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Poder Judiciário Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

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RECORRIDO: FEDERAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO HOTELEIRO E SIMILARES DO ESTADO DE SÃO PAULO

ORIGEM: 57ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

Inconformado com a r. sentença de fl. 977/980, cujo relatório adoto, integrada pela decisão de embargos de declaração de fl. 1002 e verso, que julgou extinto o processo sem resolução do mérito, recorre, ordinariamente, o autor, às fl. 1006/1017, insistindo na sua legitimidade ativa para propor a presente demanda, bem como a presença do interesse de agir, pugnando, assim, pelo retorno dos autos à Origem para prolação de novo julgamento, determinando-se, ainda, a produção das provas requeridas pelo autor, arguindo, ademais, a nulidade do julgado por cerceamento de prova e por ausência de fundamentação, com ofensa ao princípio da ampla defesa (artigo 5º, LV e artigo 93, IX, da Constituição Federal), irresignando-se, por fim, contra o pagamento de multa e indenização por litigância de má-fé.

Depósito judicial e custas às fl. 1017-verso/1018. Contrarrazões às fl. 1023/1026.

Ofício n. 0366/2015 da SDI deste Eg. TRT, comunicando que foi negado provimento pelos Ministros da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais do TST ao recurso ordinário em mandado de segurança interposto pelo autor, tendo a decisão transitado em julgado em 23/11/2011 (fl. 1027/1040).

É o relatório.

VOTO

Conheço do recurso, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade.

Da nulidade – cerceamento de prova e negativa de prestação jurisdicional

O julgado a quo extinguiu o processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do autor e pela ausência de interesse, não se havendo falar, pois, em cerceamento de prova, tampouco em maltrato ao princípio da

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ampla defesa, sob alegação de que “ignorada a pretensão do recorrente em

produzir provas, mormente testemunhal” (fl. 1012-verso) e “ao não aguardar o trânsito em julgado, tampouco determinar a exibição de documentos pleiteados na demanda”.

De resto, a sentença adotou tese explícita a respeito do tema, atendendo, pois, às disposições do artigo 832, caput, da CLT e dos artigos 131 e 458, ambos do Diploma Processual Civil, não importando em “inadequação da prestação jurisdicional” o fato de os fundamentos não restarem satisfatórios ou apropriados no entender da parte, por terem sido contrários aos seus interesses. Não se há falar, no mesmo tom, em violação do inciso IX, do artigo 93, da Constituição Federal.

Por fim, emergiu cristalina dos termos do apelo mera irresignação contra a extinção do processo sem resolução do mérito, cuja decisão de Origem será reavaliada por esta Instância Revisora, pelo que não há prejuízo (artigo 794, da CLT).

Afasto.

Da ilegitimidade de parte e da ausência de interesse - perda superveniente do objeto da ação

O autor ajuizou a presente Ação Declaratória de Inexistência

de Direito de Voto em Certame Eleitoral c/c Obrigação de Fazer em

28/07/2008 (fl. 02 e 04), sustentando que as eleições realizadas no dia 19/12/2007 teriam ocorrido de forma irregular, violando preceitos básicos do Estatuto Social da Federação ré, na medida em que os Sindicatos de Ribeirão Preto e de Limeira não teriam pago corretamente as cotas federativas, o mesmo podendo ter ocorrido com o Sindicato de Aparecida, que teria confessado não estar apto a votar, aduzindo, ainda, que a Federação ré teria admitido o Sindicato de Bauru em seus quadros anteriormente à expedição do registro sindical pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de sorte que “os

sindicatos não estariam supostamente aptos a exercer o seu direito de voto, fazendo-se mister, pois, a declaração da nulidade para que não se permita o

exercício de um mandato por uma Diretoria eleita por votos nulos, ...” (fl.

