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Função social da empresa como requisito obrigatório no processo falimentar.

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CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

JOSÉ RAFAEL CARVALHO DA SILVA

FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA COMO REQUISITO OBRIGATÓRIO

NO PROCESSO FALIMENTAR

SOUSA - PB

2010

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FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA COMO REQUISITO OBRIGATÓRIO

NO PROCESSO FALIMENTAR

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS

da Universidade Federal de Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Professor Me. Jonábio Barbosa dos Santos.

SOUSA - PB

2010

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F U N Q A O S O C I A L D A E M P R E S A C O M O R E Q U I S I T O O B R I G A T O R I O NO P R O C E S S O F A L I M E N T A R

Trabalho m o n o g r a f i c o a p r e s e n t a d o ao Curso de Direito do C e n t r o de Ciencias Juridicas e Sociais d a Universidade Federal de C a m p i n a G r a n d e , c o m o exigencia parcial da obtengao do tltulo de Bacharel e m C i e n c i a s Juridicas e Sociais.

Orientador: Prof. M C s . J o n a b i o Barbosa dos S a n t o s

Banca E x a m i n a d o r a : Data de a p r o v a c a o :

Orientador: Prof. M C s . Jonabio Barbosa d o s S a n t o s

Examinador interno

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mainha, pela d e d i c a c a o e resignacao!

A o s meus irmaos, e e m especial as minhas irmas, F l a v i a A n c h i e l l e e A n a P a u l a , q u e se portaram muitas v e z e s c o m o m a e s !

A o orientador, M C s . J o n a b i o que c o m calma e d e d i c a c a o tao b e m s o u b e conduzir-me ate a q u i .

A o s colegas, pelo apoio diario.

A o s c o l e g a s d o Dorgival Silveira pelo apoio e c o m p r e e n s a o e m muitos m o m e n t o s a u s e n t e . A o s m e u s pupilos, a l u n o s e a m i g o s .

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A p a i n h o e m a i n h a . P a i n h o , por sempre me mostrar a v e r d a d e d a vida, m e s m o q u a n d o era d u r o d e ver, mas foi a s s i m q u e a p r e n d i d e fato a entender a vida; a

m a i n h a por ser m i n h a fonte d e estimulo, m e s m o nos m o m e n t o s mais d e p r e s s i v o s , me

f a z e n d o ver sempre as coisas positivas, aos dois c u m u l a t i v a m e n t e pelo amor r e c e b i d o , que me faz acreditar na b o n d a d e s e m esperar n e n h u m a r e c o m p e n s a .

A o s m e u s irmaos, e l e s que v i e r a m antes de m i m e c e d e r a m u m a m o r as v e z e s incondicional. M a s c o m u m carinho mais do que especial, a F l a v i a , minha, linda irma, que muito se d o o u e c o m u m a v i s a o e m p r e e n d e d o r a investiu e m m i m , c o m palavras de conforto e acalento.

A t o d o s q u e e s t i v e r a m comigo nessa Jornada, uns t o r c e n d o muito outros nem tanto. Mas a certeza q u e existem a m i g o s de v e r d a d e me fez persegui-los, ate que posso s e m duvidas q u e encontrei alguns, deixei outros no c a m i n h o , por motivos variados. O que de fato importa s a o os m o m e n t o s q u e v i v e m o s juntos, e e s s e s s i m f o r a m muitos e muito variados, q u e ja e s t a o e t e r n i z a d o s nas nossas almas. E m e s p e c i a l citar Dani F a s h i o n , Jo, Victor e Nyelli. E s p e r o nao m e distanciar de v o c e s . E d e maneira mais relevante a

Miqueias e C r i s , q u e m e a c o l h e r a m , me incentivaram, m e m o t i v a r a m , m e u s irmaos de fe.

A q u e l e s q u e se d o a r a m , e x p u s e r a m - s e h u m a n o s , ao l o n g o de toda a c a m i n h a d a . A o s doutrinadores, q u e para eles a ajuda de f o r m a abstrata, e para m i m tao concreta e real. A o s a m i g o s revestidos de docencia na Universidade tanto me orientaram. E m especial a A n t o n i o d a N o b r e g a (Toinho) q u e como professor de Introducao ao Direito, me fez continuar na v e r e d a do Direito e a Monnizia por s e u t e s t e m u n h o fiel na docencia me fez e n x e r g a r e s s a profissao c o m o d i g n a a ser a l c a n c a d a e exercida, enfim por ter sido esta mestra a responsavel pelo entusiasmo criado pelo tema aqui desenvolvido. E d e m a n e i r a mais especial ainda a MSc J o n a b i o , orientador c o m p e t e n t e e coerente por m e conduzir neste trabalho, m o s t r a n d o e d e m o n s t r a n d o a melhor opgao.

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A Constituicao Federal determina de maneira taxativa a o b s e r v a n c i a do principio d a funcao social s o b r e qualquer propriedade. Partindo-se do principio de que a e m p r e s a e u m m e i o de exercer o direito a propriedade privada, d e v e ela observar e perseguir a f u n c a o social, que e u m meio essencial a s u s t e n t a c a o d a e c o n o m i a . A empresa nasce c o m o registro na Junta C o m e r c i a l para d e s e n v o l v e r atividade habitual e lucrativa; a l e m disso, p e r c e b e - s e a p r e o c u p a g a o do e m p r e s a r i o no d e s e n v o l v i m e n t o d a fungao social. T o d a v i a e s s a atividade e m p r e s a r i a l nem s e m p r e c o n s e g u e alcangar o almejado. C o m isto, a partir do estado de falencia, a e m p r e s a vai de f o r m a insustentavel falir, saindo, assim do m e r c a d o , s e m ao m e n o s observar a fungao social por ela d e s e n v o l v i d a . Desta forma q u e b r a a finalidade proposta pela Constituigao ao instituir a obrigatoriedade do e x e r c i c i o da f u n g a o social pela e m p r e s a . Esse f e n o m e n o torna-se contraditorio, pois ao por a fungao social c o m o obrigatoria, o constituinte quis de certa maneira frear a b u s c a d o lucro pelo lucro. A s s i m ao estar e m dificuldades e c o n o m i c a s o e m p r e s a r i o q u e exerceu a fungao social d e i x o u , de certa forma, de lucrar, g e r a n d o incerteza na sociedade empresarial, criando m a r g e n s d e burlar a lei, p o d e n d o o e m p r e s a r i o deixar a s s i m de observar o principio d a fungao social. Diante d i s s o se faz n e c e s s a r i o a efetividade da fungao social no p r o c e s s o de falencia, f a z e n d o surgir uma nova o p o r t u n i d a d e de d e s e n v o l v e r a atividade e m p r e s a r i a l e incentivar o real e x e r c i c i o d a fungao social no ambito d a e m p r e s a . S e g u i n d o assim, as determinagoes e m a n a d a s do constituinte.

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T h e Federal Constitution exhaustively that the principle of the social function of any property. Starting f r o m the principle that the c o m p a n y is a m e a n s of exercising the right to private property, she must o b s e r v e and p u r s u e the social f u n c t i o n , w h i c h is an essential m e a n s to s u p p o r t the e c o n o m y . T h e c o m p a n y w a s f o u n d e d with the record trade board to develop profitable and habitual activity, in addition, w e s e e the concern of t h e e n t r e p r e n e u r in the d e v e l o p m e n t of social function. But t h i s corporate activity cannot a l w a y s achieve the desired. W i t h this f r o m the bankrupt, the c o m p a n y will go bankrupt unsustainably, leaving thus the market w i t h o u t at least o b s e r v e the social function w h i c h it d e v e l o p e d . T h u s breaking the purpose proposed by the Constitution to i m p o s e the m a n d a t o r y exercise of the social function by the c o m p a n y . This p h e n o m e n o n b e c o m e s contradictory, as to w h y the social function as the binding constituent w a n t e d to s o m e h o w stop the pursuit of profit for profit. So to be in e c o n o m i c difficulties b u s i n e s s m a n w h o served the social function left, s o m e h o w , to profit by g e n e r a t i n g uncertainty in the business society, creating margins around the law, and may well leave the business of observing t h e principle of social function. Given this it is n e c e s s a r y to the effectiveness of social function in the bankruptcy p r o c e e d i n g , driving a n e w opportunity to d e v e l o p entrepreneurial activity and e n c o u r a g e their pursuit of the real social function within the c o m p a n y . T h u s following the determinations issued by the constituent.

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1. I N T R O D U g A O 8 2 . DA P R O P R I E D A D E E DA S U A F U N ( ? A O S O C I A L 1 1 2 . 1 . D A P R O P R I E D A D E : A S P E C T O S H I S T O R I C O S 1 1 2 . 2 . D A O R I G E M DA F U N Q A O S O C I A L D A P R O P R I E D A D E 1 8 2 . 3 . A P R O P R I E D A D E E A C O N S T I T U I Q A O F E D E R A L DA R E P U B L I C A F E D E R A T I V A D O B R A S I L D E 1 9 8 8 2 5 3 . F U N ? A O S O C I A L DA E M P R E S A 3 2 3 . 1 . D A E M P R E S A 3 2 3 . 2 . D A F U N Q A O S O C I A L D A E M P R E S A 3 9 3 . 3 . F U N C A O S O C I A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L 4 5 4 . A P L I C A B I L I D A D E DA F U N ? A O S O C I A L NO P R O C E S S O F A L I M E N T A R 5 0 4 . 1 . D A F A L E N C I A 5 0 4 . 2 . A F U N Q A O S O C I A L D A E M P R E S A E A F I N A L I D A D E D O P R O C E S S O F A L I M E N T A R 5 6 4 . 3 A I N C I D E N C I A D A F U N Q A O S O C I A L D A E M P R E S A N A F A L E N C I A C O M M O D I F I C A C O E S A L E I 1 1 . 1 0 1 / 2 0 0 5 6 2 5 . C O N C L U S A O 6 6 R E F E R E N C E S B I B L I O G R A F I C A S 6 7

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1 I N T R O D U Q A O

V i v e n c i a - s e a era d o s direitos h u m a n o s , o n d e se visa nao a p e n a s o direito do h o m e m , mas a protegao, sobretudo do direito de poder viver h a r m o n i c a m e n t e e m s o c i e d a d e .

