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O cuidado além da técnica: uma experiência de voluntariado em oncologia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE ONCOLOGIA Letícia Wondracek

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

O CUIDADO ALÉM DA TÉCNICA: UMA EXPERIÊNCIA DE VOLUNTARIADO EM ONCOLOGIA IJUÍ-RS 2013

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Letícia Wondracek

O CUIDADO ALÉM DA TÉCNICA: UMA EXPERIÊNCIA DE VOLUNTARIADO EM ONCOLOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Pós graduação em Oncologia da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Oncologia.

Orientadora:

Solange Maria Schmidt Piovesan

IJUÍ-RS 2013

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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí Departamento de Ciências da Vida - DCVida

Curso de Pós graduação em Oncologia

A COMISSÃO ABAIXO ASSINADA APROVA O PRESENTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO INTITULADO:

O cuidado além da técnica: uma experiência de voluntariado em oncologia

ELABORADO POR

Letícia Wondracek

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

Especialista em Oncologia

COMISSÃO EXAMINADORA:

Solange Maria Schmidt Piovesan Professor Orientador

Cleci Schmidt Piovesan Rosanelli Professor da Banca

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A Deus, que guia os meus passos a cada dia. “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem sucedidos.” Provérbios 16:3

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O cuidado além da técnica: uma experiência de voluntariado em oncologia

Caring Beyond the Technique: An Experience of Volunteering in Oncology

Leticia Wondracek, Enfermeira, Pós Graduanda em enfermagem pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí/RS. E-mail: leticiaw.enf@gmail.com

Solange Maria Schmidt Piovesan, Enfermeira, Mestre em educação nas Ciências pela UNIJUÍ. Enfermeira da Equipe Matricial vinculada à Coordenação Municipal de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Ijuí/RS. E-mail> solangepiovesan@yahoo.com.br

Resumo: O presente trabalho é o relato de uma experiência de estágio voluntário em Centro de Alta Complexidade em Oncologia realizado no interior do Rio Grande do Sul. No decorrer do texto são apresentadas reflexões sobre o cuidar a partir da vivência de uma acadêmica de enfermagem em estágio observatório e sua relação com os sujeitos em tratamento. A partir da análise de dois relatos de interação com pacientes e a correlação com estudos teóricos faz-se uma reflexão sobre os cuidados de enfermagem que podem ser ofertados além dos procedimentos técnicos a fim de melhor tratar os sujeitos com câncer. Discorremos sobre a importância do voluntariado na formação pessoal e profissional do voluntário e os benefícios em prol dos indivíduos em tratamento oncológico.

Palavras chave: enfermagem, oncologia, voluntariado hospitalar.

Abstract: The present work is the story of a voluntary training experience in High Complexity Center in Oncology carried out in the interior of Rio Grande do Sul. Throught the text are given reflextions about caring from the experience of a nursing student in the observatory stage and its relationship with patients being treated. Based on the analysis of two stories of interaction with patients and the correlation with theoretical studies it is a reflection on the nursing care that can be offered

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besides the technical proceedings in order to better treat cancer patients. We describe about the importance of volunteering in personal and professional training of the volunteer and the benefits in favor of people in cancer treatment.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...5

INTRODUÇÃO...8

O ESTÁGIO VOLUNTÁRIO...10

A HISTÓRIA DE DONA LORENA...10

A SONDAGEM DE DONA LÚCIA...11

DIMENSÕES DE CUIDADO...12

CONSIDERAÇÕES FINAIS...15

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Introdução

Com o aumento do número de casos de câncer a cada ano a área da oncologia vem crescendo em tecnologia e exige, portanto, investimento em formação profissional qualificada para atender a demanda. No ano de 2010 o Instituto Nacional do Câncer – INCA – registrou um índice de mortalidade por câncer de 97.587 homens e 79.457 mulheres de diversas faixas etárias em todo o território brasileiro (INCA, 2013).

