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ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO

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Academic year: 2021

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ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO Ailton Andrade1, Sebastião Sousa1, José Mauro da Silva Diogo2 (1 Fazenda Água Limpa – Núcleo Rural Vargem Bonita Qd. 17 Setor de Mansões Park Way, Brasília-DF. e-mail:

aandradebsb@yahoo.com.br 2Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, 70910-900 Brasília-DF, e-mail:diogojm@unb.br

Termos para indexação: solo, física, sistema de manejo, sistema silvipastoril

Introdução A implantação de pastagens, através de sistemas silvipastoris, visa oferecer uma

alternativa de exploração pecuária, observando aspectos de produtividade e sustentabilidade, sendo um método de manejo que preserva parte das características da área original.

Segundo Oliveira (1999), o maior desafio na adoção desses sistemas é a crença de que a presença de árvores reduz o rendimento da cultura principal. Muitos pecuaristas rejeitam o sistema pelos seguintes motivos: a) árvore na pastagem é vista como invasora; b) redução da área útil da pastagem; c) animais acidentados pela presença e queda de galhos ou árvores; e d) dificuldade para fazer a roçada mecânica e/ou a aplicação de herbicidas.

Dentre as vantagens que o sistema oferece, estão: conforto aos animais (área sombreada);

maior qualidade nutricional da forragem sombreada; exploração madeireira e frutífera;

minimização da erosão do solo; preservação de parte da biodiversidade da fauna e flora;

aumento de fertilidade e da microbiota do solo sob a copa das árvores e manutenção da pastagem verde por mais tempo, devido à pastagem sombreada (Embrapa, 2001).

O objetivo deste trabalho foi mensurar atributos físicos do solo comparando o sistema silvipastoril com outros sistemas de manejo. Avaliou-se a taxa de infiltração de água no solo expressa pela velocidade de infiltração básica (VIB); a compactação do solo, expressa pela densidade do solo (Ds); e a porosidade total (Pt), nos sistemas: a) Cerrado Nativo (CN); b) Pastagem Convencional de Brachiaria brizantha (PB); c) Pastagem Convencional de Andropogon gayanus (PA) e; d) Sistema Silvipastoril com Andropogon gayanus. Neste último sistema as avaliações foram feitas sob a copa das árvores (SA) e a pleno sol (PS).

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Material e Métodos

As áreas estudadas localizam-se na Fazenda Água Limpa (FAL), da Universidade de Brasília (UnB), sendo os solos classificados como Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico Argiloso, fase cerrado tropical e relevo plano. Os atributos físicos do solo, VIB, Ds e Pt foram avaliados em áreas com as seguintes características: a) Cerrado Nativo (CN) – área de referência para comparação dos atributos físicos, com vegetação de Cerrado stricto senso preservada, sem perturbação antrópica; b) Pastagem de Braquiaria em Sistema Convencional (PB) - implantada no início de 2004 com Brachiaria Brizantha cv marandu, manejada com bovinos da raça nelore sem controle rigoroso da lotação; c) Pastagem de Andropogon em Sistema Convencional (PA) – implantada há mais de 10 anos com Andropogon gayanus e manejada com ovinos e; d) Sistema Silvipastoril: área implantada no início de 2004 pela associação do Andropogon gayanus a espécies remanescentes do cerrado mediante o raleamento da vegetação nativa. Nesta área os atributos físicos, VIB, Ds e Pt foram avaliados em dois ambientes distintos:

sob a copa das árvores (SA) e a pleno sol (PS). A área sombreada foi estimada em 44,17% da área total, pelo método de cálculo da área para uma copa compacta. Esta medida não levou em consideração a penetração dos raios solares entre a copa das árvores nem o nível de sombreamento que a copa proporciona à pastagem.

A VIB no solo foi avaliada a campo, entre setembro e dezembro de 2005, utilizando infiltrômetros de anéis concêntricos (com diâmetros de 40 cm e de 10 cm) e dezesseis repetições para cada sistema.

A Ds foi determinada em laboratório seguindo a sistemática descrita por (Embrapa, 1997), consistiu da coleta de amostras indeformadas com volume de 100 cm³, coletadas em três profundidades (0-5, 5-10 e 10-20 cm) com quatro repetições, levadas em seguida ao laboratório, onde foram colocadas numa estufa a 105ºC, por 72 horas, até peso constante. Após esse período as amostras foram novamente pesadas, determinando-se a Ds, em kg.dm¯³, pela expressão:

Ds = Ms.Vt¯¹

em que: Ms = massa da amostra de solo seca a 105°C (kg) e Vt = volume do anel (dm³);

Para o cálculo da Pt, usou-se o método indireto, partindo-se da densidade aparente encontrada, sendo esta a relação existente entre a massa de uma amostra de solo seca a 110°C e a

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soma dos volumes ocupados pelas partículas e pelos poros; e da densidade real adotada de 2,4 g.cm¯³, que se refere ao volume de sólidos de uma amostra de terra sem considerar a porosidade, ou ainda como sendo a relação existente entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas suas partículas sólidas (Kielh, 1979).

Por este método, chegou-se à fórmula para o cálculo da porosidade total do solo:

Pt % = (Dr – Da / Dr)*100

em que: Dr = Densidade real de 2,4 g.cm¯³

Da = Densidade aparente do solo em g.cm¯³.

