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Palavras-Chave: Imigração haitiana; Santa Catarina; Inserção Laboral.

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Trabalhadores Imigrantes: haitianos e haitianas em Santa Catarina – SC1

Luís Felipe Aires Magalhães2

Rosana Baeninger3

Palavras-Chave: Imigração haitiana; Santa Catarina; Inserção Laboral.

1 Trabalho apresentado no VII Congreso de la Asociación Latino-Americana de Población e XX Encontro Nacional de Estudos Populaiconais, realizado em Foz do Iguaçu/PR – Brasil, de 17 a 22 de Outubro de 2016.

2 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Demografia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Pesquisador no Observatório das Migrações em Santa Catarina (Udesc – CNPq).

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Professora do Departamento de Demografia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Coordenadora do Observatório das Migrações em São Paulo (NEPO-Unicamp/FAPESP-CNPq).

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Trabalhadores Imigrantes: haitianos e haitianas em Santa Catarina – SC

Introdução

O Haiti expressa, como poucos países do mundo, o sucesso do projeto colonial vigente na América Latina e como ele pode significar a tragédia de um país, isto é, o desenvolvimento de seu subdesenvolvimento: de colônia mais próspera do século XVII e XVIII, se transformou em país mais pobre da América atualmente (PIERRE-CHARLES, 1990, JAMES, 2010).

A revolta escrava no país, pelo controle nacional e também pelos preceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, ocasionou um dos episódios mais originais da história contemporânea: a Independência Negra do Haiti, a 1º de Janeiro de 1804 (JAMES, 2010). Conquistada duramente, a Independência Haitiana deparou-se, rapidamente, com os entraves colocados pelas potências imperialista de sua época, que condenaram e condenam ainda o país à uma situação de completa marginalidade na divisão internacional do trabalho (JAMES, 2010). A “lição” do imperialismo começara com a emissão de sucessivas tropas do exército de Napoleão com a finalidade exclusiva de dizimar lideranças políticas nacionais, atear fogo às plantações e destruir todas as estruturas produtivas do país (JAMES, 2010; MANN, 2012). Outro elemento particularmente importante é que, mesmo com a Independência conquistada, a presença militar, primeiro francesa, depois norte-americana e atualmente inclusive brasileira continua perpassando a história e o território haitiano, sob relativa anuência internacional (LUCE, 2007), dado que orquestrada pela ONU, mas com repercussões nada desprezíveis sobre sua sociedade e estruturas políticas (CASTOR, 2008), e inclusive sobre sua dinâmica migratória, como definiremos melhor ao longo deste texto. Cabe indicar, inicialmente, que a migração está presente na história contemporânea do Haiti e representa, em termos sociais, econômicos e políticas, uma instituição importante da vida no país. Formado, então, por uma intensa tradição migrante (CASTOR, 1978; COTINGUIBA, 2014; HANDERSON, 2015), o país tem orientado, desde 2010, fluxos migratórios também ao Brasil (FERNANDES, MILESI e FARIAS, 2011; PATARRA, 2012; COTINGUIBA, 2014; MAGALHÃES, 2014; HANDERSON, 2015).

Neste artigo, buscaremos analisar a formação destes fluxos para o Estado de Santa Catarina, apontar alguns primeiros resultados da pesquisa sobre a inserção laboral dos

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imigrantes e as contradições deste processo e apresentar alguns conceitos que julgamos possam ser elucidativos sobre esse fluxo migratório, o que faremos como esforço de síntese na parte referente ás conclusões.

A imigração haitiana no Brasil

O Haiti é, historicamente, um país marcado por processos históricos de emigração internacional (CASTOR, 1978). Pelo menos desde o final do século XIX, milhões de haitianos e haitianas já emigraram para outros países do mundo. O primeiro fluxo a consolidar-se foi rumo à República Dominicana, país vizinho ao Haiti, ainda no século XIX, para o trabalho na produção açucareira no país. Com uma crise na economia cafeeira dominicana, ocorre a formação de um fluxo para Cuba, já no século XX, orientado sobretudo por empresas norte-americanas que atuavam na região (CASTOR, 1978). Ao longo do século XX, novos fluxos e mobilidade intra-caribenhos passam a envolver também países como Bahamas, Jamaica e a própria Guiana Francesa (essa última vista como a forma mais fácil de ingresso no continente europeu) (COTINGUIBA, 2014; MAGALHÃES e BAENINGER, 2014. Após sobretudo os anos 1950, Estados Unidos, França e Canadá também consolidam-se como importantes destinos, especialmente em razão das sucessivas crises políticas no país nas últimas décadas do século XX (CASTOR, 1978) e de um estado de crise econômica permanente (PIERRE-CHARLES, 1990).

