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FERNANDO MASSAO SASAHARA KONDO. Projeto alternativo de reciclagem de microcomputadores dentro de uma universidade pública

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FEB - FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FERNANDO MASSAO SASAHARA KONDO

Projeto alternativo de reciclagem de microcomputadores dentro de uma universidade pública

Bauru – SP 2010

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Projeto alternativo de reciclagem de microcomputadores dentro de uma universidade pública

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Conselho de Curso de Graduação em Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia do Campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Graduação em Engenharia de Produção.

(Orientador) Prof. Dr. Vagner Cavenaghi

Bauru 2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe Takako, pelo suporte e compreensão em todos os momentos que precisei, meu irmão Daniel que nunca me negou qualquer ajuda, e minha namorada Eneida pelo apoio, motivação, companheirismo que me proporcionou ao longo desses últimos anos.

Ao professor Dr. Vagner Cavenaghi, pela orientação desta monografia, e pelas matérias ministradas ao longo do curso.

A todos os meus amigos, que contribuíram muito para o meu desenvolvimento, tanto como pessoa, quanto como profissional em engenharia em nossas discussões sobre assuntos da área.

A todos os professores das disciplinas do curso de engenharia de produção que passaram muito conhecimento ao longo destes anos, contribuindo para o meu crescimento pessoal e intelectual.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância e a necessidade de implantação de um projeto alternativo de reciclagem de computadores e equipamentos de informática dentro da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB/UNESP), a partir de uma pesquisa de um modelo já em funcionamento dentro da USP/São Paulo. Com notável papel perante a sociedade, a universidade pública possui poder suficiente de fomentar um caminho alternativo dentro da logística reversa desses equipamentos, oferecendo uma solução viável economicamente e ambientalmente correta, contribuindo com a sustentabilidade do planeta.

Palavras Chave: Reciclagem. Universidade pública. Logística reversa. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

This paper aims to present the importance and need of introduction of an alternative project of computer recycling in the FEB/UNESP, from a USP working model research. With remarkable function before society, the public university has sufficient power to feed an alternative way in a reverse logistics of these equipments, offering an economically practicable and environmentally correct solution, contributing with world sustainability.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 8

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA ... 9

1.2 OBJETIVO ... 11

1.3 MÉTODO CIENTÍFICO ... 11

1.4 ORGANIZAÇÃO E CONTEÚDO DO TRABALHO ... 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 13

2.1 SUSTENTABILIDADE ... 13

2.2 LOGÍSTICA REVERSA ... 14

2.2.1 Tipos de canais reversos ... 16

2.2.1.1 Canal reverso de pós-venda ... 17

2.2.1.2 Canal reverso de pós-consumo ... 17

2.3 FATORES RELACIONADOS À EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA ... 20

2.4 OBJETIVOS MOTIVADORES À PRÁTICA DE LOGÍSTICA REVERSA ... 22

2.4.1 Objetivo econômico ... 22

2.4.2 Objetivo ecológico ... 23

2.4.3 Objetivo legal ... 24

2.4.3.1 Convenção de Basiléia (1989) ... 24

2.4.3.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ... 24

2.4.3.3 Agenda 21 ... 26

2.4.3.4 Lei 13576/09 ... 27

2.5 LIXO ELETRÔNICO ... 27

2.6 INDÚSTRIA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS ... 29

2.7 MICROCOMPUTADORES ... 29

3. PROJETOS DE RECICLAGEM ... 33

3.1 CEDIR/USP ... 33

3.1.1 Etapas de operação do CEDIR ... 38

3.1.2 Stakeholders ... 39

3.1.3 Dificuldades ... 40

3.2 PROJETO PARA FEB/UNESP ... 40

3.3 RESULTADOS ... 42

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 43

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Ranking verde...10

Figura 2: Processo Logístico Reverso...15

Figura 3: Canais reversos de pós-venda e pós-consumo...16

Figura 4: Fluxograma de canal reverso de bens semi-duráveis...19

Figura 5: Fluxograma dos processos do CEDIR...38

Gráfico 1: Venda de PC’s com base em 2008...30

Gráfico 2: Crescimento da quantidade de computadores em uso...30

Gráfico 3: Quantidade mensal em quilos processados pelo Centro...37

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1. INTRODUÇÃO

Hoje o consumo está cada vez mais exagerado de diversos produtos para satisfação do ser humano moderno. Empresas de manufatura conquistam seus clientes por diversas maneiras, por meio de marketing, propaganda, publicidade, divulgando inovações e maior qualidade em seus produtos, com intuito de maximizar as vendas e conseqüentemente o lucro dos acionistas.

Essa busca incessante faz com que haja um esquecimento do ciclo de sustentabilidade desse sistema “linear” de produção e consumo, ou seja, o mundo possui recursos finitos, e espaço limitado. Não se pode pensar que sempre haverá matéria-prima para consumir, e espaço para se depositar lixo.

O mundo configura-se numa fase crítica, nunca houve tanta degradação do meio ambiente quanto agora, tanto consumo e exploração de recursos naturais como está sendo feito.

O recente e intenso desenvolvimento da tecnologia está trazendo uma série de produtos novos no mercado mundial, principalmente produtos eletrônicos. Eles facilitam o cotidiano das pessoas e aumentam o consumismo, entretanto isso também está ocasionando uma obsolescência precoce desses produtos e seu descarte muitas vezes é inadequado, acabando em aterros sanitários ou lixões.

O presente trabalho traz primeiramente a descrição de uma iniciativa do setor público que traz uma alternativa para reciclagem de microcomputadores, atuando na logística reversa, dentro do campus da USP em São Paulo. Baseando-se em dados obtidos de diversas fontes, tais como livros, artigos, teses e sítios de internet, discutiu-se as dificuldades enfrentadas, e os desafios a serem ultrapassados para desenvolvimento e crescimento do projeto CEDIR/USP (Centro de Descarte e Reciclagem de Lixo Eletrônico). Este trabalho tem como foco principal apresentar a importância, necessidade e possibilidade de uma futura implantação de um projeto similar dentro da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB) / UNESP.

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1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

A crescente urbanização mundial vem acarretando um acúmulo de lixo acelerado, gerado pelo consumo exagerado da população em geral, ocasionando sérios problemas ao meio ambiente.

De Masi (2000, apud Ferreira, 2008), afirma que desde a Revolução Industrial, os homens passaram a produzir uma fonte maior de sustento, tendo o desenvolvimento estabelecido das forças produtivas, o que hoje pode se chamar de livre concorrência tecnológica ou até mesmo de a “era do consumismo”.

Nesses últimos anos, os produtos eletrônicos, tais como computadores, celulares, aparelhos de mp3 entre outros, estão sendo produzidos em quantidades cada vez maiores para atender a demanda que aumenta a cada dia.

Porém, devido à grande concorrência das empresas do ramo e a rapidez do desenvolvimento da tecnologia, os produtos eletrônicos estão cada vez mais baratos e estão sendo descartados mais rapidamente, diminuindo gradativamente seus ciclos de vida.

