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Repositório Institucional UFC: Produção de biodiesel no Ceará: impactos e situação atual

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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO,

ATUÁRIA,CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO.

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MARIA VANESSA DE SOUSA OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO CEARÁ: IMPACTOS E SITUAÇÃO ATUAL.

(2)

MARIA VANESSA DE SOUSA OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO CEARÁ: IMPACTOS E SITUAÇÃO ATUAL.

Monografia apresentada

como requisito parcial para a

obtenção da graduação do

curso de Ciências Econômicas

da Faculdade de Economia,

Administração, Atuarias,

Contabilidade e Secretariado

– FEAACS, Universidade

Federal do Ceará

Orientador: Profº Doutor

José de Jesus Sousa Lemos

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PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO CEARÁ: IMPACTOS E SITUAÇÃO ATUAL.

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários á obtenção do título de Bacharel em Economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra$se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da Apresentação ___ /___/___

Nota _________________________________ _______________ Prof ̊. Jose de Jesus Sousa Lemos

Professor Orientador

Nota

_________________________________ _______________ Professor Fábio Maia Sobral

Membro da Banca Examinadora

Nota

_________________________________ _______________ Professor Alfredo Pessoa

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Dedicatória

Ao meu querido orientador, professor Lemos, que me ajudou e sempre esteve à disposição em todos os momentos que precisei.

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RESUMO

Ao longo dos anos percebemos grandes “ataques” ao meio ambiente, principalmente em se tratando da emissão de gases poluentes, que são eliminados por motores movidos a combustíveis fósseis. Uma das soluções encontradas para o problema da poluição do meio ambiente e, como consequência, para o surgimento de benefícios socioeconômicos, foi o biodiesel. Verificou se que à medida que este biocombustível se torna competitivo e passa a gerar uma maior produtividade, maiores se tornam os benefícios econômicos, ambientais e sociais que podem ser gerados, contribuindo para a melhoria na qualidade de vida da população do semi$árido nordestino. Inicialmente será relatado um pouco da sua história, o surgimento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, seu processo de desenvolvimento e crescimento, as necessidades que levaram à sua produção, e as consequências positivas que esta vem apresentando ao meio ambiente, à sociedade como um todo, e à economia também. A disponibilidade de matérias primas apropriadas à produção de biodiesel no Brasil (em especial no Estado do Ceará) e a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva do combustível gerando emprego e renda no setor agrícola compreenderá uma das idéias principais que serão destacadas neste estudo. Outro ponto relatado é que, a cultura da mamona para o biodiesel no Nordeste (especificamente no Ceará) tem se mostrado bastante favorável, já que resgata as famílias rurais econômica e socialmente, principalmente pela relativa familiaridade do agricultor com a cultura desta matéria prima. Diante dessa realidade o governo do Estado do Ceará implantou o Programa Biodiesel do Ceará (2007). O programa inicialmente apresentou problemas de adesão por parte dos agricultores familiares. O objetivo deste trabalho também será analisar as principais fragilidades que o programa apresenta, bem como os caminhos a serem seguidos para que este venha a contribuir de forma positiva aos agricultores familiares. Enfim, se trata de uma pesquisa de natureza bibliográfica e documental, que trará informações localizadas através de artigos e textos atualizados, onde serão detalhados a evolução do processo de produção do biodiesel, seu papel conquistado a cada ano dentro do contexto ambiental e socioeconômico do Brasil (em especial do estado do Ceará), bem como essa novidade sustentável veio evoluindo com as iniciativas governamentais e seus programas.

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ABSTRACT

Over the years we noticed big " attacks " on the environment , especially regarding the greenhouse gas emissions that are eliminated by engines powered by fossil fuels . One of the solutions to the problem of environmental pollution and, as a result, for the emergence of socioeconomic benefits was the biodiesel. Found that biofuel as it becomes competitive and starts to generate greater productivity , greater become the economic, environmental and social benefits that can be generated , contributing to improving the quality of life of the semi$arid Northeast population. Will initially reported a bit of its history , the emergence of the National Program for Production and Use of Biodiesel , their process of development and growth , the needs which led to its production , and the positive impact this has shown to the environment , society as a whole, and also to the economy . The availability of suitable for biodiesel production in Brazil ( especially in the state of Ceará ) and the inclusion of family agriculture in the fuel supply chain raw materials generating employment and income in the agricultural sector will comprise one of the main ideas that will be highlighted in this study . Another related point is that the culture of castor for biodiesel in the Northeast (specifically in Ceará ) has been quite favorable, as rescues rural economic families and socially , especially the farmer's relative familiarity with the culture of this raw material . Given this reality the government of the State of Ceará deployed Biodiesel Ceará (2007 ) . The program initially presented problems of uptake by farmers . This study will also examine the major weaknesses that the program provides , as well as the paths to be followed so that it will contribute positively to family farmers . Anyway , this is a survey of literature and nature documentary , which will bring localized information through articles and updated texts , which will be detailed the evolution of the production process of biodiesel , its role earned each year within the environmental and socioeconomic context of Brazil ( in particular the state of Ceará ) , and sustainable news came this evolving governmental initiatives and programs .

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Linha do tempo do Biodiesel... 17

Quadro 2 – MatériasCprimas utilizadas na produção de biodiesel (B100) no Brasil –

2005C2011... 22

Quadro 3 C Processo de produção de biodiesel ... 23

Quadro 4 – Relação das espécies, produtividade e rendimento de acordo com as

regiões produtoras... 25

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produção Mensal de Biodiesel (m³) de Janeiro a Maio de 2013...47

Tabela 2 – Preços do Biodiesel comercializado nos leilões da ANP em 2012 e 2013...

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005C2011 ... 44

Gráfico 2 C Participação das Matérias Primas na Produção de Biodiesel (%) em

2013... 48

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Percentuais das principais matérias primas utilizadas na produção de

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SUMÁRIO

RESUMO... 06

ABSTRACT... 07

LISTA DE QUADROS E TABELAS...08

LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS... 09

SUMÁRIO ... 10

1. INTRODUÇÃO... 12

1.1. Objetivo Geral da Pesquisa ... 14

1.2 Objetivos Específicos...14

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO... 15

2.1 O Biodiesel no Brasil...15

2.1.1 O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel...18

2.2 Matérias$Primas Utilizadas na Produção de Biodiesel (Brasil)...21

2.2.1 Girassol...25

2.2.2.Amendoim...26

2.2.3 Soja ... 26

2.2.4 Mamona... 27

2.3 O Biodiesel e a Agricultura Familiar...28

2.4 Biodiesel no Ceará... 32

2.4.1 O Programa Biodiesel do Ceará... 34

(11)

2.4.3 O Fracasso do Projeto Mamona no Ceará... 38

2.5 Os Impactos da Produção de Biodiesel... 40

2.5.1 Impactos Ambientais da Produção de Biodiesel... 41

2.5.2 Impactos Econômicos da Produção de Biodiesel...42

2.5.3 Impactos Sociais da Produção de Biodiesel...44

3. FONTES DE DADOS E METODOLOGIA... 45

4. RESULTADOS DA PESQUISA... 46

4.1 Situação Atual da Produção de Biodiesel ... .47

4.2 Perspectivas para o futuro do Biodiesel...51

5. CONCLUSÃO... 52

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1. INTRODUÇÃO

A busca por soluções alternativas para o consumo do petróleo e a preocupação com a poluição ambiental reforçam a importância da produção de biocombustíveis. Alcançar a sustentabilidade energética tem sido a meta de vários países, principalmente daqueles com maior dependência do petróleo importado. Dessa forma, questões ambientais, sociais e econômicas levam à necessidade de desenvolver fontes alternativas de energia que sejam capazes de reduzirem a emissão de gases poluentes na atmosfera.

A grande parte da energia consumida no mundo provém de fontes não renováveis como petróleo, do carvão e do gás natural. Essas fontes têm previsão de esgotamento em um futuro breve. Entretanto, os elevados preços do petróleo como consequência das crises dos anos 1970 e 1980 , assim como os impactos ambientais, econômicos e sociais decorrentes do uso intensivo de fontes não renováveis de energia, incentivam a busca de fontes alternativas, dentre elas os biocombustíveis.

