ESCOLA DE ASSOCIATIVISMO
Pílulas de Associativismo (10 assuntos) – Uma visão de São Paulo
Benefícios de uma Sede
1. A sede é um atestado de maioridade de uma associação;
2. Quando crescemos saímos da casa dos nossos pais para a nossa casa, assim também deve ser com as associações que participem ou não de um sistema confederativo;
3. Ter uma sede é tão importante para uma associação quanto ter uma casa para uma família;
4. A sede não precisa começar grande e suntuosa. No exemplo mais marcante do ES começou com o aluguel de uma sala, uma reunião dos associados em pé e um pedido do líder que na reunião seguinte cada associado trouxesse uma cadeira como doação a associação;
5. A primeira sede típica de uma associação é uma sala alugada, uma mesa para um secretário(a), uma mesa grande de reuniões, uma geladeira e um telefone;
6. A sede aproxima os associados;
7. A sede aumenta a auto-estima dos associados e o conceito da associação junto a organização que eventualmente participe, junto aos empregados que colaboram com as associadas e em especial aos olhos dos governos, da imprensa e de toda a sociedade;
8. A sede de uma associaçao deve ser um desejo permanente dos associados que precisam se esforçar para transforma-lo numa realidade sustentável;
9. É reconhecido o valor dos símbolos no fortalecimento das sociedades. Uma sede, com certeza, é um símbolo muito forte que, junto com logomarca, bandeira, ajuda a despertar orgulho e envolvimento das associadas.
10. A existência de uma sede alimenta outros sonhos maiores da associação como, por exemplo, oferecer serviços de advocacia, de serviços de medicina do trabalho, de central de compras, de centro de inovação, uma obra social para envolvimento também das senhoras dos associados;
11. A decisão de ter uma sede não pode ser tomada sem a constatação de que recursos para mantê-la estarão garantidos e não haverá retrocesso;
12. Inclua o projeto de uma sede no seu planejamento estratégico e envolva
todos os associados no esforço de transformar este projeto numa realidade
num curto espaço de tempo;
Pílulas de Associativismo
A importância da Renovação
1. Uma associação que não se renova tende a desaparecer;
2. A renovação deve existir principalmente na sua diretoria mas também é fundamental que aconteça nos projetos que a associação se dedica;
3. A renovação funciona como uma oxigenação nova na associação;
4. Pela renovação da diretoria é dada oportunidade a mais associados a experimentarem as alegrias, as dificuldades de dirigir um grupo de pessoas com os quais compartilha ideais, sonhos, angustias, sofrimentos, vitorias, alegrias;
5. A renovação da diretoria funciona também como a poda no mundo vegetal fazendo rebrotar os galhos, as flores os frutos;
6. Sintomas de falta de renovação em associações: baixa frequência nas reuniões, desanimo em enfrentar as dificuldades, falta de candidato para assumir cargo na diretoria, pouca relevância da associação na sociedade;
7. Um cuidado especial que os associados devem ter é com as propostas de mudanças no Estatuto da associação para prolongar mandatos, para permitir reeleições sem fim.