C o m a globalizagao, criam-se diuturnamente novas tecnologias, que por muitas v e z e s agride s o b r e m a n e i r a a estabilidade social. E por conta da corrida i m p e n s a d a , muitas v e z e s , q u e as e m p r e s a s , ultrapassam limites socialmente reprovaveis pela busca do lucro. O ser h u m a n o , d o t a d o de racionalidade, v e r - s e obrigado a char m e c a n i s m o s para fazer frear tal corrida d e s e s p e r a d a .

A F u n g a o Social da E m p r e s a , c o m o principio constitucional que e, v e m harmonizar a vida social, d a n d o freios, de certo modo, ao i m p e n s a d o crescimento exorbitante d a s E m p r e s a s .

T o d a v i a , f r e q u e n t e m e n t e , as E m p r e s a s por nao e s t a r e m p r e p a r a d a s para o m u n d o g l o b a l i z a d o , r e c h e a d o de novos m e t o d o s de t r a n s a g o e s , a c a b a m por aumentar s e u p a s s i v o , e por c o n s e q u e n c i a s a c a b a m por falir, s e m , c o n t u d o t e r e m a chance poder voltar a atuar. A legislagao atual que cuida d a falencia no Brasil, prever a R e c u p e r a g a o Judicial, s e n d o u m m e i o de e s c a p e , para aquelas Empresa q u e p r e e n c h e r e m a l g u n s requisitos, dentre eles o da F u n g a o Social d a E m p r e s a .

Desta f o r m a , o presente trabalho tera por e s c o p o d e apresentar c o m o relevante principio constitucional, a Fungao Social d a E m p r e s a c o m o requisito t a m b e m no P r o c e s s o Falimentar, e nao a p e n a s nos c a s o s de R e c u p e r a g a o Judicial.

D e n t r o d e perspectiva esta m o n o g r a f i a foi o r g a n i z a d a e m tres capitulos. O primeiro v e r s a sobre a propriedade e sua fungao social. De inicio tratar-se-a de expor a c e r c a d a propriedade, conceituando-a e s e m p r e q u e possivel tratando como instituto j u r i d i c o m a r c a d o pela evolugao historica, t r a b a l h a n d o b a s i c a m e n t e das teorias d e s u r g i m e n t o a s s i m c o m o t a m b e m d a s e p o c a s d e transigao para o Direito: R o m a , Idade Media, Revolugao Francesa e a m o d e r n a c o n c e p g a o , levando ainda e m c o n s i d e r a g a o a evolugao no o r d e n a m e n t o patrio, d e m o n s t r a n d o sua importancia e relevancia para a s o c i e d a d e c o n t e m p o r a n e a . O b s e r v a n d o ainda u m principio instituido no o r d e n a m e n t o pela Constituigao Federal da Republica Federativa do Brasil de 1988, q u e e o d a Fungao social da Propriedade, e n t e n d i d o s por alguns,

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como limitagao, para outros uma sangao, outros ainda na optica de direito-dever f u n d a m e n t a l , o certo e q u e tratou o legislador de coloca-lo na Constituigao c o m o clausula petrea, t r a z e n d o a s s i m estabilidade j u r i d i c a para o proprietario e para a sociedade. Analisarei ainda c o m o ja dito, mas d e maneira mais aprofundada o instituto d a p r o p r i e d a d e na Constituigao Federal do Brasil de 1988, de forma a nao restar mais d u v i d a q u a n t o a sua legitimidade, b e m c o m o d a fungao social por ela d e s e m p e n h a d a .

O s e g u n d o capitulo abordara a c e r c a da F u n g a o Social da E m p r e s a , o qual trata do surgimento d a e m p r e s a , d a s teorias q u e levaram a sua e v o l u g a o - a teoria d a s C o r p o r a g o e s de Oficio, a dos A t o s de C o m e r c i o e por fim a Teoria da E m p r e s a - do t r a t a m e n t o d a e m p r e s a sob a optica de p r o p r i e d a d e privada, herdando da propriedade o principio d a fungao social, a s s i m s e n d o e x p o s t o sua eficacia no o r d e n a m e n t o j u r i d i c o , tratado e m leis especificas do Direito Empresarial, e distinguindo fungao social da e m p r e s a de responsabilidade social d e s e m p e n h a d a pela e m p r e s a .

Sera tratada no terceiro capitulo a incidencia da fungao social da e m p r e s a no processo falimentar, ou melhor, a sua nao incidencia, d e m o n s t r a n d o q u e o principio tern aplicabilidade limitada aos processos d e recuperagao judicial, s e m contudo haver incidencia na falencia, contudo isto sera tratado posteriormente as disposigoes a c e r c a d a falencia, sua origem, evolugao, aplicabilidade, finalidade, e eficacia no o r d e n a m e n t o patrio. Sera abordada t a m b e m a aplicabilidade da fungao social e m c o m p a r a t i v o c o m outros o r d e n a m e n t o s j u r i d i c o s , tais c o m o o dos Estados U n i d o s d a A m e r i c a e do Chile, os quais t r a b a l h a m de maneira invejavel, de forma a ser perseguido e s t e s m o d e l o s . E finalizando sera e n f o c a d o a incidencia da fungao social na legislagao falimentar, a Lei 11.101/2005, sob os p o n t o s da falencia e da recuperagao judicial, o b s e r v a n d o o n d e sera aplicada e o n d e nao ha sua incidencia, e por que nao ha sua aplicabilidade.

O trabalho fora desenvolvido c o m b a s e e m m e t o d o s e tecnicas de pesquisas a d e q u a d o s e pertinentes. A metodologia e m p r e g a d a q u a n t o ao tipo de pesquisa, foi d e s e n v o l v i d o sob duas vertentes: d e a c o r d o c o m o objeto a pesquisa do tipo exploratoria, q u e t e v e por objetivo proporcionar m a i o r familiaridade c o m o problema; e, c o m vistas a torna-lo mais explicito, fora b a s i c a m e n t e o levantamento bibliografico; - e q u a n t o aos p r o c e d i m e n t o s tecnicos fora a p e s q u i s a bibliografica,

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s e n d o d e s e n v o l v i d a c o m base e m material ja e l a b o r a d o , constituido principalmente de livros e artigos cientificos.

Q u a n t o ao m e t o d o de a b o r d a g e m , o m e t o d o d e s e n v o l v i d o fora o dedutivo, onde o e s t u d o de normas gerais faz gerar c o n h e c i m e n t o e m p i r i c o acerca d a realidade especifica alvo de analise no d e s e n v o l v i m e n t o d e s t e trabalho.

E por fim q u a n t o ao m e t o d o de procedimento f o r a m a d o t a d o s nao s o m e n t e u m , m a s a l g u n s , e m conjunto, tais c o m o : - historico: isso por partir d a premissa q u e o Direito c o n t e m p o r a n e o e resultado da evolugao historica, a evolugao social, c o m p r e e n d e n d o o motivo da real relevancia do principio da Fungao Social no contexto atual; - m o n o g r a f i c o : analisando sob e nao sob t o d a s , m a s sob as mais variaveis v e r t e n t e s a Fungao Social d a E m p r e s a ; e por fim - c o m p a r a t i v e : pelo qual fora utilizado a investigagao de varios institutos j u r i d i c o s , s e n d o analisadas as s e m e l h a n g a s e contrapontos.

E s a b i d o q u e todo trabalho cientifico surge e m b r i o n a r i a m e n t e a partir de um q u e s t i o n a m e n t o , isso por ser necessario existir a d u v i d a , para haver pesquisa.

No q u e c o n c e r n e ao trabalho ora a p r e s e n t a d o , nao fora diferente, logo ao estudar a Lei Falimentar (11.101/2005) surgiram i n u m e r o s q u e s t i o n a m e n t o s , u m deles refere-se a possibilidade da Empresa vir a falir s e m , c o n t u d o ter-se o b s e r v a d o se exercia ou nao a Fungao Social, que c o m o se s a b e e constitucionalmente defendido.

Entao se p o d e dizer q u e a questao b a s e para o p r e s e n t e projeto fora os seguinte: se e d e f e n d i d o de forma a n a l o g a c o n s t i t u c i o n a l m e n t e a Fungao Social da E m p r e s a , a partir d a fungao social d a propriedade, por que e m alguns c a s o s a Empresa q u e e x e r c e a sua Fungao Social v e m a falir s e m , c o n t u d o ser analisada e percebida a efetivagao Fungao Social?