No Brasil, o estudo e a busca por alternativas energéticas visando o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental data da década de 1920. A dependência do país em relação ao petróleo é evidente em combustíveis como a gasolina e o diesel, imprescindíveis para o transporte de cargas ou passageiros. Nesse contexto e diante das ameaças de esgotamento já mencionadas, combustíveis obtidos a partir de produtos agrícolas são vistos como uma interessante alternativa. Anteriormente o caso de sucesso foi o etanol, um combustível alternativo à gasolina. Agora também está sendo dada ênfase ao uso do biodiesel.

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Segundo Rodrigues; Accarini (2007,p. 165),

No Brasil, o biodiesel é o biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. Assim, há amplas possibilidades de uso de biodiesel em transportes urbanos, rodoviários, ferroviários e aquaviários de passageiros e de cargas, geradores e motores estacionários.

Em 2004 foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) com o objetivo de expandir com a sua produção o desenvolvimento regional e a inclusão social. Já em 2007, foi criado pelo Governo do Estado do Ceará o Programa Biodiesel do Ceará, onde o principal objetivo era incluir os agricultores familiares e pequenos produtores rurais dos assentamentos da reforma agrária na cadeia de produção dos biocombustíveis.

Inicialmente a idéia era a substituição do óleo diesel tradicional por óleos vegetais “in natura”. Porém, essa alternativa mostrou$se inviável devido à sua alta viscosidade que levava a depósitos de carbonos nos cilindros e injetores. Como solução surgiu a ideia de adicioná$lo aos combustíveis derivados do petróleo formando uma mistura que pode ser usada em motores de ignição a compressão (diesel) sem necessidade de modificações.

(14)

Apesar da previsão para 2013, já em 2010 o óleo diesel comercializado em todo o Brasil passava a conter 5% de biodiesel, sendo que esse percentual seria aumentado progressivamente ao longo dos anos (ANP,2011). O Brasil tem adotado esse acréscimo gradual do percentual mínimo de Biodiesel misturado ao diesel comum como estratégia de desenvolvimento desse biocombustível no país e em cada um de seus Estados, visando estimular sua produção e trazer benefícios sociais, ambientais e econômicos.

A utilização do Biodiesel como combustível constitui$se num instrumento importante de apoio às políticas governamentais na área ambiental e social, apresentando também vantagens econômicas, como a utilização de seus subprodutos e a possível redução das importações de óleo diesel. Dentro de um contexto mundial de busca por alternativas energéticas visando o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental, e de uma situação nacional de crescente importação de óleo diesel em meio aos crescentes preços do petróleo, o biodiesel passa a ganhar força.

1.1 Objetivo Geral da Pesquisa

A pesquisa busca mostrar a importância econômica, social e ambiental da utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia num estado pobre como o Ceará.

1.2 Objetivos Específicos

De forma específica a pesquisa objetiva:

A – avaliar a inserção do biodiesel na matriz energética do estado do Ceará, abordando os aspectos sociais, econômicos e ambientais da sua utilização;

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção serão abordados os principais assuntos que evidenciam o tema central da pesquisa, expostos de forma abrangente e prática a fim de tornar o contexto de fácil compreensão.

2.1 O Biodiesel no Brasil

O Biodiesel é uma fonte energética que já vem sendo estudado desde o século XIX, principalmente na Europa. De acordo com registros históricos, o inventor Rudolf Diesel apresentou o motor a diesel em 1900, em Paris, usando combustível a base de óleo de amendoim. Foi percebido que o motor diesel podia ser alimentado com óleos vegetais e que isso ajudaria consideravelmente no desenvolvimento da agricultura nos países que adotassem o seu uso.

No Brasil, o pioneiro no uso de biocombustíveis foi o Conde Francisco de Matarazzo. Nos anos 1960, as Indústrias Matarazzo buscavam produzir óleo através dos grãos de café. Para lavar o café de forma a retirar suas impurezas, impróprias para o consumo humano, foi utilizado álcool da cana$de$açúcar. Da reação entre o álcool e o óleo de café o resultado foi um éster etílico, o biodiesel (PARENTE, 2003). As primeiras pesquisas com biodiesel foram desenvolvidas pelo professor Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará, no final da década de 1970, época em que o governo brasileiro lançou o programa Pró$Álcool como uma estratégia para reduzir o consumo de gasolina, lançando carros movidos a etanol. Na época, a prioridade política foi dada ao Pró$Álcool, implantado em 1975.

(16)

Acompanhando o movimento mundial, o Brasil dirigiu sua atenção no final da década de 1990 aos projetos destinados à pesquisa do biodiesel. Esta década (1990) se caracterizou pela produção comercial e instalação de plantas em escala industrial, visando atender a preocupação ambiental e estimulada pela competitividade relativa de preços do petróleo e óleos vegetais.

Segundo Parente (2003), os projetos de biodiesel não seguiram adiante devido ao interesse principal do Ministério da Aeronáutica está voltado para o desenvolvimento do PROSENE (querosene de aviação produzido a partir de óleos vegetais) ao invés de um substituto do diesel, e ao desinteresse da Petrobrás (que já se especializava na extração de petróleo em águas profundas), e à redução do preço do petróleo que tornou economicamente inviável a produção do novo combustível.

Em 1998, setores de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil retomaram os projetos para a utilização do biodiesel. Através do decreto n° 702 de 30 de outubro de 2002, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criou o PROBIODIESEL com o objetivo de reduzir a dependência do petróleo em desenvolver tecnologias de produção, expandir os mercados das oleaginosas, impulsionar a procura por combustíveis alternativos e harmonizar ações voltadas para o desenvolvimento do biodiesel, além de reduzir a emissão de gases poluentes utilizando óleos vegetais transesterificados na matriz energética nacional.

(17)

Na perspectiva de internalizar os benefícios sociais, ambientais e econômicos, o governo federal decidiu iniciar imediatamente a definição de medidas e providências para introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira. Desse modo, em 06 de dezembro de 2004 foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) (GTI, 2003).

A permissão legal para adicionar 5% de biodiesel no diesel de petróleo (B5) foi estipulada para entrar em vigor apenas em 2013. Porém, em primeiro de janeiro de 2010 foi antecipada, mesmo que o disposto na Lei 11.097 de janeiro de 2005 e que regulamentou o PNPB, determinasse a adição apenas para 03 anos depois. O B3 foi antecipado, o B4 também e até o B5 já entrou em cena (EMBRAPA, 2010).

No Quadro 1 apresenta$se uma cronologia do surgimento do biodiesel, descrevendo o processo histórico desde os primórdios aos dias atuais. Quadro 1:Linha do tempo do Biodiesel.

1893 O engenheiro alemão Rudolf C. K. Diesel desenvolve o primeiro motor a diesel do mundo, abastecido com óleo vegetal feito a partir de amendoim.

Década de 1920 No Brasil, o Instituto Nacional de Tecnologia$ INT, estudava e testava combustíveis alternativos e renováveis a partir da palma, algodão e amendoim.

Década de 1970 A Universidade Federal do Ceará$ UFCE desenvolve pesquisas sobre fontes alternativas de energia que culminaram com a revelação de um novo combustível: o biodiesel.

Década de 1980 Registro da primeira patente mundial do biodiesel obtida pelo Prof. Expedito Parente da UFCE – Patente “PI$8007959”

Década de 1990 No começo dos anos 1990 é iniciado na Europa o processo de industrialização do biodiesel. Na ocasião, o principal mercado produtor e consumidor desse biocombustível em grande escala já era aquele continente.

(18)

2005 Em janeiro é publicada a Lei nº 11.097 que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. A partir dessa publicação a ANP assumiu a atribuição de regular e fiscalizar as atividades relativas ao biodiesel. Realização do 1º leilão. Adição facultativa de 2% do biodiesel no diesel.

2008/ 2009 Em janeiro é publicada a Lei nº 11.097 que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. A partir dessa publicação a ANP assumiu a atribuição de regular e fiscalizar as atividades relativas ao biodiesel. Realização do 1º leilão. Adição facultativa de 2%

do biodiesel no diesel.

2010 A partir de primeiro de janeiro de 2010. Resolução CNPE, nº 6/2009 permitiu a adição de 5% biodiesel no diesel, publicado no Diário Oficial de 18 de fevereiro de 2009

Fonte: Ubrabrio, 2009, com atualização da Embrapa.

