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Perfil de gestantes participantes de rodas de conversa sobre o plano de parto [Profile of pregnant women participants in conversation circles about the birth plan]

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RESUMO - Introdução: propõem-se um estudo do perfil sociodemográfico de mulheres participantes de roda de conversa sobre o uso do instrumento plano de parto, ressaltando-se a necessidade de mudança no modelo assistencial, contribuindo assim para o fortalecimento da autonomia e dos direitos reprodutivos das mulheres. Objetivo: descrever características sociodemográ-ficas e identificar as informações precedentes sobre o plano de parto das gestantes atendidas em unidades básicas de saúde (UBS), no município de Belo Horizonte/MG. Metodologia: estudo quantitativo descritivo, tendo como instrumento de coleta um questionário estruturado. Fizeram parte do estudo 106 gestantes em acompanhamento pré-natal, no período de março a novembro de 2014. Resultados: houve predominância de gestantes com idade entre 20 e 24 anos, 31%; com o ensino médio completo, 41%, cor da pele: parda, 56%. Relataram ter companheiro fixo, 94%. Apresentavam ocupação remunerada, 56%; 39% afirmaram ter renda de 1 a 2 salários mínimos. Embora todas estivessem realizando pré-natal e na caderneta de pré-natal da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA-BH) constar um plano de parto, 74% não receberam informações sobre plano de parto. Conclusão: profissionais de saúde envolvidos na assistência à gestante precisam proporcionar espaços para a discussão do plano de parto, facilitando a comunicação entre profissionais e gestantes, contribuindo para o fortalecimento da autonomia e tomada de decisão no processo de parto e nascimento. Acredita-se que o conhecimento do contexto de vida dessas gestantes e da prática realizada pelos profissionais auxilia no direcionamento de uma assistência específica e permitir traçar ações que atendam ao perfil dessa clientela.

Descritores: Perfil de saúde; educação em saúde; autonomia pessoal; parto humanizado; enfermagem obstétrica.

ABSTRACT – Introduction: we propose a sociodemographic profile of the study wheel of female participants talk about the use of the instrument birth plan, highlighting the need for change in the care model, thus contributing to the strengthening of the autonomy and reproductive rights of women. Objective: to describe the sociodemographic characteristics and identify the previ-ous information about the birth plan of pregnant women attending Basic Health Units (UBS) in the city of Belo Horizonte / MG. Method: A descriptive quantitative study, whose collection instrument a structured questionnaire. Participants were 106 pregnant women in prenatal care, from March to November 2014. Results: There was a predominance of pregnant women aged 20 to 24, 31%; with completed secondary education, 41%, skin color: brown, 56%. They reported having a steady partner, 94%. They had paid employment, 56%; 39% reported income 1-2 times the minimum wage. Although all were performing prenatal and antenatal book the Municipal Department of Health of Belo Horizonte (SMSA-BH) contain a birth plan, 74% did not receive birth plan infor-mation. Conclusion: Health professionals involved in prenatal care need to provide space for the birth plan discussion, facilitating communication between professionals and pregnant women, contributing to the strengthening of autonomy and decision-making in the labor and birth process. It is believed that the knowledge of the context of life of these women and the practice carried out by professionals assists in targeting specific assistance and allow trace actions that meet the profile of this clientele.

Descriptors: Health profile; health education; personal autonomy; humanizing delivery; obstetric nursing.

