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a imposição de quarentena

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Um vazio legal impede as autori- dades de saúde portuguesas de im- porem o recurso àquarentena com- pulsiva, medida que sepode justificar emcasos como a contenção de um surto de gripe. Destaque, 2/3

Falta lei para a imposição de quarentena

GripeAHINI

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Gripe A HINI Isolamento de doentes só pode ser voluntário

Vazio legal em Portugal impede imposição

de quarentena

Plano de Contingência para a

Pandemia de Gripe previa revisão

da lei, mas projecto ainda está

em discussão no Parlamento

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Um vazio legal impede asautori- dades de saúde portuguesas de im- porem orecurso àquarentena com- pulsiva, uma medida excepcional que se pode justificar em determinados casos, como acontenção deumsurto degripe pandémica. Neste momento, está na Assembleia da República um diploma queprevê esta possibilidade, mas adiscussão do projecto na gene- ralidade está prevista para opróximo dia 14 eainda não há data para a sua votação, nem para a sua entrada em vigor. OMinistério daSaúde não quis comentar asituação.

O diploma que regula apreven- ção e ocontrolo de riscos na saúde pública tem 60 anos (Lei n.° 2036, de 1949). Osjuizes desembargado- resAntónio Martins eAntónio Latas desconhecem um quadro legal que permita às autoridades de saúde aplicar quarentenas compulsivas.

António Latas conhece algumas situ- ações em que serecorreu aalgumas disposições daLei de Saúde Mental edodecreto-lei relativo àlepra para contornar aimpossibilidade de in- ternamento compulsivo no caso de doenças infecto-contagiosas. Foi isso que aconteceu nocaso de um doente que sofria de tuberculose pulmonar

ese recusava atratar-se, correndo- se operigo de contagiar terceiros. O Tribunal da Relação do Porto veio a determinar ointernamento do do- ente, em Junho de 2002, depois de aprimeira instância oter recusado quase dois anos antes.

A quarentena compulsiva tem, con- tudo, uma abrangência diferente já que aspessoas emcausa podem nem sequer estar doentes. Luísa Neto, es- pecialista em Direito Constitucional, não vêproblemas numa leidesde que serespeite oprincípio da proporcio- nalidade. uma situação de conflito de direitos: odireitos àsaúde dos ou- tros entra em conflito com odireito àliberdade de circulação eeventual- mente odireito ao trabalho", avalia aprofessora daFaculdade deDireito daUniversidade do Porto.

A delegada de saúde no aeropor- to de Lisboa, Maria João Martins, re- conheceu ontem, em declarações à Lusa, que "não há quarentena invo- luntária na legislação portuguesa".

"As pessoas que vão estar nestas si- tuações captarão com facilidade as orientações", acredita Mário Durval, dirigente da Associação Nacional de Médicos deSaúde Pública. Diferente seria, insiste, seestivéssemos perante uma gripe como aaviária, em que a letalidade era, no início, de 50 por cento. Apesar de não haver legisla- Mariana Oliveira

eAlexandra Campos

ção específica em Portugal sobre es- ta matéria, omédico defende que é admissível aplicar a"prerrogativa"

deas autoridades de saúde pública poderem actuar emsituação de crise.

A figura que seutiliza é "o estado de necessidade desculpante", uma vez que os direitos dos outros se sobre- põem ao direito individual, alega.

Averdade éque oPlano de Con- tingência para aPandemia de Gripe, elaborado em2006 eactualizado por duas vezes para dar resposta àcrise da gripe das aves, prevê "a produção de legislação que permita a aplica- ção compulsiva das medidas de saúde pública, sempre que obem público não possa ser salvaguardado de ou- tra forma". Mas écontraditório, ao admitir simultaneamente orecurso a quarentena compulsiva emsituações extremas nas fases pré-pandémicas para acontenção da doença.

Às vezes aprecaução até éexage- rada. A seguradora Mapfre dispen- souos funcionários que regressaram ontem do México até dia 12eacon- selhou-os aficarem em casa. Jorge Gama, da Mapfre, explica que esta foi uma medida de precaução, jáque esteé operíodo normal deincubação do vírus. Opneumologista edirector da Faculdade deMedicina da Univer- sidade do Porto, Agostinho Marques, acha tudo isto "um exagero". Parajá, adoença é"relativamente benigna e mesmo no México tem uma expres- são pequena".

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A situação em Portugal estava ontem calma, apesar deas autoridades de saúde continuarem a preparar-se para opior dos cenários. Depois da confusão gerada logo pela manhã no serviço de urgência doHospital D.Estefânia, em Lisboa, após a entrada de um casal com duas crianças aparentando sintomas de gripe, aministra da Saúde sossegou os ânimos, assegurando que sofriam apenas de infecções respiratórias normais, sem nada a ver com aestirpe quenos últimos dias tem assustado omundo.