A demanda de tratamento oncológico tem crescido significativamente, seja pelo aumento da expectativa de vida, seja pelo aumento no número de diagnósticos devido a programas de rastreamento. As políticas públicas de saúde como o Pacto pela Saúde têm colocado o tratamento do câncer como prioridade nas estratégias de saúde (MS, 2006). Ciente disso, o INCA tem investido na qualificação dos profissionais no conhecimento em oncologia, o que abrange prevenção, diagnóstico precoce, assistência e reabilitação (INCA, 2008).

Conforme a Política Nacional de Atenção Oncológica, definida na Portaria Nº 2.439/GM, de 8 de dezembro de 2005 (BRASIL 2005), não somente os profissionais que atuam diretamente nos centros de alta complexidade, mas todos os profissionais da enfermagem necessitam ter conhecimento sobre o tratamento do câncer e as complicações da patologia. O sujeito comprometido transita desde a atenção básica, onde a equipe atenta e com conhecimento técnico científico pode realizar o diagnóstico precoce, até a alta complexidade, onde o indivíduo submete-se a cirurgias, quimioterapia e radioterapia, além das internações clínicas em hospitais, decorrentes das complicações e/ou cuidados paliativos.

Em estudo sobre a percepção dos profissionais da estratégia de saúde da família em relação à sua atuação na assistência ao paciente oncológico, os profissionais referem perceber um descompasso entre a rede de atenção básica e a alta complexidade em oncologia, o que dificulta o acompanhamento dos pacientes (BARON&SOUZA 2012). Assim, os profissionais que atuam nos diversos níveis de complexidade precisam conhecer os sinais e sintomas do câncer a fim de identificá-lo precocemente, e tratá-lo de maneira adequada.

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Além do material produzido especificamente para profissionais, também há a oportunidade para trabalho voluntário junto aos sujeitos com câncer. É crescente o número de estudos que apontam os benefícios do suporte emocional a essas pessoas, fortalecendo-os para enfrentar as agressões causadas pelas terapias antitumorais. Nesse sentido, os voluntários podem ser de grande auxílio para aliviar o sofrimento dos pacientes e seus familiares (ARAÚJO, 2007; SOUZA&SANTO, 2008).

O INCA inclui o voluntariado em suas diretrizes institucionais, salientando a importância desse trabalho no sucesso do tratamento. No Manual INCAvoluntário, os sujeitos são informados sobre a história da Instituição, do tratamento do câncer no Brasil e, dessa forma, são incluídos no cotidiano do serviço e se comprometem com os objetivos da Instituição e consequentemente das pessoas em tratamento (INCA, 2009).

O trabalho voluntário beneficia não somente quem recebe o cuidado, mas também àqueles que dispõem de seu tempo, recursos e habilidades voluntariamente. Em estudo sobre a percepção de profissionais de saúde sobre o voluntariado hospitalar, o indivíduo que realiza trabalhos voluntários tem motivações que incluem ampliar sua rede de convivência, obter até mesmo status social, assim como aprimorar habilidades ou conhecimento técnico, como é o caso de grande parte dos estudantes que se voluntaria durante a formação profissional (EBERSOLE; THORELLI citado por MONIZ e ARAÚJO, 2008).

Os voluntários em geral são pessoas leigas, às vezes pacientes que já passaram pela experiência do tratamento oncológico e que querem partilhar sua experiência, ou também estudantes da área que procuram ter maior contato com os pacientes. A seguir relatamos uma experiência de trabalho voluntário em Centro de Alta Complexidade em Oncologia vivida durante o período de Graduação em Enfermagem.

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O estágio voluntário

Ao iniciar o curso de enfermagem todos os alunos estão ávidos por começar as atividades práticas e os estágios. Nesse mesmo sentimento tive, ainda no segundo semestre de faculdade, a oportunidade de conhecer mais de perto a oncologia.

Ingressei em um grupo de estudos sobre o tema, denominado Compreendendo o Câncer e, durante uma visita ao Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia — CACON — em um hospital na região Noroeste do Rio Grande do Sul, surgiu a possibilidade de conhecer melhor o cotidiano daquele serviço. Demonstrei meu interesse e assim iniciei minha trajetória de um ano de estágio voluntário.

