TÍTULO: OS EFEITOS DAS BRINCADEIRAS PEDAGÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E SOCIAL DE CRIANÇAS DE TRÊS ESCOLAS DE ENSINO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU-SP.
TÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:
SUBÁREA: PEDAGOGIA SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: FACULDADES INTEGRADAS DE BOTUCATU INSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): ELDER CANDIDO DE MATTOS, ANA PAULA COSTA GIMENEZ, LYGIA GONÇALVES ADÃO
AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ELCY DUTRA CALVI ORIENTADOR(ES):
COLABORADOR(ES): ANDRÉA CRISTINA GOMES COUREL, CEI-IDA ROSA PILAN DELL OMO, CEPRA–CENTRO EDUCACIONAL “PROF. REINALDO, CÍNTIA FERNANDA PILAN EBÍRNEO,
FLORESCER-JARDIM DE INFÂNCIA WALDORF, GABRIELA DE CARVALHO DELLEVEDOVE, HELEM NUNES, RODRIGO CASALLI
Resumo:
A presente pesquisa teve por finalidade, analisar as práticas do “brincar pedagógico” no desenvolvimento físico, cognitivo e social dos alunos de três escolas de ensino infantil do município de Botucatu/SP. No desenvolvimento da pesquisa também foram comparados o impacto da inserção de tecnologias diante do “brincar tradicional” e o quanto esta tecnologia afetou os diferentes processos do desenvolvimento físico, cognitivo e social desses alunos.
Palavras-chave: Brincadeiras Pedagógicas, Cognitivo, Físico, Social.
Introdução.
Em 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi promulgado pelo então presidente Fernando Collor de Melo. Com o objetivo de especificar os direitos e responsabilidades das crianças e adolescentes veio explicitar os princípios da proteção integral, já previstos na Constituição de 1988. Assim, a criança e o adolescente passou a ser o centro da questão, como direito fundamental, o direito de brincar, conforme se lê em seu artigo 16, inciso IV.
A atual LDB (Lei 9394/96) sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, trouxe diversas mudanças, entre elas, a inclusão da educação infantil em creches e pré-escolas, como primeira etapa da educação básica, consequência do direito da criança à educação e não direito da mulher trabalhadora. Portanto, o papel da escola de educação infantil passou ser o de promover a socialização das crianças, sendo o brinquedo e a brincadeira as formas mais precisas para essa socialização e o ato de brincar como inerente às crianças desde seu nascimento.
Atualmente, a relação brincadeiras/aprendizagem, encontra-se desacreditada, pois muitos associam o brincar a um desgaste de energia, falta do que fazer. “Não raro, ouvimos adultos, invadindo a brincadeira infantil, censurarem: menino, deixa de brincadeira! Quando, na verdade, deveriam estimular e orientar as crianças para a brincadeira”. MIRANDA (1998, p. 03).
Entender a brincadeira é perceber o quanto a mesma contribui para o desenvolvimento infantil, assim reforçamos a ideia anterior quando afirma-se que:
As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as
brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças. (TEIXEIRA, et al, 2003, p.04)
Piaget define o desenvolvimento intelectual como um contínuo processo de construção e reconstrução que ocorre em uma sequência de ações mentais. Durante todo o processo, é possível integrar novos dados aos esquemas já existentes, (assimilação); fazer aquisição de novos esquemas ou alterar os esquemas existentes, (acomodação) da mesma forma que para tal processo seja desenvolvido, é necessário o processo de desestruturação, o lançamento dos porquês.
A assimilação é o mecanismo que permite a ação do sujeito sobre o objeto, incorporando este a uma estrutura já existente, enquanto a acomodação consiste na transformação das estruturas do sujeito por força da ação do objeto, para que então possa ocorrer a assimilação.
(MORO, 1987, p. 19).