15, grifamos), bem assim que “mais que a inquestionável necessidade de

constatar a regularidade do pleito, necessário se faz que tal questão seja

dirimida antes que a Diretoria eleita mantenha-se ilegalmente na administração, evitando-se com isso, maiores transtornos e irregularidades

estatutárias” (fl. 16, destacamos), perseguindo ao final, nesse tom, consoante

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liminar requerida para declarar suspensos os efeitos das eleições realizadas,

a fim de que não se torne imanente um mandato ilegítimo de uma diretoria eleita por entidades sindicais que possivelmente não estariam quites com as suas obrigações perante o ente federativo, sendo mister, consequentemente,

a nulificação dos atos praticados pelo réu despidos da inequívoca certeza da aptidão de seus filiados em participar de toda Assembleia realizada colimando a deliberação de assuntos de interesse coletivo. (...). c) a conversão dos efeitos da liminar pretendida, caso efetivamente concedida,

com a procedência da presente ação de modo a declarar nulos os atos praticados pelo réu, em especial, para declarar a nulidade da eleição dita realizada em 19/12/2007, nos termos proferidos pelo E. TRT da 15ª Região

supramencionada.” (fl. 22, negritos nossos).

O d. Juízo a quo extinguiu o processo sem resolução do mérito em 28/07/2014, na forma do artigo 267, IV, do CPC, de aplicação subsidiária, por ausência de interesse processual e pela ilegitimidade do autor para figurar no polo ativo da demanda (fl. 977/980).

Entrementes, conforme noticiado nos expedientes de fl. 864/866 e fl. 885 e verso, o mandato decorrente do certame realizado no dia 19/12/2007 encerrou-se em 11/05/2013, sendo certo que foram realizadas novas eleições no dia 22/11/2012, com inscrição de apenas uma única chapa, cuja diretoria reeleita já tomou posse no dia 12/05/2013, consoante corroboram os documentos de fl. 867/869, emergindo flagrante a perda superveniente do objeto da ação.

Com efeito, ainda que se concluísse pelas irregularidades narradas no libelo, a declaração de nulidade da eleição realizada no dia

19/12/2007, sobremodo para que “não se permita o exercício de um mandato

por uma Diretoria eleita por votos nulos”, após a expiração do mandato da

diretoria eleita, seria inócua, vez que impossível de produzir os efeitos

perseguidos na petição inicial, a evidenciar a ausência de interesse prático no resultado da demanda.

Não se pode olvidar que o interesse de agir, embora presente, em tese, no momento do ajuizamento da ação, deixou de existir, por absoluta

ausência de utilidade do provimento jurisdicional pretendido, frise-se,

nulidade do certame realizado no dia 19/12/2007 para que a Diretoria eleita irregularmente não exercesse um mandato inválido, o qual, contudo, já se encerrou no dia 11/05/2013.

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Nesse sentido, aliás, tem se inclinado a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, in verbis:

"APELAÇÃO. SINDICATO. AÇÃO ANULATÓRIA DE

ASSEMBLEIA. Processo extinto, sem análise do mérito, com

fundamento no art. 267, VI do CPC, sem imposição de sucumbência. Apelo da autora. Preliminar de nulidade por cerceio de defesa ante o indeferimento da realização de perícia grafotécnica. Alegação descabida em razão da extinção do processo sem análise do mérito. Pleito restrito à anulação da assembleia realizada no ano de 2009, que elegeu e deu posse à nova diretoria. Mandato dos eleitos já encerrado. Perda

superveniente do objeto. Inutilidade do provimento jurisdicional.