Nos últimos anos, essa emigração haitiana diversificou seus destinos: a permanência da crise econômica e política no país (LUCE, 2007; SEGUY, 2014), o acirramento da seletividade migratória nos destinos tradicionais da emigração haitiana (Estados Unidos, França e República Dominicana) e a dependência crescente de remessas de migrantes no país, fizeram com que novos destinos fossem procurados (MAGALHÃES e BAENINGER, 2014). Respondendo à crise de 2008 com políticas anti-cíclicas promotoras de expansão econômica e com crescimento no nível de empresas, o Brasil, que já ocupava militar e economicamente o Haiti através da coordenação da Minustah (Missão da ONU para o reestabelecimento da paz no país) passou a ocupar o imaginário social haitiano como um país de oportunidades e de relativa facilidade no acesso e acolhimento (METZNER, 2014). Entre 2010 e 2014, pelo menos 50 mil haitianos migraram ao Brasil (FERNANDES, 2014). Estima-se que, atualmente, vivam no Brasil

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por volta de 80.000 haitianos e haitianas. Este fenômeno social possui causas e condições que dizem respeito não apenas à dinâmica econômica, social e política haitiana como também o contexto internacional e os rumos recentes da economia e da política migratória brasileira.

Com o terremoto que atingiu o Haiti, em 12 de Janeiro de 2010, as condições de vida no país, que já eram precárias, se deterioraram ainda mais. A existência humana tornava-se cada vez mais difícil, de modo que os fatores de expulsão intensificaram sua atuação sobre a dinâmica migratória no país. Todavia, a conjuntura econômica internacional havia mudado: um conjunto de alterações colocou o Brasil na rota dos migrantes haitianos. É preciso entendê-las para analisar com mais precisão as especificidades deste fluxo migratório.

A alteração na rota dos fluxos migratórios de haitianos deve ser investigada não apenas na assunção do Brasil como um destino em expansão (ao que julgamos a própria presença brasileira no Haiti tenha contribuído), mas também na crise capitalista emanada desde o centro do capitalismo global.

Nos últimos anos, esta crise capitalista acentuou as dificuldades vividas pelos migrantes internacionais sob duas dimensões. De um lado, restringiu as possibilidades de emprego no mercado de trabalho, mesmo naqueles mais subalternos, cada vez mais ocupados pelos trabalhadores nativos destes países. Isto dificultou não apenas a realização do projeto migratório como estratégia pessoal de mobilidade social, como diminuiu também o principal instrumento de obtenção de uma melhoria material de toda a família destes migrantes, qual seja, as remessas desses migrantes. Essas remessas oscilaram, entre 2005 e 2014, de 22 a 26% do PIB do Haiti e foram classificadas pela CEPAL (CEPAL, 2009), como a principal via de contagia da crise capitalista no país caribenho. De outro lado, esta mesma crise, ao acirrar a concorrência entre trabalhadores, intensificou um discurso e uma prática presentes desde sempre nas sociedades europeia e norte-americana: a xenofobia. Manejada habilmente por determinados grupos econômicos e políticos, estes sentimentos de xenofobia têm logrado, através da conversão do diverso em adverso, interferir nas políticas imigratórias.

Do outro lado, a presença brasileira no Haiti também contribuiu para a inserção brasileira no rol dos destinos migratórios haitianos. Neste sentido, parece-nos especialmente importante analisar como se dá esta presença, e averiguar, com base em outros estudos, se ela é capaz de condicionar a opção migratória como supomos.

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A expansão brasileira ao exterior é fato inerente do desenvolvimento do capitalismo dependente no Brasil, e este processo se dá, não sem contradições, pelo menos desde a etapa de maior industrialização da economia dependente4. Nos últimos anos, a economia brasileira reforçou esta expansão, e o Brasil redimensionou-se no rol dos principais países da geopolítica mundial. Como consequência, necessita cada vez mais ocupar os postos da gerência capitalista internacional, como o Conselho de Segurança da ONU, onde pleiteia um assento. A participação nas missões militares de estabilização promovidas pela ONU, em uma conjuntura em que as forças militares de outras potências concentravam-se na chamada guerra ao terror no Oriente Médio, são exemplos desta necessidade.