Normalmente isto é feito de surpresa pelos dirigentes mal intencionados, com convocações de baixa publicidade e com prazo de realização bem próximo da convocação. Nunca é feita uma discussão maior das razoes para permitir reeleições/prorrogações. Muitas vezes as manifestações de discordância são sufocadas por ameaças veladas e por falas de apoio de puxa-sacos escalados para tanto. Uma outra pratica muito comum é da baixa presença na reunião convocada mas com coleta de assinaturas na ata da reunião dos associados mal informados e de boa-fé;
8. A alegação de quem está no cargo de presidente de uma associação de que precisa continuar no cargo porque ninguém quer assumir, que se não aceitar a associação irá acabar, na expressiva maioria das vezes não é verdadeira. Este discurso pode estar escondendo vontade de manutenção do poder, de continuar usufruindo de benefícios eventuais que o cargo proporciona. Esta alegação normalmente revela que um trabalho de qualidade sofrível está sendo realizado e que por isto não existe motivação dos associados para assumirem a presidência da associação;
9. A história das associações mostra que a maioria dos segundos mandatos são piores do que os primeiros. Muito pior quando o dirigente se eterniza no cargo. Uma situação totalmente indesejável mas muito comum é a aquela em que o dirigente que se eterniza passa a achar que a associação é dele, passa a adotar um comportamento altamente danoso ao futuro da associação quando confundindo as coisas, se posiciona sem ouvir os associados. O desastre chega quando o dirigente passa a utilizar dos bens e recursos da associação em seu beneficio, em beneficio da sua família e faz cooptação dos demais dirigentes distribuindo com eles indevidamente o que não lhe pertence e sim a todo o conjunto dos associados;
10. Uma associação pode ser um meio de ascensão política mas não deve ser utilizada como ferramenta para esta ascensão.Não se pode utilizar recursos de uma associação p/
promoção de imagem pessoal. Não se pode desviar recursos da associação da sua finalidade da arrecadação para ajudar a eleger partidariamente uma liderança desta associação;
Pílulas de Associativismo
Inovação no Associativismo
1. A importância da inovação deve ser lembrada sempre nas associações pois tal como nas empresas, ela é vital para a sobrevivência, o desenvolvimento das mesmas. A associação que acredita e pratica o principio da melhoria contínua é exemplo forte para as associadas o aplicarem onde quer que seja: na vida pessoal, na empresa, na organização, na entidade, em outras áreas de atuação;
2. Também as associações necessitam de inovação para serem mais ouvidas, influenciarem mais, crescerem, prestarem um melhor serviço aos seus associados, se fortalecerem, comunicarem melhor e com mais amplitude, terem um custo menor de operação, por exemplo;
3. Algumas inovações bem sucedidas já ocorreram em algumas associações. Estas mesmas inovações, implementadas em outras associações, continuariam sendo consideradas inovações? Alguns exemplos de inovações no associativismo:
a. racionalização de processos, tanto nas áreas meio quanto nas áreas fins;
b. substituição de conselhos fiscais por auditorias independentes;
c. não eleição de diretores secretários, ou administrativos; de diretores tesoureiros ou financeiros;
d. eleição de diretores vice-presidentes com função para cuidar de áreas fins bem definidas;
e. cobrança de contribuição associativa diferenciada pela quantidade dos serviços oferecidos;
f. fusão de varias associações em uma só com o mesmo objetivo das fundidas;
g. utilização inteligente, acompanhada, das mídias sociais;
h. novas formas de captação de recursos para sustentabilidade da associação;
i. instituição de associadas mantenedoras;
j. adoção de ferramenta de captação de doações pelo site;
k. eleição do futuro Presidente com dois anos de antecedência do final do mandato do presidente atual como medida garantidora da desejada renovação (isto já é praticado nas associações dos Rotarys Clubes);
l. criação de um serviço de apoio para a recuperação de clientes com restrição de credito;
4. Possibilidades de inovação a serem exploradas:
a. Implantação de mecanismo de “recall” para destituição de presidentes que não estejam correspondendo aos anseios da maioria das associadas;
b. Iniciativa de cooperação aberta na web para solução de problemas das associações(p.ex. 1. a falta de recursos financeiros para promover uma adequada comunicação na associação; 2. Aumento do quadro social de associadas; 3. Atendimento competente a demandas jurídicas e de regulação ambiental das associadas com custo acessível às mesmas;);