F a z e n d o ou t e n t a n d o r e s p o n d e r ou esclarecer: C o m p r e e n d e r o motivo pelo qual a Fungao Social d a Empresa nao e v i s l u m b r a d a no p r o c e s s o falimentar; identificar os motivos pelos quais o legislador nao tratou a R e c u p e r a g a o Judicial como requisito no p r o c e s s o falimentar, ja q u e o texto legal fala q u e a Fungao Social so sera v i s l u m b r a d a na R e c u p e r a g a o Judicial; d e m o n s t r a r q u e a partir d a Fungao Social, a E m p r e s a p o d e ser recuperada, v o l t a n d o a comerciar; observar que a Falencia sera m a i s d i s p e n d i o s a ao Estado do q u e a R e c u p e r a g a o Judicial.

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2 DA P R O P R I E D A D E E D A S U A F U N Q A O S O C I A L

"A s o c i e d a d e d e v e ser g o v e r n a d a unicamente a base do interesse c o m u m "1

A p r o p r i e d a d e c o n t e m p o r a n e a d e v e servir ao proprietario, mas, s o b r e t u d o atender a fungao social. R o u s s e a u na citagao a c i m a e x p o s t a trata dos interesses coletivos, d a n d o m a r g e n s a entender q u e tudo que o ser h u m a n o faga d e v e ser feito v i s a n d o o interesse social, o qual de maneira alguma vai suprimir totalmente o direito do proprietario. A d i a n t e vai ficar clara a ideia trazida por R o u s s e a u no Contrato Social, o qual de maneira excepcional planta a ideia de f u n g a o social a ser perseguida e d e s e m p e n h a d a pela propriedade.

2.1 Da P r o p r i e d a d e : A s p e c t o s H i s t o r i c o s

A p r o p r i e d a d e surge c o m a o r i g e m do proprio ser h u m a n o , isso seguindo a Teoria T e o l o g i c a do surgimento da vida, para a qual o ser h u m a n o surgiu a partir d a v o n t a d e divina, c o m o p o d e se observar no Livro d o s G n ( 1 , 27) "E criou Deus o h o m e m a s u a i m a g e m : ele criou a i m a g e m de D e u s , m a c h o e f e m e a os criou". A s s i m surge o h o m e m e a propriedade, s u r g e m na m e s m a esfera, ao dizer no m e s m o livro, e m m o m e n t o s u b s e q u e n t e , c o m o p o d e m o s analisar G n (1,28) " D e u s abengoou e disse: Crescei, e multiplicai-vos e enchei a terra, e sujeitai-a(...)". A s s i m fora criada a propriedade. U m ser superior criou o h o m e m e a terra, e fez a s e g u n d a sujeitar-se ao primeiro. S e n d o d e s t a f o r m a A d a o o primeiro proprietario. A p r o p r i e d a d e a s s i m d e s d e o s u r g i m e n t o do h o m e m , s e g u n d o tal teoria da criagao, e inerente ao m e s m o , nao s e n d o possivel ao h o m e m viver, c o m o animal civilizado que e, s e m a propriedade. L o c k e d e s c o r d a e m parte da ideia do s u r g i m e n t o d a propriedade c o n f u n d i n d o - s e c o m o do proprio h o m e m , isso por d e f e n d e r que n e s s a e p o c a o que de fato existia era s o m e n t e a posse, ja q u e a p r o p r i e d a d e era coletiva.

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O u t r a s teorias e x p l i c a m o surgimento tanto do h o m e m c o m o da propria propriedade, mas nao e este o m o m e n t o a d e q u a d o para tal discussao. E preciso aceitar tal teoria c o m o a mais a d e q u a d a .

P r o p r i e d a d e para De Placido e Silva

E a palavra que deriva do latim proprietas, de proprius (particular, peculiar, proprio), genericamente designa qualidade que e inseparavel de uma coisa, ou que a ela pertence em carater permanente (...) sem fugir do sentido originario, e a condigao em que se encontra a coisa, que pertence em carater originario, e a condigao em que se encontra a coisa, que pertence, em carater proprio e exclusivo, a determinada pessoa2

C o m o se p o d e ver a conceituagao dada pelo doutrinador e c o m p a t i v e l ao do mais antigo e valioso escrito para os teologos, o n d e a p r o p r i e d a d e e pertencente ao h o m e m , o qual tern p o d e r e s sobre ela. Poderia ser dito q u e e uma condigao h u m a n a , s o b p e n a de nao ser h u m a n o a q u e l e que nao a d e t e n h a . De forma q u e a pessoa q u e nao tern p r o p r i e d a d e nao e livre p a s s a n d o a ser a propria propriedade, objeto de uso de a l g u e m , u m escravo. C o m o a s s e g u r a o supracitado autor ao dizer que e s c r a v o e "a d e n o m i n a g a o que se d a a p e s s o a , que se ve privada de sua liberdade e sujeita ao m a n d o absoluto de um senhor, q u e a tern c o m o coisa s u a , e como tal dela d i s p o e " .3

A partir d a j u n g a o de tais conceitos, trazidos por De Placido e pela teoria teleologica, pode-se char a seguinte verdade: o h o m e m nao existe s e m propriedade. A propriedade aqui c o m e n t a d a e a q u e l a e m sentido a m p l o , e n g l o b a n d o a privada e a coletiva. U m v e l h o b r o c a r d o4 diz q u e onde esta o h o m e m , ha s o c i e d a d e ; onde ha s o c i e d a d e ha Direito, logo, o Direito nao vive s e m a P r o p r i e d a d e . E e neste aspecto que se d e v e adentrar. Q u a n d o e onde a propriedade surgiu para o Direito?

De a c o r d o c o m a ultima afirmagao, se a propriedade s u r g e c o m o proprio h o m e m , o Direito surgido a p o s o h o m e m ja n a s c e c o m a fungao de proteger t a m b e m a propriedade.

E m R o m a , a propriedade, surge como m o n a r q u i a , onde a e c o n o m i a era b a s e a d a e m atividades agropastoris. "A terra era a riqueza f u n d a m e n t a l , o q u e

2 SILVA. De Placido e. Vocabulario Juridico. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2007. p. 1115

3 Idem. P. 542

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definia o carater aristocratico da s o c i e d a d e "5, c o n f o r m e Piletti, isso so f u n d a m e n t a a ideia de q u e a propriedade, principalmente a imovel, era c o m p o n e n t e basilar da sociedade. P a s s a d o a l g u m t e m p o , a m o n a r q u i a r o m a n a caiu e m d e c a d e n c i a , surgindo a Republica, que ao pe da letra significa res publica (coisa publica), nessa fase surge o Direito.

A p r o p r i e d a d e caracterizava o cidadao romano, p o s s u i n d o a s s i m direitos amplos e c o m p o u c a s restrigoes, e r a m la conhecidos c o m o patricios ja aqueles que nao p o s s u i a m a p r o p r i e d a d e e r a m inferiorizados, nao c i d a d a o s , e r a m os c h a m a d o s plebeus, c o m o se p o d e averiguar a partir da seguinte p a s s a g e m de Oliveira:

A principio, toda terra era pertencente a comunidade, tendo a familia de patricios um pequeno lote. Aqueles moradores que nao se incluiam entre os patricios eram conhecidos como plebeus. Eram livres, mas nao detinham o direito de cidadaos (patricios), muito menos o direito de cultivar a terra da comunidade. Fazem parte da historia de Roma lutas dos plebeus pela posse da terra.6

"No m u n d o r o m a n o , situa-se a propriedade no centro do sistema, g e r a n d o - l h e ao redor toda a o r i g e m j u r i d i c a e e c o n o m i c a " 7. A s s i m p o d e - s e observar a real importancia d a propriedade e m R o m a , que a partir dela d e l i m i t a v a - s e , por e x e m p l o , a forma de o r g a n i z a c a o estatal. A i n d a neste m e s m o ponto Cretella conceitua a propriedade para os r o m a n o s , e x p o n d o q u e :

Propriedade e o direito ou faculdade que liga o homem a uma coisa, direito que possibilita a seu titular extrair da coisa toda utilidade que esta Ihe possa proporcionar. Propriedade e o poder juridico, geral e potencialmente absoluto, de uma pessoa sobre uma coisa corporea8

A p r o p r i e d a d e a s s i m e u m a f o r m a de exercer direito ou a possibilidade de exercicio do propriedade para c o m a coisa, d e i x a n d o claro q u e ele tern o poder de usar toda a e s s e n c i a do b e m e n q u a n t o assim ainda puder. S e n d o c o m p l e m e n t a d o 5 PILETTI, Nelson. & ARRUDA, Jose Jobson de A. Toda a Historia. 6 ed. Sao Paulo:

Editora Atlas, 1996.p. 57

6 OLIVEIRA, Gustavo P. T. de Castro. & THEODORO, Silvia K. da Silva. A evolugao da

Fungao Social da Propriedade. Disponivel em:

http://www.revistajuridicaunicoc.com.br/midia/arquivos/ArquivolD_16.pdf. Acesso em 21/08/2010.