Vários motivos são apontados para explicar esse fato, tais como a publicidade e propaganda, produtos com tecnologia mais avançada ou com design mais arrojado, induzindo os consumidores a trocarem seus aparelhos, mesmo que estes ainda estejam funcionando adequadamente.

Muitos países já possuem uma política e legislação específica que obtém resultados positivos significativos, porém ainda insuficientes para contornar a situação.

No Brasil ainda não há uma política nacional aprovada para descarte adequado de resíduos sólidos particularmente de produtos eletrônicos. Existe um projeto de lei que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e que agora está sendo votado pelo Senado Federal para posteriormente o presidente da república sancioná-lo.

Voltada ao assunto de leis relativas ao lixo eletrônico foi criada recentemente a StEP (Solving the E-waste Problem) que pretende padronizar globalmente os processos de reciclagem para recuperar os componentes mais valiosos do lixo eletrônico, estender a vida dos produtos e harmonizar as legislações e políticas, pois

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em cada país possui uma legislação própria contendo em muitas delas leis confusas e excessivas que dificultam a reciclagem.

A StEP é uma iniciativa de várias organizações das Nações Unidas com o objetivo global para resolver o problema do lixo eletrônico. Ela é composta por membros provenientes da indústria, governos, organizações internacionais, ONGs e cientistas. Juntos participam ativamente na análise, planejamento e projetos-piloto para o manejo sustentável do lixo eletrônico trazendo soluções ambientalmente seguras para o problema. A conquista do objetivo final da StEP é um processo complexo que requer medidas legislativas, educação dos consumidores e mudanças na indústria

O Greenpeace possui um “ranking verde” atualizado das empresas do ramo de eletrônicos, de acordo com três critérios de sustentabilidade, que são eles: eliminação do uso de substâncias tóxicas na produção, ações de logística reversa, e redução de impactos climáticos em suas operações e produtos.

Com atualização mensal deste ranking, os 18 maiores fabricantes são avaliados e cobrados seriamente que suas metas sejam seguidas, como mostra a Figura 1.

Figura 1: Ranking verde. Fonte: Greenpeace, 2010.

O Brasil possui o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) que é uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem dentro do

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conceito de gerenciamento integrado do lixo. Fundado em 1992, o CEMPRE é mantido por empresas privadas de diversos setores. O CEMPRE trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância da redução, reutilização e reciclagem de lixo por meio de publicações, pesquisas técnicas, seminários e bancos de dados. Os programas de conscientização são dirigidos principalmente para formadores de opinião, tais como prefeitos, diretores de empresas, acadêmicos e organizações não-governamentais (ONG's).

1.2 OBJETIVO

O trabalho tem como foco principal apresentar a possibilidade de implantação de um projeto de um centro de descarte e separação de resíduos provenientes de equipamentos de informática dentro da Faculdade de Engenharia de Bauru. Para atingir esse objetivo, foram coletados dados de um centro de descarte CEDIR/USP, e conceitos provenientes da revisão bibliográfica sobre o assunto.

1.3 MÉTODO CIENTÍFICO

Para fins deste trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre logística reversa para servir como base de sustentação a pesquisa. Esse trabalho foi elaborado a partir de uma observação do problema do acúmulo de lixo eletrônico, e após essa observação foi realizada uma pesquisa exploratória, pelo método indutivo, de caráter descritivo (RAMPAZZO, 2005), de um projeto de um centro de descarte que atua dentro do campus da USP, a fim de se justificar a importância e necessidade de implantação de algo similar dentro do Faculdade de Engenharia de Bauru.

Para dar suporte à pesquisa, foi feita uma revisão bibliográfica sobre o assunto de logística reversa e reciclagem, por meio de livros, teses, artigos nacionais e internacionais.

Os dados do projeto da USP foram fornecidos por e-mail, pois o primeiro contato foi feito pela internet e posteriormente por e-mail. Os dados referentes à FEB, foram entrevistados o diretor do STI e a diretora administrativa.

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1.4 ORGANIZAÇÃO E CONTEÚDO DO TRABALHO

Esse presente trabalho está estruturado em cinco capítulos, nos quais são abordados conceitos sobre logística reversa, dados atuais da indústria de eletrônicos, especificamente de computadores, por meio de coleta de dados em livros, teses, artigos e sítios de internet. Estão inclusos também o desenvolvimento da pesquisa referente ao Centro de Descarte CEDIR/USP e dados atuais da Faculdade de Engenharia de Bauru.

O capítulo um inicia-se com uma abordagem de um problema muito preocupante no mundo inteiro que é o acúmulo de lixo eletrônico e sua atual e inadequada destinação. Após essa abordagem, têm-se a justificativa do tema, apontando algumas iniciativas em combate ao problema, o objetivo, a estrutura do trabalho, e o método de pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a revisão da literatura, iniciando-se com uma abordagem do tema de sustentabilidade, depois uma breve descrição dos conceitos de logística reversa, suas definições e características.

O terceiro capítulo apresenta a descrição do lixo eletrônico e sua problemática, a indústria de eletrônicos, e de microcomputadores, sua composição e danos causados por descarte e manuseio inadequados de seus componentes.

O quarto capítulo apresenta o desenvolvimento da pesquisa, com dados obtidos do centro de descarte CEDIR-USP e da FEB-UNESP, com resultados comparativos e considerações finais.

Por fim, o quinto e último capítulo apresenta as referências bibliográficas citadas e estudadas para elaboração desse presente trabalho.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SUSTENTABILIDADE

Uma das conclusões que pode ser extraída do quadro atual de contrastes é que o crescimento econômico, por si só, não traz automaticamente o desenvolvimento. Na prática, a equação que relaciona crescimento e desenvolvimento ainda não está com suas variáveis equilibradas; ela ainda desafia os economistas questionando se o desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável estaria realmente na contramão do crescimento econômico (VECCHIATTI, 2004).

Existem definições de vários autores e organizações ambientais para desenvolvimento sustentável. Segundo Schulte e Lopes, 2008, é a “exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras”. É o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas necessidades” CMMAD - Comissão mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – Comissão Brundtlant (1987).

O combustível do crescimento econômico sendo somente o lucro, a sustentabilidade sempre estará em segundo plano, muitas vezes como obstáculo para a aceleração. Muitas empresas, com receio de perder clientes e sujar sua imagem corporativa, estão optando em desenvolver projetos de sustentabilidade.

Devido a diversos fatores como a mudança climática global, os consumidores de uma maneira geral estão cada vez mais conscientes ambientalmente, optando gradativamente pelo consumo de produtos mais “verdes”, ou provenientes de empresas preocupadas com o meio ambiente.

A busca pela sustentabilidade requer a articulação entre três "registros ecológicos": do meio ambiente, das relações sociais e da subjetividade humana (VECCHIATTI 2004).