c. Procedimentos simplificadores para tornar as associações mais eficientes na prestação de serviços às suas associadas;
d. Iniciativas na área de comunicação que não só viabilizem sustentavelmente a existência de uma boa assessoria como também se tenha, nesta área vital para as associações, uma autocrítica forte, uma preocupação permanente com a melhoria contínua;
5. A inovação nas associações da saúde:
a. Grande parte das atividades de saúde no nosso pais é realizada por instituições centenárias, de elevado conceito, mas que com certeza podem desenvolver uma maior competência em inovar métodos de gestão das associações, das unidades de saúde, dos procedimentos administrativos e de novos serviços;
b. Um grande desafio das associações filantrópicas de saúde é uma relação de alto nível com o setor publico pagador de expressivos valores dos serviços de saúde do Brasil. Preocupação em inovar para reduzir a influencia política negativa nas associações filantrópicas de saúde é um desafio muito atraente;
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Aumento do numero de associadas
1. Nas associações empresariais o objetivo da diretoria é ter como associadas todas as empresas, ter 100% das empresas objeto dos trabalhos da associação. Não sendo possível o objetivo passa a ser o de ter o maior numero possível de associadas. Em inúmeros outros tipos de associações este tema é também altamente relevante e por isto é objeto das preocupações da escola;
2. Ter um representativo quadro de associadas deve ser um objetivo permanente num planejamento estratégico de uma associação. O que precisa ficar bem conhecido por todos os dirigentes de uma associação é que isto não é obtido somente com vontade, mas com trabalho inteligente, com uma boa gestão da associação, com um plano de ação para filiar novas associadas.
3. Uma maneira testada com sucesso foi a iniciativa da Federação das Industrias do Estado do Espirito Santo batizada de “Dia de Associar-se”. Um dia inteiro ou meio dia de atividades de motivação de possíveis novas associadas, previamente identificadas e insistentemente convidadas.
4. Atividades de motivação podem ser palestras de interesse das futuras associadas, presença de autoridades de boa avaliação, vídeos e apresentações de qualidade, exposição de serviços oferecidos pela associação e de ações realizadas que resultaram em benefícios para todos as associadas. No caso da iniciativa da FINDES havia até a encenação de uma peça teatral especialmente escrita para estimular empresas com o sugestivo título de “Buscando a sua turma”.
5. Reiteramos que é da maior relevância para este trabalho efetuar um levantamento prévio de quem pode ser e ainda não é associado, fazer visitas programadas a estas empresas/pessoas/instituições com o objetivo de fazer uma breve apresentação da
associação que está captando novas associadas. Havendo a possibilidade da presença nestas visitas de representantes de já associadas que tem relação com o visitado é da maior importância;
6. O trabalho descrito no item acima, nas associações bem sucedidas, é feito por pessoal contratado com a mesma função de RM - Relações com o Mercado das empresas comerciais que buscam novos clientes;
7. Os convites para participar de uma reunião motivadora / sensibilizadora / captação efetiva de associadas devem ser enviados pelo menos três vezes por meio eletrônico e telefonemas devem ser feitos para reiterar o convite e pedir confirmação de presença;
8. Uma possibilidade relativamente pouco utilizada é a da fusão de associações que, tal como na fusão de empresas, pode gerar uma grande sinergia positiva fortalecendo muito a associação resultante da fusão;
9. Ter muitas associadas é fundamental para se ter uma associação forte. Existem situações entretanto que é melhor criar uma nova associação do que ter um numero exagerado de sócios que tal como um numero pequeno de associadas é prejudicial à associação. Nestes casos é recomendável que se crie uma nova associação;
10. Tópico Final: Definitivamente não existe nenhuma ação mais importante para captar novas associadas do que a de ter uma diretoria entusiasmada, competente, que não só realize um trabalho de valor percebido para as associadas, mas também tenha capacidade de comunicação para que as associadas e as não associadas conheçam o bom trabalho realizado. O contagio pelo entusiasmo e pela entrega de resultados é inevitável e resulta em aumento do quadro associativo.