2.1.1. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)

O PNPB é um programa sustentável, que tem como objetivo a implantação da cadeia de produção do biodiesel no Brasil promovendo a inclusão social através da geração de renda e emprego, garantindo preços competitivos, qualidade e suprimento, além de produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas, fortalecendo as potencialidades regionais para a produção de matéria prima. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) assumiu a responsabilidade de projetar e operacionalizar a estratégia social do PNPB, criando formas de promover a inserção qualificada de agricultores familiares na cadeia de produção do biodiesel.

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garantir segurança alimentar, fortalecendo a agricultura familiar, por meio de financiamentos a agricultores, bem como as suas associações e cooperativas).

A criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) em 2004 foi uma das principais medidas do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva na área de política energética. De fato, com a criação e implantação do programa, o Governo Federal buscava se inserir, de forma definitiva, nos processos acerca dos biocombustíveis, se transformando assim em um agente de peso nesta indústria, passando o Brasil não só a figurar como um dos principais produtores mundiais, como também a contemplar um papel de destaque como um grande exportador potencial.

Muito embora fosse um programa de política energética, o Governo Federal enxergava no PNPB um programa de política pública cujos efeitos teriam grande influência sobre aspectos sociais, ambientais e econômicos. Diante desta crença, então, o PNPB acabou sendo lançado como um programa cujo objetivo era a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira sob a ótica da sustentabilidade (tanto técnica, quanto econômica) e da inclusão social, e a obtenção de melhorias ambientais (notadamente pela substituição do diesel de origem fóssil por uma fonte renovável, a biomassa), reconhecendo ainda que a geração de emprego e renda se transformaria em uma ferramenta de inclusão social da agricultura familiar nas regiões mais carentes do território nacional.

O PNPB é conduzido por uma Comissão Executiva Interministerial (CEIB) e coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), integrado por alguns ministérios membros da CEIB e órgãos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Petrobras e Embrapa (MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário).

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que estão promovendo a inclusão social e o desenvolvimento regional. Este selo tem grande potencial de geração de empregos, além de garantir ao setor industrial isenções fiscais, melhores condições de financiamento junto ao BNDES e outras instituições financeiras.

Segundo a Lei nº 11.116 de 2005, para usufruir de tais benefícios tributários, os produtores de biodiesel precisam ser detentores do Selo, adquirir percentuais mínimos de matéria prima dos agricultores familiares de diferentes regiões do país, celebrar contratos com estes estabelecendo prazos e condições de entrega da matéria prima e lhes prestar assistência técnica (BRASIL,2004).

Ele funciona da seguinte maneira: primeiramente as indústrias produtoras de biodiesel apresentam projetos onde incluem a agricultura familiar na sua cadeia produtiva ou garantem a compra de matéria$prima oriunda deste tipo de agricultura. Dessa forma o agricultor familiar passa a ser o beneficiário do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf, criado pelo Decreto 1.946, de 28 de junho de 1996, alterado pelo Decreto 3.991, de 30 de outubro de 2001).

Buscando dar maiores incentivos ao programa, o Governo Federal promulgou no dia 13 de Janeiro de 2005 a Lei nº 11.097, que versava sobre a introdução do biodiesel na matriz energética nacional. De acordo com o seu Artigo 2 , ficou estabelecido um percentual mínimo de 5% (cinco por cento) de mistura de biodiesel ao diesel de origem fóssil, sendo o prazo para aplicação deste percentual previsto no § 1º deste mesmo artigo:

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combustível fóssil por biodiesel, valendo$se da hipótese de que a combustão do segundo tenderia a emitir quantidades menores de gases poluentes na atmosfera (GTI,2003).

Em termos econômicos, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, além de sua capacidade de geração de emprego e renda, o biodiesel passou a ser visto como possível solução para a lacuna existente entre a capacidade de oferta de diesel no Brasil e as necessidades de consumo deste em território nacional (BIODIESELBR, 2011).

Estimava$se inicialmente que, a partir da produção de biodiesel em escala industrial e através da implantação de um percentual mínimo de mistura deste ao diesel de origem fóssil, o país estaria pronto para abdicar das importações de petróleo (MME, 2004). Essas estimativas se tornariam mais concretas na medida em que o percentual de mistura compulsória se elevasse, como garantido pela Lei 11.097/05, ou ainda, em função de uma razoável elevação dos preços do bem alternativo: o petróleo (ROUSSEF, 2004).

A possibilidade de adoção de diferentes rotas tecnológicas permite que a produção do biodiesel se dê através tanto da participação de empresas agrícolas, quanto da agricultura familiar. A inserção da agricultura familiar à produção de biodiesel sempre mostrou que podia trazer às áreas rurais um efetivo desenvolvimento econômico e social, bem como conduzir a um cenário que possa reduzir problemas ligados à má distribuição populacional. Deste modo, como já foi mencionado anteriormente, uma das principais potencialidades contidas neste Programa diz respeito à sua capacidade de geração de emprego e renda, principalmente nas regiões menos desenvolvidas do país (neste caso abordaremos a região Nordeste, em especial o Estado do Ceará, com o caso da produção familiar de mamona). Este assunto será tratado com mais afinco no decorrer do texto, onde serão expostas as principais metas e potencialidades concernentes à inserção sócio$econômica e ambiental dos programas de apóio à produção de Biodiesel.

2.2 Matérias Primas Utilizadas na Produção de Biodiesel no Brasil

(22)

profundas repercussões sociais, ambientais e econômicas. Dentre as matérias$primas mais citadas e utilizadas na produção de Biodiesel estão: óleos vegetais, gordura animal, óleos e gorduras residuais (PARENTE,2003).

A produção de biodiesel obedece ao seguinte processo: preparação da matéria$ prima; reação de transesterificação; a separação de fases; recuperação e desidratação do álcool; destilação da glicerina; e por fim, a purificação do biodiesel.

No Quadro 2 mostram$se algumas das principais fontes para a produção de biodiesel no Brasil.

Quadro 2: Matérias$primas utilizadas na produção de biodiesel (B100) no Brasil 2005$

2011 Matérias primas 2005 (Quantidade utilizada/ m3) 2006 (Quantidade utilizada/ m3) 2007 (Quantidade utilizada/ m3) 2008 (Quantidade utilizada/ m3) 2009 (Quantidade utilizada/ m3) 2010 (Quantidade utilizada/ m3) 2011 (Quantidade utilizada/ m3) Óleo de Soja

226 65.764 353.233 967.326 1.250.590 1.980.346 2.171.113

Óleo de

Algodão

0 0 1.904 24.109 70.616 57.054 98.230

Gordura

animal

0 816 34.445 154.548 255.766 302.459 358.686

Outros

materiai

s graxos

510 2.431 18.423 31.655 37.863 47.781 44.742

TOTAL 736 69.012 408.005 1.177.638 1.614.834 2.387.639 2.672.771

Fonte: ANP/SPP, conforme Resolução Nº 17/2004 (Anuário Estatístico 2012)

(23)

Óleos e gorduras residuais constituem matérias$primas resultantes de processamentos domésticos, comerciais e industriais. Como exemplo temos as frituras de alimentos nas lanchonetes, frituras de produtos alimentícios como amêndoas e outras variedades típicas nas indústrias, além de águas residuais de processos de indústrias alimentícias e de pescados que também poderão ser transformados em biodiesel.

O Quadro 3 mostra o processo de produção do Biodiesel em suas etapas. Quadro 3:Processo de produção do biodiesel

FASE DO PROCESSO DESCRIÇÃO DA FASE

Preparação da matéria$prima Envolve a desumidificação, lavagem e secagem das sementes oleaginosas adotadas para a produção.

Reação de transesterificação Etapa da conversão da transformação dos óleos/ gorduras em ésteres metílicos.

Separação das fases Consiste na desagregação da glicerina bruta (fase pesada) da mistura de ésteres metílicos (fase leve).

Recuperação do álcool da glicerina Fase pesada: eliminação de conteúdos voláteis (álcool) contidos na glicerina bruta.

Recuperação do álcool dos ésteres Fase leve: eliminação de conteúdos voláteis (álcool) contidos nos ésteres metílicos ou etílicos.

Desidratação do álcool Separação da umidade (água) do álcool, geralmente por processo de destilação.

Purificação dos ésteres Lavagem, centrifugação e

desumidificação dos ésteres, que posteriormente resultarão em biodiesel.

