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Indicadores do Aleitamento Materno no Município de Ribeirão Preto São Paulo

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Indicadores do Aleitamento Materno no Município de Ribeirão Preto – São Paulo

Maria José Bistafa Pereira1 Márcia Cristina Guerreiro dos Reis2 Ana Márcia Spanó Nakano 3 Maria Renata G. Belizze Villella4 Cláudia B. S. .Barbeira5

Mirela C.P. Lourenço 6

Introdução

São inquestionáveis as vantagens do leite humano para a criança até o sexto mês de vida. A superioridade do leite humano está diretamente relacionada a sua digestibilidade, sua composição química balanceada, à ausência de fenômenos alergênicos e sua ação antiinfecciosa. A amamentação é valorizada ainda como importante fator na promoção da interação mãe e filho, o que é recomendável para o bom desenvolvimento psico-emocional e social da criança BOWBY (1995).

Acrescido a estas vantagens, o aspecto econômico da amamentação materna tem sido amplamente debatido, principalmente num país como o nosso. Neste sentido, alerta ALMEIDA (1994) que “o Brasil atinge perdas anuais superiores a duas centenas de milhões de litros de leite humano, passíveis de serem produzidos, em decorrência do desmame precoce. Tal fato, além de representar uma perda significativa para os núcleos familiares, representa um importante acréscimo ao orçamento dos organismos governamentais, particularmente no setor saúde”.

Assim, o aleitamento materno vem sendo francamente instituído, ao longo dos tempos, em países subdesenvolvidos como uma das estratégias simplificadas para reduzir a morbi-mortalidade infantil, em nível de atenção primária. Paradoxalmente, as ações de

1 Enfermeira Profª Assistente do Departamento Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Doutoranda em Enfermagem de Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

2 Enfermeira Coordenadora do Programa Aleitamento Materno da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto - São Paulo.

3 Enfermeira Profª Doutora do Departamento Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Coordenadora do Núcleo do Aleitamento Materno da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

4 Enfermeira do Programa Aleitamento Materno da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto - São Paulo.

5 Estaticista Profª Doutora do Departamento Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

6 Analista de Sistema da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto - São Paulo.

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incentivo ao aleitamento materno não têm garantido a prática efetiva de amamentação entre as mulheres de nosso meio, tendo em vista que apesar do aumento do índice de amamentação verificado nas últimas pesquisas, ainda precisamos investir muito para atingir as metas estabelecidas pelas agências internacionais e nacionais.

Pesquisa realizada em todo o país, pelo Ministério da Saúde e Sociedade Civil do Bem Estar Familiar (BEMFAM), demonstrou que no ano de 1996, cerca de 92% das mães que tiveram parto hospitalar iniciaram amamentação, o que demonstra crescimento, tendo em vista que em 1986 este índice foi de 83%. Entretanto, observou-se que em 1996, 40,3% das crianças estavam amamentando exclusivamente no período de vida compreendido de 0-4 meses, enquanto que em 1986 este percentual era de 3,6%.

No Estado de São Paulo, considerando dados levantados em 12 municípios em 1998, a prevalência de aleitamento exclusivo e completo variou de 8,4% a 54% e 41,5% a 73%, respectivamente VENÂNCIO (1998).

Em Ribeirão Preto, RICCO (1975) verificou no período compreendido entre outubro de 1973 a maio de 1974, grupo etário de 0 a 02 anos de idade, que o tempo mediano de amamentação foi de dois meses e meio a três meses. No ano seguinte, MARTINS FILHO (1976) realizando investigação semelhante em Campinas (SP), confirmou a tendência do desmame precoce, encontrando um tempo mediano de amamentação de dois meses e vinte e quatro dias.

Posteriormente outros estudos foram realizados na cidade de Ribeirão Preto;

entretanto, foram resultados restritos a uma dada clientela atendida dos serviços investigados. VILLA (1985) interessada em caracterizar a prática de aleitamento materno pela população no dia da matrícula no sub programa de suplementação alimentar em cinco Centros de Saúde de Ribeirão Preto, que desenvolviam ações de incentivo ao aleitamento materno, obteve os seguintes resultados: aleitamento misto a mediana foi de 134 dias, enquanto para o exclusivo foi de 72 dias.