São "duas crianças com síndroma febril euma doença respiratória aguda, que foram observadas einternadas por uma questão de apoio à família, que também estava doente", explicou Ana Jorge, na já habitual conferência diária em que fazoponto da situação do vírus da gripe AHINI no país.

As crianças ficaram sob observação, mas não houve sequer necessidade de

Calma em Portugal

Alarme falso no

D.

Estefânia e controlo de turistas que che

enviar amostras para análise.

Quanto àsituação em Espanha,

opaís europeu com mais casos confirmados (cinco dosquais detransmissão secundária), a ministra defendeu não haver necessidade demedidas especiais, como ocontrolo de fronteiras, porque neste país asituação está aevoluir com normalidade eestá completamente sob controlo.

Para além dos dois voos directos provenientes do México ontem triados em Lisboa, um navio decruzeiro com 1300 turistas provenientes dos Estados Unidos (oCrown Príncess) recebeu a visita das autoridades sanitárias. Uma medida de precaução que já tem sido tomada nos últimos dias.

Fonte da Sanidadade Marítima de Lisboa adiantou àLusa que osmais de três mil

passageiros entretanto avaliados não reportaram qualquer sintoma de gripe Aou outra doença infecciosa.

Em relação aos passageiros que

chegaram pelo ar,oprimeiro dos

voos aterrou aofim da manhã, com 257 turistas bronzeados e aparentemente sem sintomas de gripe que confessavam temer apenas ser alvo de olhares de soslaio por terem passado pelo país que éoepicentro da doença.

Masdois dos passageiros decidiram ficar em casa, por apresentarem alguns sintomas (tosse ediarreia), adiantou a delegada de saúde do Aeroporto de Lisboa, Maria João Martins.

Caso tenham sintomas, os passageiros são aconselhados "a ficar em casa durante odiaenão irem trabalhar seoseu trabalho implicar contacto com grupos de risco, como crianças", explicou.

A Direcção-Geral de Veterinária (DGV) aconselhou entretanto as pessoas com sintomas de gripe anão contactarem com animais e recomendou aos suinicultores

oreforço das medidas de biossegurança nas explorações.

Uma medida de mera precaução, justificou odirector-geral Agrela Pinheiro, sublinhando que orisco detransmissão aos animais é mínimo. Alexandra Campos

gam pelo ar e pelo mar

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Cancelar uma viagem para

oMéxico ou para os Estados Unidos, dos países mais afectados pelos casos da gripe A, pode sair caro aos consumidores. A Associação Portuguesa para aDefesa dos Consumidores járecebeu quatro

pedidos de informação sobre

ocancelamento de viagens para estes dois países.

"Nestes casos deve imperar obom senso", sustenta ajurista Ana

Cristina Tapadinhas, que apela às agências para darem alternativas aos clientes. Por estar em causa asaúde pública espera-se que a agência proponha nova data ou

destino, sem cobrar mais por isso, argumenta. No entanto, explica que setrata de um caso de força maior, já que éuma circunstância imprevisível eque a agência não pode ser responsabilizada."o

consumidor pode rescindir ocontrato, mas não pode exigir a devolução do dinheiro pago, pois aagência pode já ter tido despesas (reserva dohotel e do voo)", acrescenta Tapadinhas. A lei determina que oconsumidor suporte os encargos que comprovada ejustificadamente a agência tenha tido, acrescidos de 15por cento do preço total da viagem. M.O.

Direitos

Cancelar viagens por causa da gripe pode sair caro

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OMS atenta à Espanha e Reino Unido

Segunda morte registada

nos Estados Unidos

MariaJoão Guimarães

A pandemia da gripe A(H1N1)conti- nua iminente, disse ontem a Organiza- ção Mundial deSaúde (OMS), quede- cidiu manter onível dealerta emcinco de um máximo de seis, significando que omundo não entrou ainda nasua primeira pandemia doséculo.

A nova estirpe da gripe HINIinfec- tou pelo menos 1490 pessoas em 22 países (segundo os últimos dados de ontem da OMS,mais 405infecções do que na véspera) ematou 31pessoas, 29delas no México.

Ontem ànoite soube-se de uma nova morte nos Estados Unidos pelo vírus HINI. Trata-se de uma mulher do Texas, que apresentava já "uma debilidade crónica", de acordo com aautoridade estadual de saúde. Esta foi asegunda morte aocorrer fora do México, depois de ter morrido, tam- bém nos EUA, um bebé mexicano.

A OMS mantém-se muito atenta a Espanha eReino Unido, onde tem ha- vido mais casos fora do México, ofoco original da gripe, e dos EUA,o segun- dopaís em número deinfecções (com 403casos confirmados ontem pela au- toridade nacional de saúde pública, mais 115do que no dia anterior).