(24)

As principais fontes para a extração de óleo vegetal são: baga de mamona, polpa de dendê, semente de girassol, caroço de algodão, grão de amendoim, semente de canola, polpa de abacate, caroço de oiticica, semente de linhaça, nabo forrageiro e grão de soja. Dentro dos óleos vegetais, as culturas temporárias de maior destaque são: a soja, o amendoim, o girassol, a mamona, a canola.

Apesar da grande diversidade de matérias$primas utilizadas na produção de Biodiesel, segundo a ANP, em junho de 2011 83,26% do Biodiesel produzido no Brasil era de soja.

Figura 1: Percentuais das principais matérias primas utilizadas na produção de Biodiesel.

Fonte: Adaptado de ANP, junho 2011.

(25)

Quadro 4:Relaçãodas espécies, produtividade e rendimento de acordo com as regiões produtoras Espécie Produtividade (Toneladas/ ha) Porcentagem de óleo Ciclo de vida Regiões produtoras Tipo de cultura Rendimento (tonelada de óleo/há)

Algodão 0,86 a 1,4 15 Anual MT,MS,

GO,BA e MA

Mecanizada 0,1 a 0,2

Amendoim 1,5 a 2 40 a 43 Anual SP Mecanizada 0,6 a 0,8

Girassol 1,5 a 2 28 a 48 Anual GO,MS,SP,R

S e PR

Mecanizada 0,5 a 0,9

Mamona 0,5 a 1,5 43 a 45 Anual Nordeste Intensiva

MO

0,5 a 0,9

Soja 2 a 3 17 Anual MT,PR,RS,S

P, GO,MS e MG

Mecanizada 0,2 a 0,4

Fonte: Características de algumas culturas oleaginosas com potencial de uso energético. Adaptada de Meirelles F. S. /2003

A seguir discutem$se as principais matérias primas utilizadas como fontes de biodiesel no Brasil.

2.2.1 Girassol

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produção energética, porém poderá favorecer o deslocamento de parte significativa do óleo de soja para a produção de biodiesel (MDA,2010).

Há um crescimento no cultivo mecanizado desta espécie, principalmente nas regiões Centro Oeste e Nordeste, onde o girassol representa uma alternativa para o plantio da chamada safrinha nas áreas da soja. A introdução do girassol nestas propriedades oferece oportunidades de diversificação da renda, além de oferecer forragem para o fortalecimento da bovinocultura. (MDA,2010)

2.2.2 Amendoim

O amendoim tem se tornado bastante adequado à produção de Biodiesel. A partir da década de 1960 começou a perder espaço para a soja por se tratar de uma oleaginosa que possui mais óleo (cerca de 40% a 43%) do que proteína. Sua cultura é mecanizável, seu farelo apresenta uma excelente qualidade nutricional para rações e alimentos, somando$se ainda em sua casca as calorias para a produção de vapor suficiente para o processo de extração mecânica, ou parcialmente necessária, para o processo de extração por solvente. Possui características físicas que facilitam a colheita manual e o plantio. Assim como o girassol, também apresenta resistência ao clima seco, além de poder ser plantada em consórcio com outras oleaginosas, tipo a mamona e o algodão (EMBRAPA, 2013).

Segundo Eberard (2004),

Amendoim é uma cultura de ciclo curto, resistente à seca e de adaptabilidade ampla,

sendo cultivado por pequenos e médios produtores em vários estados da federação,

especialmente na região Nordeste, tanto de sequeiro, quanto de irrigado.

2.2.3 Soja

(27)

importante componente para a produção de biodiesel. Anteriormente o principal produto da soja era o farelo, uma proteína vegetal utilizada na alimentação animal. Com a introdução do PNPB, o óleo oriundo do grão passou a ser utilizado como co$produto para a produção do biodiesel. Com isso, os agricultores familiares vieram a conseguir agregar mais valor ao produto (MDA,2010).

De acordo com o Anuário Estatístico da ANP, a soja é a matéria$prima que mais se destaca na produção de biodiesel. O volume de óleo de soja na produção de biodiesel é muito superior aos volumes de produção da mamona, girassol, amendoim, pinhão manso e outros materiais graxos. Até mesmo a crescente produção de algodão está distante do volume de soja utilizado na produção de biodiesel. Porém, esta cultura já está consolidada no sul do país (região que apresenta maior aptidão para seu desenvolvimento).

A produção de soja no mundo, em 2004, foi de aproximadamente 200 milhões de toneladas, com uma área plantada de 92,6 milhões de hectares. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, colhendo cerca de 50 milhões de toneladas/ano, sendo o Centro$Oeste a principal região produtora, com cerca de 50% do volume nacional (IBGE, 2006).

2.2.4 Mamona

A mamona é uma cultura de sequeiro, tolerante à escassez de água, e por isso foi sendo bem apresentada como alternativa para a produção no semi$árido nordestino, região pobre e com potencial de produção limitada para outras culturas. Além disso, a produção é intensiva em terra e mão$de$obra, estando, portanto de acordo com o objetivo de incluir socialmente os agricultores familiares (PARENTE, 2003).

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De acordo com Parente (2003) a mamona constitui a cultura de sequeiro mais rentável entre as grandes culturas Nordestinas. Possui 43% a 45% de óleo em sua composição e pode ser integrada no arranjo produtivo das propriedades dos agricultores familiares, devido o seu cultivo representar vantagens no ambiente semi$árido, tanto pelo fato de gerar renda como também pelo cultivo em consórcio com outras oleaginosas, tipo o feijão e o milho. Desta forma, as compras de mamona no PNPB veio proporcionando renda adicional para as famílias envolvidas e impulsionando economicamente os seus territórios (PARENTE, 2003).

A cadeia produtiva desta oleaginosa, cultivada há anos por agricultores familiares no Nordeste e semiárido, por muitos anos foi caracterizada pela desorganização desses atores sociais, pela incerteza da venda do produto, pelo oportunismo dos compradores e pelo baixo índice de técnicas de produção, ou seja, defrontavam$se com possíveis situações de riscos de produção e riscos de preços. Com os trabalhos de apoio do Governo Federal e das empresas produtoras de biodiesel na região Nordeste, a produção de mamona pela agricultura familiar no PNPB teve um crescimento significativo. Entre 2008 e 2010 os agricultores familiares, em sua grande maioria do Nordeste e do semi$árido, tiveram um crescimento na quantidade cultivada que passou de 13 mil hectares para 72 mil hectares de mamona, o mesmo ocorrendo com as vendas, que passaram de 5,8 mil toneladas do grão em 2008 para 32,8 mil toneladas em 2010 (MDA, 2011).

Apesar do avanço, existe ainda muito espaço para ampliar a participação da mamona no programa. Para alcançar este objetivo é preciso aumentar a produção e a produtividade da oleaginosa no semi$árido Brasileiro, ancorados na criação de um sistema eficiente de produção, transferência e difusão de tecnologia para o campo. Neste sentido, o MDA esta criando centros de excelência em oleaginosas na região semi$árida, no intuito de suprir esta lacuna tecnológica.

2.3 O Biodiesel e a Agricultura Familiar

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agricultura familiar das regiões Nordeste e Semi$Árido, bem como a exposição da realidade em que estas unidades se inserem.

Atualmente, a idéia que se tem no Brasil acerca da agricultura familiar remete a uma imagem de pequenas propriedades que contam com recursos bastante escassos e mão$de$obra pouco qualificada, cuja produção destina$se em sua maioria a subsistência. Esta visão, porém, retrata apenas um dos tipos de agricultura familiar presentes no país. De fato, a construção dos diversos tipos é possível levando$se em conta fatores como a disponibilidade de terras e formas de acesso à mesma, tamanho e características da mão$ de$obra familiar, tecnologia adotada e o grau de comercialização.

Segundo Bianchini (2004, p. 12),

É nas categorias dos agricultores familiares, daqueles que vivem e trabalham no meio rural em sua individualidade (criança, jovens, idosos, homens, mulheres), na unidade familiar como forma associativa de gestão do agro ecossistema da unidade produtiva, no capital social como forma de gestão das relações nos âmbitos da comunidade que poderemos, por meio de um diálogo participativo, contribuir com diagnóstico, planejamento, pesquisas e projetos para a construção de um desenvolvimento local sustentável nos campos econômico, social e ambiental.