RESUMEN - Introdución: proponemos un perfil sociodemográfico de la rueda de estudio de mujeres participantes hablar sobre el uso del plan de parto instrumento, destacando la necesidad de un cambio en el modelo de atención, lo que contribuye al fortalecimiento de la autonomía y los derechos reproductivos de las mujeres. Objetivo: describir las características sociodemográficas e identificar la información anterior sobre el plan de parto de las mujeres embarazadas que acuden a las Unidades Básicas de Salud (UBS) en la ciudad de Belo Horizonte / MG. Metodología: estudio cuantitativo descriptivo, cuya colección instrumento un cuestionario estructurado. Los participantes fueron 106 mujeres embarazadas en control prenatal, de marzo a noviembre de 2014. Resultados: hubo un predominio de las mujeres embarazadas de 20 a 24, 31%; con educación secundaria completa, el 41%, color de la piel: marrón, 56%. Informaron tener una pareja estable, el 94%. Habían pagado empleo, 56%; 39% reportó una utilidad 1-2 veces el salario mínimo. Aunque todos estaban realizando prenatal y libro prenatal del Departamento Municipal de Salud de Belo Horizonte (AEME-BH) contiene un plan de parto, el 74% no recibió información del plan de nacimiento. Conclusión: profesionales sanitarios implicados en la atención prenatal necesitan para proporcionar espacio para la discusión plan de parto, facilitando la comunicación entre los profesionales y las mujeres embarazadas, lo que contribuye al fortalecimiento de la autonomía y la toma de decisiones en el proceso de parto y el nacimiento. Se cree que el conocimiento del contexto de la vida de estas mujeres y de la práctica llevada a cabo por los profesionales de ayuda a orientar la asistencia específica y permiten que las acciones de seguimiento que reúnan el perfil de esta clientela.

Descriptores: Perfil de salud; educación en salud; autonomía personal; parto humanizado; enfermería obstétrica.

Perfil de gestantes participantes de rodas de conversa sobre o plano de parto

Profile of pregnant women participants in conversation circles about the birth plan

Perfil de mujeres embarazadas participantes en círculos de conversación sobre el plan de parto

Stefani Gomes da Silva¹; Elisa Lima e Silva²; Kleyde Ventura de Souza³; Débora Cecília Chaves de Oliveira4

1Enfermeira pela Universidade Federal de Minas Gerais –UFMG. Belo Horizonte, Minas Gerais - Brasil. E-mail: stefani.gomes90@gmail.com 2Discente do 10º período em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Brasil. E-mail: elisa_lima7@hotmail.com 3Enfermeira Obstétrica. Doutora Professora Adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Brasil. E-mail: kleydeventura@gmail.com 4Enfermeira Obstétrica. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG. Brasil. E-mail: ceciliadeby@hotmail.com

Enfermagem Obstétrica, 2015; 2(1):9-14.

Introdução

O cuidado proporcionado à mulher no processo de parto e nascimento vem sofrendo modificações ao longo do tempo, resultante do excesso de medicalização

e institucionalização¹. Assim a parturiente tornou-se paciente, deixou de ser protagonista do próprio parto, sem direito à escolhas, tornando-se objeto da ação do ISSN 2358-4661

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profissional e das normas institucionais que regem de-terminada instituição².

O resgate do papel de protagonista das mulheres no processo de parto e nascimento implica o fortaleci-mento de novas lógicas na assistência à saúde³. Para tanto, considera-se relevante superar os efeitos negativos do modelo hegemônico de assistência praticado no Brasil; enfatizar o modelo baseado na humanização; reconhecer a importância e possibilitar o fortalecimento da autonomia das mulheres durante o processo parturitivo4.

A humanização da assistência em saúde aparece como um meio de transformar o atual contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), o que requer mudanças nos diversos níveis que o compõem. Como exemplo, cita-se a dificuldade de acesso ao serviço, o que rompe com a lógica do vínculo terapêutico e compromete a qualidade do cuidado pre-stado5,6. A transformação desta realidade deve abranger a socialização de saberes; a valorização do conhecimento e da experiência de todos os atores envolvidos, particularmente, das mulheres e suas famílias7.

Em 2000, o Ministério da Saúde (MS) lançou o Pro-grama de Humanização do Pré-Natal (PHPN), com objetivo de fornecer uma assistência de qualidade e humanizada à gestante e ao recém-nascido, estabelecendo bases refer-enciais para a promoção de uma assistência pré-natal de qualidade em todo o Brasil8. Em Belo Horizonte, em setem-bro, a Lei nº 10.843/2015, instituiu o Plano Municipal para Humanização do Parto, abordando temas como assistência humanizada à gestante durante o parto e ao recém-nascido, além da elaboração do Plano de Parto9.

A educação em saúde é caracterizada como um conjunto de ideias e práticas orientadas para a prevenção de doenças e promoção da saúde. Refere-se à um recurso por meio do qual o conhecimento científico é produzido no campo da saúde, através dos profissionais, o qual consegue alcançar a vivência dos sujeitos, uma vez que a percepção das condições do processo saúde-doença fornece infor-mações para a adesão de novos hábitos e condutas de saúde10. Diante disso, o pré-natal deve contemplar meios que possam prover à gestante artifícios de escolha para alcançar uma assistência plena e digna.

