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A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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1 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Maria Isabel Santos Polese Pedagogia: Docência e Gestão Educacional Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná, UNICENTRO Campus de Chopinzinho Edaniele Cristine Machado do Nascimento

Resumo: Esse trabalho apresenta algumas considerações sobre a Avaliação na Educação Infantil. O objetivo principal da pesquisa foi compreender o processo de avaliação na Educação Infantil e qual a concepção dos professores sobre a avaliação. Para atingir os objetivos optamos por realizar estudos bibliográficos e, também, aplicar um questionário. Como resultado da coleta de dados ficou evidente que os professores compreendem a avaliação como uma forma de dizer o que a criança consegue ou não fazer das atividades. Como conclusão, apresentamos uma reflexão que busca considerar a avaliação na Educação Infantil como processo contínuo de desenvolvimento integral da criança, a qual deve ser planejada e reavaliada conforme as especificidades e singularidades do grupo infantil.

Palavras-chave: Avaliação; Educação Infantil; Desenvolvimento; Criança.

INTRODUÇÃO

O ato de avaliar tem valor em relação ao processo educacional, dessa forma, a avaliação presente no processo educativo deve investigar e acompanhar o processo ensino-aprendizagem dos alunos e também dos professores, pois ambos estão envolvidos na construção do conhecimento. Na Educação Infantil essa prática deve considerar a criança, acompanhando suas fases de desenvolvimento físico e cognitivo.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs) a Educação infantil é definida como:

Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré- escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (BRASIL, 2010, p.4).

Sendo que de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a

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2 Educação Infantil (BRASIL, 1998), a avaliação nessa etapa deve ser processual e considerada como um conjunto de ações que leva o professor a refletir sobre o processo de aprendizagem, procurando melhorá-lo, ajustando assim sua prática às necessidades das crianças.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, (LDB nº 9394/96), estabelece que a Avaliação na Educação Infantil “far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem objetivo de promoção, mesmo para o caso do Ensino Fundamental” (BRASIL, 1996, Seção II, artigo 31).

Na qual a avaliação deve ser compreendida como parte do trabalho pedagógico para acompanhar o desenvolvimento físico e intelectual da criança.

Porém, observamos que na realidade algumas instituições de Educação Infantil utilizam o método classificatório para avaliar as crianças. Avaliação passou dar mais ênfase aos instrumentos e registros, do que propriamente a avaliação do ensino-aprendizagem, “[...] que o professor se preocupa mais com os critérios de secretarias” (HOFFMANN, 2000, p. 9). Assim, a autora destaca que a avaliação perde o sentido quando toma uma forma artificial, a qual desconsidera a criança.

Na Educação infantil,

Essa excessiva formalização da avaliação, passa a cumprir o duplo objetivo de controlar a ação do professor e o comportamento infantil, revelando-se em práticas que buscam cumprir apenas uma exigência legal, reduzindo o importante papel da avaliação que passa a desconsiderar o verdadeiro cotidiano da criança e a postura pedagógica do professor (HOFFMANN, 2000, p. 11).

A autora traz como exemplo, em seus estudos, o caso da elaboração de fichas comportamentais classificatórias semestrais, instrumento avaliativo nos quais as crianças são classificadas em escalas comparativas, tais como:

atingiu; não atingiu; muito bom; bom; fraco; etc.

Portanto, considera-se que a avaliação deve estar presente em todos os momentos do cotidiano das crianças na instituição de Educação Infantil, assim como nas atividades propostas pelos professores e equipe pedagógica. Avaliar na Educação Infantil significa acompanhar a construção dos conhecimentos pelas crianças. Pois, compreende-se que a avaliação neste nível de ensino

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3 deve acompanhar o desenvolvimento integral da criança, ocorrendo de forma processual através de observações diárias e registros das atividades pedagógicas, como as ações de cuidado e educação, relações e interações das crianças com seus pares e adultos, como também as brincadeiras das crianças.

Partindo das considerações apresentadas esta pesquisa buscou compreender a Avaliação na Educação Infantil e qual a concepção dos professores sobre o processo avaliativo das crianças. O interesse pela temática se desenvolveu no início da graduação no curso de Pedagogia, como também no contato com as crianças no estágio da Educação Infantil. Dessa forma, pretende-se destacar a importância da Avaliação na Educação Infantil e sua contribuição no desenvolvimento da criança.

Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa na qual primeiramente foi desenvolvido um estudo bibliográfico com o objetivo de embasar as reflexões aqui contidas. Posteriormente foi realizada a aplicação de questionário para conhecer os conceitos e as práticas avaliativas dos professores nas turmas do Berçário I, Berçário II e Maternal I, em dois Centros de Educação Infantil do Município de Coronel Vivida/Pr. Na construção do texto apresentado pretende-se realizar um exercício de analise teórico-prática, utilizando os dados coletados para refletir criticamente sobre a função da Avaliação na Educação Infantil.

Este trabalho organiza-se da seguinte forma: primeiramente apresentamos como forma de avaliação na Educação Infantil, a avaliação formativa e mediadora,as práticas pedagógicas e como se deve acompanhar o desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Em seguida apresentamos e refletimos sobre a concepção e as práticas dos professores participantes da pesquisa, relatadas por meio do questionário. E como conclusão, apontamos os limites e as perspectivas para o avanço da pesquisa sobre o tema.

1. A AVALIAÇÃO FORMATIVA E MEDIADORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Para melhor compreender a Avaliação na Educação Infantil, precisamos conhecer os principais instrumentos e formas que envolvem tal ação, bem

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4 como compreender as práticas pedagógicas relacionadas ao método avaliativo para acompanhar o desenvolvimento da criança.

Primeiramente temos que conhecer as fases do desenvolvimento infantil para planejar o trabalho pedagógico e acompanhar o processo de desenvolvimento e aprendizagem nesse percurso. Pois acompanhar é certamente conviver em diversas situações em que as aprendizagens precisam ser realizadas. A avaliação no cotidiano da instituição de Educação Infantil deve ser um processo contínuo, assim entendido como um processo de aprendizagens, interações, relações e vivências entre as crianças e os adultos, onde devem-se buscar diferentes instrumentos e formas de avaliar e registrar o desenvolvimento da criança.

Na Educação Infantil, a avaliação formativa acompanha o processo de desenvolvimento da criança ao longo do ano, no qual pode-se perceber as conquistas e as dificuldades da criança. A avaliação deve ser mantida na prática do professor, onde todas as vivências e experiências das crianças devem ser valorizadas para a qualificação de nosso trabalho. Sendo assim,

“[...] a avaliação deve adotar o sentido essencial de acompanhamento do desenvolvimento infantil, de reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano dando continuidade à ação pedagógica” (RABELO, 1998, p.13).

A avaliação na Educação Infantil é parte da prática pedagógica e precisa ser vista pelo educador como instrumento que o auxilia no planejar e na criação de estratégias favoráveis ao desenvolvimento da criança. Nesse sentido, Hoffmann (2000; 2005), Barbosa (2006) Barbosa e Horn (2008) apontam que para avaliar é necessário conhecer bem a criança através da observação para, posteriormente, refletir sobre as conquistas e as dificuldades das crianças enquanto resultados da forma avaliativa, nesse processo o professor precisa mediar as aprendizagens significativas para as crianças.

As autoras supracitadas apresentam três possíveis práticas avaliativas:

a avaliação a serviço da investigação do desenvolvimento da criança; o avaliar como projeto de futuro, aquela relacionada a forma de avaliação tradicional; e, o princípio ético na avaliação.

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5 A primeira prática de avaliação a serviço da investigação do desenvolvimento da criança deve partir da observação das atividades no dia a dia da criança. A segunda prática, sobre o ato de avaliar como projeto de futuro, define a classificação do aluno a partir do coletivo em relação aos outros alunos. O terceiro, sobre o princípio ético na avaliação, considera mais que o conhecimento da criança, respeitando suas individualidades e necessidades no processo de desenvolvimento.

Assim, Hoffmann (2005) destaca a importância da avaliação da aprendizagem enquanto um espaço para a ampliação da confiança mútua e da reciprocidade entre o professor e a criança. De tal modo que a avaliação da aprendizagem tem “[...] intenção de promover melhores oportunidades de desenvolvimento dos alunos e de reflexão crítica da ação pedagógica, a partir de desafios intelectuais permanentes e de relações afetivas equilibradas”

(HOFFMANN, 2005, p. 23).