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Desenvolvimento de Mercado pelas Associações Empresariais
1. Uma associação empresarial tem que ter entre os seus objetivos permanentes e principais o desenvolvimento de ações que aumente o mercado para as vendas das suas associadas;
2. Uma associada só sobrevive e progride se vender o que produz, se houver mercado para os seus produtos;
3. O que fazer para desenvolver o mercado ? Muitas coisas a cada vez que pensamos no tema. Algumas dicas: pesquisar todos os clientes da área de atuação que pretende alcançar, conhecer as razoes que fazem um cliente da sua região de atuação não comprar os produtos que são produzidos na mesma região (muitas vezes o comprador não sabe que aquele produto que ele compra é produzido ao lado dele), promover ações de capacitação das associadas para aumento da sua competência e da sua qualidade;
4. O desenvolvimento do mercado pode ser feito com divulgação coletiva inteligente do setor mostrando as suas habilidades, os seus produtos;
5. O desenvolvimento do mercado se faz também com a atração de novas empresas do setor, com o estímulo as expansões das empresas existentes, com a maior integração das empresas do setor;
6. O desenvolvimento do mercado se faz também com a existência de uma infraestrutura tecnológica avançada (laboratórios, centros tecnológicos setoriais, disponibilidade próxima e a custo acessível de quadro de consultores competentes p.ex) que permita as empresas do setor a desenvolverem projetos inovadores, a produzirem com certificação de qualidade;
7. Capacitar suas associadas para atendimento das exigências das empresas grandes compradoras;
8. Conhecer os grandes projetos de investimento, difundir estas informações para as associadas e fazer ações políticas e administrativas para que compradora e vendedora se aproximem, se conheçam e joguem um jogo de ganha;
ASSOCIATIVISMO E DEMOCRACIA Prof. Lígia Helena Hahn Luchmann UFSC
-"associativismo é uma escola de cidadania"
-"associações são espaços que qualificam a participação dos indivíduos"
-"associações provêem informações, contribuem para a criação de espaços de participação, empoderam os indivíduos para uma participação mais ativa e qualificada"
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Governança – não é só o Presidente que precisa trabalhar
1. Uma diretoria mínima de uma associação precisa de um presidente, um vice presidente, um diretor administrativo financeiro e um diretor de comunicação;
2. As atividades de uma associação eficiente normalmente são distribuídas pelos diretores das mesmas.
3. Como as associações são dirigidas por trabalho voluntário, o pagamento mais estimulante para este trabalho é o reconhecimento dos associados ao trabalho que vem sendo realizado pela diretoria ou a sua critica veemente quando nada está sendo feito.
4. Uma boa associação para ter bons resultados precisa ter suas decisões mais importantes tomadas por mais de um diretor, não importa se ele seja o presidente;
5. Recomenda-se que pela menos duas vezes ao ano haja uma convocação geral das associadas para reuniões com pauta de grande interesse. O estimulo à manifestações dos presentes deve ser elevado para aproveitar a oportunidade de ter uma avaliação do que estão pensando.
6. Movimentação financeira, compra e alienação de patrimônio devem sempre ter uma representação da associação por pelo menos dois diretores;
7. A prática de deixar cheques assinados em branco é uma irresponsabilidade do dirigente que assim procede. Antes de uma prova de confiança no outro dirigente que assina junto é um total desrespeito aos associados que o elegeram;
8. As associações bem sucedidas tem planejamento estratégico, gestão da estratégia, plano de trabalho pelo menos anual, orçamento anual e demonstrações financeiras mensais e anual. O plano de trabalho e orçamento devem ser aprovados ate 15 de dezembro de cada ano e a prestação de contas com relato do que foi realizado e com as demonstrações financeiras de 31/12 de cada ano devem ser submetidas à análise e aprovação de uma instancia superior, normalmente um conselho ou uma assembleia de associados até 30/04 do ano seguinte;
9. Um bom plano de comunicações ajuda muito a associação a prestar contas, mostrar o trabalho que vem realizando, a captar novas associadas, a justificar o investimento das associadas na mesma;
10. Uma associação bem sucedida normalmente faz pelo menos uma reunião mensal da sua diretoria e pelo menos duas reuniões anuais com seus associados;
11. Toda diretoria de uma associação deve exigir uma auditoria independente das suas movimentações financeiras e das suas atividades.