Para a comparação dos atributos físicos (VIB, Ds e Pt) entre os sistemas de manejo utilizou-se o Delineamento Inteiramente Casualizado, enquanto que para a verificação das variáveis Ds e Pt a diferentes profundidades, para um mesmo sistema, adotou-se o Delineamento em Blocos Casualizados. Na comparação das médias foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Na tabela 1 são apresentados os resultados relativos aos atributos físicos do solo para os diferentes sistemas de manejo. Observa-se grande variação para a VIB entre os sistemas estudados. Os sistemas de manejo CN e o SA permitiram que um maior volume de lâmina d’água infiltra-se no solo, isto faz com que haja um menor volume de água na superfície, evitando escorrimento superficial e, por conseguinte, a erosão do solo.

Relativamente aos resultados da Ds observa-se, como esperado, valores inversamente relacionados aos encontrados para a VIB, porém ainda condizentes com a caracterização dos solos de cerrado, onde se observa, sob vegetação nativa, valores para Ds, da ordem de 0,75 e 0,92 g.cm¯³,como reportado por ARAUJO (2000). Portanto, dentre os sistemas estudados, PA e PB, que apresentaram valores de Ds 0,97 e 0,90 g.cm¯³ respectivamente, indicando estarem no limiar do nível crítico de compactação, tendo como referência a assertiva de Goedert (2005), que indica o nível critico para os solos de cerrados acima de 0,9g.cm¯³. Para corroborar que os manejos PA e PB estão compactados é importante que se faça a medida de resistência mecânica à penetração, uma vez que os valores de VIB, Ds e Pt encontrados para estes sistemas de manejo, apresentam nítida característica de compactação.

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A Pt calculada, relativa à média das medidas encontradas por profundidade dentro do sistema de manejo, pelo método indireto a partir da densidade real e da densidade aparente do solo, demonstra que há uma relação inversa entre os atributos densidade do solo (Ds) e porosidade total (Pt) e entre a densidade do solo (Ds) e a velocidade de infiltração básica de água (VIB). O dado encontrado no experimento, para Cerrado Nativo (67,79%) se aproxima da porosidade de 69 % encontrado por Eiyti (1995), para o mesmo sistema de manejo.

Tabela 1. Valores médios para a velocidade de infiltração básica (VIB), densidade do solo (Ds) e porosidade total (Pt) para os diferentes sistemas estudados

SISTEMAS DE MANEJO VIB (cm/h) Ds (g.cm¯³) Pt ( %)

CN – Cerrado Nativo 277,08a 0,77c 67,79a

SA – Silvipastoril sob Árvores 200,61b 0,79c 66,81a PS – Silvipastoril a Pleno Sol 83,87c 0,80c 66,42a PB – Pastagem Convencional de Brachiaria 46,43cd 0,90b 62,23b PA – Pastagem Convencional de Andropogon 16,24d 0,97a 59,54c Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

Os resultados relativos aos atributos Ds e Pt , dentro de um mesmo sistema de manejo são apresentadas nas figuras 1 e 2. Os valores observados evidenciam aspectos que denotam o aumento do nível de compactação do solo à medida que haja a intensificação da exploração pecuária, condição que pode acarretar problemas relativos a erosão superficial. Os resultados indicam que a área sob manejo silvipastoril (SA) e PS apresentam Ds e Pt muito próximos aos observados no sistema CN, fato corroborado na tabela 1, onde se observa que, estatisticamente, esses três sistemas não diferem entre si. É importante que novas medições sejam feitas no sistema silvipastoril a fim de verificar como se comportam os atributos físicos do solo a medida que os solos, nesse sistema sejam mantidos sob exploração pecuária.

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Valores médios de quatro repetições por profundidade

70 75 80 85 90 95 100 105 110

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm

PROFUNDIDADE (cm)

DENSIDADE (Ds - g.100cm³ ¯¹)

CN - Cerrado Nativo

PB - Pastagem Convencional em Brachiaria PA - Pastagem Convencional em Andropogon SA - SIilvicultural sob Árvores

PS - Silvicultural Pleno Sol

Figura 1- Valores médios de Ds para as diferentes profundidades, dentro dos sistemas de manejo estudados

Valores médios de quatro repetições por profundidade

55 60 65 70 75

0-5 cm 5-10 cm 10-20 cm PROFUNDIDADE (cm)

Porosidade (Pt- %)

CN - Cerrado Nativo

PB - Pastagem Convencional de Brachiaria PA - Pastagem Convencional de Andropogon SA - SIilvipastoril sob Árvores

PS - Silvipastoril a Pleno Sol

Figura 2 - Valores médios de Pt para as diferentes profundidades, dentro dos sistemas de manejo estudados

Conclusões

O sistema silvipastoril apresenta melhores condições quanto aos atributos físicos do solo que foram analisados, inferindo-se que nesse sistema a exploração pecuária permite menor nível de dano às condições do solo. A redução dos impactos negativos ao meio ambiente, em especial ao solo e água, pode criar melhores perspectivas para a sustentabilidade da produção agropecuária.

Referências bibliográficas:

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Referências

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