Durante décadas tem se investido na promoção do aleitamento materno, com ações dos Programas de Saúde e demais organizações governamentais e não governamentais na tentativa de reverter o desmame precoce. Em Ribeirão Preto, atividades conjuntas entre Instituições de Saúde e Ensino vem sendo realizadas desde a segunda metade da década de 70. Do esforço conjunto de docentes da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) e enfermeiras do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFM-RP) em 1975 culminou a criação do Núcleo de Aleitamento Materno (NALMA) do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de

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Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), sendo oficializado posteriormente em 1985. As ações de promoção do aleitamento materno visam proporcionar experiências de amamentação satisfatórias tanto à criança como à mãe;.

elegendo a mulher como objeto de trabalho e de investigação, considerando-a como agente ativo do processo, buscando compreendê-la como um ser integral e complexo e a amamentação como sendo de significado pessoal, uma experiência única e total para cada mulher.

A ampliação de cobertura na assistência às nutrizes do município de Ribeirão Preto, tendo por base os princípios técnicos científicos preconizados pelo NALMA, implicou na necessidade de capacitação dos profissionais de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (SMSRP), na perspectiva de implementar ações acerca do aleitamento materno.

Tal condição foi oportunizada em decorrência da reorganização dos serviços de saúde que começava a se configurar desde 1984, requerendo o compromisso de adesão às Ações Integradas de Saúde (AIS) por parte da Prefeitura de Ribeirão Preto o que possibilitou a articulação desta ao NALMA em razão da valorização dos programas voltados a saúde da mulher e criança. O programa de capacitação iniciado em 1988 e ainda em desenvolvimento inclui duas fases, a primeira enfocando os aspectos biológicos e cuidados preventivos e curativos acerca das intercorrências mamárias e a segunda abordando os aspectos sociais, psicológicos e culturais da amamentação materna.

Na atualidade, todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da SMS-RP dispõem de enfermeiras treinadas para assistência à mulher nas questões do aleitamento materno.

Este programa de ensino também está sendo estendido aos profissionais do nível médio.

Reconhecendo que no Município de Ribeirão Preto ocorreu uma série de iniciativas e articulações entre Instituições de Saúde, Órgãos Formadores e grupos da comunidade comprometidos com a causa em questão, requer que se faça avaliações da situação do aleitamento materno no município.

O objetivo do estudo é identificar as práticas do aleitamento materno segundo os indicadores de avaliação proposto pela OMS (1991), em crianças menores de um ano que compareceram na 2º etapa da campanha de vacinação no dia 16 de outubro de 1999, nos 28 postos de vacinação amostrados da Cidade de Ribeirão Preto – São Paulo.

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Material e Método

A metodologia empregada já foi anteriormente utilizada em estudos semelhantes realizado em outros municípios do Estado através do Projeto Amamentação e Municípios: Avaliação das práticas alimentares no 1º ano de vida, em dias nacionais de vacinação (Núcleo de Investigação em Saúde da Mulher e da Criança, Instituto de Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, Faculdade de Saúde Pública USP) em colaboração com o Centro Técnico de Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo envolvendo atualmente 240 municípios do Estado de São Paulo. A uniformização da metodologia, em termos da definição de padrões de coleta de dados e análise permite comparação entre diferentes estudos nacionais e internacionais OMS (1991).

O levantamento epidemiológico realizado no dia nacional de vacinação possibilitou um diagnóstico rápido da situação da amamentação e alimentação infantil com um baixo custo. A amostra da população de crianças menores de um ano no município foi representativa, já que foram altas as coberturas vacinais das campanhas nacionais contra a poliomielite, sendo de 87,31% e 88,02% respectivamente nos anos de 1998 e 1999, para a faixa etária de menor de um ano.

Contexto da pesquisa

Ribeirão Preto foi um dos 126 municípios do Estado de São Paulo a participar no ano de 1999 do Projeto Amamentação e Município. Localiza-se na região Norte/Nordeste do Estado, apresenta um clima tropical úmido e uma temperatura média mensal de 28,8º C.