Precedentes desta Câmara e Tribunal. Sentença ratificada nos moldes do art. 252 do RITJSP. Negado provimento ao recurso." (Relator(a): Viviani

Nicolau; Comarca: São José dos Campos; Órgão julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 22/04/2015; Data de registro: 22/04/2015)

Associação. Pretensão de anulação de eleição para a diretoria da entidade. Coisa julgada. Sentença proferida em demanda promovida

pela associação que reconheceu a validade da eleição. Ademais,

mandato dos eleitos que, de todo modo, terminou em abril de 2011, assim denotando, mais não fosse, superveniente ausência de interesse de agir. Processo extinto de ofício. Recurso prejudicado. (Relator(a):

Claudio Godoy; Comarca: Campinas; Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 14/01/2014; Data de registro: 15/01/2014)

NULIDADE DE ASSEMBLÉIA QUE ELEGEU DIRETORIA DE ASSOCIAÇÃO. Chapa vencedora da eleição para o biênio 1.998/2.000

tinha entre seus integrantes ex-sócio, o que é vedado no estatuto. Sentença que acolhe a alegação de nulidade do registro da chapa e determina a realização de nova eleição. Mandato bienal do órgão diretivo que já se esgotou há mais de uma década. Esgotamento do mandato

antes do julgamento da ação. Inviabilidade de se anular todos os atos praticados pelos gestores, em detrimento de terceiros de boa-fé. Perda do objeto por fato superveniente. Prejudicado pedido principal. Condenação da ré ao pagamento de verba honorária, em razão

do princípio da causalidade. Recurso parcialmente provido. PROCESSO CIVIL. Princípio da identidade física do juiz. Não incidência, se a prova oral colhida em audiência era totalmente irrelevante do julgamento da lide, como ocorre no caso concreto. (Relator(a): Francisco Loureiro;

Comarca: Ourinhos; Órgão julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 04/08/2011; Data de registro: 08/08/2011; Outros números: 2005534600)

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Ainda que assim não fosse, o processo seguiria mesmo a sorte da extinção sem resolução do mérito.

De proêmio, tenho, ao contrário do julgado a quo, que o autor tem legitimidade ativa para perseguir, isoladamente, o decreto de nulidade do certame sindical, vez que não há litisconsórcio necessário entre os vinte e oito componentes da Chapa 2 que concorreu às eleições, da qual o autor era candidato à Diretoria Efetiva.

Outrossim, como bem salientado pela Origem, o “documento

de fls. 175 denota que o reclamante é, sim, aposentado. Mas o reclamante não se aposentou pelo exercício da atividade relacionada ao comércio hoteleiro. O reclamante se aposentou como juiz classista (antigamente

denominado vogal), como se infere do documento de fls. 175. As provas carreadas pela reclamada com a defesa comprovam que o antigo empregador do reclamante não existe mais. O simples fato da CTPS do

reclamante não contar com a baixa formal (ou a consignação da data de saída) não leva a concluir que seu contrato de trabalho está (ou esteve em

vigor) nos últimos anos, pelo menos desde 1994 (ou seja, há 20 anos). A extinção do estabelecimento também é uma das causas de extinção do contrato de trabalho. As provas carreadas pela reclamada (volume

apartado) indicam que o antigo empregador do reclamante faliu e que a

massa falida esteve sediada em Belo Horizonte, inexistindo provas de alguma atividade na base territorial de São Paulo. Não há nos autos prova alguma de que ocorreu sucessão de empregadores para que se possa

afirmar que o reclamante é (ou foi) empregado do Hotel Excelsior Ipiranga Ltda. EPP. Também não há nos autos nenhuma prova concreta de que o reclamante, de fato, está (ou esteve) empregado no comércio hoteleiro desde 1994. As afirmações do autor, quanto ao particular, são evasivas e carecem

de provas. Mais uma vez, saliente-se que o reclamante não foi aposentado

pelo exercício de atividade no comércio hoteleiro. Na verdade, ele se

beneficiou da aposentadoria conferida pelo Poder Judiciário, pelo exercício da função de juiz classista (ou vogal). E não como trabalhador da iniciativa privada (no comércio hoteleiro). O art. 530 da CLT estabelece que não podem ser eleitos para cargos administrativos ou de representação profissional, nem permanecer no exercício desses cargos, aqueles que não estiverem, desde dois anos antes, no exercício de atividade ou profissão

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dentro da base territorial do sindicato. O § 2º do mesmo artigo é

peremptório ao afirmar que os associados que estiverem desempregados ou sem trabalho também não podem exercer cargo de administração sindical ou de representação profissional. O fato do reclamante estar no exercício da presidência do SINTHORESP não tem o condão de lhe conferir legitimidade para o ajuizamento desta ação. Sua legitimidade até mesmo para permanecer no comando daquela entidade, em tese, é precária, pois pode ser discutida a qualquer momento, considerando que não preenche os requisitos legais para tanto (art. 530, CLT).” (fl. 979 e verso, grifamos).