A partir do final dos anos noventa do século passado a agricultura familiar vem conquistando um novo espaço e está sendo tratada como prioridade na agenda de políticas públicas e na agenda de desenvolvimento sustentável do país. Entende$se que a melhor estratégia de desenvolvimento é capacitar os agricultores familiares para aproveitar as oportunidades criadas e para produzir de forma sustentável no mercado.

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Veiga (1995, p. 01), argumenta que:

Evoluiu bastante nos últimos anos a percepção social sobre as vantagens que podem trazer as políticas públicas de expansão e fortalecimentos da agricultura familiar. Com muito atraso histórico, as elites brasileiras começam a identificar os agricultores familiares como um grupo social distinto e, sobretudo, a reconhecê$lo como um dos agentes coletivos do processo de desenvolvimento rural. Por isso, talvez não seja exagerado o otimismo esperar que esse grupo social também venha a ser visto como o segmento importante da estratégia de desenvolvimento de que o Brasil necessita, isto é, um dos protagonistas do lado rural da agenda de desenvolvimento que está emergindo com a renovação do debate público posterior à estabilização da economia.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário adotou uma série de medidas visando promover a inserção da agricultura familiar como produtora de matéria$prima para a produção de biodiesel, sendo as principais:

Criação do Pronaf Biodiesel, no qual o agricultor familiar poderá tomar mais crédito para custear as produções de oleaginosas antes de pagar o empréstimo do plantio anterior. O empréstimo tem como objetivo permitir que o agricultor familiar plante oleaginosas para produção de biodiesel, sem com isso abandonar o plantio anterior.

Mobilização das principais representações da agricultora familiar, bem como movimentos sociais em torno do tema. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura é um exemplo, articulou seu sistema estadual e municipal para participar das negociações entre agricultores e empresas para monitorar as ações locais.

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Modificação na resolução do programa de garantia$safra que priorizava o agricultor familiar do semiárido nordestino que plantar feijão em consórcio com a mamona, caso haja perda, ele terá prioridade em receber o benefício antes dos demais. No caso da mamona que é resistente à seca, mesmo ele perdendo o feijão, terá a garantia de atividade produtiva que lhe garanta a renda.

Negociação com o Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia para atendimento das demandas de crédito do Pronaf de custeio e investimento do plantio de oleaginosas para a produção de Biodiesel.

Aportaram mais de cinco milhões em projetos de formação de polos de produção de matéria$prima do biodiesel, visando o aprimorar e disponibilizar novas tecnologias agrícolas e tecnologia de baixa escala para o biodiesel.

Entre 2008 e 2009 o número de cooperativas da agricultura familiar dobrou e tornou uma das principais diretrizes de trabalho de políticas públicas para fortalecer a agricultura familiar dentro do PNPB. O foco na formação de cooperativas permite proporcionar alternativas de uma participação mais sustentável e qualificada dos agricultores familiares, principalmente na região Nordeste e Semiárido (MDA, 2011).

Deve$se ressaltar que a sustentabilidade do negócio depende de uma gestão eficiente que possua um corpo administrativo constantemente qualificado e que tenham controles rígidos do ponto de vista organizacional, sustentável, financeiro, contábil, econômico e mercadológico.

Os sistemas de gestão das cooperativas que participam do PNPB podem proporcionar um aumento quantitativo e qualitativo da produção de oleaginosas para o biodiesel, facilitando assim a diversificação, o investimento e o aumento de produtividade no plano agrícola e de agregação de valor a esses grãos no plano industrial.

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transferências tecnológicas e de conhecimento visando à inclusão social e desenvolvimento regional.

A organização em cooperativas pelos agricultores familiares ocorreu pelo fato de não conseguirem competir em condições de igualdade com os agricultores de maior poder aquisitivo. A cooperativa permite que esses agricultores reduzam o grau de desigualdade encontrado no mercado.

Segundo Bialoskorski (2001),

Essa problemática, talvez seja a principal razão para a existência de iniciativas de formação de cooperativas de produção agrícola. A organização de agricultores em cooperativas possibilita uma diminuição dos riscos da produção, traz segurança para o agricultor, maior poder de barganha com os elos da cadeia e agrega valor à produção, entre outros.

O desenvolvimento do trabalho de organização da base produtiva no PNPB mostrou que a participação da agricultura familiar poderá ser consolidada através da organização em cooperativas. Organizados cooperativamente, os agricultores familiares terão mais vantagens competitivas, em termos de escala de produção, redução de custos, facilidade de acesso a insumos e tecnologias de produção, além de poder de barganha ao negociar os contratos com empresas produtoras de biodiesel.

2.4 Biodiesel no Ceará

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árido não tem sustentabilidade. Em caso de seca, esses assentamentos ficam dependentes da assistência do governo.

Mesmo em meio às divergências de opiniões e à falta de um consenso, o governo brasileiro se colocou como um grande incentivador da produção de biodiesel, inicialmente com o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), criado no final do ano de 2004, que inseriu esse combustível na matriz energética nacional (SOUZA et al, 2005). Conforme a Secretaria do Desenvolvimento Agrário $ SDA, no Ceará o governo estadual lançou em 2007 o Programa Biodiesel do Ceará, a fim de estimular os agricultores familiares a produzir mamona, uma das matérias primas utilizadas para produção de Biodiesel. Sua intenção era integrar a produção de Biodiesel à inclusão social. Daí a perspectiva de que o cultivo da mamona seria o seu potencial de resgate econômico e social das famílias rurais.

O principal objetivo do programa era incentivar a produção de mamona por agricultores familiares, concedendo subsídios tipo a distribuição de sementes selecionadas, o pagamento por hectare plantado, garantindo preço mínimo de compra e a compra da produção. Com isso gera$se emprego e renda no meio rural e a matéria prima para produção de biodiesel. Para participar do programa, os agricultores interessados devem procurar os escritórios da Empresa de Assistência Técnica (Ematerce) nos seus municípios, para assinar o Termo de Adesão para a Comercialização da produção com a Petrobrás ou com a Brasil Ecodiesel. Os recursos financeiros para o custeio do plantio estão assegurados pelo PRONAF através do Banco do Brasil e Banco do Nordeste.

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Tendo em vista que a prática da cultura da mamona não precisa de alto nível de mecanização e que seu cultivo necessita de grande mão$de$obra, essa atividade agrícola incentiva ainda mais o cultivo desta oleaginosa pelo homem do campo e favorece a sua permanência no meio rural. Mas apesar dos crescentes incentivos oferecidos, o Programa Biodiesel do Ceará apresentou problemas de adesão. Percebeu$se que o sucesso do mesmo estava atrelado à quebra da resistência entre os agricultores familiares, resistência esta decorrente de problemas na comercialização do produto e dos preços baixos repassados pelas usinas de biodiesel no Estado, além da baixa produtividade.

2.4.1 O Programa Biodiesel do Ceará

Em 2005, a Brasil Ecodiesel (BED), uma das primeiras produtoras de biodiesel a obter o Selo Combustível Social, deu início ao processo de cadastramento de produtores de mamona no Ceará. Em outubro de 2006, a unidade industrial do Ceará, que está acoplada a uma unidade esmagadora de sementes, entrou em operação com a capacidade instalada de 108 mil m³ de biodiesel por ano. Em 2007, com o intuito de diversificar a produção rural e ao mesmo tempo fortalecer a agricultura familiar, o Governo do Estado lançou o Programa Biodiesel do Ceará. Este programa iria conceder alguns incentivos à produção das oleaginosas, distribuindo aos agricultores sementes de milho, feijão e mamona, todas subsidiadas pelo Governo, através do Programa de Distribuição de Sementes.

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Outras três miniusinas de produção de biodiesel seriam construídas nos municípios de Sobral (CE), Aracoiaba (PE) e Russas (CE). Em Limoeiro do Norte (CE) também seria instalada outra miniusina, mas com parceria entre a prefeitura municipal e o Dnocs (BIODIESELBR, 2008).