A população do município é de 456.252 habitantes, segundo censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 1996, sendo 454.124 moradores da zona urbana e 2.128 moradores da zona rural. Essa concentração da população na zona urbana pode ter como um dos fatores explicativos o forte desenvolvimento dos setores secundário e ainda de forma mais intensa do setor terciário.

A configuração da população por faixa etária é composta por 26,34% pelo grupo menor de 15 anos, sendo que os menores de 01 ano representam 1,37% da população total. A faixa etária compreendida entre 15 e 44 anos representa no município 50,34% e os adultos acima de 60 anos corresponde a 9,35%.

O setor saúde ocupa lugar de destaque, dispondo de universidades pública e privadas com diversos cursos na área de saúde O sistema público de prestação de serviços encontra-se na gestão plena do sistema de saúde, segundo a Norma Operacional

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Básica 01/96 BRASIL (1996), estando sob responsabilidade estadual apenas o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e o Hospital Psiquiátrico de Ribeirão Preto.

O serviço de saúde municipal dispõe de 26 Unidades Básicas de Saúde, cinco Unidades Básicas e Distritais, um Ambulatório Regional de Saúde Mental, um Ambulatório Regional de Especialidades e dois Núcleos de Assistência Psico-social, além de uma unidade denominada Casa da Saúde que desenvolve um projeto alternativo de promoção de saúde. Em relação a rede hospitalar o município conta com dois hospitais públicos, sendo um o hospital universitário, de referência terciária e o outro para internações psiquiátricas. Ainda dispõe de cinco hospitais filantrópicos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), dois hospitais privados/conveniados ao SUS e três hospitais privados, além de inúmeros serviços de caráter ambulatorial.

O quadro de morbi-mortalidade do município é diversificado, apresentando padrões que correspondem com dos países desenvolvidos como também revelam condições de extrema pobreza. As quatro primeiras causas de óbito são doenças do aparelho circulatório, neoplasias, causas externas e doenças do aparelho respiratório, e estas têm uma estreita relação com as condições de vida da população. No ano de 1996, os dados de mortalidade infantil foi de 16,70/1.000 nascimentos, contudo quando essa análise transcorre por regiões, detecta-se uma variação em relação a este coeficiente da ordem de 10%. Informações sistematizadas e mais detalhadas sobre o perfil de Ribeirão Preto pode ser encontrado em MISHIMA (1991).

Coleta de dados

Com base nos dados da Campanha Nacional de Vacinação de 1998, a equipe técnica da SES-SP elaborou um plano amostral para cada município participante. Os municípios inscritos no Projeto Amamentação e Município foram divididos em dois grupos, os pequenos (até 1900 crianças menores de 1 ano) e os grandes (mais de 1900 crianças menores de 1 ano). Ribeirão Preto foi classificado entre os municípios grandes.

A amostra por conglomerados procurou garantir a representatividade de toda população do município. Realizou-se dois sorteios, o primeiro, pelo Instituto da Saúde em São Paulo, com a finalidade de identificar os postos de vacinação a serem pesquisados no município. Desta forma, de 70 postos, foram sorteados 28. O segundo sorteio foi realizado pelos supervisores da pesquisa no dia da campanha de vacinação, onde foram sorteadas, na própria fila, as crianças que fariam parte da

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amostra com base na fração estabelecida para cada posto que, foi calculada de acordo com a demanda da Campanha de Vacinação de 1998. Foi previsto no mínimo a aplicação de 40 inquéritos por posto sendo que, o tamanho amostral necessário foi de 1000 crianças menores de um ano. Mesmo alcançando esse número, as entrevistas continuaram até o encerramento da campanha de vacinação.

A coleta de dados foi realizada por 75 entrevistadores voluntários, alunos do Curso de Graduação em Enfermagem da EERP-USP e nove alunos do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Paulista (UNIP), que foram submetidos a treinamento prévio 15 dias antes da coleta. Foram locados no mínimo dois entrevistadores por posto.