Vale destacar, a propósito, o depoimento pessoal do autor no sentido de que “sempre foi da categoria hoteleira; que o único emprego do

depoente foi no Hotel Jaraguá, como garçom, o qual fechou, passando a atuar como recepcionista no Hotel Excelsior, o que não se concretizou, por já se encontrar atuando no sindicato; daí, vieram eleições sucessivas,

restando atualmente aposentado; que o depoente sempre foi presidente;

houve autofalência do Hotel Jaraguá, componente do grupo Horsa, com

filiais em todo País; que o depoente iniciou suas atividades no sindicato no

dia 04/07/1956, admitido no Hotel Jaraguá, permanecendo por 16 anos

como não-optante; que o primeiro mandato do depoente foi 15/08/1972, quando nomeado para junta governativa, (...); que o depoente aposentou-se

como Juiz Classista; que o depoente ainda é presidente da FERTHORESP

desde 1995, salvo engano; que a FERTHORESP foi criada ante a inoperância da federação ré; (...).” (fl. 78/79, destacamos).

Sublinhem-se, ainda, os documentos trazidos à colação, atestando admissão do autor no Hotel Jaraguá em 07/07/1956 (doc. 03, do volume apartado do autor), com anotações nas páginas 42 e 43, de sua CTPS, respectivamente, de afastamento das funções desde 15/08/1972 por ter sido “nomeado Presidente da Junta Governativa do Sindicato dos Empregados no

Comércio Hoteleiro e Similares de São Paulo sem remuneração deste Hotel”,

e de que “suas funções passarão a ser de recepcionista no Hotel Excelsior

localizado na Av. Ipiranga, 770, São Paulo” em 04/01/1985 (doc. 04, do

mesmo volume de documentos), com declaração de 18/09/2007, ademais, do Hotel que iniciou as atividades no ano de 1995, de que “o Sr. Francisco

Calasans Lacerda não é funcionário do HOTEL EXCELSIOR IPIRANGA

LTDA., com início em 1995” (doc. 07, fl. 01 e doc. 15, fl. 01, do volume

apartado da ré, destaques nossos).

Insta ressaltar que o autor se aposentou em 22/05/1990 como juiz classista temporário, representante dos trabalhadores, junto à 39ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP (docs. 07 e 15, do volume apartado do autor),

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sendo certo, outrossim, que a alegação de que “a legitimidade é fato superado

pela concessão da liminar supramencionada” nos autos do processo n.

02067200705702003 (fl. 56 e fl. 1010), não se sustenta, na medida em que a 57ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP homologou o pedido do autor de

desistência da ação, tendo o processo sido extinto sem resolução do mérito

em 30/04/2008, na forma do artigo 267, VIII, do CPC (fl. 179), circunstância que mais reforça o contexto transato.

Todavia, conquanto efetivamente questionável a legitimidade do autor para permanecer no comando da presidência do SINTHORESP, o que impõe o ajuizamento de ação específica, tenho que a sua atual condição de Presidente deste sindicato o legitima a ajuizar a presente ação, pelo que não se haveria falar em ilegitimidade ativa sob este aspecto.

Remanesce, de todo modo, a ausência de interesse de agir, nos moldes deliberados no julgado a quo.