A entrada da Petrobras Biocombustível como produtor de biodiesel no Ceará gerou uma concorrência para o cadastramento dos agricultores familiares e, por conseguinte, no preço pago pelo quilo da mamona. Antes de qualquer empresa de biodiesel instalar$se no Ceará, o quilo da mamona era comprado pelos atravessadores por R$ 0,35. Em 2005, a BED pagou R$ 0,55 o quilo, que aumentou para R$ 0,70 em 2006. Na safra de 2007/2008, enquanto a BED pagou R$0,75 a mamona com casca e R$ 0,78 a mamona descascada. A Petrobras Biocombustível (PBio) pagou R$1,00 a mamona com casca, e R$1,04 descascada. Essa diferença levou muitos agricultores cadastrados pela BED a venderem sua produção para a PBio, gerando prejuízo para a primeira empresa, que custeou os serviços de assistência técnica. Dessa forma ressalta$ se que o Governo, a partir da safra de 2008/2009, garantiu a compra das oleaginosas a R$1,00 o quilo.

Além de garantir esse preço mínimo na compra da produção, o Governo do Ceará é o único Estado do Nordeste a dá subsídios para os agricultores familiares plantarem oleaginosas. No primeiro ano de criação do programa, o subsídio era de 150 reais por hectare plantado de mamona. Para a Safra de 2008/2009, houve um aumento no subsídio para 200 reais, podendo alcançar até 300 reais por hectare, dependendo das técnicas conservacionistas de solo e água empregadas no plantio (Instituto Agropolos do Ceará, 2010).

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Mais de 22 mil agricultores familiares são acompanhados por técnicos do Instituto Agropolos numa parceria com a Petrobrás Biocombustível. Em 2009, quando o Agropolos deu início ao Projeto Biodiesel, 10.330 agricultores forneciam grãos para a Usina de Biodiesel de Quixadá. Hoje são mais de 33 mil agricultores, 70% deles assegurados pelo Agropolos. O trabalho de acompanhamento dos produtores de mamona e girassol é referência nacional (Instituto Agropolos do Ceará, 2010).

A Cadeia Produtiva do Biodiesel (CPB) sempre representou uma real oportunidade de negócio para a região do Ceará, e do Nordeste em geral, em conseqüência de seu potencial sequeiro. O Programa Biodiesel do Ceará sempre teve a intenção de integrar agricultores familiares, inclusão social e desenvolvimento sustentável, o que levou a admitir que a CPB poderia contribuir para amenizar os problemas ambientais e socioeconômicos do Estado, além de promover a inclusão econômica de milhares de famílias do semi$árido nordestino, que, por sua vez, torna$se factível pela inserção das famílias de agricultores no cultivo de oleaginosas e produção do óleo vegetal, matéria$prima para o refino do biodiesel.

Porém, apesar do grande potencial identificado, existem entraves que podem desarticular esta cadeia produtiva na região em análise. Foram diagnosticados alguns problemas potenciais no estado do Ceará, os chamados gargalos da CPB, enumerados a seguir:

$ Falta de mamona para a produção do óleo vegetal – conseqüentemente, falta desta matéria prima para a produção do biodiesel;

$ Falta de articulação da agricultura familiar;

$ Falta de equipamentos no estado para a produção do mesmo; $ Falta de capacitação da mão$de$obra;

$ Falta de melhores condições e/ou incentivos para a criação de cooperativas agrícolas voltadas ao cultivo da mamona;

$ Baixa produtividade do setor, dentre outros;

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favoráveis ao cultivo da mamona, capazes de tolerar a seca e o calor excessivo. Porém, os problemas encontrados dificultaram o desenvolvimento desse tipo de arranjo produtivo e isso acabou por comprometer a disponibilidade do Biodiesel no mercado.

2.4.2 A Mamona no Ceará

A necessidade de se investir em combustíveis limpos trouxe uma opção de fonte de energia renovável (o biodiesel) que é obtida a partir de plantas oleaginosas ou de derivados de origem animal. Dentre as oleaginosas usadas como matéria$prima do biodiesel a mamona se apresenta como uma das maiores potencialidades para o Nordeste, pela relativa familiaridade do agricultor com a cultura, pela possibilidade do uso de tecnologias mais simples para a sua produção, pela maior resistência à seca, pelo elevado teor de óleo e por apresentar boa produtividade.

Apesar de o amendoim e o algodão possuírem certo lugar de destaque no zoneamento agrícola do Estado do Ceará, suas culturas ainda são pouco significativas diante da mamona. Os maiores esforços do governo estadual através do Programa Biodiesel no Ceará foram para estimular a produção de mamona. A mamona era considerada uma planta que possuía um óleo tido como dos melhores insumos para a produção de Biodiesel. Começou como a principal oleaginosa produzida no Estado do Ceará e teve grande importância econômica. Desde o princípio de tudo que a cultura da mamona já era considerada um instrumento de inclusão social e uma das culturas mais viáveis ao atendimento da demanda de biodiesel que conseqüentemente seria gerada com a institucionalização do B2.

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clara e manifesta de evolução de variáveis como área plantada, produtividade e, conseqüentemente, produção.

Na década de 1970, segundo a SEAGRI (Secretaria de Agricultura do Ceará $ 2005), o Estado chegou a plantar mais de 50.000 hectares de mamona, com uma produtividade variando de 600 a 800 kg/ha. A partir da década de 80 ocorreu um declínio da área cultivada de mamona no Estado como consequência da perda da liderança do mercado internacional de óleo de rícino (principal destinação da mamona) para a Índia e a China. Na década de 90, a queda da produção foi ainda mais acentuada. Em 1993, foi registrada a menor área plantada de mamona do Estado: 948 hectares. Em 2004, o ano de implantação do PNPB, a área plantada de mamona aumentou significativamente em relação ao ano anterior. Em 2008, área plantada foi de aproximadamente 25.000 hectares.

Para cumprir com a institucionalização do B2, seria necessário um mercado de aproximadamente 800 milhões de Biodiesel e produção de 348 mil toneladas de mamona para atender a demanda. Contudo, em 2006 – ano da institucionalização do B2– a produção de mamona não chegava à terça parte do que seria necessário para atender as demanda referentes do Programa. Mesmo em 2010, a oferta de mamona era mais de três vezes menor do que a demanda do mercado de biodiesel criada pelo B2, muito embora neste ano o percentual de mistura compulsória já houvesse sido aumentado para 5%.

Diante deste cenário podia$se prever que o desastre da inclusão social por intermédio da produção mamoneira era certo. Não se imaginava que o desapontamento em relação às estimativas oficiais seria tão grande. A mamona foi um fracasso e este assunto será relatado a seguir.

2.4.3 O Fracasso do Projeto Mamona no Ceará

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compulsória (B2), a produção nacional de mamona era insuficiente para atender às demandas do programa. No caso do Ceará, na inauguração da Usina de Biodiesel de Quixadá no dia 20 de agosto de 2008, o então presidente da República Luís Inácio Lula da Silva reconheceu as dificuldades para o sucesso do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel quando afirmou que, enquanto não fosse produzida mamona em quantidade suficiente, a soja poderia ser utilizada, desde que não entrasse na matriz principal do programa .

Em 2008, por exemplo, a participação da mamona na produção de Biodiesel no Brasil não chegou a 0,015%, assim comoas duas culturas que supostamente responderiam pelo alto potencial de inclusão social do PNPB ultrapassaram, com muita dificuldade, o patamar de 0,2% na relação de matérias primas utilizadas para a produção do biodiesel.

Ao longo desses anos, a soja pode não ter entrado na matriz principal do Programa Nacional, mas é hoje a principal matéria prima para a produção de biodiesel na Usina de Quixadá, conforme o diretor da unidade, Marcos Saldanha (REVISTA CENTRAL, 2013). Ele ainda acrescenta que o óleo da soja tem a vantagem de ser encontrado em diversas regiões do País.

A estratégia do governo de reservar à mamona participação principal na inclusão social do PNPB foi conquistada pela produção de soja. As estimativas oficiais eram de que a produção mamoneira em unidades familiares possuiria um potencial de geração de emprego muito maior do que a soja mecanizada. Diante do fato de que a meta de inclusão social atribuída à mamona foi fracassada, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) revelou que, na verdade, desde o princípio que essa cultura já apresentava carência de uma trajetória evolutiva sustentada (CONAB, 2011).

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suficientes para elevar a produtividade, nem tampouco para acabar com as desconfianças dos agricultores em relação ao PNPB.