O fato de estar no segundo semestre e ainda não ter iniciado as atividades teórico práticas curriculares fez com que esse voluntariado consistisse em um estágio observatório, no qual acompanhei as enfermeiras dos setores de quimioterapia e radioterapia, uma tarde por semana, no período de março de 2008 à janeiro de 2009. Minha principal atividade junto aos pacientes era o diálogo, ou mais precisamente a escuta. Aprendemos juntos e foi nesse período que decidi especializar-me em oncologia.

A história de dona Lorena

Em uma das primeiras vezes que fui ao estágio conheci dona Lorena (nome fictício). Era uma paciente em cuidados paliativos, senhora de 60 anos, que estava desde o início da manhã no leito reservado à aplicação de quimioterapia para os pacientes que não tinham condições de permanecer sentados na sala com os demais. Deitada desde o início da manhã, dona Lorena relatava cansaço e ansiedade por terminar a quimioterapia e poder retornar para casa.

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Já no final da tarde decidi conversar mais tempo com ela e sua filha. Falamos sobre a infância, a família, sonhos, a filha pediu algumas orientações sobre os cuidados em casa, rimos contando histórias alegres de nossas famílias. Percebi que o soro de dona Lorena estava terminando e comuniquei à ela que iria avisar alguém da equipe para retirá-lo. Jamais esqueci sua resposta: “Obrigada por ter apressado o soro.” Naquele dia compreendi que a atenção dispensada aos pacientes, o tempo de conversa que me parecia tão pouco, era suficiente para ajudá-los a passar com mais tranqüilidade o tempo de infusão dos medicamentos, e que mesmo sem poder realizar técnicas de enfermagem era possível cuidá-los e oferecer conforto.

No decorrer do curso aprendi que o que havia feito no estágio é descrito na literatura como método de distração. Consiste em focalizar a atenção do paciente em algo diferente da dor. Estudos apontam que a distração reduz a percepção da dor por estimular o sistema de controle descendente, o que resulta na transmissão de menos estímulos dolorosos ao cérebro (Smeltzer&Bare, 2005).

A sondagem de dona Lúcia

Dona Lúcia era uma senhora que fazia tratamento para um tumor na bexiga. Sua quimioterapia era aplicada por sondagem vesical e ela permanecia uma hora deitada mudando de posição para que a medicação atingisse toda a parede interna da bexiga. Após algumas sessões, dona Lúcia já era conhecida por referir muita dor, reclamava da passagem da sonda e oferecia resistência, dificultando a ação das enfermeiras.

Naquela tarde fui acompanhar a supervisora no procedimento e enquanto ela fazia a técnica fiquei ao lado de dona Lúcia e comecei a perguntar sobre sua família. Ao falar dos netos, como qualquer avó, seus olhos brilharam e ela começou a relatar como cuidava de cada um e quanta alegria era tê-los por perto. Ao ser comunicada de que o procedimento havia terminado e ela deveria começar a contar o tempo para mudar de posição, dona Lúcia ficou surpresa por não ter sentido a dor tão intensa como outras vezes.

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Novamente pude perceber que não realizar a técnica não me limitava tanto quanto eu poderia pensar. Aliviar a dor e o desconforto ultrapassa o uso da medicação. Ao discorrer sobre o tema Smeltzer&Bare afirmam que:

“Embora o medicamento analgésico seja o mais poderoso instrumento de alívio disponível para as enfermeiras, ele não é o único. As atividades de enfermagem não farmacológicas podem ajudar no alívio da dor com risco geralmente baixo para o paciente” (SMELTZER & BARE, 2005, p. 255).

Dimensões de cuidado

Em poucos momentos durante a graduação falamos sobre o uso de prescrições não farmacológicas, ou seja, métodos de alívio da dor que podem ser utilizados na prescrição e prática da enfermagem, concomitantemente ao uso de medicamentos potentes.