12. Toda nova diretoria que assume deve contratar uma auditoria independente, diferente da que eventualmente trabalhou auditando o mandato que se encerra;
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Sustentabilidade financeira é vital
1. Um dos indicadores básicos de controle das associações é a sua receita. Se não houver receita, uma associação não conseguirá prestar serviços, nem de informação. Por isto é fundamental que uma associação se preocupe, planeje e acompanhe a receita que consegue arrecadar;
2. Como um empreendimento qualquer, uma associação necessita também de um plano de negócios para garantir a sua perenidade. O plano de negócios tem que prever receitas possíveis e a aplicação adequada dos recurso arrecadados na prestação de serviços que são a causa fundamental da existência da associação. Se uma associação não consegue prestar os serviços que os seus mantenedores necessitam, ela irá perder estes mantenedores com certeza, se os recursos não forem uma obrigação legal destes mantenedores;
3. Para que uma associação exista ela precisa ter um objetivo bem definido, se possível, exclusivo, que estimule associados/as a contribuírem financeiramente e com seu tempo e seu talento, suas habilidades, para que o objetivo seja alcançado;
4. Mas, uma coisa precisa ficar bem clara, se uma associação não tem competência de executar o que se propõe ela vai morrer, se ela depender de contribuições voluntárias.
Por isto as associações que não tem contribuições obrigatórias são muito melhores, na sua maioria esmagadora, do que as associações que recebem recursos obrigatórios/compulsórios como no sistema sindical brasileiro. Quem não entrega não merece existir! Ninguém pagará para não receber nada em troca.
5. Um planejamento inteligente de receitas de uma associação deve prever o maior numero possível de fontes de receitas viáveis: contribuições associativas, mantenedoras/parcerias, doações diretas ou via internet (ex. site Doare), patrocínio, rifas, consultorias pagas, anúncios em publicações físicas ou virtuais, eventos superavitários como seminários, exposições/feiras e a ultima novidade é o crowdfunding, uma captação via internet para objetivos nobres.
6. Uma medida especialmente prudente e recomendável para as associações é a da criação de um fundo de reserva para momentos de crise;
7. Fatores que ajudam muito na sustentabilidade de uma associação é a sua imagem e a sua visibilidade. Se uma associação tem uma boa imagem de prestação de serviços aos seus associados e à sociedade e se ela se comunica bem, com certeza terá mais facilidade em obter recursos para a sua sustentabilidade;
8. Um presidente diligente, que acompanhe a evolução das receitas, das despesas e dos investimentos, junto com um diretor financeiro prudente, responsável, que tenha um bom relacionamento, que tenha argumentos que valorizem a associação, sao vitais para a sustentabilidade da associação;
9. Muitas associações, dentro da sua política de comunicações, contratam profissionais especialistas em RM (Relações com o Mercado) para trabalharem na manutenção das associadas existentes e na conquista de novas associadas. É uma ação normalmente eficaz. Um obstáculo comum é a falta de recursos para contratar estes profissionais cujo trabalho aumentaria as receitas. Ficamos então no dilema: não tenho dinheiro para contratar quem pode ajudar a aumentar a receita... Muitas vezes é preciso romper este dilema com coragem.
10. Uma coisa precisa ser mais uma vez explicitada: Não existe uma boa associação que não tenha fonte de recursos para mantê-la. Para ter uma boa associação é necessário se preocupar com as fontes de recursos para a sua manutenção e expansão.