De fato, a petição inicial arvorou-se na alegação de que o Sindicato de Ribeirão Preto teria recolhido valor irrisório a título de contribuição federativa em maltrato ao estatuto da federação; que o Sindicato de Limeira estaria inadimplente desde 2002; que o Sindicato de Bauru não possuiria registro sindical até 21/01/2008; e que o Sindicato de Aparecida teria confessado não estar apto a votar; razão pela qual não teriam direito de voto, o que levaria ao decreto de nulidade do certame realizado no dia 19/12/2007, limite do qual não se pode afastar o julgador.

Não prospera, portanto, o pedido de citação dos Sindicatos de

Araçatuba, Campinas, Catanduva, Piracicaba, São José dos Campos e São José do Rio Preto para a exibição de documentos alusivos ao recolhimento das cotas federativas, realizado somente com o expediente

protocolado em 13/02/2009 (fl. 80), após, como se vê, o ajuizamento da ação em 28/07/2008 (fl. 02), e, inclusive, posteriormente à tomada dos depoimentos pessoais em 09/02/2009 (fl. 78/79), diante da flagrante inovação da lide, vedada pelo ordenamento jurídico, caindo por terra os argumentos recursais no particular.

Certo, outrossim, que, por meio de liminar concedida pela SDI-4 deste Eg. TRT/SP, nos autos do Mandado de Segurança n. 13989.2007.000.02.00-5 impetrado pelo próprio autor, foi determinada a realização das eleições designadas para o dia 19/12/2007 com a participação de todas as chapas inscritas no certame, independentemente da regularidade

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ou não de suas candidaturas (doc. 22, do volume de documentos da reclamada), a qual efetivamente se realizou com a participação das seis

chapas inscritas, conforme se extrai da “Ata de Abertura dos Trabalhos

Eleitorais da Mesa Coletora Número 01” (fl. 519).

E, vislumbra-se da “Ata Geral de Apuração das Eleições Realizadas em 19 de Dezembro de 2007” (doc. 09-A, do primeiro volume de documentos) e da “Lista de Presença das Eleições da Federação dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares do Estado de São Paulo, Realizada no dia 19 de Dezembro de 2007, na Sede da Entidade” (fl. 518), que apenas oito Sindicatos filiados participaram das eleições, a saber,

Araçatuba, Bauru, Campinas, Catanduva, Piracicaba, Ribeirão Preto, São José dos Campos e São José do Rio Preto, tornando-se despicienda,

nessa moldura, a discussão envolvendo os Sindicatos de Limeira e de

Aparecida que, como se vê, não participaram do certame.

Por seu turno, os docs. 38/54, do volume apartado da ré, comprovam o registro do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares de Bauru em 19/02/1990, bem como o recolhimento de contribuições sindicais desde o exercício de 1996, a evidenciar a regularidade do Sindicato de Bauru por ocasião das eleições ocorridas em 19/12/2007, não prevalecendo a notícia veiculada no sítio da Federação ré (doc. 16, do primeiro volume de documentos), afigurando-se abatidas as alegações do autor no particular.

Seguindo, conquanto tenha havido acordo nos autos do processo n. 0090100-10.2008.5.15.0153, ajuizado pelo autor em face do Sindicato de Ribeirão Preto (fl. 831/832), no qual se discutiu a regularidade do repasse da cota federativa devida à Federação ré, a avença foi homologada pela 6ª Vara do Trabalho de Ribeirão Preto/SP nos termos da petição de fl. 826/827, no sentido de que “houve erro no repasse das cotas federativas e o

suposto exercício irregular do direito de voto nas eleições da Fechesesp que, na época, foi contornado mediante intervenção da própria direção da entidade federativa. Assim sendo, se conclui pela desnecessidade de se levar adiante a presente lide, razão pela qual vem o réu, pela presente, concordar

parcialmente com os termos da demanda, porém, nos valores consignados pelo laudo pericial.” (fl. 827), que é “muito inferior ao valor indicado pelo autor” (fl. 826, destacamos), à luz, inclusive, do valor determinado pela

própria diretoria da Fechsesp (fl. 829).