Outro ponto que deve ser levado em consideração ao pensar na forma avaliativa na Educação Infantil diz respeito as nossas convicções, pois de acordo com Barbosa e Horn (2008, p.97), “[...] os procedimentos que utilizamos para avaliar, revelam nossas concepções sobre a aprendizagem, a infância e a educação, expondo, assim, os modelos teóricos que nos apoiam”.

Assim, considera-se que a Educação Infantil deve proporcionar experiências e interações com o mundo social e físico da criança, de forma ajustada com as suas idades, seguindo princípios e concepções pedagógicas.

Pois, de acordo com Paniagua e Palacios (2007) quando essa interação não acontece, as experiências educativas não são interessantes e acabam criando dificuldades no desenvolvimento das potencialidades das crianças.

A Educação Infantil viabiliza o processo educativo com objetivos educacionais de aprendizagem, e a avaliação faz parte disso. De acordo com Abramowicz (1996) a experiência da avaliação faz parte de nossa vida, da sociedade atual, em tudo o que nos cerca, num sentido extenso em nosso cotidiano. O que precisamos compreender é que no processo educativo da criança na Educação Infantil, a avaliação deve ser um instrumento de

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6 investigação das fases do seu desenvolvimento integral e jamais para quantificar ou subjugar suas conquistas ou dificuldades.

Também sobre essa perspectiva, Hoffmann (2014) defende a avaliação mediadora como uma concepção para conhecer e avaliar o cotidiano educativo e as aprendizagens com um olhar diferenciado do professor, pois este ao avaliar, deve proporcionar momentos de troca de ideias, concepções e teorias para favorecer a aprendizagem. Assim pode-se dizer que a avaliação mediadora é definida como um novo olhar sobre o processo ensino- aprendizagem da criança, buscando a reflexão para os próximos passos.

Com isso, a referida autora aponta alguns pressupostos básicos para a avaliação mediadora, sejam eles:

(a) uma proposta pedagógica que vise levar em conta a diversidade de interesses e possibilidades de exploração do mundo pela criança, respeitando sua própria identidade sociocultural, e proporcionando- lhe um ambiente interativo, rico em materiais e situações a serem experienciadas; (b) um professor curioso e investigador do mundo da criança, agindo como mediador de suas conquistas, no sentido de apoiá-la, acompanhá-la e favorecer lhe novos desafios; (c) um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca da ação e do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o seu fazer pedagógico (HOFFMANN, 2010, p. 20).

Por isso a avaliação é complexa e de extrema importância, porém mui- tos profissionais não se dão conta que a avaliação depende de observação e planejamento na prática do professor. Sendo assim, a avaliação pode adotar o sentido de acompanhamento do desenvolvimento infantil, de reflexão perma- nente e contínua sobre a ação pedagógica para a aprendizagem das crianças em seu cotidiano.

Nesse sentido, a avaliação deve ampliar o olhar do professor a respeito do contexto da aprendizagem e das atividades realizadas com as crianças. O docente deve estar atento ao modo como foram executadas tais atividades, como as brincadeiras, contação de histórias, dança, música, teatro, pintura, linguagem matemática, oral e escrita, higiene, alimentação, sono, etc. e o que norteou os procedimentos, a saber: o ambiente, o espaço, o tempo, os materiais, as escolhas, enfim, tudo que cerca o momento da realização das

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7 atividades. A avaliação poderá ser realizada em forma de observação e registro.

Portanto, o olhar do professor sobre os aspectos que facilitam ou dificultam o desenvolvimento das crianças ajudará a organizar e reorganizar outras atividades, os materiais oferecidos, as formas de execução e os agrupamentos de crianças. Assim o professor terá como prever, já no planejamento, as ações que contribuirão para alcançar seus objetivos e facilitar o aprendizado da criança para o seu desenvolvimento integral.

2. A CONCEPÇÃO E AS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM CORONEL VIVIDA – Pr.

Após compreender a avaliação na Educação Infantil como acompanhamento do desenvolvimento da criança, optamos por ouvir professores dessa primeira etapa da Educação Básica. Dessa forma, construímos um questionário com sete questões abertas e aplicamos com doze professores em dois Centros de Educação Infantil do Município de Coronel Vivida – Pr, nas turmas do Berçário I, Berçário II, e Maternal I. Sendo que a avaliação nos CMEIS é realizada no dia a dia da criança nas brincadeiras e atividades propostas pelos professores. A seguir explicitaremos as respostas dos professores sobre as questões.