Ao assumir o comando da Minustah (Missão Internacional das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti) e o envio de maior contingente de tropas ao Haiti, o Brasil poupou maior esforço dos Estados Unidos no momento em que estes sofrem desgaste com a resistência à ocupação do Iraque. Por esta razão, a Minustah veio a se constituir no principal elemento de cooperação do governo brasileiro com o Departamento de Estado na estabilização da conflitividade social da América Latina (LUCE, 2007, p. 48).

O que interessa retermos por ora é que esta presença apresenta um “Brasil potência” a milhões de haitianos sem perspectivas de reprodução social de sua existência no país. Como indicado por Sassen (1988), a presença estrangeira incide objetiva e subjetivamente na vida dos habitantes locais, inserindo no imaginário e no próprio projeto migratório deles a possibilidade de migrar ao país estrangeiro. Historicamente, o sistema capitalista mundial cria e recria estes laços, levando muitos autores a conceituar estes migrantes de “migrantes coloniais” (BINFORD, 2002; COVARRUBIAS, 2010). O caso do Brasil e sua presença no Haiti, no entanto, é um fenômeno diverso: o Haiti não é e nunca foi colônia brasileira. A própria presença brasileira no país é relativamente recente, como são recentes os fluxos de haitianos para o Brasil. Há uma relação íntima entre a presença do Brasil no país e a vinda dos primeiros haitianos ao Brasil. Esta relação nos leva a refletir na capacidade de a presença brasileira no país condicionar a dinâmica migratória internacional, e formar um fluxo específico entre o Haiti e o Brasil. Nesta reflexão, encontramos importantes registros teóricos que, para além dos estudos sobre migrantes coloniais e embora não utilizem o conceito de subimperialismo, corroboram com nossa tese (SALES, 1996; PATARRA, 2012).

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Ao nos referirmos à expansão brasileira ao exterior, o que inclui a presença brasileira no Haiti, utilizamos a categoria do subimperialismo, vinculada aos estudos de Teoria Marxista da Dependência. Para aprofundamentos sobre esta categoria, ver MARINI, 2000; LUCE, 2011 e MAGALHÃES, 2014.

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Teresa Sales (SALES, 1996), por exemplo, não hesita em relacionar a migração de paraguaios ao Brasil com o fenômeno da expansão da posse de propriedades agrárias paraguaias por fazendeiros e empresas brasileiras. E insere esta presença brasileira no país vizinho no âmbito da dinâmica expansiva da agricultura brasileira, que se alastra aos países do Cone Sul mantendo o padrão agrário concentrador, latifundiário. Trata-se de uma pista importante de como o desenvolvimento do capitalismo dependente no Brasil impulsiona o capitalismo brasileiro ao exterior e motiva a criação de fluxos migratórios particulares. Tais fluxos, como apontam o caso específico dos paraguaios, movem milhares de migrantes para as cidades brasileiras. Dentro desta lógica, evidencia-se uma relação entre a presença paraguaia no Brasil e a própria presença brasileira no Paraguai. Para as hipóteses deste trabalho, convém destacar que esta presença brasileira no Paraguai não se dá ao acaso, senão que é produto das leis próprias do desenvolvimento do capitalismo dependente: o crescimento industrial desproporcional às capacidades de consumo em nosso país gerou uma pressão pelo controle das fontes energéticas no Paraguai (particularmente a energia das hidrelétricas, através do controle sobre Itaipú) e, por outro lado, as exigências da economia importadora brasileira ultrapassaram os limites territoriais do país, e buscaram também o acesso e o monopólio da terra no Paraguai, através do que uma extensa parcela do território fronteiriço passou a ser controlado por produtores de soja brasileiros. Estes dois movimentos de pressão condenam parcelas imensas do território paraguaio à inundação por barragens e também concentram a propriedade da terra no país. O resultado é a intensificação de um fluxo migratório que se dirige também ao Brasil, como tem ocorrido nas últimas décadas.