De todo modo, ainda que se reconhecesse o impedimento do

Sindicato de Ribeirão Preto para participar como votante das eleições

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participaram do certame, consoante “Ata Geral de Apuração das Eleições

Realizadas em 19 de Dezembro de 2007”, denunciando que a contagem de “...08 (oito) votos, todos válidos, foram computados para a chapa de nº 01

(hum) registrada, sendo certo que as demais chapas não receberam nenhum voto; não se verificando, em consequência, qualquer voto nulo ou

em branco” (fl. 521/522, negritos e grifos nossos). Dessarte, a Chapa 02 da

qual o autor fazia parte não recebeu nenhum voto, enquanto a Chapa 01, desconsiderando o voto do Sindicato de Ribeirão Preto, recebeu os outros 07

(sete) votos, a evidenciar que o resultado das eleições não se alteraria com a declaração de inexistência de voto deste ente sindical, emergindo mesmo a

ausência de interesse de agir do autor.

Nesse sentido, aliás, o parecer do Ministério Público do Trabalho (fl. 74/77), opinando que “Pela ata geral de apuração das eleições

realizadas em 19/12/2007 (doc. 09-A – apresentado pelo autor), percebe-se que os Sindicatos de Limeira e Aparecida não votaram. Em relação ao Sindicato de Bauru, juntou a ré documento que prova que seu registro foi publicado no D.O.U. de 19/02/90 (doc. 38 – apresentado pela ré). Quanto ao Sindicato de Ribeirão Preto permanece a dúvida relativa a sua adimplência, não obstante tenha participado da eleição. É possível ao Juiz determinar a exibição dos balanços contábeis da ré, a fim de aferir a situação em que se encontram seus filiados, com base nos artigos 355 a 363 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho. No entanto, de acordo com a

ata das eleições, todos os oitos votos foram computados para a chapa 1, não tendo as outras chapas recebido votos. Assim, mesmo que constatada eventual irregularidade do Sindicato de Ribeirão Preto, concluindo-se que não tinha essa entidade direito de voto, o resultado das eleições permaneceria inalterado. Assim sendo, houve perda do objeto dos pedidos de exibição de documentos e improcede o pedido de anulação da eleição.

Desse modo, opina o Ministério Público do Trabalho seja a apresente ação julgada IMPROCEDENTE.” (fl. 76/77, grifamos).

Como corolário, aflora a ausência de interesse de agir e, inclusive, a perda superveniente do objeto da ação, impondo-se mesmo a extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do artigo 267, VI, do CPC, ainda que sob diverso fundamento da Origem.

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Sustentou o autor no apelo, em síntese, que a maneira de condução do processo pelo d. Juízo a quo, que determinou a suspensão do processo que perdurou por cerca de três anos, nada obstante a impetração pelo autor de mandado de segurança em face desta decisão, proferindo, ainda, decisões contraditórias, é que teria dado causa à protelação do feito, perseguindo, assim, o afastamento das penalidades aplicadas.

Todavia, como bem enfatizou o julgado a quo, “Os limites da

lide são definidos com a petição inicial e não podem, sob pena de nulidade, sofrer ampliação no curso do processo, sob pena de mortal ferimento ao princípio da ampla defesa. Portanto, a decisão de fls. 98 foi um pouco além do desejado, pois para o deslinde deste feito basta o trânsito em julgado das ações ajuizadas pelo autor em face dos Sindicatos de Aparecida, Bauru, Limeira e Ribeirão Preto. A decisão de fls. 98 foi proferida em 23-03-2009 e determinou que as partes informassem nos autos quando ocorresse o trânsito em julgado das decisões. Contra ela, o próprio reclamante se insurgiu categoricamente em pelo menos duas oportunidades anteriores (fl. 102/172 e 186/188). A decisão foi mantida pelo Juízo. Por longo tempo, as partes

permaneceram inertes e o processo permaneceu aguardando ‘sine die’, sem nenhuma notícia ou andamento. Após assumir a titularidade da vara e para