Ao serem questionados sobre a periodicidade da Avaliação na Educação Infantil, os professores do Berçário I, entendem que esta deve ser feita diariamente, como um meio de acompanhar o desenvolvimento da criança, como um auxílio no processo de ensino, onde permite que a criança perceba e acompanhe seus avanços. Sobre a importância da Avaliação na Educação Infantil, os professores consideram que a avaliação amplia o olhar do educador sob sua prática, mostrando assim a evolução do desenvolvimento da criança, que também ajudará no processo de aprendizagem. A avaliação no CMEI ocorre por bimestre, sempre registrando tudo, em seguida é feito um relatório individual de cada criança. Os instrumentos que os professores utilizam na avaliação das crianças, são por meio da observação das atividades práticas e registros das mesmas. Sobre a importância do professor na prática avaliativa

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8 na Educação Infantil, os professores afirmam que conforme a LDB, a avaliação será feita como o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, no qual o professor é o mediador desse desenvolvimento que será proposto, então é de suma importância. Diante das respostas é possível observar que os determinados professores têm uma compreensão positiva da avaliação na Educação infantil, quando consideram que esta acompanha o desenvolvimento da criança.

Os professores do Berçário II, afirmam que a avaliação é diária, e é um documento escrito com objetivo de registrar o desenvolvimento da criança no âmbito escolar. Elas apontam que a importância da avaliação na Educação Infantil possibilita pais e professores consultá-la para conhecer a criança e analisar seu desenvolvimento e mudança no decorrer do ano letivo. A avaliação se realiza no CMEI a partir das observações nos mais diversos momentos da rotina, atividades, convívio social, brincadeiras, desenhos e linguagem, constando se a criança desenvolve as ações correspondentes a sua faixa etária. Os professores afirmam que os instrumentos utilizados na avaliação das crianças são: observação, conversas e registro. Eles consideram que a importância da prática avaliativa na Educação Infantil requer o compromisso do professor, pois ele é um dos agentes principais nesse período de desenvolvimento da criança, juntamente com ele estão a equipe pedagógica e a família das crianças para que possam observar qualquer dificuldade da criança seja na oralidade, na realização de atividades ou na relação com outras crianças. Aqui também é possível observar que os referidos professores entendem a avaliação positivamente ao apontarem que a mesma deve ser realizada em conjunto com a família, a gestão pedagógica e o professor, na mediação das atividades, interações e brincadeiras.

Os professores do Maternal I consideram que a Avaliação na Educação Infantil favorece ao professor para desenvolver atitudes de estímulo com os alunos para que possam melhorar sua capacidade de desenvolvimento. Eles compreendem a importância da avaliação na Educação Infantil, ao avaliar a criança, observando se ela é capaz de desenvolver a percepção, a linguagem, a concentração, as habilidades motoras. Porém, aqui temos respostas

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9 contraditórias ao conceito positivo de avaliação na Educação Infantil, pois estes professores compreendem que a avaliação deve servir para favorecer ao professor, deixando a criança em segundo plano, apenas medindo sua capacidade de ação.

Sobre os instrumentos de avaliação, os professores responderam que ocorrem através do registro no caderno do professor, e em seguida preenchendo uma ficha com itens que ajuda a acompanhar o desenvolvimento da criança em cada etapa. Os instrumentos que são utilizados na avaliação das crianças é a observação contínua da evolução, o desempenho da criança, a capacidade e socialização e a participação das crianças nas atividades propostas.

Sobre a importância do professor na prática avaliativa na Educação Infantil, responderam que ele é o mediador e o observador que possui total responsabilidade junto ao pedagogo, sobre as informações prestadas.

Sobre o destino dos registros de avaliação, os professores das três turmas, responderam que estes são impressos em três vias, sendo que uma via fica arquivada no CMEI, na pasta de registro de cada aluno, outra via dos registros de avaliação é destinada aos pais ou responsáveis, e outra para a Secretária de Educação do município. Como vemos, tanto os instrumentos quanto os registros de avaliação, ocorrem da mesma forma nos dois Centros de Educação Infantil, o que demonstra um padrão de avaliação adotado pela secretaria de educação do município na Educação Infantil, Porém, compreendemos que dessa forma, corre-se o risco de não considerar a criança na sua integralidade e individualidade nos critérios pré-definidos de avaliação.