Isso significa que não basta apenas ações isoladas e independentes. É preciso uma ação conjunta. O rumo à sustentabilidade é incompatível com o “jogo” sem restrições das forças de mercado, dependente de um aparato tecnológico

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eficiente e também dependente, em grande parte, das ações geradas a partir de percepções individuais e culturais da sociedade (VECCHIATTI 2004).

A sustentabilidade traz consigo a ideia de biocentrismo substituindo a visão atual de antropocentrismo, trazendo o pensamento de que o ser humano é dependente do mundo para sobreviver e que deve respeitar todas as formas de vida e o ambiente como todo. O mercado consumidor, aos poucos, está mudando seus critérios de compra, valorizando as empresas “verdes”, optando por consumir produtos, de composição mais biodegradável, utilizando-se processos menos poluentes.

2.2 LOGÍSTICA REVERSA

Muitos autores definem apenas o que é logística, pois o conceito de logística reversa é muito recente e ainda não possui uma definição universal.

“Logística é a gestão de fluxos entre funções do negócio. A definição atual da logística engloba maior amplitude de fluxos do que no passado. Tradicionalmente, as empresas incluíam a simples entrada de matéria-prima ou o fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações...”

(DORNIER et al, 2000)

Logística reversa é um ramo novo de estudo da logística empresarial, que se preocupa com o caminho reverso dos produtos, ou seja, do consumidor final de volta à cadeia produtiva. Por ser um estudo recente, ainda não possui uma definição exata.

“O referencial bibliográfico no campo da logística reversa é raro e

disperso, não apresentando, portanto, sistematização de

conhecimentos, classificações, definições e uma visão abrangente e didática dos principais conceitos de logística reversa e dos canais de distribuição reversa dos bens industriais de utilidade” (LEITE, 2002 apud LEITE, G. M.,2008).

Mueller (2005), afirma que a logística reversa pode ser classificada como sendo apenas uma versão contrária da logística tradicional. No entanto a logística reversa deve ser vista como um novo recurso para a lucratividade.

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Mas não só a lucratividade está em foco dentro da logística reversa, mas também a preocupação ambiental, de como trazer de volta ao ciclo produtivo, materiais que já foram inutilizados pelos consumidores finais, e não ser descartado de maneira inadequada, trazendo inúmeros malefícios a sociedade e o meio ambiente.

Outra abordagem feita para logística reversa, em uma perspectiva de logística de negócios, refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição e reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e re-manufatura (LEITE, 2003).

Rogers e Tibben-Lembke (1999) afirmam que a logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o objetivo de recuperar o valor ou destinar à apropriada disposição.

Leite (2003) propõe que a logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Percebe-se claramente que não há um consenso sobre uma única definição de logística reversa. Alguns autores possuem uma definição mais abrangente, outros com uma visão apenas parcial, focando em alguns aspectos. A definição mais relacionada com este presente trabalho é a de Roger e Tibben-Lembke, por possuir um maior detalhamento das variáveis que envolvem o ramo da logística reversa.

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Figura 2: Processo Logístico Reverso. Fonte: Roggers & Tibben-Lembke (1999,p.5)

A Figura 2 ilustra sucintamente o processo geral de logística reversa, mostrando que o processo logístico reverso é processo de re-manufatura e retorno dos produtos descartados pelos consumidores finais de volta a cadeia produtiva.

2.2.1 Tipos de canais reversos

Na literatura, são apontados dois grandes tipos de canais reversos, diferenciando-se pelo tipo de produto a ser dispensado pelo consumidor final, que são os bens de pós-venda e de pós-consumo.

Figura 3: Canais reversos de pós-venda e pós-consumo. Fonte: Leite (2003, p.17)

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Os dois canais, representados na Figura 3, possuem basicamente os mesmos objetivos, como imagem corporativa positiva, competitividade, e redução de custos. Elas são diferenciadas pelo estágio ou fase do ciclo de vida útil do produto retornado.

2.2.1.1 Canal reverso de pós-venda

O bem considerado pós-venda é aquele produto que logo após feito a compra, o consumidor está insatisfeito com a aquisição do bem e devolve-o à loja, ou fabricante, assistência técnica, etc. Há inúmeros motivos que o consumidor tome essa decisão, como por exemplo: insatisfação com a qualidade, funcionalidade, estética, defeito vindo de fábrica, etc.

A caracterização da logística reversa de pós-venda se dá quando há a reutilização, a revenda como sub-produto ou produto de segunda linha e a reciclagem de bens que são devolvidos pelo cliente a qualquer ponto da cadeia de distribuição por erros comerciais, expiração do prazo de validade e devolução por falhas na qualidade, ao varejista, atacadista ou diretamente à industria (GUARNIERI et al, 2005).

Este canal reverso é definido, segundo Leite (2003), como uma específica área da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das informações logística correspondentes de bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que constituem uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses produtos.

2.2.1.2 Canal reverso de pós-consumo

Os bens de pós-consumo são caracterizados como produtos, que após sua utilização pelo consumidor final, são dispensados. O descarte decorre-se por diversos motivos como fim da vida útil, quebra por acidente, obsolescência de natureza tecnológica, ou de performance, de status social, etc.

De acordo com Leite (2003), os bens podem ser classificados de 3 maneiras:  Bens descartáveis: possuem em média vida útil de dias, semanas. Exemplos: brinquedos, pilhas de aparelhos eletrônicos, jornais, revistas, etc.

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 Bens duráveis: estes possuem vida útil de anos, e até décadas. Eletrodomésticos, produtos eletrônicos, equipamentos industriais, automóveis, são exemplos desse tipo de bem.

 Bens semi-duráveis: são os que possuem duração média de alguns meses até alguns anos. Trata-se de uma categoria intermediária que inclui baterias de veículos, baterias de celulares, óleos lubrificantes, computadores, etc.

Atualmente, a descartabilidade dos produtos de modo geral está cada vez mais acelerada, tornando o ciclo de vida destes cada vez menor.

De acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1999), o grande número de computadores obsoletos tem um considerável aumento a cada ano que passa, e isso significa que o curto ciclo de vida dentro da indústria de eletrônicos é um sério problema a ser encarado, entretanto há muitas oportunidades de reuso e criação de algum valor quase onipresente.

A realidade atual do mercado consumidor, dependendo do tipo de produto, é que está muito mais fácil e prático optar por comprar um produto novo, quando o antigo se tornar obsoleto, ao mandar à assistência técnica, por muitos motivos, tanto financeiro, quanto viabilidade.

O autor ainda ressalta que a velocidade de lançamentos de produtos é uma das características da competitividade das empresas modernas, utilizando uma série de procedimentos informatizados de projetos simultâneos que permitem ganhos extraordinários na época de lançamento de novos produtos. E o mercado consumidor acompanha essa indústria devido a uma série de fatores, tais como moda, status de um novo modelo, nova tecnologia, etc.

Há dois tipos de canal reverso de pós-consumo: abertos e fechados.