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MD08 - Compliancee Transparência nas associações
(conformidade, adequação, boas normas de conduta, prestação de contas, publicidade das contas)
Abertura
1. Uma associação deve ser administrada como uma empresa privada de capital aberto, que possui muitos sócios e é negociada numa bolsa de valores. Tem que seguir as normas de compliance e ser transparente.
2. Os dirigentes de uma associação devem se empenhar para desenvolver suas atividades de forma cristalina e da melhor maneira. Têm o dever, a obrigação de serem transparentes como águas cristalinas, de prestar contas das suas atividades e do que fazem com os recursos financeiros e patrimoniais da associação;
Compliance
3. Comply, em inglês, significa “agir em sintonia com as regras”. Compliance, em termos didáticos, significa estar absolutamente em linha com normas, controles internos e externos, além de todas as políticas e diretrizes estabelecidas para a sua atividade.
É assegurar que a associação está cumprindo à risca todas as leis, todas as imposições dos órgãos de regulamentação, em todos os padrões exigidos. Isso vale para as esferas ética, trabalhista, fiscal, contábil, financeira, ambiental, jurídica, previdenciária, e outras.
(Adaptado da fonte: Endeavor Brasil)
4. Uma associação estar em “compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos.
Sugestões de atividades de compliance
5. Quais são os objetivos, papéis e responsabilidades da função de compliance na organização?
a. analisar meticulosamente os riscos operacionais;
b. gerenciar os controles internos (o profissional dessa área é uma espécie de “xerife”
das normas e procedimentos, em todas as esferas da organização);
c. desenvolver projetos de melhoria contínua e adaptação às normas técnicas;
d. analisar e prevenir situações de fraudes (esse profissional tem também papel consultivo; não se trata apenas de cobranças e imposição de mudanças);
e. monitoramento, ...
Na visão da importante organização que apoia os empreendedores brasileiros, a Endeavor Brasil, são:
Monitoramento, junto aos responsáveis pela TI, no que se refere às medidas adotadas na área de segurança da informação;
Realização de auditorias periódicas;
Gerenciar e rever as políticas de gestão de pessoas, juntamente com os responsáveis pela área de Gestão de Capital Humano.
Trabalhar na elaboração de manuais de conduta e desenvolver planos de disseminação do compliance na cultura organizacional;
Fiscalização da conformidade contábil de acordo com as normas internacionais (International Financial Reporting Standards – IFRS);
Interpretar leis e adequá-las ao universo da empresa (ou associação - adicionado pela EA).
6. Uma preocupação permanente obrigatória que um dirigente de uma associação deve ter é se a aplicação dos recursos arrecadados está absolutamente de acordo com o previsto na legislação eventual que respalda a atividade da associação, no caso especifico de arrecadação compulsória. Nas arrecadações espontâneas das associadas a aplicação tem que ser a das finalidades explicitas da associação previstas no seu Estatuto.
Transparência / Prestação de Contas
7. Um estatuto claro e o menor possível, um bom regulamento eleitoral e procedimentos administrativos modernos e cuidadosos ajudam muito as associações a serem transparentes.
8. A não existência de fornecedores com privilégios, de colaboradores incompetentes ou relapsos admitidos e mantidos, e a existência de regras eleitorais democráticas que não restrinjam candidaturas indevidamente, que permitam o amplo direito de voto aos associados e estabeleça o voto aberto são questões relevantes, importantes para uma associação ser transparente.
9. A prestação de contas deve ser a mais ampla possível, através de sites, jornais, painel na sede da associação, rádios, remessa de material impressão;
10. O detalhamento das prestações de contas deve ser adequado para o estimulo à leitura pelos associados e pela sociedade em geral. Uma prestação de contas adequada é a aquela que pode ser entendida pelos associados pelo menos;
11. Pedidos eventuais de maiores detalhes devem ser recebidos positivamente como uma manifestação de interesse pela associação e devem ser atendidos prontamente;
12. Não devemos ter receio de compartilhar informações de uma associação que não é secreta. Não podemos estimular que informações circulem restritamente e nem que sejam propositalmente incompletas;
13. Associações que recebem recursos públicos, recursos captados compulsoriamente, como associações mantenedoras de hospitais filantrópicos, entidades sindicais (sindicatos, federações e confederações), precisam ser mais rigorosas ainda para fazer seus procedimentos de maneira adequada, conforme e mais cuidadosas em detalhar prestações de contas dos recursos que receberam.