Em Espanha confirmaram-se 54 casos (dados daOMS; 73 segundo as autoridades espanholas) eno Reino Unido 18-mas aOMS diz que parajá não sepode falar defocos autónomos do vírus. "Em Espanha oscasos estão muito estreitamente ligados aviagens.

No Reino Unido há infecções emes- colas relacionadas com viagens, mas estamos aver atransmissão comuni-

Os números da OMS

1490

casos confirmados de infecção

22

países com casos confirmados

31

mortos em dois países (29 no México edois nos EUA)

tária não apenas nas instituições mas também na comunidade alargada."

Assim, nenhum dos países responde ao conceito daOMS de foco autónomo da infecção, explicou odirector-geral adjunto Keiji Fukuda, numa conferên- cia telefónica, citado pela AFP.

A organização anunciou ainda que vai enviar 2,4 milhões de tratamentos do medicamento antiviral Tamiflu pa- ra72 países, incluindo oMéxico.

O país, que é foco original da gripe, começava entretanto aacordar do tor- por de uma semana de imobilização, com os restaurantes ecafés areabri- rem. Previa-se que aetapa seguinte fosse orecomeço de actividade nas escolas emuseus, mas parajá teatros, cinemas ediscotecas mantêm-se en- cerrados até ordem em contrário.

"Vamos regressar lentamente à nor- malidade", disse oPresidente mexi- cano, Felipe Calderón. A gripe HINI comeu já "0,3 por cento da riqueza nacional" mexicana, disse oministro das Finanças.

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Preocupação com o hemisfério Sul

Resultados preliminares apontam

para relativa benignidade do novo vírus

Vários resultados científicos vindos apúblico nos últimos dias sugerem que ovírus da gripe AHINIpoderá ser mais benigno do que sereceava. Trata- seporém de resultados preliminares e ospróprios autores mostram-se muito prudentes noseu optimismo.

Porum lado, Wendy Barclay, doIm- perial College deLondres, disse à BBC News que a sua equipa tinha olhado para ogene HA do novo vírus -o res- ponsável pela capacidade de infectar as células -,concluindo que anova estirpe parece ser das que infectam asvias respiratórias superiores (nariz, garganta, traqueia, brônquios primá- rios), provocando sintomas mais ligei- rosdo que asestirpes com propensão para infectar os pulmões.

Um outro resultado animador vem do Laboratório Lawrence Livermore, nos EUA, onde aequipa de Tom Sle- zak, especialista de bioinformática, realizou uma comparação do actual vírus com estirpes de pandemias his- tóricas conhecidas pelos seus efeitos catastróficos, segundo aWired.com. O trabalho recente destes cientistas tem

consistido na identificação de "mar- cadores genéticos" - padrões de pe- quenas variações nomaterial genético dos vírus da gripe -que possam estar relacionados com a sua perigosidade etransmissibilidade.

Estes investigadores publicaram os seusresultados na revista BMC Micro- biology dias antes doanúncio do surto degripe no México. E,agora, tiveram a oportunidade depôressas conclusões àprova. Para isso utilizaram um ge- noma completo do novo vírus, vindo de um doente californiano, evários, incompletos, de outras pessoas. "Sea nossa hipótese acerca do valor predi- tivo destes marcadores estiver correc- ta", disse SlezakaWired.com, "então podemos esperar que esta epidemia acabe por não sermuito grave."

Há ainda um outro elemento, tem- poral, que sugere que ovírus poderá não ser dos piores. Andrew Rambaut, da Universidade deEdimburgo, Oliver Pybus, de Oxford, eoutros têm anda- doaestimar, apartir dos genes do no- vo vírus edasuaevolução molecular, a"idade" mais provável do "primeiro

antepassado comum" a todos osgeno- mas virais colhidos em doentes com a nova gripe. Osresultados, permanen- temente actualizados nositetree.bio.

ed.ac.uk/groups/influenza/, destinado àpartilha das mais recentes informa- ções sobre ovírus pela comunidade científica, indiciam que esse primei- ro novo vírus terá surgido "entre 25 de Setembro de 2008 e14de Março de 2009". A "data média estimada"

do aparecimento desse antepassado comum seria 11de Janeiro deste ano.

A confirmar-se aemergência (não de- tectada) dovírus hávários meses, isso significaria queele não está a espalhar- sefuriosamente. Apesar de tersurgido em plena época degripe, veio a ma- nifestar-se em finais de Março.

Tudo isto não significa que se de- va baixar aguarda -eesta opinião é absolutamente consensual entre os especialistas. Em particular, oinício dentro em breve da época de gripe no hemisfério Sul estáapreocupar os responsáveis mundiais da saúde. E, seja como for, senão for desta. . .pode ser da próxima. A.G.

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