O marco analítico construído por Sales (1996) é reforçado por Neide Patarra (2012). Ao referir-se à deterioração das condições econômicas e sociais no Haiti, Patarra (2012), afirma que “neste quadro, a presença do Brasil no Haiti, no comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti – MINUSTAH, iniciada em 2004, foi fator de fundamental importância na inserção do país no quadro dos destinos procurados pelos haitianos que buscavam fugir da miséria e da desordem social” (PATARRA, 2012, p. 13). Infere-se desta passagem que a presença militar brasileira constrói no imaginário migratório dos haitianos uma referência no Brasil, não apenas pelos fatores que, como vimos, afastam cada vez mais os migrantes haitianos dos destinos tradicionais, mas também por um conjunto de ideias sobre o Brasil que passam a ser disseminadas no seio da sociedade haitiana. Esta referência é formada a partir das

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indicações e sugestões deixadas pelos militares brasileiros, das atividades organizadas no Haiti pelo governo brasileiro, amistosos da seleção brasileira e um sem-número de informações bastante imprecisas sobre a vida no Brasil (METZNER, 2014).

As expectativas construídas em relação ao Brasil não são correspondidas pela realidade que encontram quando chegam ao país. As duras condições da viagem, a espera pelos documentos já no Brasil, as dificuldades de emprego e de salário e a discriminação racial e social no Brasil são algumas das principais dificuldades que formam o mosaico de um país que, não obstante tenha criado dispositivos ad hoc específicos para a imigração haitiana no Brasil ainda não modificou sua política imigratória, marcada pela seletividade e pela securitização da questão migratória.

Imigração haitiana em Santa Catarina

No contexto da presença haitiana no Brasil, o Estado de Santa Catarina ocupa um lugar de destaque: segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Santa Catarina foi a UF brasileira que mais admitiu trabalhadores, tanto estrangeiros em geral como especificamente haitianos, no mercado formal de trabalho no ano de 2014 (o último ano disponível na série). Das dez cidades brasileiras que mais admitiram trabalhadores haitianos no mercado formal de trabalho em 2014, 4 são catarinenses (Chapecó, Joinville, Itajaí e Blumenau).

De modo a caracterizar essa importância do Estado de Santa Catarina no âmbito da inserção laboral de haitianos e haitianas no mercado formal de trabalho brasileiro, lançamos mão de uma metodologia de pesquisa que combina levantamento de informações quantitativas com pesquisa de campo de natureza qualitativa. Cabe destacar que a imigração haitiana no Brasil é um fenômeno social que se inicia no final do ano de 2010, após a realização do Censo Demográfico de 2010, portanto.

As informações quantitativas têm como fontes registros administrativos: os dados do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) sobre solicitações de refúgio e autorizações para trabalho; os dados da Polícia Federal, levantados por meio do Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros (SINCRE) e que apresenta informações sobre o total de imigrantes haitianos segundo o tipo de registro; e os dados do MTE, especialmente aqueles levantados pela Relação Anual de Indicadores Sociais (RAIS), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e as estatísticas de carteira de trabalho e previdência social.

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As estatísticas do CNIg apresentam as características das autorizações de trabalho (sejam temporárias ou permanentes) segundo sexo, grupo etário, escolaridade, grupo ocupacional, principais nacionalidades, Unidade da Federação (UF) de residência, Resolução Normativa utilizada e a situação da autorização (se autorizada, indeferida ou cancelada).

As estatísticas da Polícia Federal são originadas do já referido Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros – SINCRE, e apresentam informações sobre registro de estrangeiro, seja permanente, temporário, provisório, fronteiriço ou de asilado, segundo variáveis como a UF de residência, o ano de registro, o país de nascimento, o sexo do registrado, o seu grupo de idade e seu estado civil. Esta fonte de dados é particularmente importante pois não se referem apenas aos imigrantes haitianos vinculados ao trabalho, e tampouco ao trabalho formal, o que nos permite acesso a informações sobre dimensões outras da vida social dos imigrantes e a um volume também maior de imigrantes haitianos registrados.

Por sua vez, as estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) são provenientes de três levantamentos. O primeiro levantamento é a Relação Anual e Informações Sociais (RAIS), que contempla tanto “estoque” como “fluxos” de migrantes, segundo grupo etário, UFs e cidades de admissão no mercado formal de trabalho, tipo de vínculo empregatício, grau de instrução, horas semanais de trabalho, faixa de renda média mensal, cor ou raça e grupo ocupacional (os dados de fluxo incluem ainda a variável sexo). O segundo levantamento é o da pesquisa sobre Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Esse levantamento apresenta informações sobre emissão de carteira de trabalho, sexo, nacionalidade do receptor da carteira de trabalho, UF de emissão da carteira de trabalho e escolaridade. O terceiro levantamento é a pesquisa da CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apresenta informações sobre admissão, demissão e saldo de trabalhadores no mercado formal de trabalho, segundo nacionalidade dos trabalhadores, mês, escolaridade, sexo, UF da admissão, renda média mensal, setor de atividade econômica e ocupação exercida.