7 CRETELLA JUNIOR, Jose. Direito Romano Moderno. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1993. p. 109.

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por c o n c e i t u a c a o trazida na obra direito e d e v e r e s f u n d a m e n t a i s e m materia de propriedade de C o m p a r a t o :

A propriedade greco-romana fazia parte da esfera mais intima da familia, sob a protegao do deus domestico. Por isso mesmo, o imovel consagrado a um lar era estritamente delimitado, de forma que cometia grave impiedade o estranho que Ihe transpusesse os limites sem o consentimento do chefe da familia.9

Desta feita a propriedade e u m direito, que por ser absoluto era utilizado a p e n a s por alguns individuos, alem d a primeira etapa de selegoes trazidas por Cretella Junior, ou seja, s o m e n t e os patricios p o d e r i a m ser proprietaries, e s s a s e g u n d a etapa o n d e s o m e n t e o chefe da familia, o pater familia poderia exerce-lo. O que mostra ser claro q u e na s o c i e d a d e antiga de R o m a a p e n a s alguns seletos c i d a d a o s p o d e r i a m deter o direito de propriedade. Bertan d e m o n s t r a ser favoravel a tais ideias ao explicitar q u e :

A propriedade tern um sentido personalissimo e individualista. O direito absoluto, perpetuo e oponivel erga omnes esta garantido pela agao do jus civile (conjunto de leis aplicaveis ao cidadao romano, filho de uma mulher romana), atraves da rei vindication0

De a c o r d o c o m tal conceito p o d e - s e absolver a l g u m a s caracteristicas d a propriedade naquela e p o c a , c o m o o poder absoluto de uso, gozo e extragao de toda utilidade, p o d e n d o ser imposto tal poder contra todos. O s r o m a n o s e n t e d i a m ter sobre a p r o p r i e d a d e os seguintes direitos: "jus utendi, jus fruendi e jus abutendi"11. Sao c o n h e c i d o s t a m b e m c o m o os tres "jura" q u e o proprietario e x e r c e sobre a propriedade. O m o d o de vida d o s romanos antigos era c o n s e q u e n c i a de c o m o era tratada a p r o p r i e d a d e d a q u e l e t e m p o , o qual se tratava d e u m direito familiar c o m m a r c a n t e s tragos religiosos.

9 COMPARATO, Fabio Konder. "Direitos e deveres fundamentais em materia de

propriedade". A questao agraria e a justiga. Juvelino Jose Strozake(org.). Sao Paulo: RT,

2000. p. 125

1 0 BERTAN, Jose Neure. Propriedade Privada & Fungao Social. Curitiba: Editora Jurua, 2009. p. 34

1 1"Poder de usar, poder de fruir e poder de abusar da coisa". Podendo em sintese o proprietario fazer o que Ihe bem entender com a propriedade. Ob. Cit. p. 110.

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C o m a criagao da Lei das XII T a b u a s o direito de p r o p r i e d a d e sofre algumas restrigoes, desta f o r m a os proprietaries romanos v a o v e n d o s e u direito absoluto s e n d o restrito e m razao d a o r d e m publica, do direito de propriedade de outrem, dentre outros c o m o a s s e g u r a Cretella na seguinte p a s s a g e m :

O direito de propriedade romano, dos primeiros tempos, absoluto, em principio, permitindo tudo ao proprietario, relativamente aos seus bens, vai com o decorrer dos tempos sofrendo limitagoes legais, inspiradas em motivos de ordem publica, privada, etica, higienica ou pratica 1 2

De m a n e i r a rudimentar p o d e - s e dizer q u e o direito de p r o p r i e d a d e d e v e servir nao so d e a c o r d o c o m o s interesses individuals do proprietario, mas t a m b e m ainda que de maneira singela, e superficial a o s interesses d a coletividade, n e m q u e seja ao m e n o s c o m o u m a m a n e i r a de nao ferir direitos individuals d o s nao proprietaries.

Desta forma na linha historico-evolutiva a p r o p r i e d a d e r o m a n a vai sofrer a l g u m a s outras modificagoes. C o m o advento d a propriedade quiritaria, a partir d a s e g u n d a m e t a d e d a Republica R o m a n a a p r o p r i e d a d e passa a ser exclusiva d o s c i d a d a o s r o m a n o s , s e n d o necessario que a res t e n h a sido adquirida de forma a nao confrontar c o m o ius civilis. Evolugao significativa para o Direito, e s t a b e l e c e n d o regras mais e s p e c i f i c a s para o direito de propriedade. C o m isso a p r o p r i e d a d e deixa de ser u m direito a b s o l u t o e geral, e passa a ter a l g u m a s restrigoes, de aquisigao, por e x e m p l o .

Na s o c i e d a d e b u r g u e s a a propriedade d e s v i n c u l a - s e da religiao, c o m o a s s e g u r a C o m p a r a t o ao discorrer: "A propriedade m o d e r n a d e s v i n c u l o u - s e totalmente d e s s a d i m e n s a o religiosa d a s origens e p a s s o u a ter m a r c a d a m e n t e , c o m o a d v e n t o d a civilizagao burguesa, u m sentido de mera utilidade e c o n o m i c a "1 3, a s s i m s u p e r o u - s e a ideia de perpetuagao na propriedade, p o d e n d o esta ser comercializada n o r m a l m e n t e . O q u e pode ser c o m p r o v a d o a partir da leitura do codigo N a p o l e o n i c o , o qual trazia e m sua redagao o carater absoluto da propriedade. De a c o r d o c o m o C o d i g o N a p o l e o n i c o o direito de p r o p r i e d a d e e o direito de g o z a r e dispor d a s coisas d e s d e que nao fira preceitos ou n o r m a s .

1 2 Ob Cit. p. 113. 1 3 Ob. Cit. p. 128

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E m linha paralela a teoria teleologica encontra-se a ideia defendida por R o u s s e a u q u a n d o e m sua obra Discurso sobre a o r i g e m e os f u n d a m e n t o s d a desigualdade entre h o m e n s revela q u e a propriedade nasce s o m e n t e depois d o surgimento do E s t a d o , e o q u e antes existia era a p e n a s a p o s s e de terras e de objetos. C o m o R o u s s e a u b e m trata na p a s s a g e m :

O homem no estado natural tambem nao possuia a ideia do teu e do meu, quer dizer, no estado de natureza nao havia a ideia de posse ou de propriedade em seu sentido estrito, ou seja, indicando que algo era de alguem. O homem natural nao tinha a consciencia daquilo que possuia, nem tampouco do que possuia o semelhante. Isso parece fazer parte da ideia de que tudo era de t o d o s1 4

Interessante frisar s o m e n t e q u e o estado d a natureza defendido pelos filosofos nao e uma v e r d a d e real, mas a p e n a s uma v e r d a d e e m p i r i c a , nunca c o m p r o v a d a , c o m o tratou de explicitar R o u s s e a u e m sua obra, no seguinte trecho: "um estado q u e nao mais existe, que talvez nunca tenha existido, q u e possivelmente n e m existira, e s o b r e o qual se tern, contudo, a n e c e s s i d a d e de alcancar nocoes exatas para b e m julgar de nosso estado p r e s e n t e "1 5. A s s i m no Estado Natural a propriedade nao e a s s i m tratada, ela nao tern carater individualizado, mas u m carater coletivo, restando ao h o m e m a p e n a s a posse d a coisa.

A s s i m o filosofo, s u p r a , diz q u e a propriedade nao e u m direito natural como a liberdade e a igualdade, todavia aduz que o s u r g i m e n t o d a propriedade se d a no estado de natureza, que a partir de entao passa a ser o e s t a d o civil, c o m o ele o faz na seguinte p a s s a g e m da sua Obra Discurso sobre a o r i g e m e os f u n d a m e n t o s da d e s i g u a l d a d e entre h o m e n s :

O primeiro que, tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: Isto e meu, e encontrou pessoas bastantes simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassinios, miserias e horrores nao teria poupado ao genero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: 'Livrai-vos de escutar esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos sao de todos, e a terra de ninguem!1 6

ROUSSEAU. Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da

desigualdade entre homens. Sao Paulo: Ed. Martin Claret, 2005.p.238

1 5 Idem.p. 229 1 6 Ibidem .p. 61

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Desta f o r m a a p r o p r i e d a d e surge c o m a v o n t a d e h u m a n a , a partir de s e u e g o i s m o e a m b i g a o , o qual foi f u n d a m e n t a l para o conceito civil de propriedade, mas conforme R o u s s e a u " n a o haveria injustiga se n a o h o u v e s s e p r o p r i e d a d e "1 7, a afirmativa d e R o u s s e a u nao estar de toda errada, mas i n c o m p l e t a , ja q u e poderia trazer c o m o u m a oragao s u b o r d i n a d a , que t a m b e m nao haveria pois, sociedade. Deveras, outros p e n s a d o r e s , c o m o o frances P r o u d h o n ao trazer e m sua brilhante obra "O q u e e propriedade?", c o m u n g a do seguinte p e n s a m e n t o :

Assim o mal moral, quer dizer, na questao que nos ocupa, a desordem na sociedade explica-se naturalmente pela nossa faculdade de refletir. A miseria, os crimes, as revoltas, as guerras tiveram por mae a desigualdade das condigoes, que foi filha da propriedade, que nasceu do egoismo, que foi engordada pelo sentido privado, que descende em linha reta da autocracia da razao.1 8

C o m u n g a m os dois q u e a partir da propriedade s u r g i r a m as m a i o r e s m a z e l a s da h u m a n i d a d e , foi c o m e s s e p e n s a m e n t o q u e R o u s s e a u d e s e n v o l v e u o Contrato Social, onde os direitos individuals poderiam ser restringidos e m favor d o s direitos d a s o c i e d a d e . Aristoteles e m sua o b r a A Politica mostra q u e : "O Estado se coloca antes d a familia e a n t e s d e c a d a individuo, pois q u e o t o d o d e v e , forgosamente, ser colocado antes da p a r t e "1 9. Isso significa que o Estado deve restringir alguns direitos, e dentre u m rol de direitos restringiveis, e n c o n t r a - s e o direito d e propriedade, restringir nao no ponto de eliminar, e x p u r g a r do o r d e n a m e n t o juridico, mas de confer direitos.