Desta forma, esta pesquisa teve a finalidade de verificar as brincadeiras no âmbito escolar com base na perspectiva de estabelecer subsídios que permitam saber de que forma as brincadeiras pedagógicas e tradicionais realizadas na educação infantil podem ou não contribuir para o desenvolvimento físico, cognitivo e social das crianças, sendo que:
O brincar pedagógico;
As atividades lúdicas, infantis-brincadeiras, produções plásticas, expressões corporais- caracterizam as diversas culturas com seus saberes, suas crenças, seus conteúdos e valores, e levam a marca, a influência de todo o entorno familiar, social, midiático e mercadológico. Essas representações e seus simbolismos têm vida própria e “dizem” da criança, do seu ser, das suas emoções, das suas crenças, da sua realidade. (FRIEDMANN, 2012, p. 23)
E o brincar tradicional, onde:
As brincadeiras tradicionais fazem parte do folclore infantil, trazem consigo parte da cultura popular, pois são transmitidas oralmente, guardam a produção espiritual de um povo em certo período histórico, estando sempre em transformação, incorporando criações de novas gerações que venham a sucedê-las. (KISHIMOTO 2006, p 13-43)
Dessa maneira, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma, sendo fundamental compreender que:
O jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca para passar o tempo, ou seja, a brincadeira é a forma que ela encontra para expressar desejos, problemas, bem como representar conhecimentos. (Rizzi e Haydt, 1987, p.04)
Nesse contexto, o projeto enfatiza alguns elementos considerados de grande relevância para a aprendizagem das crianças, como por exemplo a autonomia, percepção motora, equilíbrio e orientação espacial adquirida por meio do brincar.
Objetivo.
Avaliar as diferenças entre o brincar pedagógico; (atividade lúdica enquadrada no meio educacional; instrumento de trabalho e avaliação que o professor têm para atingir objetivos preestabelecidos nas atividades; brincadeira dirigida pelo educando com o propósito de facilitar a interface entre os alunos e eles com o mundo.), e o brincar tradicional; ( atividade executada pela criança sem direcionamento do docente, para que a criança possa desenvolver sua autonomia e sociabilidade com as demais ou momentos de introspecção) e assim avaliar a contribuição para o desenvolvimento físico, cognitivo e social nestas duas vertentes. Foram avaliadas também, quais atividades estariam sendo direcionadas dentro da sala de aula para estes alunos estudados e se estas são as melhores diretrizes para auxilia-los no processo de desenvolvimento físico, cognitivo e social, através do brincar pedagógico e, se estas atividades são pertinentes a todos os alunos.
Metodologia.
O estudo é fundamentalmente qualitativo e para tanto utilizou-se da metodologia do tipo descritivo e pesquisa-ação, contando com a participação de alunos e educadores. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foi a pesquisa semiestruturada e observações participantes, utilizando-se de um questionário para avaliação do desenvolvimento físico, cognitivo e social desenvolvido para este trabalho.
Nesse sentido, pretende-se por esta pesquisa, averiguar e reconhecer como as brincadeiras podem proporcionar a aprendizagem das crianças; se há comportamentos relevantes entres as atividades que se pretende estudar, independente da sexualidade da criança, pois o foco principal será avaliar as atividades desenvolvidas pelas crianças, o brincar pedagógico desenvolvido nas instituições e de que forma este auxilia no processo de desenvolvimento dos mesmos.
A faixa etária dos avaliados será entre 4 e 5 anos completos, representando assim a Etapa 2 na educação infantil.
O número de crianças avaliadas nas três instituições de ensino corresponde a um total de 52 crianças.
O processo de avaliação foi mensal, utilizando-se do questionário para observação do desenvolvimento físico, cognitivo e social desenvolvido especificadamente para este estudo.
Estas avaliações foram interpretadas e comparadas entre as instituições e, por conseguinte, os dados foram tabulados e trabalhados com uma média aritmética do índice de desenvolvimento alcançado. Para tanto, faz se entender que:
A criança deve ser estudada na sucessão das etapas de desenvolvimento caracterizadas pelos domínios funcionais da afetividade, do ato motor e do conhecimento, entendidos como sendo desenvolvido primordialmente pelo meio social.(WALLON, 1934, p. 02)
E ainda, complementando a citação anterior, enfatizamos:
Piaget propõe que as construções estruturais da inteligência humana são universais e surgem sempre na sequência apresentada. Mas as idades cronológicas em que essas construções se manifestam variam de indivíduo para indivíduo e de grupo para grupo. (MORO, 1987, p. 20)
Período pré-operacional (2 a 7 anos): aqui o desenvolvimento ocorre a partir da representação sensório-motora para as soluções de problemas e segue para o pensamento pré-lógico. Uma das características desse estágio é o desenvolvimento da linguagem e o raciocínio pré-lógico.