As informações qualitativas têm como fontes, por sua vez, pesquisa de campo de natureza qualitativa realizada nos municípios de Balneário Camboriú, Navegantes, Florianópolis e Chapecó, no âmbito da pesquisa nacional intitulada “Haitianos no Brasil: perfil e trajetórias migratórias em algumas cidades brasileiras”, coordenada pelo Prof. Dr. Sidney Antônio da Silva.

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A pesquisa quantitativa e qualitativa buscaram responder, ainda que preliminarmente, algumas perguntas, tais como: de que modo chegam ao Estado de Santa Catarina os imigrantes haitianos? Que caminhos os levam da fronteira do Acre ou Amazonas com o Peru, ou da cidade de São Paulo (para aqueles que chegaram ao Brasil de forma documentada)? A resposta a esta questão nos aproxima um pouco mais dos objetivos deste artigo e do entendimento da inserção laboral dos imigrantes haitianos na cidade e suas contradições. Nossas pesquisas indicam que esta pergunta possui diferentes respostas, dependendo do momento do fluxo a que estamos nos referindo.

Atualmente, isto é, para os fluxos migratórios atuais, a resposta reside na atuação das redes sociais: os amigos e parentes que já migraram dão referências positivas do lugar àqueles que ficaram, os incentivando a migrar e construindo uma rede de relações sociais e laborais na qual o migrante se inserirá. Previamente, já se tem garantias de emprego, hospedagem e ajuda material inicial. Todos estes elementos são facilmente observados entre os haitianos na cidade de Balneário Camboriú, uma das primeiras do Estado a receber a imigração haitiana, ainda em 2011: a rede social, fortalecida pela criação da Associação dos Haitianos em Balneário Camboriú no dia 05 de Março de 2013, é o que verdadeiramente dá sequência hoje ao fluxo, especialmente através do desejo e iniciativa de trazer à Balneário Camboriú os parentes que ficaram no Haiti. Entrevistamos 97 imigrantes haitianos residentes nesta cidade: todos eles declararam que deixaram família no Haiti. A maior parte deste grupo entrevistado busca manter as relações com sua família não apenas se comunicando com ela (por telefone e internet) como também pelo envio de remessas, sobre as quais trataremos mais adiante. As redes sociais, materializadas hoje no espaço de ajuda mútua representado pela Associação dos Haitianos da cidade, são um elemento fundamental da atual conjuntura migratória internacional e de como Balneário Camboriú se insere nela. Todavia, no tempo germinal do fluxo migratório, as redes sociais são mais produto que causa destes fluxos, de modo que outro fator incidiu inicialmente na orientação da trajetória migratória dos haitianos rumo a Balneário Camboriú. As respostas aos questionários aplicados indicam haver uma forte atuação de três empresas catarinenses no recrutamento e contratação de força de trabalho, ainda no Acre. Estas empresas foram até as cidades fronteiriças do Acre buscar a força de trabalho haitiana. Estas empresas são a Multilog, a Ambiental e a Imbrasul Construtora e Incorporadora.

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A Multilog é uma empresa de logística em comércio exterior, sediada no município de Itajaí, vizinho de Balneário Camboriú. Seu principal produto é a armazenagem de bens, seu transporte para exportação, especialmente no Mercosul, e outros serviços conexos. Os imigrantes haitianos recrutados no Acre pela Multilog desempenham, essencialmente, a função de estivadores, estoquistas e de serviços gerais.

A Ambiental é uma empresa de execução de obras e de realização de serviços de limpeza urbana em nove cidades do Estado de Santa Catarina: Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí, Itapema, Indaial, Jaraguá do Sul, Joinville, São Francisco do Sul e São José. Além da coleta e transporte de lixo, a Ambiental faz ainda tratamento de resíduos sólidos e operações de saneamento básico, e emprega diretamente mais de 1.800 trabalhadores.

Os imigrantes haitianos recrutados no Acre pela Ambiental desempenham, essencialmente, as funções de garis e de serviços gerais.

A Imbrasul Construtora e Incorporadora é uma empresa sediada no município de Navegantes, distante 34 km de Balneário Camboriú. Constrói edifícios de alto padrão na região, especialmente na praia de Gravatá.