A s s i m o Direito individual de ser proprietario vai e n c o n t r a r restrigoes a d v i n d a s do Estado, o qual tern fungao p r e c i p u a d e efetivar u m b e m - e s t a r a c o m u n i d a d e , logo revestido pelo poder s o b e r a n o , ele pode restringir direitos, e m prol d o s direitos coletivos.

U m a d a s restrigoes ao direito de propriedade e a fungao social. A ideia embrionaria de f u n g a o social v e m de R o u s s e a u , o qual e m s u a obra Do contrato Social trata que o individuo e m d e t e r m i n a d o s m o m e n t o s d e v e ser sobreposto pela v o n t a d e do t o d o , do Estado, para seu beneficio, a s s i m c o m o t a m b e m beneficio de

1 7 Ob. Cit. p. 264

1 8 PROUDHON. Pierre-Joseph. O que e Propriedade. Lisboa: Editorial Estampa, 1975. P.220.

1 9 ARISTOTELES. A Politica. Colegao Grandes Obras do Pensamento Universal -16. Sao Paulo: Editora Escala, 2005. P. 16

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toda a coietividade, o n d e d e maneira cordial o Estado protege dois direitos, o do proprietario, de possuir a coisa, e da coietividade, a qual nao p o d e se ter s e u s direitos violados e m fungao de u m direito individual. Desta venia nada mais relevante do que o estudo d e t a l h a d o desta restrigao imposta pelo Estado ao proprietario, ou melhor, imposta ao proprio direito d e propriedade.

2 . 2 D a O r i g e m d a F u n g a o S o c i a l da P r o p r i e d a d e

S e n d o a p r o p r i e d a d e u m direito f u n d a m e n t a l h u m a n o nada mais natural sofrer ele limitagoes, restrigoes, afinal, u m direito f u n d a m e n t a l se nao limitado c h o c a - s e c o m outro d e importancia similar, e nesse ponto que se insere a fungao social da propriedade, s e r v i n d o de freio, mas nao c o m motivo de estancar, estagnar direitos, mas amplia-lo e m prol d a coietividade, surgindo u m d e v e r ao direito adquirido c o m a propriedade.

A o m e n c i o n a r e m s u a obra O Contrato Social, R o u s s e a u enfatiza q u e "no contrato social o h o m e m p e r d e sua liberdade natural e o direito ilimitado a tudo que o tenta e pode alcangar; o q u e g a n h a e a liberdade civil e a p r o p r i e d a d e de tudo o que p o s s u i "2 0, d e s t a venia o direito de propriedade adquirido pelo individuo sofre p e q u e n a s limitagoes, restrigoes, haja vista o direito maior da c o m u n i d a d e , d a s o c i e d a d e , e u m mal necessario para a convivencia h a r m o n i c a e m s o c i e d a d e que o ser h u m a n o estar c o n d i c i o n a d o a pagar, o dito por R o u s s e a u e por ele c o m p l e t a d o ao m e n c i o n a r a i n d a na m e s m a obra, sobre o t e m a :

Mas, de qualquer maneira que se faga tal aquisigao, o direito de cada particular sobre sua parte do solo esta sempre subordinado ao direito da comunidade sobre o todo, sem o que nao haveria solidez no lago social nem forga real no exercicio da soberania.2 1

A s s i m t e m - s e q u e o direito de propriedade p o d e ser restringido de acordo c o m a n e c e s s i d a d e e interesse da coietividade. Noberto Bobbio e m sua obra A Era dos Direitos faz m e n g a o ao t e m a q u a n d o e x p o e q u e "o direito de propriedade 2 0 Ob. cit. p. 25

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passou por t r a n s f o r m a g o e s historicas. Inicialmente detentor de u m tradicional carater absoluto, inviolavel e s a g r a d o "2 2. O q u e marca a p a s s a g e m d a v i s a o trazida por Bobbio para a visao d e propriedade atual e a visualizagao do interesse social restringindo o direito de propriedade. O q u e p o d e ser v i s l u m b r a d o pelo autor supra na referida o b r a ao trazer: "A sociedade historica e m q u e v i v e m o s , (...) e uma s o c i e d a d e e m q u e a c a d a dia adquirimos u m a fatia de poder e m t r o c a de uma falta de l i b e r d a d e "2 3. Esse foi o p e n s a m e n t o d e s e n v o l v i d o a n t e s por R o u s s e a u , o n d e era preciso q u e o individuo obtivesse uma limitagao de p o d e r e s sobre a p r o p r i e d a d e , s e m contudo retira-la dele, s e n d o a fatia alcangada de poder o direto a propriedade e a fatia trocada, a s u p r e s s a o de liberdade, a f u n g a o social.

R o u s s e a u e m sua o b r a Do Contrato Social faz r e f e r e n d a q u e o interesse coletivo d e v e sobressair e m relagao ao privado, pelo fato de o individuo, na s u a mais completa individualidade a g e por e g o i s m o e o individuo coletivo, a g e p e n s a n d o na coietividade, isso c o n f o r m e a seguinte p a s s a g e m de s u a o b r a :

O interesse particular pode faltar-lhe de maneira totalmente diversa da que Ihe fala o interesse comum: sua existencia absoluta, e naturalmente independente, pode faze-lo encarar o que deve a causa comum como uma contribuigao gratuita, cuja perda sera menos prejudicial do que o pagamento oneroso para si; e, olhando a pessoa moral que constitui o Estado como um ser de razao, pois que nao se trata de um homem, ele desfrutara dos direitos do cidadao, sem querer preencher os deveres do sudito: injustiga, cujo crescimento causaria a destruigao do corpo politico.2 4

Desta feita, b a s e a d o no p e n s a m e n t o e m b r i o n a r i o d e f e n d i d o por R o u s s e a u as mais c o n t e m p o r a n e a s Constituigoes t r a z e m e m seu texto q u e a p r o p r i e d a d e e u m direito f u n d a m e n t a l , e certo, mas regrada de principios r e g e d o r e s , dentre eles o da fungao social. U m a f o r m a correta de atrelar o d e v e r adquirido c o m a e s c o l h a da propriedade c o m o direito f u n d a m e n t a l , ja que se s a b e que a c a d a direito que se adquire, a d q u i r e - s e t a m b e m u m dever, a s s e g u r a n d o isso C o m p a r a t o ao mencionar que "quern fala, pois, e m direitos f u n d a m e n t a i s esta, implicitamente, r e c o n h e c e n d o a

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 95. Idem. p. 42

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existencia correspectiva de d e v e r e s f u n d a m e n t a i s O referido autor c o m p l e m e n t a ainda ao explicitar q u e :

Desde a fundagao do constitucionalismo moderno, com a afirmagao de que ha direitos anteriores e superiores as leis positivas, a propriedade foi concebida como um instrumento de garantia da liberdade individual, contra a intrusao dos Poderes Publicos. As transformagoes do Estado contemporaneo deram a propriedade, porem, alem dessa fungao, tambem a de servir como instrumento de realizagao da igualdade social e da solidariedade coletiva, perante os fracos e desamparados2 6

O constituinte e n v o l v i d o e ciente de tais ideias imprime na Constituigao Federal de 1988 no artigo 5 ° , X X I I , o livre direito a propriedade, c o n t u d o traz logo a p o s no inciso XXIII, do m e s m o artigo 5° q u e a p r o p r i e d a d e d e v e r a a t e n d e r a fungao social. Bello ao referi-se a fungao social d e s e m p e n h a d a pela propriedade diz q u e :

O Estado so poderia se intrometer em questoes relativas a propriedade para protege-la, Rousseau entende que, justamente pelo fato de que o Estado a criou, este pode limita-la e organiza-la em nome da vontade geral e em conformidade com os interesses e as necessidades da coietividade.2 7

A s s i m ao d e s e m p e n h a r a fungao social d a p r o p r i e d a d e o proprietario estara efetivamente u s a n d o o direito-dever trazido pela Constituigao, c a s o nao ocorra, c o m deixou claro Bello o Estado podera intervir, d e s d e q u e seja para proteger a propriedade d o proprietario. O e n t a o Ministro d o S T F , Eros G r a u , anuncia e m sua obra q u e :

O principio da fungao social da propriedade impoe ao proprietario -ou a quern detem o poder de controle, na empresa - o dever de exerce-lo em beneficio de outrem e nao, apenas, de nao o exercer em prejuizo de outrem.2 8

2 5 Ob. Cit. p. 129 2 6 Idem. p. 130

2 7 BELLO, Enzo. A teoria politica da propriedade em Locke e R o u s s e a u : uma analise a

luz da modernidade tardia. Disponivel na Internet: <http://www.mundojuridico.adv.br>.

2 8 GRAU, Eros Roberto. A ordem economica na constituigao de 1988. 6a ed. Sao Paulo: Malheiros, 2001, p. 269.