Desenvolvimento.
O presente estudo foi realizado no período compreendido entre os meses de Fevereiro à Agosto/2015, compreendendo assim um semestre de estudos nas três diferentes escolas no município de Botucatu-SP, que são: Florescer-Jardim de Infância Waldorf; CEI- Ida Rosa Pilan Dell'Omo e CEPRA–Centro Educacional “Prof. Reinaldo Anderlini”.
Estas escolas diferem-se por apresentarem vertentes educacionais e metodológicas diferenciadas de ensino, assim como as diferenças encontradas entre as atividades e conceitos para as crianças.
A instituição Florescer é um Jardim de Infância que utiliza o sistema Waldorf. Sua metodologia se baseia na concepção do desenvolvimento integral do ser
humano, levando em conta as características individuais de cada criança, para assim, consequentemente, formar adultos livres com pensamento individual e criativo, sensibilidade social e para a natureza.
A instituição CEPRA, utiliza-se do método de ensino sócio interacionista, preocupa-se com a formação integral do indivíduo e visa prioritariamente formar cidadãos críticos reflexivos, sempre com respeito as regras e interação com a natureza.
Pautada no RCNEI e alicerçada na concepção socioconstrutivista, a CEI, atua com base no Referencial Curricular Municipal, onde através de projetos e sequências de atividades são trabalhados os requisitos básicos para o desenvolvimento físico, cognitivo e social.
Os dados foram coletados através de um questionário previamente formulado e subdividido em vertentes: desenvolvimento físico, cognitivo e social. As informações obtidas constituíram um banco de dados no programa Excel. Calculou-se a porcentagem satisfatória do progresso obtido sobre a avaliação dos alunos e os dados mais expressivos passaram a constituir objeto da atenção nesta pesquisa.
Resultados
Os resultados apresentados abaixo, mostraram uma grande variação no desenvolvimento das crianças, assim como as vertentes avaliadas nas diferentes instituições. Os dados mais representativos estão dispostos em gráficos para melhor compreensão do progresso de desenvolvimento alcançado no período estudado.
O gráfico 01 logo abaixo, nos mostra a porcentagem de crianças relacionadas ao processo de desenvolvimento social, atingido nas diferentes instituições.
Apesar de apresentarem um padrão bastante diferenciado entre escolas, a média de desenvolvimento social entre atividades dentro da mesma instituição se manteve próxima, indicando um ritmo de desenvolvimento satisfatório, reforçando assim, que a rotina educacional através do brincar pedagógico é também um fator primordial ao processo de desenvolvimento educacional social para formação do cidadão, com destaque ao segmento sócio interacionista desenvolvido pela instituição CEPRA.
88% 91% 83% 67% 70% 52% 38% 38% 31% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Relaciona-se com o grupo Brinca em cooperação Sabe partilhar, escutar,
arrumar % d e c ri an ças an al isad as p o si ti vame n te .
Atividades analisadas/ escola.
CEPRA CEI Florescer.
Gráfico 01. Desenvolvimento Social
O gráfico 02 respalda e reforça o que nos diz o primeiro, pois nos remete a reflexão de que o brincar pedagógico associado a questões culturais sociais de rotina e organização são segmentos positivos no processo de aprendizagem e sociabilização.
O percentual apresentado nas atividades, assim como pelas instituições nas diferentes modalidades avaliadas, não chega a ser um fator preocupante dentro do segmento social, pois há um processo crescente, acima de 50% dos avaliados em um ritmo de aprendizagem de valores e conceitos, reforçados nas atividades do brincar pedagógico e, comparados a um pequeno percentual de crianças ainda dispersas; fator provável pela faixa etária estudada e não pelas atividades lúdicas educacionais desenvolvidas pelas instituições.