Os imigrantes haitianos recrutados no Acre pela Imbrasul desempenham, essencialmente, as funções de pedreiro, auxiliar de pedreiro, servente e serviços gerais. Em síntese: os primeiros haitianos em Balneário Camboriú trabalhavam como garis no município e no porto de Itajaí. Alguns haviam sido recrutados no Acre para trabalhar na construção civil em Navegantes, mas os atrativos em Balneário Camboriú (especialmente a maior oferta de emprego e acesso a serviços e a proximidade com os haitianos residentes em Balneário Camboriú) rapidamente os atraíram. Realizavam, portanto, tarefas mais intensas no uso da força física, menos qualificadas. Foi apenas posteriormente que os trabalhadores haitianos dirigiram-se ao trabalho nos outros setores, principalmente o de supermercados. Nos supermercados, desempenham funções relacionadas ao trabalho no setor de cozinha (como cozinheiros dos próprios colegas de trabalho, que fazem suas refeições nos supermercados), estoque e reposição de produtos, horti-fruti e açougue. Não há registro de trabalhadores haitianos em funções de gerência ou mesmo de caixa de supermercados na cidade de Balneário Camboriú.

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Importante, ainda, para avaliarmos a conjuntura desta inserção laboral dos imigrantes haitianos é perceber que a cidade de Balneário Camboriú não corresponde ao destino final de muitos imigrantes, mas pelo contrário, constitui-se como etapa de uma trajetória migratória que se destina, sobretudo, à Mesorregião Oeste do Estado e que opera a dispersão dos imigrantes haitianos pelo território catarinense, processo em curso após o final de 2013.

Regularmente, são realizados recrutamentos de empresas frigoríferas do Oeste de Santa Catarina nas cidades do Vale do Itajaí, especialmente Balneário Camboriú. Pudemos participar de uma das reuniões de recrutamento, no que percebemos a utilização da promessa do alojamento gratuito (na realidade, há desconto da folha salarial). Esta promessa torna-se tanto mais tentadora quanto mais caros são os aluguéis pagos por estes imigrantes em Balneário Camboriú.

Em outras palavras: a concentração de imigrantes haitianos em cidades da Mesorregião do Vale do Itajaí (como Balneário Camboriú, Navegantes, Itajaí e Blumenau) faz com que as atividades de recrutamento não precisem mais ser feitas na fronteira do Brasil com o Peru (no Amazonas e no Acre) e nem na cidade de São Paulo, particularmente na Missão Paz.

De outro lado, esse mesmo recrutamento tem promovido a dispersão por outras Mesorregiões do Estado, em que se destacam a da Grande Florianópolis e, principalmente, a Oeste.

A resposta à pergunta “porque Santa Catarina tem atraído tantos imigrantes haitianos” começa a ser respondida quando analisamos as principais atividade econômicas que mais admitiram haitianos e haitianas no mercado formal de trabalho brasileiro em 2014. A Tabela 1 nos permite visualizar que, dentre as principais atividades econômicas, destacam-se duas que ocupam posição de destaque na dinâmica econômica catarinense: a agroindústria (representada pelos frigoríficos e corte de carne suína, bovina e de aves) e a construção civil. Como vimos, a construção civil teve bastante importância no recrutamento dos primeiros trabalhadores haitianos, ainda em 2011, e segue admitindo trabalhadores haitianos, como demonstra a Tabela 1. A Agroindústria, como os recrutamentos realizados pelos frigoríficos em Balneário Camboriú revelam, responsabiliza-se por admitir a maior parte do contingente haitiano de trabalhadores no

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mercado formal no Brasil e, no que se refere a Santa Catarina, isso significa perar a sua mobilidade interna do litoral ao Oeste.

Tabela 1 – Principais atividades econômicas que mais admitiram haitianos no Brasil (2014):

Fonte: MTE/CAGED, 2016.

Dentro destas atividades econômicas principais, as ocupações mais exercidas pelos imigrantes haitianos no Brasil são, conforme disposto na Tabela 2, a de “alimentador de linha de produção”, “servente de obras”, “magarefe” (açougueiro), “abatedor” e “faxineiro”.

Tabela 2 – Principais ocupações que mais admitiram haitianos no Brasil (2014)

Fonte: MTE/CAGED, 2016.

Pelas tabelas anteriores, deduz-se, como se verá no Gráfico 1, que essas atividades econômicas e ocupações profissionais que mais admitiram trabalhadores haitianos em 2014 no Brasil, por serem centrais ao desenvolvimento econômico catarinense, acabam por atrair á Santa Catarina um grande contingente destes imigrantes. Como se pode ver no Gráfico 1, Santa Catarina foi o Estado brasileiro que mais admitiu trabalhadores haitianos no mercado formal de trabalho no acumulado entre 2011 e 2014.