Como parte da equipe de coleta de dados, cada posto teve de um a dois supervisores, função assumida por profissionais de nível superior da SMS-RP, docentes e pós graduando da EERP-USP.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi composto de 47 questões fechadas. O acompanhante da criança (mãe, pai, avó, tia etc.) foi informado que estava sendo realizada uma pesquisa sobre alimentação e, perguntava-se o que a criança comeu nas últimas 24 horas (anexo1).

Antes da realização da entrevista foi apresentado ao entrevistado o formulário para consentimento livre e esclarecido (anexo 2) sobre o que se referia a pesquisa, procedimentos, implicações, liberdade de decidir quanto a participação. Este formulário, bem como o projeto, foram submetidos à apreciação do Comitê de Ética da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. O parecer do referido comitê foi favorável à realização do estudo, estando o mesmo dentro das normas éticas exigidas.

No tratamento estatístico dos dados utilizou-se o Programa de Banco de dados Access, linguagem de programa Visual Basic, cedido pela Coordenação Geral do Projeto Amamentação e Município (SES-SP), sendo o processamento e análise dos dados realizado pelos pesquisadores do NALMA-EERP/USP e SMS-RP. Enviado cópia do banco de dados para a Coordenação Geral do Projeto a fim de servir de dados comparativos com os de outros Municípios.

Foram calculadas as taxas dos seguintes indicadores do aleitamento materno, propostos pela OMS (1991).

Aleitamento materno exclusivo: proporção de criança que recebeu apenas o leite materno como única fonte de nutrição durante as últimas 24 horas. Calculada para as crianças menores de 4 meses (<120 dias).

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Aleitamento Materno predominante: proporção de crianças em que o leite materno é a fonte predominante de nutrição da criança, porém a criança também pode receber água, bebidas à base de água (água açucarada e com sabores, infusões, chá) suco de frutas, solução de sais de hidratação oral etc., durante as últimas 24 horas. Calculada para as crianças menores de quatro meses (<120 dias).

Aleitamento Materno Completo: proporção de crianças que estão em aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno predominante, durante as últimas 24 horas.

Calculada para as crianças menores de quatro meses (<120 dias).

Alimentação Complementar: proporção de crianças que receberam leite materno e alimentos sólidos ou semi sólidos, durante as últimas 24 horas. Calculada para as crianças de 6 a 9 meses (180-299 dias).

Alimentação com mamadeira: proporção de crianças que receberam líquidos (incluindo leite materno) alimentos semi-sólidos em mamadeira, durante as últimas 24 horas. Calculada para crianças menores de um ano.

Aleitamento Materno: Proporção de crianças menores de um ano que receberam leite materno, nas últimas 24 horas.

Duração média do aleitamento materno: idade em meses na qual a média móvel de três meses é 50% ou menos, ou seja, idade na qual 50% das crianças deixaram de mamar.

Resultados

Do total de 7.894 crianças menores de um ano que compareceram na 2ª etapa da campanha de vacinação de 1999, fizeram parte da amostra estudada 1.715 (21,7%) crianças. A Tabela 1 apresenta a distribuição das crianças menores de um ano amostradas segundo a faixa etária.

Tabela 1- Distribuição da amostra de crianças menores de um ano segundo faixa etária

FAIXA ETÁRIA TOTAL PORCENTAGEM

0 |- 2 meses 255 14.9

2 |- 4 meses 299 17,4

4 |- 6 meses 296 17,3

6 |- 8 meses 314 18,3

8 |- 10 meses 298 17,4

10 |- 12 meses 253 14,7

Total 1715 100

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Considerando o total de 1.715 crianças menores de um ano verificamos que 951 (55,5%) receberam leite materno nas últimas 24 horas, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 - Indicador do aleitamento materno em crianças menores de 1 ano na cidade de Ribeirão Preto-SP, 1999

RECEBERAM LEITE MATERNO

TOTAL PORCENTAGEM

Sim 951 55,5

Não 763 44,5

Total 1714 100

Avaliando a prática da amamentação segundo os indicadores estabelecidos:

Aleitamento materno exclusivo; Aleitamento materno predominante; Aleitamento Materno Completo, calculados para crianças menores de quatro meses, e Aleitamento Materno, observamos que do sub total de 554 crianças menores de quatro meses, 104 (18,8%) estão em AME- Aleitamento Materno Exclusivo, 223 (40,3%) em AMP- Aleitamento Materno Predominante, 327 (59,0%) em AMC – Aleitamento Materno Completo e 471 (85,0%) do total de crianças menores de quatro meses receberam leite materno. (Tabela 3).