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C o m o se verifica a partir da sistematizagao da propria Constituigao Federal o direito de p r o p r i e d a d e estar dentro d o s direitos f u n d a m e n t a i s , a s s i m c o m o a fungao social, todavia e importante que se o b s e r v e q u e a p e s a r de no titulo do capitulo da CF/88 trazer c o m o f u n d a m e n t a l t a m b e m o direito a fungao social, pode ser entendida c o m o u m d e v e r f u n d a m e n t a l p a r a o proprietario, o direito a fungao social e u m direito a coietividade, s e n d o assim reconfirmando o supracitado a propriedade q u e e x e r c e a fungao social n e m e puramente so direito n e m so dever, mas u m direito-dever para c o m a s o c i e d a d e . C o m o se pode ratificar C o m p a r a t o na seguinte p a s s a g e m :

Os deveres fundamentais contrapoem-se, logicamente, aos direitos fundamentais. lus et obligatio correlata sunt. A existencia de alguem como sujeito ativo de uma relagao juridica implica, obviamente, a de um sujeito passivo, e vice-versa. Nao se pode, pois, reconhecer que alguem possui deveres constitucionais, sem ao mesmo tempo postular a existencia de um titular do direito correspondente.2 9

C o m p a r a t o traz ainda que a q u e l e que nao d e s e n v o l v e r a fungao social na sua propriedade p o d e deixar de usufrui inumeras prerrogativas d e c o r r e n t e s no c a m p o processual, c o m o se faz revelar o seguinte trecho:

Quern nao cumpre a fungao social da propriedade perde as garantias, judiciais e extrajudiciais, de protegao da posse, inerentes a propriedade, como o desforgo privado imediato e as agoes possessorias. A aplicagao das normas do Codigo Civil e do Codigo de Processo Civil, nunca e demais repetir, ha de ser feita a luz dos mandamentos constitucionais, e nao de modo cego e mecanico, sem atengao as circunstancias de cada caso, que podem envolver o descumprimento de deveres fundamentals.3 0

Isso faz p e r c e b e r q u e a fungao social e efetivamente u m direito-dever do proprietario, a qual serve de parametro para aferir a continuidade do uso e g o z o do direito pelo proprietario s e m intervengao estatal. C a s o a p r o p r i e d a d e necessite de ajuda, s u p o r t e estatal esta podera ser reduzida ou n e g a d a se a fungao social nao for aplicada, nao ser v i s l u m b r a d a pelo proprietario.

Ob. Cit. p. 142 Idem. p. 145

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Didier faz revelar a sua filiagao ao que afirmou C o m p a r a t o q u a n d o trata e m sua obra q u e :

Alem de poder jundico, a propriedade traz consigo o dever de exercer este direito de modo a atingir determinadas finalidades; deixava a propriedade, pois, de ser um direito absoluto, cuja utilizagao deveria atender unicamente aos interesses do proprietario, na forma da concepgao liberal que entao prevalecia.3 1

Desta f o r m a s e g u i n d o os p e n s a m e n t o s de Didier e x p r e s s o s a c i m a t e m - s e que de fato a fungao social e u m d e v e r f u n d a m e n t a l , o n d e cabera ao proprietario o exercicio d a f u n g a o social. Didier faz ampliar s u a filiagao a corrente q u e se filia a ideia de fungao social como direito-dever, ao concluir q u e :

A fungao social da propriedade compoe o proprio conteudo do direito de propriedade, estabelecendo os denominados "deveres fundamentais" da propriedade, tambem de vigencia imediata; tratasse de norma que completa a definigao do estatuto constitucional do direito de propriedade.3 2

Para Bertan a propriedade sempre foi atrelada a ideia de fungao s o c i a l , b a s e a d o tal doutrinador nos livros s a g r a d o s para os cristaos, a Biblia, c o m o faz entender ao tecer o comentario seguinte "Nas Escrituras, d e s d e G e n e s i s , ja se atribuia a terra a f u n g a o de alimentar o h o m e m "3 3, de f o r m a relevante faz-se necessario a c e s s a r a propria fonte que s u b s t a n c i o u Bertan para seu posicionamento, d e s t a forma o proprio livro de G e n e s i s ( 3 , 1 7 - 1 9 ) d e s c r e v e q u e :

Com fadiga tiraras da terra o alimento durante toda a vida. Produziras para ti espinhos e abrolhos e tu comeras das ervas do campo. Comeras o pao com o suor do rosto, ate voltares a terra donde foste tirado.

Desta f o r m a p o d e - s e dizer q u e a p e s a r de arcaica a ideia de propriedade p e r c e b e - s e q u e d e s d e o s e u surgimento, c o m o coletiva, a propriedade deveria

3 1 DIDIER. Fredier. A Fungao Social da Propriedade e a Tutela Processual da Posse. Disponivel em: http://direitosreais.files.wordpress.com/2009/03/a-funcao-social-e-a-tutela-da-posse-fredie-didier.pdf. Acesso em 21/08/2010. p. 4

3 2 Idem p.6 3 3 Ob. Cit. p 15.

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d e s e m p e n h a r u m a fungao s o c i a l , o b s e r v a d o ao ser c o l o c a d a a propriedade c o m o u m meio necessario para a subsistencia h u m a n a , d e v e n d o , c o n t u d o ser utilizada de maneira racional, s e m d e s p e r d i c i o , ou e x c e s s o c o m o se faz revelar Bertan (apud Locke) ao tratar q u e :

Tudo que um homem pode utilizar de maneira a retirar uma vantagem qualquer para sua existencia sem desperdicio, eis o que seu trabalho pode fixar como sua propriedade. Tudo o que excede a este limite e mais do que sua parte e pertence aos outros. Deus nao criou nada para que os homens desperdigassem ou destruissem3 4

De a c o r d o c o m as ideias d e f e n d i d a s por L o c k e , uma p r o p r i e d a d e q u e d e s e n v o l v e u m a fungao social, devera ser efetivamente c u i d a d a , respeitada pelo Estado. Deste feito p o d e - s e afirmar q u e o e m b r i a o d a f u n g a o social atual e a utilizagao d a terra s e m d e s p e r d i c i o o n d e a propriedade p e r t e n c e a coietividade, mas p o d e n d o ser individualizada d e s d e q u e nao e x c e d e n d o os limites necessarios ao atendimento d a n e c e s s i d a d e individual, o q u e quer dizer q u e a propriedade e necessaria para a subsistencia h u m a n a .

C o m p a r a t i v a m e n t e a p r o p r i e d a d e surgida c o m o Direito r o m a n o individualista e personalissima p a s s a por uma transformagao profunda d e i x a n d o tal carater e a s s u m i n d o uma perspectiva social, tendo por caracteristica alimentar os seres h u m a n o s , c o m o a supracitada p a s s a g e m do livro dos G e n e s e s , o q u e faz se pensar que na v e r d a d e a propriedade volta a ter s e u carater social. Essa e a nova visao de propriedade privada, no m u n d o m o d e r n o , como a s s e g u r a e m sua o b r a Bertan (apud Monteiro):

Surge assim a moderna concepgao do direito de propriedade, com sua fungao social bem determinada, geradora de trabalho e de empregos, apta a produzir novas riquezas e contribuir para o bem geral da nagao. E a propriedade dos novos tempos,a eliminar a propriedade esteril e improdutiva3 5

E u m a v i s a o antiga de propriedade, que g a n h a u m a nova r o u p a g e m haja vista a nova realidade social, h u m a n i z a d a ao longo d o s s e c u l o s .

Ob Cit. p. 29. Idem. p. 37.

(25)

£ mister p e r c e b e r q u e a fungao social da propriedade, a p e s a r de ter u m carater socialista estar estritamente ligada ao lucro c a p a z de ser gerado pelo uso da propriedade, s e n d o inclusive u m d o s fatores d e t e r m i n a n t e s a sua existencia para a existencia d a q u e l a . C o m o a s s e g u r a Bertan (apud Hironaka):

Quanto a propriedade, outro dos tres mais significativos pilares estruturais do Direito Civil - ao lado da familia e do contrato - nao parece restar mais duvida, na atualidade, a respeito de que ela nao e uma fungao social, mas que - isso sim - tern uma fungao social que Ihe e inerente, significando que se encontrara o proprietario obrigado a dar determinada destinagao social aos seus bens, concorrendo, assim, para a harmonizagao do uso da propriedade privada ao interesse social, mas sem o exagero da coletivizagao dos bens, modus proprio de outro regime ou sistema politico-economico, de natureza socialista. De toda a sorte, o que passa pelo cenario da pos-modernidade, enfim, e o mesmo este excepcional e indiscutivelmente real fenomeno que restringe e limita o exercicio do direito de propriedade, pela faceta de suas diversas faculdades juridicas, aparando arestas do individualismo tradicional, como diria Caio Mario da Silva Pereira, e bombardeando de todos os angulos, o absolutismo do direito de propriedade.3 6

E m relagao a ideia acima transcrita defendida por Bertan p e r c e b e - s e que a propriedade tern u m a caracteristica inerente q u e a fungao social, o que nao quer dizer que a propriedade seja absolutamente coletiva, mas tratar a propriedade c o m o direito individual q u e sofre restrigoes para satisfazer os direitos coletivos sociais. Dai a constituigao Federal da Republica Federativa d o Brasil ter a d o t a d o a fungao social c o m o principio b a s e a propriedade.