Desvios mais comuns
14. A lógica da desonestidade passa obrigatoriamente pela falta de transparência, pela prática de não prestar contas, de tornar os números difusos, opacos, genéricos. Se alguém não se empenha para prestar contas detalhadas, cuidado! Quando predominam despesas gerais e falta de detalhamento de receitas e despesas temos um adubo para desvios. Tem que haver prevenção e cuidado para zelar pelos recursos da associação.
15. Erros mais primários de dirigentes são de natureza administrativa ou eleitoral: os de natureza administrativanormalmente são desvios de finalidade e os eleitorais derivam sempre de estatutos e regulamentos eleitorais mal elaborados.
16. São exemplos de desvios administrativos, o pagamento de despesas pessoais dos dirigentes voluntários como seguros de vida e de saúde, utilização de veículo da associação ou pagamento de veículo alugado com motorista para atender o dirigente em necessidades particulares, atender parente ou amigo de dirigente, pagar passagens aéreas de familiares acompanhantes de dirigentes, autorizar passagens aéreas em classe executiva ou primeira classe sem consulta e aprovação dos associados, promover festas suntuosas, estabelecer diárias de viagem com valor muito alto, sem necessidade de prestação de conta, ajudas e patrocínio de viagens e eventos que não sejam muito relevantes para a associação, pagamento de mais diárias do que as efetivamente necessárias, custeio de despesas de publicidade com claro intuito de promoção pessoal de dirigentes, autorizar pagamento de despesas de caravana de representantes acompanhados para eventos nacionais e internacionais, pagamentos de despesas desproporcionais e abusivas de refeições de dirigentes e de convidados.
17. No caso de despesas de viagem a prática mais adotada deveria ser a que as empresas de capital aberto normalmente adotam: uma diária limite com a exigência de uma prestação de contas. Havendo despesas inferiores à da diária estabelecida, o dirigente deve devolver o valor do excesso. Havendo despesas superiores, o dirigente deve elaborar uma justificativa e solicitar o reembolso que tem que ser aprovado pela maioria dos membros da diretoria.
18. Exemplos de desvios eleitorais: eleições truculentas, com lista de adesão, compra de voto com favores, admissão de pessoas indicadas ou liberação de recursos seletivos, favores feitos com meios que são de todos os associados; aprovação, elogio e prática de regras estatutárias e do regulamento eleitoral anti-democráticas que permitam a perpetuação de dirigentes no cargo mais elevado da associação, a restrição de candidaturas competitivas e
do amplo direito de voto dasassociadas e o impedimento do voto aberto e da possibilidade de mais do que uma chapa para concorrer ao pleito.
Encerramento
19. o comportamento, o exemplo dos dirigentes é responsável pela credibilidade e a reputação de uma associação em primeiro lugar, mas para que haja transparência e para que os procedimentos todos da associação estejam conforme com o que deve ser, é fundamental também a vigilância, a cobrança da prática da coisa certa. Manuais de procedimentos, códigos, ajudam mas não são suficientes. O engajamento da diretoria e da maioria dos associados é que garantirá que a associaçãoseguirá realmente os procedimentos de compliance, que será transparente e que assim terá sucesso.
20. Por quê fazer certo e mostrar para quem tiver interesse em conhecer ? Porque além de ser uma obrigação de um bom dirigente de associação, este procedimento promoverá resultados esperados, irá compor uma imagem positiva da associação, gerando a credibilidade e visibilidade indispensáveis para aumentar o numero de associados, para captar parceiras e apoiadoras que ajudem a dar sustentabilidade financeira e perenidade à associação.