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Gráfico 1 – Imigrantes haitianos com vínculo formal de trabalho (2011 - 2014)

Fonte: CAGED/MTE, 2016.

Apenas em 2014, foram admitidos no mercado formal de trabalho em Santa Catarina 6.015 trabalhadores haitianos. No mesmo ano, foram demitidos 2.077, resultando no maior saldo positivo de trabalhadores haitianos com ocupação formal: 3.938 trabalhadores, o equivalente a 36,5% do saldo total brasileiro.

Gráfico 2 – Admissão, Demissão e Saldo de haitianos no mercado formal de trabalho segundo Unidades da Federação (2014).

Fonte: CAGED/MTE, 2016.

A constituição de Santa Catarina como um polo de atração da mão-de-obra haitiana, vista nos gráficos anteriores, faz com que, conforme indica o Gráfico 3, das dez cidades

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brasileiras que mais admitiram trabalhadores haitianos em 2014, 4 são catarinenses: Chapecó, Itajaí, Joinville e Blumenau.

Gráfico 3 – Principais municípios brasileiros segundo admissão de trabalhadores haitianos no mercado formal de trabalho (2014).

Fonte: CAGED/MTE, 2016.

Como visto, a cidade catarinense com maior contingente de trabalhadores haitianos no mercado formal de trabalho é, atualmente, Chapecó, no Oeste do Estado, região caracterizada pela predominância da agroindústria na economia local.

Veremos, agora, quais são as principais contradições desse processo de inserção laboral dos imigrantes haitianos, na atividade econômica que mais admite trabalhadores haitianos no Estado: a agroindústria, na região Oeste do Estado.

Contradições laborais

A concentração de trabalhadores estrangeiros em geral, e haitianos em particular, em setores mais precários do mercado de trabalho formal no Brasil atesta, em realidade, não apenas as estratégias clássicas de utilização do trabalho imigrante para um emprego sub-remunerado, mas ainda pelo menos três formas de emprego de haitianos para superexploração desta força de trabalho.

No que se refere especificamente à inserção dos trabalhadores haitianos no mercado formal de trabalho da Mesorregião Oeste de Santa Catarina, trabalho de campo realizado no final de Janeiro de 2015 nos permitiu refletir teoricamente sobre as

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condições econômicas, políticas e culturais da presença haitiana na cidade. Para esta reflexão sobre inserção laboral, abordamos especificamente as questões referentes ao mundo do trabalho (que envolve não apenas condições de trabalho e assalariamento como também direitos trabalhistas e condições de alojamento) em que os imigrantes haitianos se inserem. Neste sentido, percebemos a existência de três modalidades de super-exploração da força de trabalho haitiana, ou seja, três mecanismos pelos quais se extrai uma taxa maior de mais-valia destes trabalhadores em relação aos trabalhadores brasileiros.

A primeira estratégia reside na forma com que os alojamentos são “oferecidos” como diferencial no trabalho do frigorífico. A mesma equipe que apresentou à Associação dos Haitianos de Balneário Camboriú o questionário da pesquisa que seria aplicado na cidade presenciou uma reunião de recrutamento em que o alojamento foi oferecido como a principal vantagem diante dos alugueis caros de Balneário Camboriú. O alojamento seria, por consequência, descontado da folha salarial. Diante da mobilidade gerada entre Balneário Camboriú e Chapecó, fomos até a cidade do Oeste Catarinense averiguar as condições do alojamento. O que encontramos (e que já suscitou denúncias formais de outros órgãos e entidades ao Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da Universidade Federal da Fronteira Sul, presente no município) foram condições precárias de alojamento: em um galpão improvisado viviam 44 trabalhadores haitianos de um frigorífico, em 4 módulos. Cada módulo reunia dois quatros e um banheiro para 11 pessoas. O pé-direito era consideravelmente baixo: para os trabalhadores mais altos, apenas um palmo acima de suas cabeças. Inúmeras eram as infiltrações, inclusive sanitárias, e as rachaduras. Também era constante a falta de água no alojamento cedido pela empresa. Cedido a um preço caro: além do desconto em folha de R$32,00, o alojamento havia sido evocado para justificar, durante o recrutamento, uma contratação a um salário inferior ao pago aos trabalhadores brasileiros da mesma empresa.