Tabela 3- Indicadores do Aleitamento Materno em crianças menores de 4 meses, na cidade de Ribeirão Preto - SP, 1999.

ALEITAMENTO EXCLUSIVO

ALEITAMENTO PREDOMINANTE

ALEITAMENTO MATERNO

MÉDIA MÓVEL (3

MESES) IDADE

EM MESES

TOTAL

Nº % Nº % Nº %

0 113 45 39,8 41 36,2 110 97,3 -

1 142 27 19,0 55 38,7 117 82,3 85,7

2 159 21 13,2 72 45,2 128 80,5 81,9

3 140 11 7,8 55 39,2 116 82,9 75,6

TOTAL 554 104 18,8 22 3 40,3 471 85,0 -

Quando analisamos as 850 crianças menores de 6 meses observamos que 108 (12,7%) estão em aleitamento exclusivo, 280 (32,9%) em aleitamento predominante e 656 (77,2%) em aleitamento materno (Tabela 4).

Tabela 4- Indicadores do Aleitamento Materno em crianças menores de 6 meses, mna cidade de Ribeirão Preto - SP, 1999.

ALEITAMENTO EXCLUSIVO

ALEITAMENTO PREDOMINANTE

ALEITAMENTO MATERNO

MÉDIA MÓVEL (3

MESES) IDADE

EM MESES

TOTAL

Nº % Nº % Nº %

(9)

<4 554 104 18,8 223 40,3 471 85,0 -

4 131 1 0,7 37 28,2 81 61,8 69,0

5 165 3 1,8 20 12,1 104 63,0 56,4

TOTAL

<6

850 108 12,7 280 32,9 656 77,2 -

A utilização de outro leite junto com o leite materno foi relatada em 144 (26,0%) das crianças menores de quatro meses enquanto que esta mesma situação em crianças menores de 6 meses foi identificada em 268 (31,5%) crianças.

Entre as crianças de 6 a 9 meses verificamos a proporção das que estão em Alimentação Complementar Oportuna. Do total de 481 crianças que pertencem a esta faixa etária, 169 (35,1%) estão recebendo além do leite materno alimentos sólidos e semi - sólidos (tabela 5).

Tabela 5- Indicadores do aleitamento materno na cidade de Ribeirão Preto- SP,1999.

VALOR INDICADOR GRUPO ETÁRIO EM

MESES

TOTAL DE CRIANÇAS POR

IDADE

Nº %

<4 554 104 18,8

ALEITAMENTO

EXCLUSIVO <6 850 108 12,7

<4 554 223 40,3

ALEITAMENTO

PREDOMINANTE <6 850 280 32,9

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

6 a 9 481 169 35,1

No indicador de análise sobre alimentação com mamadeira em crianças menores de um ano, observamos que das 1715 crianças 1240 (72,3%) receberam mamadeira com leite materno ou outro tipo de alimento líquido ou semi-sólido (Tabela 6).

Tabela 6- Indicador alimentação com mamadeira entre crianças menores de 1 ano, na cidade de Ribeirão Preto-SP,1999

USAM MAMADEIRA TOTAL PORCENTAGEM

Sim 1240 72,3

Não 466 27,2

Não sabe 9 0,5

TOTAL 1715 100

Em Ribeirão Preto, o tempo médio de duração do aleitamento materno foi de seis meses, como podemos observar a Tabela 7.

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Tabela 7- indicadores do aleitamento materno em Ribeirão Preto, 1999. Duração média do aleitamento materno*.