O canal aberto caracteriza-se pela utilização dos materiais, que são coletados após o descarte, re-manufaturados e reciclados, na produção de outro tipo de produto. Exemplificando: um automóvel, após o fim de sua vida útil, pode ser re-manufaturado, e seu material metálico, pode ser reintegrado como matéria-prima secundária para fabricação de chapas de aço, lingotes, etc.

No canal fechado, por sua vez, os materiais constituintes do bem pós-consumo, voltam ao ciclo produtivo de bens similares ao de origem. Segundo Leite

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(2003), a principal característica desse tipo de canal é apresentar maior eficiência no fluxo reverso devido à importância econômica do reuso de seu material constituinte.

Canal reverso fechado de bens semi-duráveis, no caso dos microcomputadores, está representado na Figura 4.

Figura 4: Fluxograma de canal reverso fechado de bens semi-duráveis. Adaptado de Leite (2003).

Este fluxograma mostra genericamente como os materiais e componentes provenientes da área de informática percorrem dentro do canal reverso fechado.

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2.3 FATORES RELACIONADOS À EFICIÊNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA

Segundo Lacerda (2009), o desempenho da logística reversa será mais ou menos eficiente dependendo de como é planejado e controlado. Os fatores críticos são:

 Bons controles de entrada: identificando os produtos que não devem

ser re-manufaturados antes de inserir à cadeia logística reversa, para não gerar retrabalho. Pesquisas desenvolvidas pela Accenture mostram que até 20% dos itens retornados são classificados, em última instância como “não defeituoso”;

 Processos mapeados e formalizados: é condição fundamental para se

obter controle e conseguir melhorias, porém uma das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada muitas vezes como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular;

 Ciclo de tempo reduzido: tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam muito espaço físico, dentre outros aspectos;

 Sistemas de informação acurados: praticamente inexistem no mercado sistemas capazes de lidar com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística reversa;

 Rede logística planejada: a implementação de processos logísticos reversos requer a definição de uma infra-estrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Instalações de processamento e armazenagem e sistemas de transporte devem desenvolvidos para ligar de forma eficiente os pontos de consumo onde os materiais usados devem ser coletados até as instalações onde serão utilizados no futuro;

 Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: práticas mais avançadas de logística reversa só poderão ser implementadas se as organizações envolvidas na logística reversa desenvolverem relações mais colaborativas.

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Embora o potencial da atividade de logística reversa seja econômica e ambientalmente importante, sua falta de visão compromete a estruturação e a eficiência. (CHAVES e BATALHA, 2006).

A tomada de decisão nas operações de logística reversa segundo Tan e Kumar (2006), envolve diversos fatores tais como tipo de recuperação a realizar para os retornos, o local para realizar a recuperação, o modo de transporte para o retorno ao local de recuperação e armazenamento, os preços das peças recuperadas, etc.

Segundo Leite (2003), as condições para operacionalização de uma cadeia de reciclagem são:

 Remuneração de todas as etapas reversas que satisfaça aos interesses econômicos dos diversos agentes.

 Qualidade aceitável dos materiais reciclados para a finalidade a que se destinam.

 Escala econômica da atividade para garantir uma atividade de cunho empresarial e de custos compatíveis.

 Mercado para os produtos com conteúdo de reciclados que garanta uma demanda estável.

Leite (2003), destaca também que estas condições essenciais, para existirem, dependem de fatores necessários e modificadores. Os fatores necessários são:

 Econômicos: entendidos como condições que permitam a realização das economias necessárias para a condizente remuneração das partes;

 Tecnológicos: entendidos como a disponibilidade de tecnologias para o tratamento econômico dos materiais descartados;

 Logísticos: entendidos como a existência de condições de organização, localização e sistemas de transporte entre os elos da cadeia.

E os fatores modificadores são:

 Ecológicos: motivados pela sensibilidade ambiental dos agentes envolvidos;

 Legislativos: regulam, promovem, educam e incentivam o retorno dos produtos ao ciclo produtivo;

 Culturais: aumentando-se a conscientização da sociedade, obtém-se maior valor nas iniciativas “verdes”.

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Há basicamente três tipos de empresas envolvidas na logística reversa de produtos eletrônicos, que são elas:

 Empresas transformadoras de resíduos: fazem a reciclagem do material recebido, gerando matéria-prima para outras indústrias. Como exemplo, pode-se citar a separação de placas de vidro dos monitores de vídeo, que são limpas e moídas, servindo de matéria-prima para a própria indústria de vidro e também para a de piso vitrificado.

 Empresas que descaracterizam os resíduos, classificam e separam materiais e encaminham estes materiais separadamente: neste caso, encontram-se empresas que, por exemplo, no caso de um microcomputador, desmontá-lo, separam as suas diferentes partes (por ex., placas de circuito impresso, encaixes metálicos, caixa de plástico), descaracterizam componentes chaves como placas de circuitos impressos e encaminham estes materiais para diferentes empresas de reciclagem.

 Empresas que apenas separam, processam, e revendem o material: nesta categoria, inclui-se a maioria dos sucateiros do mercado, que em geral, não tem muita preocupação ambiental, e nem programa de descarte adequado. O material separado é enviado para empresas descritas nos tópicos anteriores.

2.4 OBJETIVOS MOTIVADORES À PRÁTICA DE LOGÍSTICA REVERSA

Conforme Leite (2003), há basicamente três objetivos estratégicos como motivadores à prática de logística reversa: econômico, ecológico e legal.

2.4.1 Objetivo econômico

Um dos motivos das empresas atuarem em logística reversa é que há um reaproveitamento de material, muitas vezes adquirida a custo relativamente baixo. Desse reaproveitamento, são obtidos ganhos econômicos por meio de realocação desses materiais à cadeia produtiva, ou simplesmente revenda de componentes no mercado secundário.

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Segundo Lacerda (2009), as iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.

Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados.

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do seu fluxo reverso. (LACERDA 2009).

2.4.2 Objetivo ecológico

Nunca o meio ambiente foi tão degradado como está sendo hoje. O que a natureza demorou milhares de anos para compor, o ser humano está consumindo em alguns anos.

O ritmo de consumo está insustentável, e a disponibilidade dos recursos existentes hoje está sendo comprometida para as futuras gerações.

Os consumidores tendo maior consciência ecológica esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente. Isto tem gerado ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional “ecologicamente correta”.

Segundo Valle e Lage (2003, p.9):

“A conscientização da sociedade para questões ambientais tem sido despertada pela ocorrência de alguns desastres ecológicos que deixaram marcas, muitas vezes visíveis e até permanentes, em sistemas em todo o mundo.”

Várias catástrofes ocorreram nesses últimos dez anos influenciadas por modificações climáticas, abalos sísmicos, enchentes, entre outras, deixando

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evidente a participação do ser humano, mesmo que de forma inconsciente, neste processo de ação e reação com o meio ambiente (Ferreira e Ferreira, 2008).