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MD09 - Comunicar é preciso
1. Entram e saem diretorias e ouvimos dos associados, dos colaboradores das associações, da imprensa, dos políticos, da sociedade como um todo, que as associações se comunicam mal, que mesmo quando fazem, entregam muita coisa, pouca gente fica sabendo.
2. Qual o papel da comunicação na gestão de uma associação? Uma associação necessita prestar contas, conquistar novos associados, divulgar os serviços prestados, etc... Estes pontos não podem ser esquecidos. Para que haja uma boa comunicação numa associação é necessário definir os objetivos de comunicação mais apropriados para a mesma.
3. O que falta para que as associações se comuniquem melhor ? Comunicar bem significa se comunicar com diferentes públicos. Para cada público há uma técnica de comunicação mais adequada.
4. Não se consegue comunicar se não houver uma disponibilidade adequada de recursos financeiros no orçamento das associações para este fim. Não se consegue comunicar bem se os recursos não forem alocados nos veículos que alcançam os públicos-alvo das associações.
5. É diferente fazer uma comunicação eficaz numa associação com poucos associados e com muitos associados. Não faz sentido utilizar canal aberto de televisão para enviar mensagens para um pequeno número de associados.
6. Uma associação precisa se preocupar também com a comunicação com o seu público interno, conceituado aqui como os colaboradores da associação.
7. A comunicação é uma área que passa por constantes mudanças e inovações. As associações devem se adaptar às mudanças de comportamento e de tecnologia.
Devem, ao mesmo tempo, evitar modismos, que podem não entregar os resultados desejados.
8. Muitas associações utilizam a imagem de seu Presidente e/ou Diretores em sua comunicação. O Presidente, os Diretores são importantes, com certeza, mas o abuso da utilização da imagem e da citação do Presidente e dos Diretores pode provocar um efeito negativo na comunicação da associação.
9. A boa imagem de uma associação está diretamente ligada à qualidade dos serviços que ela presta aos seus associados e a uma boa comunicação. Uma excelente associação pode não ter uma boa imagem perante aos seus associados e perante à sociedade em geral se não tiver uma boa comunicação que mostre, que ressalte o que a associação está realizando.
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MD10 - Política partidária nas associações: um risco a evitar
1. Em princípio, a existência da prática de atividades de política partidária nas associações só deve existir nas associações partidos políticos.
2. Atividades de natureza política são normais nas associações mas estas ações não devem ser partidárias, respeitada a exceção da associação partido político.
3. Quando uma associação assume iniciativas, ações de natureza político-partidária, ela corre um grande risco de ter as suas atividades prejudicadas na hipótese de que o(s) partido(s) politico(s) apoiado(s) perde(m) as eleições e o partido vencedor decide retaliar a associação, não apoiando as suas propostas, os seus pleitos, não prestigiando os seus eventos, não a ouvindo, não a comunicando ações relevantes para o grupo dos associados ou até mesmo a perseguindo.
4. O principal dirigente de uma associação deve evitar de expor a sua posição política em publico, através da imprensa e das redes sociais. Sua posição pessoal normalmente é confundida como uma posição da associação.
5. Uma providencia fundamental para evitar a influencia política numa associação é estabelecer no Estatuto da mesma a proibição de diretor ou associado com mandato político, com mandato em partido político ou exercendo cargo público de indicação política. O associado ou diretor que se interessar pela política partidária deve se licenciar da associação, no máximo até a data do registro da sua candidatura.
6. Um candidato não eleito e que não for indicado politicamente para qualquer cargo público pode voltar a participar das atividades e da direção da associação.
7. As associações devem sim estimular, a serem candidatos, seus bons dirigentes que tenham vocação para a política partidária. Afinal, o associativismo é uma escola de cidadania, uma ferramenta fundamental da democracia.