Outro elemento que pode ser apontado é o baixo nível de investimento por hectare utilizado. De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Biodiesel, Ademar Holanda, o programa funciona da seguinte forma: os agricultores familiares cadastrados recebem as sementes da mamona, assistência técnica e um incentivo de R$ 200,00 por hectare de mamona plantado, limitado a três hectares, por família. Algumas questões logísticas também foram cruciais para o fracasso da mamona como alternativa energética no Ceará, tipo o espaçamento territorial das unidades de produção familiar que prejudicou a prestação de assistência técnica e a distribuição de sementes, que acabava por elevar a quantidade necessária de recursos para a integração entre os estabelecimentos mercantis.

Com o visível fracasso da mamona nos três primeiros anos da produção de Biodiesel, o governo federal resolveu flexibilizar alguns dos mecanismos de inclusão social alterando a legislação que a presidia. A primeira mudança foi a extensão da isenção total de impostos federais a outras culturas além da mamona e do dendê. A segunda alteração foi a redução nos percentuais mínimos de aquisição de matérias primas pelos agricultores familiares. E, por fim, destaca$se a mudança de posicionamento da Petrobrás a partir de 2009 que, além de comercializar o biodiesel, passou a operar na cadeia produtiva estabelecendo contratos de médio prazo com produtores familiares, preços mínimos para a tonelada de mamona, além de se concentrar no fornecimento de assistência técnica e distribuição de sementes para as unidades de produção familiar.

Essas atitudes da Petrobrás tanto contribuíram para reduzir as desconfianças dos agricultores em relação ao PNPB como atraíram um número maior de famílias para o programa. Com a flexibilização da legislação do PNPB e a entrada da Petrobrás na produção do Biodiesel, a participação da mamona no valor adquirido pelos agricultores familiares foi significativa, porém a soja manteve sua hegemonia.

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2.5.1 Impactos Ambientais da Produção de biodiesel

A utilização dos combustíveis derivados do petróleo tem contribuído muito para a queda da qualidade do ar, para as mudanças climáticas e a geração de resíduos tóxicos. Estudos têm demonstrado que o setor de transportes é o maior responsável pela emissão de dióxido de carbono, principal gás causador do efeito estufa. A redução da emissão desses gases com o uso do Biodiesel ocorre em função da absorção de CO2 na produção da biomassa e que vem levando vários países a adotar a produção e o consumo de combustíveis limpos e de fonte renovável.

Desde sua criação em 06 de Dezembro de 2004 e após a institucionalização de um percentual mínimo de mistura pela lei 11.097/05 que ao PNPB vem sendo creditado um enorme potencial em relação à melhoria das condições ambientais. A redução na emissão de gases causadores do efeito estufa e de gases poluentes em geral, bem como a conseqüente melhoria na qualidade do ar, decorreu fundamentalmente ao substituir a queima de combustível fóssil por biocombustível (GTI, 2003).

Além de apresentar emissões menores, a introdução do biodiesel traria um efeito capaz de prevenir impactos negativos em relação à emissão de gases causadores do efeito estufa, de modo que, ao medir seu efeito sobre o meio ambiente deveria ser levado em consideração não apenas as emissões de gases referentes ao seu uso, mas também o volume de gás capturado por meio da fotossíntese dos cultivos plantados para produção de oleaginosas (GTI, 2003).

O Governo Federal alcançou números bastante expressivos no que tange a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

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Com o biodiesel puro, conhecido como B100 e produzido a base de óleo de soja a redução na emissão de poluentes seria em 48% do monóxido de carbono (CO), 47% de material particulado (MP), aproximadamente 100% do óxido de enxofre (SOx) e 67% dos hidrocarbonetos totais (HC).

Segundo projeções do PNPB, melhorar as condições ambientais significa também melhorar a qualidade de vida da população, além de evitar gastos por parte dos governos e dos cidadãos no combate aos males da poluição.

2.5.2 Impactos Econômicos da Produção de biodiesel

Apesar das vantagens e do grande avanço que o Biodiesel vem apresentando, sua viabilidade econômica requer análises mais detalhadas. Para que o Biodiesel seja viável economicamente ele precisa primeiramente ser competitivo, e à medida que os preços das matérias primas caírem, mais competitivos ele se tornará. A possibilidade de uma redução nos custos, através da elevação da produtividade dos cultivos de produção também é um fator significativo, o que pode ser feito através do aproveitamento dos subprodutos do Biodiesel.

Além disso, a utilização desse combustível renovável traz a perspectiva da redução nas importações de óleo diesel, o que pode poupar o dispêndio de divisas para o país e diminuir a dependência em relação ao petróleo. Em estudos desenvolvidos pela Fundação Getúlio Vargas, ocorreu uma redução de US$ 2,84 bilhões nas importações de diesel entre 2005 e 2010 devido à utilização das misturas de Biodiesel. Segundo a Assessoria de Comunicação Social (UBRABIO), com a utilização obrigatória do B10 a redução na importação de diesel chegaria a aproximadamente 30%. Dessa forma entende–se que, quanto maior a porcentagem de Biodiesel adicionado ao diesel menor será o déficit na balança comercial brasileira, o que decorre do aumento do consumo desse combustível.

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mercado específico para o biodiesel, onde os leilões promovidos pela ANP ficaram responsáveis em regular os preços desse produto e garantir sua oferta, tendo como objetivo gerar mercado e, assim, estimular sua produção em quantidade suficiente para que refinarias e distribuidores pudessem compor a mistura determinada por lei (ANP, 2011). Os leilões públicos de aquisição de Biodiesel foram regulamentados pela Resolução da ANP 31 de 04/11/2005, onde se estabelece que estão autorizados a comprar o Biodiesel apenas produtores que possuam o Selo Combustível Social ou que possuam os requisitos necessários à obtenção do referido selo, o denominado Enquadramento Social.

A iniciativa do governo atraiu o apoio de bancos que se mostraram disponíveis a dar suporte à produção de Biodiesel. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu empréstimos em todas as fases da produção, apoiando a aquisição de máquinas, equipamentos e investimentos em beneficiamento de produtos e subprodutos do biodiesel (BNDES, 2003).

Segundo Holanda (2004), o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) conta com uma série de programas essenciais para o suporte à produção de biodiesel, tais como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Rural do Nordeste (RURAL), Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria do Nordeste (AGRIN) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

Como já citado anteriormente, o Governo do Estado do Ceará lançou em 2007 o Programa Biodiesel do Ceará com a finalidade de dar um avanço na agricultura do Estado através da diversificação da produção rural. O programa tinha por objetivo a distribuição gratuita de sementes selecionadas de mamona e girassol, dentre outras oleaginosas, e o pagamento de subsídio por cada novo hectare (10 mil metros quadrados) plantado. Os recursos financeiros para o custeio do plantio vêm sendo assegurados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), através do Banco do Brasil.

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produtividade e a implementação de novas ações que permitam agregar mais valor ao produto, tornando a atividade econômica mais atrativa a investimentos.

2.5.3 Impactos Sociais da Produção de biodiesel

O desenvolvimento regional e a inclusão social são os princípios orientadores básicos das ações direcionadas ao biodiesel. Conforme já relatado anteriormente, o próprio PNPB objetivava a inclusão social através dos agricultores rurais, gerando emprego e renda. Isso significa que a produção e o consumo devem ocorrer de forma descentralizada e não excludente em termos de rotas tecnológicas e matérias$primas.

A partir da produção de Biodiesel o mercado energético brasileiro poderá dar sustentação a um grande programa de geração de emprego e renda pela possibilidade de gerar ocupação a um enorme número de pessoas que trabalham em lavouras familiares e que vivem em péssimas condições de vida.

Segundo o Anuário Estatístico da ANP, no período compreendido entre 2005 até 2011 ocorreu um expressivo crescimento da produção de biodiesel no Brasil, conforme mostra o Gráfico 1.

Gráfico 1:Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005$2011

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A geração de emprego se estende nos centros urbanos, admitindo$se que para cada emprego gerado no campo são gerados três (3) empregos nas cidades. Na hipótese de 6% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados mais de um milhão de empregos (ANP, 2012).

Conforme Holanda (2004), com a criação de postos de trabalho empresarial, em média emprega$se um trabalhador para cada 100 hectares cultivados na agricultura empresarial, e na familiar a relação é de apenas 10 hectares por trabalhador.

