AUTO DA BARCA DO INFERNO
GIL VICENTE
Painel anônimo, século XVI
Tríptico de Jerônimo Bosch, O carro de feno
Breve explicação sobre o tríptico:
Nas partes laterais pintou "O caminho da vida", alegoria dos peregrinos que espiam o homem na sua vida terrena. No painel da esquerda, pintou quatro episódios da perdição do homem: a queda dos anjos rebeldes, a criação de Eva, o pecado original e a expulsão do Paraíso Terrestre. No painel da direita, representou o Inferno, onde demônios pedreiros constroem grandes torres para abrigar todos os condenados.
Mas foi no painel do centro o seu grande trabalho. Representado pelo carro de feno, símbolo dos prazeres mundanos, que é arrastado para o inferno por criaturas sinistras. Faz um apontamento para o insensato caminho da perdição humana.
Observa-se a aglomeração num tumulto ao redor do carro até ser degolada ou atropelada pelas rodas por um punhado de feno. O carro de feno representa o mundo, puxado por demônios e monstros seguidos por membros de todas as classes.
Sobre o carro, alheios ao horrível tumulto que se verifica abaixo, sentam-se aqueles que vivem no pecado da luxúria: um casal de camponeses beija-se no meio da moita enquanto outros se dedicam a uma música lasciva, acompanhados por uma figura demoníaca com nariz em tromba e cauda de pavão, alusão à vaidade. Também são símbolos de luxúria o jarro e o bufão que emergem da moita. Um grande cortejo segue o carro. Entre as figuras a cavalo podemos identificar, vestidos luxuosamente, o Papa, o Imperador e o Rei da França, seguidos pela nobreza; nem sequer os poderosos da Terra estão a salvo da corrupção e do pecado; por outro lado, Bosch mostra-nos o heterogêneo e frenético cortejo. Abaixo, escondido dos olhares dos outros, um frade gordo desfruta da sua parte de feno, reposto por freiras atarefadas num grande saco.
Humanismo
• Início: 1418 – nomeação de Fernão Lopes como guarda- mor (cronista) da Torre do Tombo (local onde se guardavam os arquivos históricos de Portugal desde
1378).
• Período de transição entre a Idade Média (Trovadorismo) e a Renascença (Classicismo)
• Crise do Feudalismo – início do Mercantilismo
• Prosperidade e ascensão da burguesia mercantil
• Crise na Igreja Católica
• Resgate e valorização dos temas da antiguidade clássica
(greco-romana)
Gil Vicente
• Pai do teatro português
• Auto da visitação ou Monólogo do vaqueiro (1502)
• 1517 – Auto da barca do inferno
• Sátira alegórica com elementos sacros e
profanos, chamada de moralidade (ridendo castigat mores: rindo corrigem-se os
costumes)
• Cenário: batel (porto) junto ao rio da
Eternidade (rio Lethes) onde estão duas
barcas ancoradas, uma com destino ao Paraíso
e outra com destino ao Inferno.
• Tempo: intervalo entre as marés, quando são trazidas as novas personagens
• Estrutura gótica em que 12 cenas justapostas que se seguem num único ato
• Não há unidade dramática (as ações não se encadeiam como numa narrativa)
• As personagens são planas
• Tematização do juízo final (religioso, cristão) após a morte
• Retrata a vida social portuguesa do fim da
Idade Média.
O Fidalgo
Vaidade, Tirania, Presunção
O Onzeneiro
Usura, Cobiça, Ganância
Parvo
Humildade, Simplicidade, Inocência
Sapateiro
Roubar, enganar, cobiçar, trapacear
Frade
Cortesão, luxurioso, prática má da fé cristã e
de seus juramentos
A Alcoviteira – Brísida Vaz
Mentirosa, hipócrita, aliciadora
Judeu
Não cristão, acúmulo de dinheiro,
ganância
Corregedor e Procurador
Corruptos, mentirosos, enganadores,
buscavam o favorecimento próprio
O Enforcado
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