S e n d o c o n v o c a d o s a observar que nao e a f u n g a o social uma sangao ao direito de p r o p r i e d a d e . A p e n a s uma limitagao, o q u e na v e r d a d e nao limita de fato, ela restringe a p e n a s atos abusivos ao direito e s t u d a d o , c o l o c a n d o o direito coletivo e m s o b r e p o s i g a o ao e x c e s s o do direito d e propriedade. Nao e caracterizada a sangao pois, nao se trata d e u m p e n a , mas de u m preceito q u e so t e n d e a elevar o proprio direito de p r o p r i e d a d e , f a z e n d o - o fortalecer e nao elimina-lo, nada mais c o m u m do q u e e m m e i o s a tantas m u d a n g a s por conta d o s direitos h u m a n o s , a propriedade sofra restrigoes e m prol d o s nao proprietaries, e m f u n g a o inclusive do proprio arbitrio d o proprietario.

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2.3 A P r o p r i e d a d e e a C o n s t i t u i g a o F e d e r a l d a R e p u b l i c a F e d e r a t i v a do B r a s i l de 1988

C o n c e i t u a d a e m m o m e n t o oportuno, a p r o p r i e d a d e e s a l v a g u a r d a d a pela Constituigao F e d e r a l , e por ser direito f u n d a m e n t a l , e clausula petrea, e c o m o tal nao pode ser m u d a d a , e m e n d a d a , restringida pelo legislador d e r i v a d o , p o d e n d o a p e n a s ser a m p l i a d a .

T r a t a d a na Constituigao Federal no capitulo dos Direito F u n d a m e n t a i s o artigo 5°, X X I I , dispoe q u e "E garantido o Direito de Propriedade", a redagao dada pelo legislador originario, vista isoladamente dar a falsa i m p r e s s a o q u e e a p r o p r i e d a d e u m direito absoluto, entretanto para nao deixar m a r g e n s no inciso seguinte o constituinte ja e n u m e r a u m a f o r m a de relativizar tal direito, c o n f o r m e redagao e m p r e g a d a no art. 5 ° , XXIII, s e g u n d o o qual "A p r o p r i e d a d e atendera a sua fungao social", e a intengao de nao restar d u v i d a s acerca da relativizagao que foi posto ainda no artigo 170 ao tratar da o r d e m e c o n o m i c a , o principio d a fungao social d a propriedade:

Art. 170: A ordem economica, fundada na valorizagao do trabalho humano e na livre iniciativa tern por fim de assegurar a todos a existencia digna, conforme os ditames da Justiga Social, observados os seguintes principios:

I - Soberania Nacional; II - Propriedade Privada;

III - Fungao social da propriedade.

Desta f o r m a e c o n c e d i d a pelo Estado ao cidadao a p r o p r i e d a d e , nao de forma d e s o r d e n a d a , m a s de m a n e i r a r e s p o n s a v e l , s e n d o possivel a existencia e p e r m a n e n c i a da p r o p r i e d a d e privada o b s e r v a n d o s e m p r e a fungao social. A propria Constituigao c o m a finalidade de nao restar d u v i d a s sobre s e u p o s i c i o n a m e n t o acerca d a f u n g a o social e n u m e r a ainda no artigo 186 o seguinte:

Art. 186: A fungao social e cumprida quando a propriedade rural atende simultaneamente, segundo criterios e graus de exigencia estabelecidos em lei, aos seguintes criterios:

(27)

II - utilizagao adequada dos recursos naturais disponiveis e preservagao do meio ambiente;

III - observancia das disposigoes que regulam as relagoes de trabalho;

IV - exploragao que favorega o bem-estar dos proprietaries e dos trabalhadores.

O inciso I do artigo 186 d a C F trouxe o a p r o v e i t a m e n t o racional e a d e q u a d o da propriedade, o que mostra q u e o constituinte p r e o c u p o u - s e c o m a produtividade d a propriedade. M a s nao m e r a m e n t e so c o m a produtividade, diga-se, isso por d e m o n s t r a r q u e d e v e r a ser a d e q u a d o o a p r o v e i t a m e n t o do uso do direito a propriedade, de m a n e i r a a nao ser predatoria, por e x e m p l o , ja que ha o uso predatorio, e s t e p o d e ser visto de maneira e m p i r i c a c o m o f o r m a de produtividade, mas a restrigao feita faz revelar a real intengao do legislador, usar a propriedade de maneira inteligente, g e r a n d o lucro, s e m , c o n t u d o ofender regras, normas sociais. Dispondo Bertan (apud Bastos) acerca do tema t e m - s e q u e :

Sem produgao abundante nao ha bem-estar social, mesmo porque todos os pianos que interessam mais diretamente a qualidade de vida do cidadao dependem de grandes somas de dinheiro para implementagao, desenvolvimento da educagao, da saude, da habitagao, (...). Do exposto resulta claro que o nucleo fundamental do conceito de preenchimento da fungao social e dado pela sua eficacia atual quanto a geragao de riqueza. Dai o porque da propriedade produtiva vir excluida daquelas suscetiveis de expropriagao para fins de reforma agraria nos termos do art. 186, supra.3 7

Esse dispositivo d e m o n s t r a a possibilidade de intervengao do Estado no e x e r c i c i o d e direito de propriedade, ja que e instituto e x p o s t o na Constituigao Federal a expropriagao de terras, mas c o m o b e m ressaltou o autor referido na ultima citagao a q u e l a s propriedades que d e s e m p e n h a m a sua fungao social e s t a o livres d a expropriagao por parte do Estado, ja que a fungao precipua d a expropriagao e f a z e r c o m q u e a p r o p r i e d a d e nao fique p a r a d a , s e m gerar lucros e produzir riquezas.

A p a s s a g e m d e Bastos e x p r e s s a a realidade do m u n d o c o n t e m p o r a n e o , para que se estabelega o b e m estar social necessario q u e no e x e r c i c i o do direito de propriedade gere produgao a t e n d e n d o a necessidade social.

O inciso II d o artigo 186 trata da preservagao do meio a m b i e n t e e utilizagao a d e q u a d a d o s recursos naturais disponiveis. C o n f o r m e o conceito d e meio a m b i e n t e

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trazido por Silva p o d e - s e afirmar q u e todo recurso natural ou n a o , mas que seja essencial a s o c i e d a d e pode ser e n g l o b a d o no conceito, c o m o se pode averiguar pelo conceito trazido pelo doutrinador:

O conceito de meio ambiente ha de ser, pois, globalizante, abrangente de toda natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a agua, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimonio historico, artistico, paisagistico e arqueologico.3 8

A partir do conceito definido pelo doutrinador t e m - s e q u e o meio a m b i e n t e e c o m u m a t o d o s os m e m b r o s d a s o c i e d a d e , d e v e n d o ser utilizado pelo proprietario de maneira a nao ferir os direitos subjetivos dos d e m a i s m e m b r o s da s o c i e d a d e nao proprietaries, o b s e r v a n d o - s e o respeito, s e m aniquilar os recursos a d v i n d o s do meio ambiente, e x e r c e n d o u m d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t a v e l . E utilizar o meio s e m desperdicio.

O b s e r v a - s e q u e os dois incisos, I e II do artigo referido tratam de q u e s t o e s diversas, no primeiro a uma a c a o no sentido de que a p r o p r i e d a d e nao pode ficar s e m utilizagao, no inciso seguinte dar o legislador u m freio e m relagao aos meios de utilizagao, p o d e n d o ser resumido d a seguinte f o r m a , o proprietario p o d e usar de todo e qualquer m o d o exceto q u a n d o seu uso ferir as normas de meio a m b i e n t e .

O inciso III tratou d a s disposigoes que r e g u l a m as relagoes de trabalho, s e n d o o b s e r v a d o s pelo proprietario os dispositivos previstos na Consolidagao d a s Leis do Trabalho, o n d e o e m p r e g a d o sera coberto pelo manto d a s n o r m a s trabalhista, de u m m o d o geral e especifico, por e x e m p l o , Jornada de trabalho, direito a u m salario justo enfim a o s direitos e l e n c a d o s , por e x e m p l o , na C o n s o l i d a g a o das Leis Trabalhistas.

O referido inciso traz e m s e u bojo q u e s t a o s e m e l h a n t e a do inciso anterior, ja que dar a possibilidade de exploragao d a propriedade de qualquer m o d o , d e s d e que no processo de utilizagao de m a o - d e - o b r a sejam verificadas as regras c o n c e r n e n t e s aos t r a b a l h a d o r e s .

Por fim o inciso IV tratou de regular as relagoes subjetivas d o s proprietaries e d o s t r a b a l h a d o r e s , ate m e s m o c o m o c o n s e q u e n c i a d o inciso anterior, a m p l i a n d o t a m b e m para o b e m estar d o proprio proprietario.

3 8 SILVA, Jose Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 4 ed. Sao Paula: Malheiros, 2003, p. 20.