O recurso utilizado na pesquisa foi a roda de conversa, uma vez que são desenvolvidas seguindo o princípio da dialogi-cidade, da valorização de processos de ensino-aprendizagem que contemplaram o diálogo, a problematização e a con-strução do conhecimento por todos os atores envolvidos11.

Durante o período e a assistência pré-natal é fundamen-tal reconhecer que se trata de uma oportunidade de aprendi-zado para a mulher e de fortalecimento de sua autonomia e bem-estar. Além disso, os profissionais de saúde que prestam assistência à gestante devem ser qualificados para o acompan-hamento do pré-natal, baseando-se nas normas de atenção ao pré-natal do Ministério da Saúde, que têm o propósito de oferecer a normatização de procedimentos e condutas a serem realizadas no acompanhamento das mulheres nesse período12.

Entre as estratégias para o fortalecimento dessa auto-nomia está à elaboração pela mulher de um plano de parto, que deve ser respeitado pelos profissionais que a assistem13.

O plano de parto é considerado um componente educativo de alto potencial, uma vez que tem a capacidade de melhorar a co-municação entre os profissionais envolvidos nessa assistência e a usuária14. No planejamento do parto, a aliança terapêutica cria um vínculo suficiente para determinar onde e por quem o parto será assistido e avalia as alternativas possíveis, em situações normais e no caso de surgirem complicações15.

No município de Belo Horizonte, a Cartilha da Gest-ante utilizada durGest-ante as consultas de pré-natal possui o instrumento Plano de Parto que foi criado para fomentar os direitos da mulher, novas práticas e disseminar infor-mações referentes ao parto natural. Ou seja, tem-se uma expectativa de que um maior número de mulheres tenha acesso à informação e faça uma decisão mais igualitária16. Sobre o uso do Plano de Parto, propõem-se um estudo do perfil sociodemográfico de mulheres participantes de uma roda de conversa sobre o tema, onde ressalta-se a necessidade imediata de se discutir a mudança no modelo assistencial e a reorganização das práticas de saúde cen-tradas em valores mais humanísticos, éticos, e no diálogo/ comunicação entre profissionais de saúde e mulheres. Ainda, contribuir assim para uma assistência de qualidade, fortalecimento da autonomia e o exercício dos direitos reprodutivos das mulheres.

Objetivo

Caracterizar o perfil sociodemográfico e identificar informações precedentes sobre o plano de parto das gest-antes participgest-antes de rodas de conversas.

Metodologia

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, no qual utilizou-se o banco de dados da pesquisa “Construindo Estratégias Para o Fortalecimento e o Resgate da Autono-mia das Mulheres no Processo de Parto e Nascimento” originado de um projeto que articula pesquisa e extensão universitárias, realizado em parceria com o Movimento BH pelo Parto Normal, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SEMSA-BH).

Descrever as características de determinada popu-lação ou fenômeno é a finalidade principal da pesquisa descritiva, ou também, o estabelecimento de relações entre variáveis. Este tipo de estudo utiliza-se de técnicas padronizadas para a coleta de dados, como questionários, sendo uma das suas características mais expressiva, que conduz os resultados de natureza quantitativa17.

As rodas de conversa aconteceram na rede de Uni-dade Básica de Saúde (UBS) do município de Belo Horizonte – Minas Gerais, nos distritos Norte e de Venda Nova. Os distritos foram selecionados considerando o vínculo das Unidades Básicas de Saúde (UBS) com maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os sujeitos do estudo foram 106 gestantes, as rodas de conversas tinham como finalidade de conhecer o plano de parto, e motivá-las ao uso dessa ferramenta, além de discutir sobre o trabalho de parto e parto.

Foram elegíveis para o estudo as gestantes inscritas no sistema de pré-natal (SIS Pré Natal) e que aceitaram o convite

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para participar das rodas de conversa. Foram definidos os seguintes critérios para exclusão das gestantes: dificuldade/ impossibilidade de comunicação verbal ou mentalmente incapacitada; gestantes que no decorrer da roda de conversa não a concluíram. Entretanto, nenhuma gestante foi excluída durante a realização das rodas de conversa.