ALEITAMENTO EXCLUSIVO

ALEITAMENTO PREDOMINANTE

ALEITAMENTO MATERNO

MÉDIA MÓVEL (3

MESES) IDADE

EM MESES

TOTAL

Nº % Nº % Nº %

0 113 45 39,8 41 36,2 110 97,3 -

1 142 27 19,0 55 38,7 117 82,3 85,7

2 159 21 13,2 72 45,2 128 80,5 81,8

3 140 11 7,8 55 39,2 116 82,8 75,6

4 131 1 0,7 37 28,2 81 61,8 69

5 165 3 1,8 20 12,1 104 63,0 56,4

6 142 - - 2 1,4 62 43,7 47,7

7 171 1 5,8 2 1,1 62 36,3 38

8 161 - - 1 0,6 56 34,8 35,4

9 137 - - - - 48 35 32

10 117 - - - - 29 24,8 30

11 107 1 0,9 1 0,9 30 28,0 -

• Idade em meses na qual a média móvel de três meses é 50% ou menos, ou seja, 50% das crianças deixaram de mamar.

Na tabela 8, estão apresentados os indicadores de aleitamento materno segundo o Estado de São Paulo e o município de Ribeirão Preto. Diferenças estatisticamente significativas entre os indicadores estão representados por um asterisco. As duas últimas colunas da tabela mostram respectivamente, valores obtidos para a estatística Z e para probabilidades a elas associadas, obtidos após a aplicação do teste para diferença entre duas proporções, com nível de significância α= 0,05.

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Tabela 8 : Indicadores de Aleitamento Materno segundo o Estado de São Paulo e Município de Ribeirão.

Faixa etária/Indicadores Est. SP (%) Mun. RP (%) Z P

<1 ano/ AM 56,0 55,5 0,4196 0,6748

<4meses/ AME

19,0 18,8 0,1539 0,8777

<4meses/ AMC

47,6 59,0 − 5,3100 <<0,05∗

6 – 9 meses/ ALIMENTAÇÀO COMPLEMENTAR

39,6 35,1 1,9712 0,0487*

<1ano/ALIMENTAÇÀO COM

MAMADEIRA 59,8 72,3 -10,4685 <<0,05∗

∗ Diferenças estatisticamente significativas.

Logo, analisando a tabela 8, encontramos diferenças estatisticamente significativas entre o Estado de São Paulo e o Município de Ribeirão Preto, nos seguintes indicadores: Aleitamento Materno Completo (AMC) em menor quatro meses apresentou-se maior para o município de Ribeirão Preto; Alimentação Complementar de 6 a 9 meses apresentou-se, menor para o município de Ribeirão Preto; no indicador alimentação em mamadeira em menor de 1 ano apresentou-se também maior para o município de Ribeirão Preto.

CONCLUSÃO

O projeto Amamentação e Municípios, o qual Ribeirão Preto está inserido, visa fornecer ao município dados sobre as práticas alimentares no 1º ano de vida, possibilitando uma avaliação da situação do aleitamento materno.

Os indicadores de aleitamento materno(AM) e aleitamento materno exclusivo(AME) encontrados nesta investigação, nas faixas etárias, de crianças menores de um ano e menores de 4 meses ,respectivamente, estão em concordância com os achados do Estado de São Paulo. Entretanto, os indicadores de aleitamento materno completo(AMC) e alimentação com mamadeira, para as faixas etárias, de crianças menores de 4 meses e menores de 1 ano respectivamente, o município de Ribeirão Preto apresentou índices maiores e,o indicador de alimentação complementar, para a faixa 6 – 9 meses, o município de Ribeirão Preto apresentou índice menor.

Apesar de serem poucos os trabalhos divulgados que utilizaram da mesma metodologia, já foi possível comparar nossos dados com os obtidos pelo o Estado de São Paulo VENÂNCIO et al (1999) demonstrando que esta metodologia pode ser padronizada para estudos futuros no município, visto ser exeqüível e replicável.