2.4.3 Objetivo legal

Dentro da Constituição Federal Brasileira de 1988, o artigo 23 trata de forma abrangente os assuntos relacionados à preservação do meio-ambiente e ao desenvolvimento sustentável da economia, reservando a união, aos estados, ao distrito federal e aos municípios, a tarefa de proteger o meio ambiente e de controlar a poluição. (GUIMARÃES, 2004).

No Brasil, ainda não há uma lei federal específica em vigor para descarte adequado dos produtos eletro-eletrônicos.

Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem no meio ambiente. (LACERDA, 2009).

A seguir um breve histórico a respeito de legislação ambiental, visando regulamentar o descarte de resíduos sólidos.

2.4.3.1 Convenção de Basiléia (1989)

A Convenção de Basiléia foi um tratado internacional que visou incentivar a minimização da geração de resíduos perigosos, inclusive com mudanças nos próprios processos produtivos e a redução do movimento trans-fronteiriço desses resíduos. Pretendeu-se monitorar o impacto ambiental das operações de depósito, recuperação desses resíduos.

O documento estabeleceu, por exemplo, a necessidade de consentimento prévio, por escrito, por parte dos países importadores para os resíduos especificados para importação, a adoção de medidas adequadas de minimização da geração de resíduos, e a administração ambientalmente correta de resíduos e seu depósito. 2.4.3.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

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O substitutivo projeto de lei 203/91, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que propõe a responsabilidade das empresas fornecedoras e fabricantes o gerenciamento dos resíduos, ou seja, a segregação, a coleta, a manipulação, a triagem, o acondicionamento, o transporte, o armazenamento, o beneficiamento, a comercialização, a reciclagem, a disposição final e o tratamento. Este projeto de lei obriga o gerador do resíduo a dar destinação final adequada, com critérios ambientalmente corretos. (BRAUN, 2010)

Conforme o Artigo 7º, a PNRS tem como objetivos: I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

II - não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;

IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;

VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; VII - gestão integrada de resíduos sólidos;

VIII - articulação entre as diferentes esferas do Poder Público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;

IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;

X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos

serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007;

XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a) produtos reciclados e recicláveis;

b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;

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XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados à melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluída a recuperação e o aproveitamento energético;

XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

O artigo 33 dessa lei explicita que estão obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; II – pilhas e baterias;

III – pneus;

IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Porém esse projeto de lei ainda está em processo de aprovação no Senado Federal, e só entrará em vigor após o presidente da república sancioná-lo. Com os incentivos e as novas exigências desta lei, o país tentará resolver o problema da produção de lixo das cidades que em 2008 chegou a ser de 150 mil toneladas por dia. (Agência do Senado, 2008)

Segundo dados do CEMPRE, em 2008, apenas 405 (7%) dos municípios brasileiros possuem programas de coleta seletiva do lixo, apenas 14% da população têm acesso a esses programas.

2.4.3.3 Agenda 21

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1992 e conhecida como Rio-92, assumiu compromisso com o desenvolvimento sustentável. Durante essa conferência foi estabelecida a Agenda 21 Global, um programa de ação que viabiliza um novo padrão de desenvolvimento

(27)

ambientalmente racional, incluindo temas como mudanças nos padrões de consumo, redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos. (MMA, 2010)

A Agenda 21 brasileira é um processo e instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico. O documento foi resultado de uma vasta consulta à população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global. Trata-se, portanto, de um instrumento fundamental para a construção da democracia ativa e da cidadania participativa no país. (MMA, 2010).

2.4.3.4 Lei 13576/09

O Governador do Estado de São Paulo José Serra do PSDB, promulgou em 6 de julho de 2009 um projeto de lei do deputado Paulo Alexandre Barbosa do PSDB a lei que institui normas para a reciclagem, gerenciamento e destinação final do lixo tecnológico. Ela diz que fabricantes, importadores e comerciantes de produtos eletro-eletrônicos, com atuação no Estado de São Paulo, terão que reciclar ou reutilizar, total ou parcialmente, o material descartado. Se o reaproveitamento não for possível, esse lixo terá que ser neutralizado, em benefício do meio ambiente e da saúde pública. (Assessoria Técnico-Legislativa/SP, 2009)

Porém muitos artigos desta lei foram vetados e apenas algumas empresas se adéquam a esta lei apresentando um programa efetivo na logística reversa.

2.5 LIXO ELETRÔNICO

Uma das maiores preocupações desse início de século no mundo é o acúmulo de lixo eletrônico. Esse tipo de resíduo sólido possui diversas denominações como e-lixo, e-waste, lixo tecnológico, resíduo eletro-eletrônico, etc.

Os resíduos eletroeletrônicos são considerados como aqueles aparelhos/materiais que são dados por inúteis, supérfluos e/ou sem valor, gerado pela atividade humana. O lixo eletroeletrônico teve origem pela fixação do homem pelos avanços tecnológicos, pela lei da oferta e da procura, pela competitividade capitalista, pelo consumo elevado e o ritmo de inovação tecnológica dos

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equipamentos eletrônicos, os quais se transformam em sucatas numa velocidade assustadora (FERREIRA e FERREIRA, 2008).

A Agência Européia do Ambiente (EEA, 2010) calcula que o volume de e-lixo esteja aumentando três vezes mais rapidamente do que as outras formas de lixo de uma cidade européia.

O Brasil tem a maior produção per capita de lixo eletrônico provenientes de computadores, cerca de 0.5kg de e-lixo per capita/ano, em comparação a outros 10 países emergentes e em desenvolvimento como: Quênia, Uganda, Senegal, Peru, Índia, China, África do sul, Marrocos, Colômbia e México.

O estudo foi conduzido pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a pesquisa foi divulgada no final de fevereiro de 2010. Porém há algumas críticas a esse estudo, pois muitos dados são estimados, segundo alguns especialistas brasileiros.

Dados de 2005 do estudo da ONU mostram que o Brasil gera 96.8 mil toneladas por ano de lixo eletrônico oriundo de PC’s (computadores de mesa, seus monitores e notebooks) e 17,2 mil toneladas por ano de restos de impressoras. (DEMETRIO, 2010).

A fim de se buscar melhor destinação aos resíduos eletrônicos, o Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o Instituto Sergio Motta1, criou o projeto chamado “E-lixo Maps”, que consiste em oferecer a população do estado, a localização dos pontos de coleta de resíduos eletrônicos mais pertos de sua residência. Este projeto associa a plataforma “Google

Maps” com o banco de dados atualizado dos pontos de coleta.

1

O Instituto Sergio Motta é um centro de projetos e debates voltados ao uso criativo da tecnologia e à inovação. Efetiva ações há 10 anos que unem as tecnologias de telecomunicação com o setor cultural e social, fazendo com que essas novas tecnologias ajudem no desenvolvimento da sociedade, em consonância com as exigências do nosso tempo.

(29)

2.6 INDÚSTRIA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS

Os aparelhos eletrônicos têm diversas aplicações a fim de facilitar a vida moderna. Eles estão cada vez mais presentes e necessários ao cotidiano das pessoas.