A segunda estratégia definimos como “alocação discriminadora” no processo de trabalho. Sob esta estratégia, os trabalhadores haitianos (como também os senegaleses) são alocados de forma preferencial nas etapas de produção mais penosas e perigosas. Estes etapas da produção são, por consequência, aquelas que apresentam maior incidência de acidentes de trabalho e de DORTs (Distúrbio Osteomusculares relacionados ao Trabalho). Segundo Ikedo e Ruiz (2014),

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A indústria de alimentos e em particular as atividades de abate de bovinos, suínos, aves e o processamento de alimentos com carne tem posição de destaque na economia regional. As informações previdenciárias associadas à concessão de benefícios de auxílio-doença acidentários (que reconheçam o trabalho como causa de afastamento) mostram uma grande concentração dos acidentes e das doenças ocupacionais nestas atividades econômicas quando comparados com outros setores da indústria de alimentos ou com todo o setor de transformação. As doenças mentais, as doenças neurológicas e as doenças osteomusculares foram as mais importantes causas de concessão de benefícios entre estes trabalhadores, confirmando a magnitude dos riscos ergonômicos, biomecânicos e psicossociais que ameaçam a saúde dos trabalhadores nos frigoríficos (IKEDO e RUIZ, 2014, p. 39).

Nesta segunda estratégia, a extração de mais-valor se ampara na utilização de um trabalhador sub-remunerado em relação aos seus colegas brasileiros de trabalho (por conta de acordos em recrutamento realizados sem a divulgação de informações como valor médio dos salários e mesmo valor do salário após os descontos da legislação trabalhista vigente) em setores que demandam mais esforços, mais intensidade de trabalho. Que desgastam mais, portanto, a força de trabalho.

A terceira estratégia chama a atenção para uma clara e deliberada violação de direitos trabalhistas: a presença de cláusulas, em contratos de admissão e de demissão, em que o trabalhador abre mão de direitos trabalhistas sem saber, em razão de estarem estes contratos redigidos em língua portuguesa e serem eles entregues aqueles imigrantes com pouco ou nenhum domínio do idioma. Juntos, estes três mecanismos combinam-se para a extração de mais-valor, sendo utilizados ora um, ora outro, e ora os três simultaneamente. Embora esta estratégia seja implantada no chão de fábrica nos frigoríficos, seus efeitos não se restringem à unidade de trabalho, mas sim replicam-se socialmente sob a forma de discriminação, segregação e vulnerabilidade.

Conclusão

A pesquisa, ainda em andamento, concluiu que a migração haitiana em Santa Catarina apresenta, pelo menos, duas fases: uma primeira, caracterizada pela concentração da população imigrante em cidades da Mesorregião do Vale do Itajaí, em razão de recrutamento de empresas dessa região realizadas na fronteira do Brasil com o Peru ainda no ano de 2010; e uma segunda, caracterizada, por sua vez, pela dispersão territorial no Estado e concentração posterior na Mesorregião Oeste Catarinense, particularmente na cidade de Chapecó. Essa segunda etapa marca ainda a expansão do

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processo de associação e participação política desses imigrantes (expresso sobretudo no aumento do número de associações).

Outra conclusão importante é a de que existem mecanismos de super-exploração da força de trabalho haitiana no Estado, especialmente em Chapecó. Dos processos de recrutamento até as condições de trabalho, concluímos haver pelo menos três mecanismos de super-exploração dessa força de trabalho: pelo salário inferior ao dos demais trabalhadores, pelo alojamento precário descontado em folha e pela utilização da língua portuguesa como estratégia de violação de direitos trabalhistas no caso daqueles que não dominam o português.

Conclui-se, por fim, que não apenas as condições de trabalho como também de inserção social no Estado são suportadas em razão da necessidade do envio de remessas aos familiares no Haiti, no que o conceito de “dependência de remessas” tem mostrado especial importância teórica. O tema das remessas de migrantes, bem como os conceitos de “dependência de remessas” e “síndrome emigratória”, condicionam, em grande medida, a formação e expansão dos fluxos migratórios haitianos, especialmente em contexto de crise capitalista – em que e essa dependência torna-se mais visível. Situamos esses conceitos dentre de uma agenda futura de pesquisa, que vincule, necessariamente, a esfera de produção de remessas (relações de trabalho) à esfera de consumo destas remessas, pelas famílias residentes no Haiti, de modo a abordar de forma mais totalizante o fenômeno da migração haitiana no Brasil.

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