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ISSLER, SAMPAIO & SALES (1986) alertam sobre o risco de morte pela simples introdução de outro líquido na alimentação da criança, reforçando a importância do aleitamento materno exclusivo. É hoje consenso de que todas as crianças devem receber exclusivamente leite materno nos primeiros 4 a 6 meses de vida e, que a amamentação complementada por outros alimentos deve prosseguir até o 2 ou mais anos de idade OMS (1991b). Isso aponta para o relevante papel dos serviços e profissionais de saúde para prestar assistência, no mínimo, a mulher e seu filho nos diferentes períodos de desenvolvimento e crescimento da criança, também com enfoque na alimentação.

Estar participando do projeto “Amamentação e Municípios” nos possibilitou desenvolver o presente estudo, e seus resultados nos fornece subsídios para executar um planejamento de ações articulado aos recursos disponíveis dos diversos equipamentos sociais, tanto da área assistencial como de ensino do município.

O planejamento ações de capacitação dos recursos humanos e o estabelecimento da sistematização de ações entre as diversas instituições poderão ser realizados com base no diagnóstico da situação e assim redirecionar ações que permitam a assistência no aleitamento materno adequadas às reais necessidades, com vistas aos princípios do Sistema Único de Saúde.

A análise comparativa dos dados apresentados com os achados de outros estudos anteriormente realizados em Ribeirão Preto mostra-se limitada devido às diferenças metodológicas empregadas. Entendemos que este estudo poderá ser realizado periodicamente, permitindo analisar o impacto das medidas implementadas. E mesmo, fornecer subsídios para outros estudos, de diferentes referências teóricas acerca das variações da prática de aleitar ou não ao peito .

Essas possibilidades aqui elencadas podem ser ou não potencializadas a depender da vontade política dos gestores e/ou da capacidade de organização da população e profissionais de saúde para a implantação de uma política de saúde que privilegie a melhoria da qualidade de vida e bem estar social.

Resumo

Indicadores do Aleitamento Materno no Município de Ribeirão Preto-SP

O estudo objetiva identificar os indicadores de Aleitamento Materno proposto pela OMS (1991), em crianças menores de um ano que compareceram na 2ª etapa da campanha nacional de vacinação em 1999, no município de Ribeirão Preto-SP Do total de 7894 crianças menores de um ano que compareceram na campanha de

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vacinação, fizeram parte da amostra estudada 1715 (21,7%) crianças. Destas 951 (55,5%) receberam leite materno nas últimas 24 horas. Para o grupo menores de 4 meses (554 da amostra) obtivemos os índices de Aleitamento Materno Exclusivo de 104 (18,8%); 223 (40,3%) em Aleitamento Materno Predominante; 327 (59%) em Aleitamento Materno Completo e 471 (85%) em Aleitamento Materno. A utilização de outro leite junto com o leite materno verificou-se em 122 (22%) das crianças menores de 4 meses e 197 (23%) para as menores de 6 meses. A duração média do aleitamento materno foi de 6 meses para o município.

A metodologia possibilitou comparação dos dados com os obtidos para o Estado de São Paulo e fornece subsídios para redirecionar e planejar ações em aleitamento materno.

Palavras chaves: aleitamento materno, método, avaliação

Breast feeding indicators at the municipality of Ribeirão Preto – SP

The purpose of the present study was to evaluate the breast feeding indicators proposed by WHO (1991), in children less than one year old that attended the second phase of the National Immunization Program in 1999. From a total of 7894 children less than one year old, the sample was formed by 1715 (21.7%) children. Among them, 951 (55.5%) received mother's milk in the last 24 hours. Considering the children less than 4 months old (554), authors found in 104 exclusive breast feeding; in 223 (40.3%) predominant breast feeding; in 327 (59%) complete breast feeding and in 471 (85%) breast feeding. Results showed that 122 (22%) children less than 4 months old and 197 (23%) children less than 6 months old used other milk associated to mothers' milk.

The average duration of breast feeding was of 6 months at the municipality. The methodology enabled a comparison of data with the State of São Paulo ones, giving elements to guide and plan actions to promote breast feeding.

Key words: breast feeding, method, evaluation

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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