A partir da pesquisa ficou evidenteque os professores compreendem a avaliação como uma forma de dizer o que a criança consegue ou não fazer das atividades, também conhecida como forma de medir o “conhecimento” o que difere da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL 2010), onde o objetivo da avaliação é acompanhar o desenvolvimento da criança. A forma como os professores avaliam podem indicar uma visão quantitativa do processo de

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10 avaliação como medida, logo pode interpretar que faz parte do processo de escolarização ou pela “imposição” dos sistemas de ensino.

Mesmo sem perceber os professores compreendem a avaliação como na escola de ensino fundamental, pois em alguns momentos afirmaram os termos “âmbito escolar”, “avaliar” e “aluno”, dos quais eles dizem ter o dever de avaliar com objetivos de promoção e qualificação. Dessa maneira, foi possível perceber que os professores preenchiam as fichas avaliativas de forma tradicional classificando as crianças como alunos e apontando-as como capaz ou incapaz, como exemplo observado na ficha avaliativa o uso dos termos:

atingiu, não atingiu. Ficou claro, desta forma, que os professores não consideram as diferenças e especificidades de cada criança e o nível de desenvolvimento de cada uma delas. Por mais que a palavra desenvolvimento tenha aparecido nas respostas da maioria dos professores, a concepção de desenvolvimento está atrelada às questões físicas e motoras das crianças, deixando de lado os demais aspectos constituintes do ser infantil, como as linguagens, as expressões, os gestos, a alegria, a comunicação e interação com os pares.

Também observamos que os professores se assumem como centro da avaliação, pois esta “amplia o olhar do educador sob sua prática” (professores do Berçário I) ou “favorece ao professor para desenvolver atitudes de estímulo com os alunos” (professores do Maternal I), ou seja, a criança não aparece como centro das proposições da avaliação.

Estas foram impressões retiradas da pesquisa, pois foi possível compreender que a avaliação nas duas instituições, cumpre a função de comprovar o trabalho dos professores sobre as atividades com as crianças, deixando de lado a real função de acompanhá-las em seu desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a avaliação na Educação Infantil nos levou a compreender que esta deve estar atrelada ao desenvolvimento da criança, do qual depende a centralidade nas propostas avaliativas que considerem sua integralidade e

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11 individualidade através de uma atitude ética e responsável dos adultos que com elas interagem seja na instituição de Educação Infantil, seja no âmbito familiar.

Consideramos que os objetivos do estudo foram alcançados, pois através dos questionários conseguimos compreender que a concepção de avaliação dos professores na prática está atrelada a uma visão quantitativa e escolarizante da infância. Bem como o estudo bibliográfico possibilitou construir um conceito de avaliação na Educação Infantil como processo do desenvolvimento da criança, a qual deve ser planejada e reavaliada conforme as especificidades e singularidades do grupo infantil.

A realização da pesquisa apresentou os limites e as novas possibilidades de estudos, por isso, esperamos que as discussões apresentadas neste trabalho estimulem novas pesquisas sobre a temática, pois compreendemos que esta deve ser articulada com a busca da qualidade na Educação Infantil, como processo nas vivências, brincadeiras e interações das crianças em um ambiente e espaço pensado e planejado para ela.

REFERÊNCIAS

ABRAMOWICZ, M. Avaliando a avaliação da aprendizagem: um novo olhar.

São Paulo: Lúmen, 1996.

BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil.

Porto Alegre: Artmed, 2006.

______. HORN, M. G. S. de. Projetos pedagógicos na educação infantil.

Porto Alegre: Armed, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC/SEF, 1996.

______. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.

Brasília: MEC/SEF, 1998.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.

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12 HOFFMANN, J. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2000.

______. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2005.

______. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2010.

______. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 33ed. Porto Alegre: Mediação, 2014.

PANIAGUA, G; PALACIOS, J. Educação infantil: resposta educativa à diversidade. Porto Alegre: Artmed, 2007.

RABELO, E. H. Avaliação: novos tempos, novas práticas. Petrópolis: Ed.

Vozes, 1998.

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