De 2005 a 2010 o MDA concedeu o uso do Selo Combustível Social a 42 unidades produtoras de biodiesel e suspendeu a mesma concessão para 9 unidades produtoras. Até o final de 2010 existiam 56 usinas produtoras de biodiesel no Brasil, aproximadamente 60% delas possuíam o Selo, e aproximadamente 20% do total dessas usinas se localizam nas regiões Nordeste e Norte.

Em 2006 foi implantado pelo MDA o Projeto Pólos de Biodiesel com foco microrregional ou territorial, visando promover a inclusão social dos agricultores familiares na cadeia do biodiesel. Os pólos são espaços geográficos compostos por diversos municípios e sua formação leva em consideração: a presença de agricultores familiares com vocação para plantio de oleaginosas, a identidade coletiva territorial, a presença de áreas consideradas aptas para o plantio e zoneamento agrícola, a atuação ou interesses de empresas detentoras do selo Combustível Social e a presença de atores sociais políticos e econômicos interessados no desenvolvimento destas cadeias produtivas.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) firmaram um acordo de cooperação geral com investimento de R$ 180 milhões, considerado o maior já realizado no país em organização econômica da agricultura familiar. Esse acordo de cooperação tem como objetivo fortalecer as atividades dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais, e visa atender 2 mil empreendimentos entre cooperativas, associações agroindustriais familiares até 2014.

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A abordagem da pesquisa é qualitativa, descritiva e exploratória, utilizando levantamento bibliográfico e documental sobre a produção do biodiesel e sua influência no estado do Ceará, identificando os principais objetivos, as matérias$primas ideais para a produção, o potencial do biodiesel e seus reflexos socioeconômicos, sua participação na inclusão social, avaliando sua capacidade em gerar desenvolvimento para o Nordeste, em especial para o Ceará.

Os dados utilizados no trabalho são de origem secundária, gerados por instituições públicas e privadas envolvidas na produção e na distribuição do biodiesel no Brasil. Algumas das informações são bem atuais, com pesquisa efetuada através de sites que contemplam séries de assuntos sobre o Biodiesel, as diferentes fontes de energia, onde são produzidas e os sujeitos sociais envolvidos.

Uma parte destas informações está organizada em quadros e ilustrações dos resultados que também foram feitas utilizando$se de figuras e gráficos.

Apesar da importância de algumas incursões em modelagens estatísticas ou econométricas para as avaliações econômicas, não se fizeram necessárias aos objetivos do trabalho. Dessa forma, optou$se por uma análise mais discursiva. Ainda assim, espera$se que as análises procedidas no trabalho possam propiciar a oportunidade de atingir os objetivos.

4. RESULTADOS DA PESQUISA

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Desta forma, os resultados estarão expostos através de algumas tabelas e figuras mostrando evidências da evolução do biodiesel na matriz energética brasileiras, principalmente no Estado do Ceará.

4.1 SITUAÇÃO ATUAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Em outubro de 2012 foram discutidos com técnicos e agricultores familiares formas de melhoramentos para o Programa Biodiesel do Ceará em 2013. Após visitas dos técnicos em algumas áreas de cultivo, foi confirmado que a Embrapa Algodão formalizaria convênios com o Ceará para implantação de Unidades de Teste de Demonstração (UTDs), onde seriam beneficiados os municípios cearenses de Quixadá, Tauá, Itatira, Canindé, Pedra Branca, Boa Viagem, Independência e Monsenhor Tabosa (SDA, 2013).

A Petrobrás Biocombustível iniciou 2013 bastante otimista após registrar vários recordes na produção e venda de Biodiesel a partir de setembro de 2012 (2 milhões de litros por dia). Em novembro do mesmo ano a PBio quebrou recorde de produção mensal nas suas três usinas próprias: Candeias (BA), Montes Claros (MG) e de Quixadá (CE). Em 2013 a produção de Biodiesel seguiu o ritmo do ano anterior, e até maio produziu mais de 1,15 bilhões de litros de biodiesel.

Tabela 1 –Produção Mensal de Biodiesel (m³) de Janeiro a Maio de 2013

MÊS 2012 2013 Var % 2012/2013

Janeiro 193.006 226.505 17%

Fevereiro 214.607 205.738 $ 4%

Março 220.872 230.752 4%

Abril 182.372 257.101 41%

Maio 213.021 236.047 11%

Produção

Acumulada

1.023.878 1.156.144 13%

(48)

Este destaque na produção e nas vendas, juntamente com os investimentos constantes, tornaram a Petrobrás líder no mercado nacional de Biodiesel. E os investimentos não param. Recentemente, em dezembro de 2013, a Petrobrás Biocombustível e o governo do estado do Ceará assinaram acordo para incrementar a assistência técnica oferecida a seis mil a agricultores familiares, produtores de mamona no semiárido cearense. O acordo inclui a disponibilização do preparo mecanizado do solo, com o objetivo de aumentar a produção e a produtividade da mamona.

Apesar da grande atenção e incentivo ao cultivo da mamona, a matéria prima de maior participação na fabricação de Biodiesel tem sido o óleo de soja, que respondeu por 74% de todo o biodiesel produzido no Brasil entre janeiro e outubro de 2013. Durante o ano, esta matéria$prima foi utilizada na fabricação de 1.812.555 m³ do biocombustível, alta de 6,9% em relação ao mesmo período de 2012. Na segunda colocação aparece o sebo bovino, com 19% do total de biodiesel produzido, responsável pela produção de 467.308 m³ de biodiesel. Tal valor representa uma elevação de 26,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Completa a lista das principais matérias$ primas para a produção do biodiesel o óleo de algodão, respondendo por 2% do volume total fabricado. Outras fontes representaram 4% da produção nacional nos dez primeiros meses de 2013.

(49)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Óleos de soja

Sebo bovino

Óleo de algodão

Outras

Fonte: ABIOVE, 2013 Elaboração: Própria

Para o então presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, esse acordo qualifica a atuação do semiárido, pois introduz novas técnicas e maquinários aos agricultores familiares. Com a participação da agricultura familiar na cadeia do biodiesel como produtora, as exigências do Selo Combustível Social deverão ser obedecidas.

Outra novidade do convênio é o fornecimento de adubo para os agricultores, o que modifica a biologia e a dinâmica dos nutrientes no solo, favorecendo o aumento da produtividade. O trabalho seguirá o calendário agrícola e atingirá 14 municípios cearenses: Boa Viagem, Canindé, Catunda, Independência, Itatira, Madalena, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Pedra Branca, Quixadá, Quixeramobim, Santa Quitéria, Tamboril e Tauá.

(50)

concretizando o compromisso com o desenvolvimento regional e a inclusão social. O programa inclui o acompanhamento de todo o processo de produção, fornecimento de sementes, além de assistência técnica e extensão rural até a compra do grão.

Quanto aos preços praticados no mercado de diesel, o valor médio do litro negociado no 31º Leilão de Biodiesel ANP, cujos volumes foram entregues entre os meses de julho e agosto de 2013, foi de R$ 1,94, o que demonstra uma queda de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Tabela 2 – Preços do Biodiesel comercializado nos leilões da ANP em 2012 e 2013.

MÊS Preços em 2012

(R$/litro)

Preços em 2013

(R$/ litro)

Var % 2012/2013

Janeiro 2,33 2,55 9%

Fevereiro 2,33 2,55 9%

Março 2,33 2,21 $ 5%

Abril 2,04 2,21 8%

Maio 2,04 1,98 $ 3%

Junho 2,04 1,98 $ 3%

Julho 2,49 1,94 $22%

Agosto 2,49 1,94 $22%

MÉDIA 2,26 2,17 C 4%

Fonte: ANP/ABIOVE, Coordenadoria de Economia e Estatística, 2013.

Sobre o uso do Selo Combustível Social, atualmente no Brasil das 56 unidades operacionais autorizadas a produzir e comercializar o Biodiesel, 41 delas possuem o selo. E essas unidades, juntas, tem capacidade de produzir 5,4 bilhões de litros de biocombustível por ano, o que representa 79% da capacidade produtiva instalada no país.

Imagem

Gráfico 1: Evolução da produção de biodiesel (B100), período 2005$2011
Tabela 1 – Produção Mensal de Biodiesel (m³) de Janeiro a Maio de 2013
Tabela 2 – Preços do Biodiesel comercializado nos leilões da ANP em 2012 e 2013.

Referências

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