Nos países mais industrializados da América Latina, como o Brasil, o México e a Argentina, a indústria eletrônica está dando os primeiros passos, restringindo-se à produção da chamada "eletrônica de lazer", que são televisores, aparelhos de som, celulares, etc.

A demanda por esses produtos está aumentando a cada dia, e um dos fatores desse crescimento é o aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E, outro fator é a corrida tecnológica de hardware e software, entre outros.

Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e analisada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), 32 milhões de brasileiros ascenderam de classe social entre 2003 e 2008. Muitos fatores podem explicar esse quadro como a melhoria da renda, das ofertas de crédito e até de planos do governo que realmente favorecem este público, como o bolsa-família, por exemplo. Diante desse quadro nacional, a expectativa é de que haverá demanda de produtos eletrônicos cada vez maior nos próximos anos.

2.7 MICROCOMPUTADORES

Na área de informática, o mercado brasileiro de PC’s totalizou 12 milhões de unidades vendidas em 2009, mesmo volume comercializado do ano anterior. (ABINEE, 2010).

Enquanto as vendas de desktops cairam 11% em 2009 na comparação com 2008 (de 7,70 milhões para 6,85 milhões de unidades), as vendas de notebooks, incluindo os netbooks, cresceram 20%, de 4,30 milhões para 5,15 milhões. (ABINEE, 2010).

Observou-se assim, a rápida recuperação da área de informática durante o ano, cujos volumes trimestrais de vendas, em 2009, ficaram muito próximos dos observados em 2008, conforme mostra no Gráfico 1.

(30)

Gráfico 1: Venda de PC’s com base em 2008. Fonte: ABINEE, 2010.

Segundo a 21ª Pesquisa Anual do Uso de TI, realizada pela FGV, de agosto de 2009 a abril de 2010, aponta um crescimento exponencial de computadores em uso no Brasil, como mostra o Gráfico 2.

Gráfico 2: Crescimento da quantidade de computadores em uso. Fonte: FGV – MEIRELLES, F. (2010)

Fica evidente que este crescimento do número de computadores novos conseqüentemente aumentará a produção do lixo eletrônico no país, justificando o agravamento da problemática.

(31)

Foi calculado que para a produção de apenas um microcomputador de mesa, são necessários 1762 kg de material, dos quais 240 kg são de combustíveis fósseis, 22 kg de produtos químicos e 1500 kg de água potável. (KUEHR et al, 2003).

Se apenas um computador não for inserido à cadeia reversa, no seu descarte serão desperdiçados não somente componentes, mas também todos recursos naturais descritos acima.

Um computador é composto por diversos componentes e metais pesados, e muitos são tóxicos, portanto prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. A Tabela 1 mostra a porcentagem calculada desses metais.

_________________________________________________________________________________

Tabela 1: Composição da CPU. Fonte: Silva et al, 2008.

É interessante notar que muitos metais considerados preciosos estão presentes, e podem ser quase totalmente recicláveis, favorecendo financeiramente o processo logístico reverso dos computadores, como exemplos o ouro, a prata, etc. Mas também há metais pesados como mercúrio, cádmio, chumbo, cromo entre outros, que possuem um grande potencial de risco à saúde do ser humano, quando descartados de forma inadequada, ou manuseados incorretamente.

O Quadro 1 mostra a relação dos danos causados à saúde do homem por esses metais:

(32)

Metal Pesado

Danos Causados

Alumínio Alguns autores sugerem existir relação da contaminação crônica do alumínio como um dos fatores ambientais da ocorrência de mal de Alzheimer. Arsênio Pode ser acumulado no fígado, rins, trato gastrintestinal, baço, pulmões, ossos,

unhas; dentre os efeitos crônicos: câncer de pele e dos pulmões, anormalidades cromossômicas e efeitos teratogênicos.

Cádmio Acumula-se nos rins, fígado, pulmões, pâncreas, testículos e coração; possui meia-vida de 30 anos nos rins; em intoxicação crônica pode gerar descalcificação óssea, lesão renal, enfisema pulmonar, além de efeitos

teratogênicos (deformação fetal) e carcinogênicos (câncer).

Bário Não possui efeito cumulativo, provoca efeitos no coração, constrição dos vasos sanguíneos, elevação da pressão arterial e efeitos no sistema nervoso central

(SNC).

Cobre Intoxicações como lesões no fígado.

Chumbo É o mais tóxico dos elementos; acumula-se nos ossos, cabelos, unhas, cérebro, fígado e rins, em baixas concentrações causa dores de cabeça e anemia. Exerce ação tóxica na biossíntese do sangue, no sistema nervoso, no sistema renal e no fígado, constitui-se veneno cumulativo de intoxicações crônicas que provocam alterações gastrintestinais, neuromusculares, hematológicas podendo

levar à morte.

Mercúrio Atravessa facilmente as membranas celulares, sendo prontamente absorvido pelos pulmões, possui propriedades de precipitação de proteínas (modifica as configurações das proteínas) sendo grave suficiente para causar um colapso circulatório no paciente, levando a morte. É altamente tóxico ao homem, sendo

que doses de 3g a 30g são fatais, apresentando efeito acumulativo e provocando lesões cerebrais, além de efeitos de envenenamento no sistema

nervoso central e teratogênicos.

Cromo Armazena-se nos pulmões, pele, músculos e tecido adiposo, pode provocar anemia, alterações hepáticas e renais, além de câncer do pulmão.

Níquel Carcinogênico (atua diretamente na mutação genética).

Zinco Excessiva absorção de zinco no corpo humano pode levar a uma redução de ferro função, e danificar o sistema imunitário

Prata 10g como Nitrato de Prata é letal ao homem.

Quadro 1: Danos causados pelos elementos constiuintes do computador. Adaptado de Silva et al, (2008, p.14).

O Quadro 1 transparece a periculosidade dos metais presentes no computador, maximizando-se a importância do cuidado no manuseio desses resíduos eletrônicos. É também imprescindível o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) no processo de triagem, re-manufatura e desmontagem, para evitar danos e riscos à saúde dos funcionários envolvidos. (SILVA et al, 2008).

(33)

3. PROJETOS DE RECICLAGEM 3.1 CEDIR/USP

O CCE (Centro de Computação Eletrônica), responsável pela prestação de serviços de Tecnologia de Informação para USP, criou, em 2007, a sua Comissão de Sustentabilidade. Ela é composta por funcionários que já tinham alguma participação anterior em projetos semelhantes na USP, como o PURA (Programa de Uso Racional de Água), PURE (Programa de Uso Racional de Energia Elétrica) e USPRecicla (Programa de Gestão Ambiental e Educação Ambiental), funcionários com alguma formação e especialização em ecologia e funcionários que manifestaram interesse pelo assunto.

