Tabela 4: Matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel (B100) no Brasil – 2005-2011

Matérias-primas Matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel (B100) (m

3) 11/10

%

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Total 736 69.012 408.005 1.177.638 1.614.834 2.387.639 2.672.771 11,94

Óleo de soja 226 65.764 353.233 967.326 1.250.590 1.980.346 2.171.113 9,63

Óleo de algodão - - 1.904 24.109 70.616 57.054 98.230 72,17

Gordura animal1

- 816 34.445 154.548 255.766 302.459

358.686 18,59

Outros materiais

graxos2 510 2.431 18.423 31.655 37.863 47.781 44.742 -6,36

1Inclui gordura bovina, gordura de frango e gordura de porco. 2Inclui óleo de palma, óleo de amendoim, óleo de

nabo-forrageiro, óleo de girassol, óleo de mamona, óleo de sésamo, óleo de fritura usado e outros materiais graxos. Fonte: ANP/SPP, conforme Resolução ANP nº 17/2004(Anuário Estatístico 2012)

(47)

Segundo a Embrapa, em 2003 o Brasil se apresenta como o segundo produtor mundial, responsável por 52, das 194 milhões de toneladas produzidas em nível global ou 26,8% da safra mundial. Desde a década de 1960 a maior parte da produção da soja no Brasil ocorreu nas regiões Centro-Oeste e Sul, como expõe o Gráfico 6.

Gráfico 6: Produção de soja no Brasil – Evolução por estado

Fonte : Embrapa (2004)

Na Figura 7 a produção de soja por estado mostra que o maior volume de produção encontra-se nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, ambos localizados nas regiões Centro-Oeste e Sul. Nesta mesma figura se observa que na região Nordeste, os estados do Maranhão, Piauí e Bahia possuem produção da matéria-prima.

(48)

Figura 7: Produção de soja por estado, período de 2004 a 2006 Fonte: IBGE/Produção Agrícola Municipal (2007)

De acordo com o Anuário Estatístico da ANP em 2011 a região Nordeste representou aproximadamente 7% da produção de biodiesel no Brasil, enquanto que as regiões Centro-Oeste 38,78% e Sul 36,55%, juntas correspondem a 75% da produção nacional, conforme dados da Tabela 5. Na mesma tabela se observa que o Ceará e a Bahia foram os únicos estados nordestino a representar a região na produção do biocombustível em 2011.

(49)

Tabela 5: Produção de biodiesel1 (B100), segundo Grandes Regiões e

Unidades da Federação – 2005-2011

Grandes Regiões e Unidades da

Federação

Produção de biodiesel (B100) - (m3)

11/10 %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Brasil 736

69.002 404.329 1.167.128 1.608.448 2.386.399

2.672.760 12,00

Região

Norte 510

2.421

26.589 15.987 41.821 95.106 103.446 8,77

Rondônia

-

- 99 228 4.779 6.190 2.264 -63,42

Pará

510

2.421 3.717 2.625 3.494 2.345

- .. Tocantins -

- 22.773 13.135 33.547 86.570 101.182 16,88

Região

Nordeste 156

34.798

172.200 125.910 163.905 176.994 176.417 -0,33

Maranhão - - 23.509 36.172 31.195 18.705 - .. Piauí 156 28.604 30.474 4.548 3.616 - - .. Ceará -

1.956 47.276 19.208 49.154 66.337 44.524 -32,88

Bahia

-

4.238 70.942 65.982 79.941 91.952 131.893 43,44

Região

Sudeste 44

21.562 37.023 185.594 284.774 420.328

379.410 -9,73

Minas Gerais

44

311 138

- 40.271 72.693 76.619 5,40 Rio de Janeiro - - -

- 8.201 20.177 7.716 -61,76

São Paulo

-

21.251 36.885 185.594 236.302 327.458 295.076 -9,89

Região Sul 26

100 42.708 313.350 477.871 675.668

976.928 44,59

Paraná

26

100 12 7.294 23.681 69.670 114.819 64,80

Rio Grande do Sul

-

- 42.696 306.056 454.189 605.998 862.110 42,26

Região

Centro-Oeste 0

10.121 125.808 526.287 640.077 1.018.303

1.036.559 1,79

Mato Grosso do Sul - - -

- 4.367 7.828 31.023 296,31

Mato Grosso - 13

15.170 284.923 367.009 568.181 499.950 -12,01

Goiás - 10.108

110.638 241.364 268.702 442.293 505.586 14,31

Fonte: ANP/SPP, conforme resolução ANP nº 17/2004 (Anuário estatístico 2012)

(50)

Figura 8: Capacidade nominal e produção de biodiesel (B100), por Região em 2011 (mil m³/ano)

Fonte: ANP/SPP, conforme resolução ANP nº 17/2004 (Anuário estatístico 2012)

Na Tabela 6 pode ser observado que a soja possui rendimento (tonelada/ha) inferior ao rendimento do pinhão manso, amendoim, mamona, e principalmente do óleo dendê.

Tabela 6: Relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo com as regiões produtoras

Fonte: Características de algumas culturas oleaginosas com potencial de uso energético. Adaptada de Meirelles F. S. /2003

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Podemos observar na Figura 9 que existe uma enorme disparidade na localização das plantas industriais para produção de biodiesel. A região Nordeste possui apenas cinco (5) plantas produtoras do biocombustível nos estados do Ceará, Bahia e Maranhão. A figura também mostra que existe uma concentração de plantas produtoras nas regiões Centro-Oeste e Sul, justamente as regiões com maior representatividade na produção de biodiesel no Brasil.

Figura 9: Plantas Industriais de Produção de Biodiesel em 2011 Fonte: ANP/SPP (Anuário estatístico 2012)

Imagem

Figura 1: Processo de produção de biodiesel  Fonte: Parente (2003, apud Holanda, 2004, p.34)
Figura 2: Principais diretrizes do PNPB
Figura 3: Mapa da área de expansão da agricultura de energia  Fonte: Plano Nacional de Agroenergia, 2005
Gráfico 1: Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005-2011
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Referências

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