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P a s s a d o o rol d e exigencias d a Constituigao Federal q u e por muitos e definido c o m o u m rol m e r a m e n t e exemplificativo, estando o proprietario c o n d i c i o n a d o a outras regras limitadoras de a c o r d o c o m os ideais da Republica, sem, c o n t u d o d e i x a r de a t e n d e r c u m u l a t i v a m e n t e os q u a t r o requisitos expressos. O q u e de fato importa e que s e n d o c u m p r i d a s as exigencias m i n i m a s do art. 186 da CF/88 o proprietario vai poder provocar o Judiciario s e m p r e q u e seu direito a propriedade estiver a m e a g a d o . D e f e n d e n d o a corrente de q u e o rol do art. 186 e m e r a m e n t e exemplificativo esta Bertan ao trazer e m sua o b r a :

O rol de exigencias se amplia, de acordo com os ideais da Republica, vistos em capitulo proprio, e que e obrigatorio repetir. A comegar pelo preambulo constitucional, em que o legislador expoe teleologicamente o objetivo da carta magna: "assegurar (...) a igualdade e a justiga como valores supremos de uma sociedade fratema, pluralista e sem preconceitos".3 9

Certo e q u e t o d a e qualquer propriedade devera atender a fungao social a ela destinada, c a s o contrario p o d e r a sofrer limitagoes o titular de tal direito, tal c o m o a d e s a p r o p r i a g a o , q u e s t a o que nao deve ser discutida neste m o m e n t o . Mas o Estado so p o d e r a proteger a q u e l a propriedade que atenda ao principio d a fungao social, s e , contudo nao se o b s e r v a no o r d e n a m e n t o juridico atual uma efetivagao de tal principio nao p o r q u e nao exista ou por nao representar de fato u m principio constitucional, mas por e s t a r m o s ainda diante de uma s o c i e d a d e b a s e a d a no latifundio, altamente individualista, de terras improdutivas.

Bertan (apud T e p e d i n o ) e m linha de raciocinio parecido a d v o g a q u e :

Dai decorre que, quando uma certa propriedade nao cumpre sua fungao social, nao pode ser tutelada pelo ordenamento juridico. Vale dizer, que nao somente os bens de produgao mas tambem os de consumo possuem uma fungao social, sendo por estas conformados em seu conteudo - modos de aquisigao e de utilizagao.4 0

A i n d a que d e maneira singela, inexpressiva, os tribunals v e m a c e i t a n d o a aplicabilidade da fungao social da propriedade c o m o meio assecuratorio do direito f u n d a m e n t a l que e a propriedade.

Ob. Cit. p. 127. Idem p. 128.

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O constituinte ainda fez m e n g a o a fungao social de m a n e i r a explicita ao redigir o art. 182 na seguinte redagao:

Art. 182. A politica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Publico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tern por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das fungoes sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

(...)

§ 2° - A propriedade urbana cumpre sua fungao social quando atende as exigencias fundamentais de ordenagao da cidade expressas no piano diretor (...)

O referido artigo mostra ao interprete que a propriedade, c o m o direito f u n d a m e n t a l , s o m e n t e p o d e r a ser a s s i m c o n f i g u r a d a q u a n d o atrelada ao d e v e r f u n d a m e n t a l , q u e e a fungao social. A C F faz-se reforgar o principio d a fungao social, colocando ao constituinte derivado o poder de e x p o r m a n e i r a s mais concretas de se exigir de a c o r d o , principalmente, da realidade d e c a d a p r o p r i e d a d e , isso por dar margens a legislagoes infraconstitucionais a g i r e m e m tal lacuna, deixada propositalmente, p a r a q u e se o b s e r v e a realidade social de c a d a area d e s s e imenso pais.

A l e m de t o d a s as normas constitucionais que v i s a m proteger a fungao social d a propriedade t e m - s e ainda normas infraconstitucionais q u e v i s a m t a m b e m d e maneira subsidiaria a m e s m a protegao, tais c o m o o Estatuto da T e r r a , o Decreto Federal n. 95.715/88, o qual regula as d e s a p r o p r i a g o e s , A Lei 6 . 9 3 8 / 8 1 , a Lei 6.799/79, t a m b e m a Lei 6.803/80 dentre outros.

O C o d i g o Civil t a m b e m trouxe sua p r e o c u p a g a o q u a n t o a protegao a propriedade, talvez nao t e n h a trabalhado c o m afinco o assunto, m a s trouxe i n u m e r a s c o n s i d e r a g o e s , a c e r c a do tema. Para V e n o s a "a p r o p r i e d a d e a s s u m e uma nova perspectiva no novo Codigo Civil, seu sentido s o c i a l "4 1, afirmando a s s i m a aplicabilidade e existencia material da fungao social, o n d e o direito individual d e v e atender t a m b e m os direitos e a n s e i o s coletivos.

E m s i n t e s e o p e n s a m e n t o de Falcao resume o q u e se quis aqui dizer:

A fungao social da terra, como filosofia ou norma programatica, nada mais e senao o reflexo palpavel dos resultados advindos do trabalho do homem sobre a terra. Fungao social so se atinge, pois, se houver

(31)

trabalho efetivo, diuturno, continuo, do proprietario sobre a terra que cultiva.4 2 (grifos do autor)

O m e n c i o n a d o trabalho sobre a terra, no sentido analogico, a propriedade, deve ser t r a b a l h a d a , servindo ao h o m e m de m a n e i r a p r u d e n t e , o n d e se p o s s a observar a g e r a c a o de lucros e m favor do detentor e t a m b e m e m razao A d a coietividade.

No contexto evolutivo d a s Constituigoes Brasileiras s o m e n t e e m 1934 c o m a seguinte redagao:

E garantido o direito de propriedade, que nao podera ser exercido contra o interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriagao por necessidade ou utilidade publica far-se-a nos termos da lei, mediante previa e justa indenizagao. Em caso de perigo eminente, como guerra ou comogao intestina, poderao as autoridades competentes usar da propriedade particular ate onde o bem publico exija ressalvado o direito de indenizagao ulterior.4 3

A partir d e e n t a o o Estado Brasileiro t r o u x e e m t o d a s as s u a s Constituigoes mengoes a F u n g a o Social da Propriedade, salvo na Constituigao de 1937. S e m p r e v i s a n d o o b e m - e s t a r social.

Seja e n c a r a d a da maneira q u e for, certo e que a fungao social e u m meio legal e justo, a n t e s de t u d o , q u e o Estado e n c o n t r o u d e facilitar a c o n v i v e n c i a social, isso por fazer o proprietario estar ligado ao social, a c o m u n i d a d e a partir de sua propriedade, ja q u e a p e s a r de ser titular do direito, tal nao p o d e ser absoluto por ferir o direito d a coietividade, p a s s a n d o desta forma a ser e n c a r a d o por muitos c o m o uma f o r m a de limitar o direito de propriedade.

T o d a v i a nao s e pode encarar a fungao social da p r o p r i e d a d e c o m o u m a limitagao, m a i s c o m o principio ampliador do direito de p r o p r i e d a d e , ja que dar a o p o r t u n i d a d e ao proprietario de exercer u m direito f u n d a m e n t a l ao m e s m o t e m p o q u e exerce t a m b e m u m dever, o qual reverte-se e m prol da s o c i e d a d e c o m o direito f u n d a m e n t a l . E por tal razao o Constituinte no m o m e n t o d e e s c o l h e r as clausulas

4 2 FALCAO. Ismael Marinho. A fungao social da Propriedade. Disponivel em: http://www.apriori.com.br/cgi/for/a-funcao-social-da-propriedade-ismael-marinho-falcao-t269.html. Acesso em 21/08/2010. p. 5

4 3 BRASIL. Constituigao dos Estados Unidos do Brasil. Disponivel em: < http://www.planalto.gov.br >. Acesso em: 19 de setembro de 2010.

(32)

petreas fez a b r a n g e r o direito de propriedade, s e m e s q u e c e r contudo da fungao social que cada uma d e v e d e s e m p e n h a r .

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3 F U N Q A O S O C I A L DA E M P R E S A

Por b a s e no q u e ja fora dito no capitulo anterior, a propriedade e x e r c e ou d e s e m p e n h a u m a f u n g a o social, o que na visao mais pessimista poderia ser e n q u a d r a d a c o m o u m a limitagao a tal direito. T r a b a l h a n d o o tema p r o p r i e d a d e no c a m p o do Direito Privado c h e g a - s e de forma abrupta ao conceito de e m p r e s a , de m o d o q u e a E m p r e s a c o m o p r o p r i e d a d e privada e x e r c e ou d e v e exercer uma fungao social. E isso q u e o capitulo propoe, trabalhar o conceito e peculiaridades d a e m p r e s a e por c o n s e g u i n t e sua fungao social, c o m o u m direito de propriedade.

3.1 D a E m p r e s a

A E m p r e s a g a n h a relevancia por ora por ser u m meio direito e imediato de exercicio do direito de p r o p r i e d a d e privada. Do latim e m p r e s a prehensus, praticar empreender. C o n f o r m e De Placido e Silva e m p r e s a significa "toda organizagao e c o n o m i c a , civil ou c o m e r c i a l , instituida para a exploragao d e u m d e t e r m i n a d o r a m o "4 4. A s s i m p o d e - s e afirmar q u e de qualquer atividade d e s e n v o l v i d a c o m a intuito de atingir d e t e r m i n a d o fim e e x p l o r a n d o atividade lucrativa t e m - s e o conceito de e m p r e s a .

O C o d i g o Civil Brasileiro, por ser o sucessor do C o d i g o C o m e r c i a l , ja q u e houve certa incorporagao, q u e se diga nao uma f u s a o e n t r e o Direito Privado, mas a p e n a s u m a incorporagao por parte do direito civil. O C o d i g o Civil nao definiu E m p r e s a , mas d e u o conceito de empresario, q u e a partir dele se c h e g a de maneira obvia ao conceito legal de e m p r e s a . A redagao do art. 9 6 6 do C C evidencia isso:

Art. 966: Considera-se empresario quern exerce profissionalmente atividade economica organizada para a produgao ou a circulagao de bens ou de servigos.

Paragrafo unico. Nao se considera empresario quern exerce profissao intelectual, de natureza cientifica, literaria ou artistica, ainda

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