O objetivo dessa comissão é identificar e implantar práticas sustentáveis para complementar esses programas mencionados já existentes da USP. No decorrer das atividades, a comissão detectou um problema, até então, não tratado pelos programas de sustentabilidade da USP, o do lixo eletrônico.

O Projeto de Cadeia de Transformação de Lixo Eletrônico do CCE, criado no início de 2008, foi organizado em três fases:

 Coletar e Classificar Resíduos Eletro-Eletrônicos no CCE-USP.

Dentro deste escopo, foi criado o “Dia do Descarte Legal” no dia 05 de Junho de 2008 (Dia Internacional do Meio Ambiente). Neste dia, foi promovida a coleta de resíduos de informática e eletrônicos no CCE-USP. A atividade foi realizada pela Comissão de Sustentabilidade e contou com a participação dos colaboradores do CCE, que motivados e envolvidos com a problemática ambiental, encaminharam os resíduos eletrônicos que se encontravam em suas salas, laboratórios e demais divisões da Unidade. Posteriormente, estes resíduos foram armazenados em contêineres alocados no pátio do CCE.

A coleta do material foi feita, destacando-se os tipos de resíduos em diferentes caixas devidamente identificadas e separadas por grupos. Cartazes e um boletim informativo sobre o dia do “Descarte Legal” foram elaborados para divulgar a atividade, além de informar e conscientizar a equipe do CCE sobre a importância do encaminhamento adequado dos resíduos eletro-eletrônicos para o desenvolvimento sustentável.

A Comissão de Sustentabilidade realizou a pesagem dos resíduos coletados pela “Operação Descarte Legal” nos dias 5 e 6 de agosto de 2008 e o peso total foi

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de 5.208,7kg de lixo eletrônico. Os resultados da pesagem dos resíduos de informática são importantes para a realização de uma estimativa do tipo e da quantidade de resíduos coletados e dos recursos e infra-estrutura necessários para sua reciclagem. Esta informação foi usada como base para negociação com empresas de reciclagem interessadas em trabalhar no destino correto destes resíduos.

 Identificar empresas parceiras de reciclagem e empresas fornecedoras de equipamentos eletro-eletrônicos verdes.

A Comissão de Sustentabilidade do CCE visitou e recebeu visitas de representantes de várias empresas de reciclagem e de instituições e órgãos envolvidos com a temática de sustentabilidade e lixo eletrônico, a fim de ampliar seus conhecimentos e verificar a possibilidade de parcerias.

Além da questão do tratamento do lixo eletrônico existente hoje na USP, verificou-se a necessidade de se adquirir equipamentos de informática e de telecomunicações verdes. A produção de tais equipamentos, tipicamente, segue a diretriz européia RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), que proíbe o uso de substâncias tóxicas, como chumbo, cádmio e mercúrio, em processos de fabricação de produtos.

Além disso, todos os componentes destes equipamentos devem ser recicláveis. As empresas devem ser certificadas pelas normas ISO 9001 (Gestão de Qualidade) e ISO 14001 (Gestão Ambiental). Como resultado da aquisição de equipamentos verdes, num futuro próximo o lixo eletrônico gerado será totalmente reciclável, sem ocorrer a liberação de substâncias tóxicas para a natureza e para o ser humano.

Desde 2006, grande parte das aquisições de TI (Tecnologia de Informação) na USP tem sido executada de modo centralizado, com aporte financeiro da CTI (Coordenadoria de Tecnologia de Informação) e elaboração de pregão e execução de compras pelo CCE. Dada esta abordagem de sustentabilidade, iniciou-se a execução de pregões verdes, o que exige a verificação de disponibilidade no mercado de produtos verdes para viabilizar a sua realização.

No caso de microcomputadores, verificou-se em agosto de 2008 que não existia, no mercado nacional, o número mínimo de três fornecedores que atendessem todos os requisitos de sistemas verdes. Diante disso, os requisitos de

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microcomputadores verdes foram especificados como opcionais e desejáveis no edital de compra.

Para estimular a empresa vencedora a entregar sistemas verdes, decidiu-se criar o conceito de “selo verde” que será conferido às empresas que fornecerem produtos e serviços verdes para USP. Além dos microcomputadores, continuam sendo investigadas soluções verdes para impressoras, equipamentos de rede e equipamentos de telefonia. O objetivo é incentivar a aquisição de somente bens verdes por parte dos usuários e, também, dos fornecedores, estruturando-se uma cadeia de logística reversa.

 Criação de Centro de Descarte e Reciclagem de Lixo Eletrônico (CEDIR). Para a criação desse Centro, foram desenvolvidas as seguintes atividades:

 Identificar e classificar a composição dos resíduos de informática mais comuns.

 Pesquisar como os resíduos de informática podem ser descartados e

reciclados contribuindo para o desenvolvimento sustentável, a preservação do meio ambiente e a minimização, e até a eliminação destes resíduos.

 Para desenvolvimento do projeto deste centro foram estudadas diversas

variáveis, tais como:

 Especificação dos processos de descarte e reciclagem de resíduos de

informática produzidos pela universidade.

 Identificação de parceiros para desenvolvimento conjunto dos processos.  Projeto da área física (planta fabril), onde serão implantados os processos de

descarte e reciclagem.

 Especificação dos recursos humanos e materiais (por exemplo, equipamentos) necessários para operar o centro a ser criado.

 Avaliação e análise das condições e dos requisitos que devem ser atendidos para se garantir a sustentabilidade financeira do centro.

 Planejamento da implantação do centro e do treinamento de seus futuros funcionários.

 Realização de estudo comparativo com outros centros similares.

 Especificação e estabelecimento das melhores práticas para o descarte e reciclagem de resíduos de informática.

(36)

 Avaliar a necessidade de criar centros equivalentes nos outros campi da USP

e dimensionar sua capacidade e seu porte.

 Buscar parceiros dentro da Universidade que desenvolvam tecnologias sustentáveis para descarte do lixo eletrônico.

 Definir uma política de proteção ambiental para resíduos de informática.

 Definir estratégias de divulgação e implantação desta política dentro do escopo da universidade como um todo.

 Especificar indicadores de desempenho para o centro.

 Definir um sistema de governança capaz de coletar informação dos indicadores e guiar sobre as ações necessárias para melhoria destes indicadores.

Esta fase do projeto teve início em setembro de 2008 e foi finalizado em janeiro de 2009, e sua implantação, em meados de 2009.

Este projeto contou também com a colaboração de pesquisadores vinculados ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) para a fase de planejamento. Neste caso, a USP custeou despesas de viagem e de estadia da ordem de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Na fase de execução, uma nova equipe do MIT acompanhou o projeto a partir do início do ano de 2009. O papel da equipe do MIT será funcionar como auditores do processo de implantação do CEDIR, propondo indicadores e práticas para a medição dos resultados.

A USP já investiu no total duzentos mil reais (R$ 200.000,00), entre reforma do local e aquisição de equipamentos e ferramental necessários. Os recursos presentes no Centro são: uma empilhadeira, carrinho hidráulico para transporte, prensa, balanças, EPI’s, ferramentas em geral.