Além das técnicas utilizadas, outros métodos não farmacológicos podem ser eficazes na redução da dor, como a massagem e estimulação cutânea, terapias com gelo e calor, técnicas de relaxamento (SMELTZER&BARE 2005). Entretanto, nossa formação voltada à medicina curativa trata o alívio da dor somente por prescrições farmacológicas e, dessa forma, muitos profissionais acabam limitando-se à técnica apreendida na faculdade, limitando-sem ousar conhecer outros métodos que podem ser de grande auxílio no alívio da dor.

A oncologia surge como inovadora nesse sentido. É de domínio público que o paciente em tratamento quimioterapia ou radioterápico sente fortes dores, muitas vezes de difícil manejo. É crescente o número de estudos sobre os efeitos da musicoterapia, técnicas artísticas, grupos terapêuticos como aliados no tratamento farmacológico do paciente com câncer (LEÃO, 2002).

A Organização Mundial da Saúde conceitua saúde como “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecção ou doença”, logo, pode-se inferir que não somente as terapias farmacológicas e as técnicas de enfermagem podem ser eficientes na promoção desse bem estar para o paciente (OMS apud SCLIAR, 2007). O voluntariado aparece como opção de

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cuidado e promoção do bem estar mental e social, influenciando diretamente o físico, visto que o ser humano é biopsicossocial e espiritual segundo a visão holística do cuidado.

Em estudo sobre a comunicação da equipe de enfermagem com os pacientes em cuidados paliativos, sob a ótica dos pacientes, os autores afirmam que atitudes como olhar nos olhos, falar sobre assuntos diferentes da doenças, interagir com alegria e otimismo trazem conforto ao sujeito em tratamento oncológico, minimizam seu sofrimento e possibilitam relação de confiança do paciente na equipe (ARAÚJO; SILVA, 2007).

No estágio voluntário realizado no CACON, ao me encontrar limitada na realização de procedimentos de enfermagem, acabei por desenvolver o relacionamento interpessoal. A política de humanização do SUS ressalta a importância do relacionamento adequado entre profissionais e pacientes. Ambos são beneficiados no processo. Entretanto, há que se destacar a dificuldade de desenvolver tal habilidade tão subjetiva. Hoga (2003) afirma que

“O autoconhecimento do profissional de saúde é vital para o estabelecimento de relacionamento interpessoal adequado com os clientes no processo de cuidar. Conhecer-se a si mesmo possibilita à pessoa tomar ciência das próprias limitações, fragilidades, e também descobrir e permitir melhor usufruto de suas potencialidades. Sobretudo, é de suma importância que o profissional de saúde tenha ciência de que as diferentes características individuais das pessoas fazem parte da natureza humana.” (HOGA 2003.p.15)

No início senti dificuldade em iniciar uma conversa com os pacientes, pois pensava que deveria saber o que dizer sempre, e por ter pouco conhecimento técnico tinha receio das perguntas que poderiam ser feitas a mim. As conversas com os pacientes foram para mim um desafio que exigiu autoconhecimento a fim de lidar com minha própria percepção sobre doença e morte. Aos poucos percebi que as pessoas que ali estavam fazendo quimioterapia queriam, na verdade, ser ouvidas. Contar sua história de vida, suas alegrias e sofrimentos, e relatar como já haviam superado muitas batalhas na luta contra a doença os tornava mais fortes e esperançosos.

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Os profissionais de saúde em geral temem falar sobre a morte com os pacientes. Oliveira (2008) afirma que os profissionais se esquivam de responder aos questionamentos dos familiares e do próprio doente. A experiência desse estágio me ensinou a deixar o paciente falar sobre suas demandas. Nem sempre é preciso ter uma resposta, pois muitas vezes o que eles querem não é uma resposta, mas um espaço de escuta.

A postura defensiva por parte dos profissionais é abordada em artigo sobre a formação acadêmica de enfermagem, em que os autores discutem a necessidade de abordar desde os estágios curriculares temas como a terminalidade e o ainda tão estigmatizado diagnóstico de câncer, e as reações de pacientes, familiares e profissionais (OLIVEIRA & AMORIN, 2008).