88% 6% 7% 62% 17% 21% 90% 0% 11% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ajuda guardar os brinquedos
Larga tudo jogado Troca muito de brinquedo (Dispersa) % d e cr ia n ça s an alis ad as .
Atividades analisadas/ escola. CEPRA CEI FLORESCER
Gráfico 02. Como a Criança encerra a brincadeira? (Fator social).
O gráfico 03 abaixo, resultante do segmento - desenvolvimento físico, não mostrou grandes alterações entre instituições. Todas as instituições, independente do contexto social, apresentaram ótimos resultados no quesito desenvolvimento físico,
pois possuem como metodologia a inserção da prática lúdico pedagógica, do desenvolvimento através das brincadeiras, fator este que se mostrou funcional e satisfatório. 99% 100% 90% 76% 1% 100% 92% 71% 95% 9% 95% 100% 96% 64% 8% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Capacidade motora Sustentação
corporal
Atividades livres Tem contato com o
chão
Dificuldades nas brincadeiras
Atividades analisadas/ escolas CEPRA CEI Florescer.
Gráfico 03. Desenvolvimento Físico.
Os gráficos 04 e 05, segmento do desenvolvimento cognitivo, mostraram duas situações distintas. O gráfico 04, desenvolvimento cognitivo relacionado ao brincar, seguiu uma linha padrão do desenvolvimento, com pequenas oscilações, destacando outrora uma ou outra instituição, de acordo com o segmento avaliado. Esta diferenciação nas porcentagens de desenvolvimento perfaz o estímulo dos alunos quando solicitados a executarem alguma atividade dirigida, estímulo este, diferenciado pela metodologia de cada instituição e acompanhando o processo construtivo do conhecimento dos alunos.
100% 100% 99% 96% 97% 57% 88% 97% 73% 47% 74% 88% 89% 59% 79% 66% 92% 83% 100% 91% 66% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Convers a durante o brincar Descreve o que brinca id. Cores e caracteristicas
Expressa alegria Compreende conceitos
Imita sons Criativo
Atividades analisadas/ escolas
CEPRA CEI Florescer.
Gráfico 04. Desenvolvimento Cognitivo relacionado ao brincar
O gráfico 05 abaixo, também relacionado ao desenvolvimento cognitivo e a vivência do brincar no dia-a-dia, apresentou valores distintos mais uma vez, mostrando que a metodologia institucional também é fator fundamental no processo de
desenvolvimento, diferenciado entre instituições, porém com propósitos em comum; Educar e formar cidadãos críticos e reflexivos para o mundo.
4% 36% 11% 13% 14% 13% 19% 26% 48% 77% 91% 0% 32% 30% 0% 49% 88% 53% 90% 77% 52% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Manipula obj. sem organização Org. pequenos grupos Faz agrupamentos
Enfileira objeitos Reproduz a realidade
Forma classes Classifica os objetos Atividades analisadas/ escolas
CEPRA CEI Florescer.
Gráfico 05. Desenvolvimento Cognitivo associado ao Brincar e a Vivência no dia-a-dia.
Considerações finais.
Ao final de nosso projeto, verificamos que os objetivos propostos foram alcançados plenamente, pois conseguimos identificar nas diferentes instituições avaliadas, diversas atividades lúdico pedagógicas que puderam contribuir para o desenvolvimento integral de nossas crianças.
Proporcionar atividades através do brincar ainda continua sendo a melhor forma de instigar o desenvolvimento global do educando e, cabe também a instituição de ensino exercer a função integradora, dando condições a nossas crianças de desenvolver seu papel na sociedade e sentir-se um ser social.
O resgate de brincadeiras, assim como o incentivo a prática do brincar nas mais diferentes e variadas modalidades é a melhor forma que a criança tem de se apropriar dos diversos fatores de desenvolvimento, afetivo, motor, cognitivo, social, entre outros.
Vale ainda ressaltar a importância do ensino infantil como sendo uma etapa extremamente importante para a vida e desenvolvimento.
O processo de formação é contínuo, mas o fator inicial adequado é o determinante pelas conquistas ou fracasso na formação integral do ser humano.
Referências
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