Hoje o CEDIR está instalado em um galpão de 400 metros quadrados, com acesso para carga e descarga de resíduos, área com depósito para categorização, triagem e destinação de 500 a 1000 equipamentos por mês. Possui cinco funcionários fixos trabalhando 40 horas/semana, sendo quatro deles de nível universitário e um de nível técnico.

O Gráfico 3 mostra a quantidade (kg), de equipamentos processada pelo CEDIR, de janeiro a abril de 2010:

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Gráfico 3: Quantidade mensal em quilos processados pelo Centro. Adaptado de CEDIR/USP 2010.

Este gráfico representa o aumento da demanda do Centro desde sua implantação no início do ano, de resíduos provenientes de computadores e periféricos. Com a coleta sendo expandida para a sociedade, pessoas físicas podem estar agendando um horário para o descarte do material, facilitando assim a adequada destinação e aumento de fluxo nesse canal reverso criado pela USP.

Desde 2006, grande parte das aquisições de TI (Tecnologia de Informação) na USP tem sido executada de modo centralizado, com aporte financeiro da CTI (Coordenadoria de Tecnologia de Informação) e elaboração de pregão e execução de compras pelo CCE.

Dada esta abordagem de sustentabilidade, a meta passou a ser a execução de pregões verdes, o que exige a verificação de disponibilidade no mercado de produtos verdes para viabilizar a sua realização. No caso de microcomputadores, verificou-se em agosto de 2008 que não existia no mercado nacional o número mínimo de três fornecedores que atendessem todos os requisitos de sistemas verdes. Diante disso, os requisitos de microcomputadores verdes foram especificados como opcionais e desejáveis no edital de compra.

Para estimular a empresa vencedora a entregar sistemas verdes, decidiu-se criar o conceito de “selo verde” que será conferido às empresas que fornecerem produtos e serviços verdes para USP. Além dos microcomputadores, continuam sendo investigadas soluções verdes para impressoras, equipamentos de rede e equipamentos de telefonia. O objetivo é incentivar a aquisição de somente bens verdes por parte dos usuários e, também, dos fornecedores.

Como fatores críticos de sucesso, pode-se identificar: 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000

jan/fev Março Abril Total

(38)

• Engajamento de funcionários e da direção da instituição: os funcionários que participam deste projeto têm suas próprias responsabilidades na área de atuação do CCE, que é a prestação de serviços de Tecnologia de Informação (TI). O compartilhamento de seu tempo de trabalho depende da motivação do próprio funcionário e da autorização e apoio de seu superior imediato.

• Conscientização da comunidade USP (funcionários, docentes e discentes) e outros membros da sociedade sobre a importância do descarte correto dos bens de informática e telecomunicações (como por exemplo: micros, cabos de rede, placas e impressoras) que não podem ser mais reaproveitados e de seu encaminhamento para postos de coleta credenciados.

3.1.1 Etapas de operação do CEDIR

Figura 5: Fluxograma dos processos do CEDIR. Fonte CEDIR/USP.

 Coleta e Triagem: o processo tem início com a recepção de peças e equipamentos de informática. O primeiro objetivo é avaliar a possibilidade de

(39)

reaproveitamento. Em caso positivo, ele é encaminhado para projetos sociais na forma de empréstimo. A forma de empréstimo foi adotada para garantir que este bem de informática retorne ao CEDIR e tenha um destino sustentável, ao final da sua vida útil. Os equipamentos, que não puderem ser reaproveitados por projetos sociais, serão encaminhados para a etapa de categorização.

 Categorização: Nesta etapa, tais equipamentos são pesados, desmontados e separados por tipo de material (plásticos, metais, placas eletrônicas, cabos, etc.). Os materiais do mesmo tipo são descaracterizados e compactados. A compactação é realizada devido à necessidade de reduzir o volume e, conseqüentemente, reduzir o seu custo de transporte.

Reciclagem: por último, os materiais categorizados são armazenados até o recolhimento por empresas de reciclagem, devidamente credenciadas pela USP e especializadas em materiais específicos, como plástico, metais ou vidro.

3.1.2 Stakeholders

O CEDIR possui 10 entidades filantrópicas cadastradas como parceiras de recebimento de equipamentos, dentre elas escolas estaduais, ONG’s e órgãos estaduais. O encaminhamento para os recicladores dos componentes separados depende da cotação do dia, pois sendo um órgão público, é preciso cotar as empresas antes do envio.

Têm-se empresas recicladoras que são parceiras ao projeto como a Ativa, Umicore e Sizaquim, que recebem os materiais separados e compactados pelo Centro.

A principal parceria que está sendo estudada é com a CETESB (Companhia

de Tecnologia de Saneamento Ambiental), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do

governo de São Paulo. Esta parceria visa a troca de experiências e a complementação de atividades. A CETESB pretende criar centros de coleta, descarte e reciclagem de lixo eletrônico gerado por órgãos do Estado de São Paulo. Um dos objetos de parceria será o oferecimento pela USP de programas de treinamento na área de processos de classificação e reciclagem de lixo eletrônico.

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3.1.3 Dificuldades

Além dos problemas mencionados no âmbito legislativo e externo à USP, existem, para implantação integral do projeto e sua disseminação, dificuldades a serem superadas internamente.

Ocorre que bens de informática classificados como lixo eletrônico precisam ser disponibilizados em hasta pública, para então serem despatrimoniados. A inserção do equipamento no ciclo verde requer a rediscussão dos procedimentos de lançamento patrimonial e inventário dos equipamentos, para permitir doação a ONG’s ou a retirada por empresas que efetuem a reciclagem, com suporte nos mecanismos legais e administrativos.

Portanto, os principais problemas e desafios deste projeto são: • Geração de um volume cada vez maior de lixo eletrônico.

• Doação de bens de informática e eletrônicos obsoletos e sem uso para ONGs que não garantem um destino final sustentável para estes bens.

• Necessidade de mecanismos e políticas eficazes e adequados de credenciamento de empresas de reciclagem de lixo eletrônico.

• Inexistência de legislação de responsabilização dos produtores de bens de informática e eletrônicos pela reciclagem e destino sustentável destes bens quando no fim de sua vida útil.

• Necessidade de esclarecer os consumidores sobre a importância do tratamento adequado do lixo eletrônico gerado pelos mesmos, tornando-os comprometidos com as boas práticas.

Até o momento, a execução está sendo bem sucedida e a continuidade do projeto tem sido garantida pelo engajamento dos funcionários do CCE-USP e pelo suporte recebido tanto da reitoria da USP quanto da Agência Inovação da USP, órgão responsável pela coordenação geral de ações de sustentabilidade.

3.2 PROJETO PARA FEB/UNESP

O campus da UNESP de Bauru está instalado numa área de, aproximadamente 190 alqueires, com mais de 35 mil metros quadrados de construção, entre salas de aula, laboratórios, biblioteca, oficinas e administração.

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