dar cumprimento aquela determinação, provoquei as partes em 13-10-2011 (fl. 423) e, em audiência, conclui, inicialmente, pela continuidade da suspensão do andamento do processo, determinando que as partes trouxessem provas do andamento das ações e notícias acerca do eventual trânsito em julgado a cada 90 dias. Naquela oportunidade, o reclamante se insurgiu quanto à determinação do Juízo, afirmando peremptoriamente (fl. 423) (‘in verbis’): ‘protesta quanto a suspensão do feito, pois entende

desnecessário o trânsito em julgado das demais ações...’. Logo, a

insurgência do autor quanto ao encerramento da instrução processual determinada posteriormente pelo Juízo, apresentada em razões finais de fls. 963 a 965 e na petição de fls. 959 a 960 não tem qualquer razão de ser e

conflita, justamente, com suas afirmações anteriores, o que caracteriza a preclusão consumativa.”, e, ainda, que “os ‘prints’ das ações juntados pelo

reclamante e que se relacionam ao Sindicato de Aparecida e região, Ribeirão Preto, Limeira e Bauru, ou seja, aquelas que efetivamente dizem respeito ao objeto da lide denotam o seguinte: (...). O autor não trouxe aos autos cópias das sentenças e acórdãos, mas, da síntese dos documentos juntados é possível concluir que o reclamante não obteve êxito em nenhuma das ações e que todas elas transitaram em julgado. Portanto, não há que se falar em

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nulidade alguma em razão da determinação de encerramento da instrução processual.” (fl. 977-verso/978, grifos nossos).

Nessa moldura, incensurável a r. sentença de Origem no sentido de que “O reclamante praticou atos que denotam infração ao art. 14

e 17 do CPC. Carreou aos autos inúmeros documentos na tentativa de

induzir o Juízo em erro (art. 17, I, do CPC). Grande parte dos documentos

carreados pelo autor às fls. 903 e seguintes não se referem ao objeto da lide,

mas, sim, se relacionam a ações ajuizadas pelo reclamante em relação aos Sindicatos do Comércio Hoteleiro de Araçatuba (fl. 908), de Campinas (fl. 918), Campinas (fl. 922, Dtalhe: trata-se de ação ajuizada em 19-06-2013, ou seja, SEIS ANOS APÓS A ELEIÇÃO QUESTIONADA), Catanduva (fl. 923), Piracicaba (fl. 926), Campos do Jordão (fl. 929) e São José do Rio Preto (fl. 937). Além disso, praticou atos incompatíveis entre si, o que

demonstra que seu único intuito era protelar o andamento do feito. Ao

mesmo tempo em que protestou contra a suspensão do processo, requerendo o julgamento da lide (fl. 423) insurge-se, sem que qualquer fato novo ocorra ou justifique seu pedido (fl. 959/960 e 963/965) em relação ao encerramento da instrução processual. Concluo,portanto, que o reclamante

agiu de forma temerária, não levou em conta o seu dever de proceder com lealdade e boa fé, tentou alterar a verdade dos fatos para levar o Juízo em erro e provocou incidentes manifestamente infundados, o que denota grave infração aos arts. 14 e 17 do CPC. Por estes motivos, condeno o reclamante a pagar à reclamada, com fulcro no art. 18, caput e § 2º do CCP multa no valor equivalente a 1% do valor arbitrado pelo Juízo à causa e indenização no valor equivalente a 20%, calculada sobre o mesmo valor. Além disso, sob o mesmo fundamento, arcará com os honorários advocatícios em favor da parte contrária, no valor equivalente a 20% sobre o valor arbitrado pelo Juízo.” (fl. 979-verso/980 e fl. 1002 e verso, destacamos), que mantenho.

Nego provimento.

ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário interposto pelo autor, na forma da fundamentação do voto da Relatora.

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SANDRA CURI DE ALMEIDA

DESEMBARGADORA RELATORA

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