Flor (2003) citada por Oliveira afirma que:

“estas experiências educacionais [trabalho voluntário] contribuem de forma diferenciada para o desenvolvimento do universitário, por meio de mudanças significativas no indivíduo, pois ultrapassam os limites da sala de aula. A autora afirma que as

atividades complementares permitem novas formas de

aprendizagem à formação universitária e possibilitam não apenas para o crescimento profissional, mas também para o desenvolvimento pessoal do estudante. (OLVEIRA & PINTO) Pude perceber em minha formação a importância do voluntariado como oportunidade de investimento na formação pessoal. O estágio no CACON proporcionou amadurecimento pelas experiências vivenciadas com a equipe e os pacientes. Observar a atuação de profissionais já experientes, e conversar com os pacientes deu-me a oportunidade de forjar meu desempenho profissional.

Em seu livro “O imperador de todos os males”, Siddhartha (2012) escreve que as histórias que vivenciou durante a especialização em oncologia o despertaram para pesquisar mais sobre a doença e produzir o livro. O médico relata suas interações com os pacientes e como isso o faz pensar na própria existência e o instiga a agir. Assim também percebo o quanto as histórias que ouvi dos pacientes e da equipe me impulsionaram a procurar a especialização em oncologia e aprimorar meu conhecimento para melhor cuidar como enfermeira.

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Considerações finais

Acreditar na importância do trabalho voluntário, e a sede pelo saber além do exposto na sala de aula são características inerentes à minha personalidade, e que me levaram a buscar o estágio no CACON durante a formação profissional em enfermagem. Naquela primeira visita não vislumbrava tudo que poderia aprender naqueles 12 meses de convivência.

Grande parte dos pacientes que conheci durante o período de estágio já terminaram sua luta e não estão mais entre nós. Dona Lorena e Dona Lúcia já partiram, e talvez não tenham sabido o quanto aprendi com elas naquelas tardes no CACON. A equipe profissional também já não é mais a mesma, mas as marcas que ficaram na minha trajetória pessoal e profissional permanecem.

Realizar um estágio voluntário ampliou minha visão de cuidado. Na universidade aprendemos a técnica e falamos sobre a interação com os pacientes, mas é a prática que nos mostra realmente como vamos agir e reagir nas mais deferentes situações. Durante a graduação é importante que os estudantes busquem aquilo que os instiga a saber mais, a buscar aprimorar-se.

Atualmente trabalho em hospital geral, com clínica médica, e percebo o quanto as pessoas com câncer transitam em toda a rede de atenção, chegando também aos meus cuidados. O conhecimento adquirido no período de estágio me ajuda a cuidá-los com mais competência técnica, assim como também as experiências do período em que eu não podia realizar procedimentos me lembram que eu preciso ouvir o que o paciente tem a dizer, e que posso confortá-lo de outras formas. Destaco frase do psiquiatra Carl Jung, que ao falar sobre a interação com os pacientes declara: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas. Mas quando tocares uma alma humana, sejas apenas outra alma humana.”

Assim sendo, não é possível excluir o uso de medicamentos cada vez mais potentes e o uso da alta tecnologia para o tratamento do câncer. Entretanto, há um movimento crescente para a atuação multiprofissional e visão holística de cuidado, que incluem o tratamento não farmacológico além dos aspectos emocionais relacionados ao quadro clínico do sujeito.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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BARON, M.; SOUZA, L.M.B.M; Rede de Atenção Oncológica: como a Estratégia Saúde da Família se Percebe na Assistência ao Paciente com Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia 2012; 58 (2): 277.

BRASIL, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Ações de Enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. Instituto Nacional do Câncer. 3ª Edição atual. Amp. Rio de Janeiro – RJ INCA 2008.

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MUKHERJEE, S. O imperador de todos os males: uma biografia do câncer. tradução Berilo Vargas. — 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2012. OLIVEIRA, L.D.S; PINTO, S.R.R A importância do trabalho voluntário no desenvolvimento de competências do estudante. Artigo apresentado ao departamento de Administração da PUC - Rio de Janeiro.Disponível em

http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2010/relatorios/ccs/adm/ADM-Lidiane%20Duarte%20Silva%20de%20Oliveira.pdf

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