As rodas de conversa aconteceram no período de março a novembro de 2014, após ampla divulgação, por meio de cartazes, contato direto com as gestantes em salas de esperas e por meio de profissionais da saúde e dos agentes comunitários de saúde (ACS), com data e horário previamente definidos em conjunto com gestores/ profissionais. Foram conduzidas pelas pesquisadoras, e em geral com o envolvimento de profissionais do serviço e/ou agentes comunitários de saúde (ACS).

Fizeram parte da pesquisa 21 Unidades Básicas de Saúde, onde foram realizadas 32 rodas de conversa. Nas rodas de conversa inicialmente era realizado a recepção, apresentação do local, entrega dos crachás, acomodação das participantes e a entrega de um questionário estruturado, relativos à sua caracterização (dados sociodemográficos) e suas perspectivas relativas ao processo de parto e nasci-mento, o qual deveria ser preenchido ainda neste momento. A análise dos dados foi realizada por meio de estatís-tica descritiva e analíestatís-tica e os dados foram analisados no programa estatístico Epi Info versão 7.1.5. Para tanto, foram calculadas as frequências absolutas e relativas. As variáveis incluídas nesta pesquisa foram faixa etária, cor da pele, idade gestacional, estado conjugal, escolaridade, ocupação remunerada, tipo de trabalho, renda familiar, maior prove-dor familiar e se já receberam informações sobre o plano de parto, de quem e por qual meio. Todos os resultados foram apresentados por meio de tabelas.

O projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais COEP/EEUFMG sob o nº CAAE 12186813,9,1001,5149 e pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA-BH) com parecer 508.446. O financiamento. A pesquisa obedeceu aos aspectos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos, conforme Resolução nº 196/96 CNS/MS. Todos os participantes e seus responsáveis, quando menores de 18 anos, assinaram um termo de consentimento e assen-timento livre e esclarecido (TCLE) após explicitação sobre os propósitos do estudo e detalhamento do seu processo.

Resultados

Do total de 106 mulheres participantes das rodas de conversas, foi possível verificar no que se refere às carac-terísticas sociodemográficas na Tabela1, que a faixa etária predominante foi entre 20-24 anos 31% (33), seguido as de 25-29 anos com 25% (26). O percentual de adolescentes presentes nas rodas de conversa com idade entre 15-19 anos foi de 10% (11), já entre as mulheres com mais de 40 anos o percentual foi de 2% (2).

Em relação à escolaridade a maioria das mulheres 41% (43) relatou ter o ensino médio/2º grau completo, funda-mental incompleto 15% (6), com menor proporção o ensino

médio/2º grau incompleto com 13% (14) superior incompleto com 12% (13) e superior completo com 9% (9).

Em relação à cor da pele autoreferida, a cor parda prevaleceu entre as mulheres sendo 56% (59), seguido de 23% (24) as brancas, consideravam-se pretas 12% (14), amarelas 5% (5) e indígenas com 2% (2).

Sobre a união conjugal, 94% (100) das mulheres referiram união estável, porém o percentual que relataram viver/morar com o companheiro foi menor correspondendo a 80% (85).

O companheiro foi referido como o maior provedor financeiro da família devido à maior renda familiar com 61% (65). Metade das mulheres afirmou possuir ocupação remunerada 56% (59), sendo 30% (32) destas ocupações formais e com registro em carteira. A renda familiar preva-lente foi de 1 a 2 salários mínimos com 39% (41), seguido de até 1 salário mínimo com 21% (22).

Referente aos resultados sobre a idade gestacional e informações prévias relacionadas ao plano de parto na Tabela 2, observa-se que a maioria das participantes estava

TABELA 1: Características sociodemográficas das gestantes participantes

de Rodas de conversa em Belo Horizonte nas Regionais Norte e de Venda Nova, 2014.

Variáveis n %

Faixa Etária

< 15 anos 1 1

15 anos até 19 anos 11 10

20 anos até 24 anos 33 31

25 anos até 29 anos 26 25

30 anos até 34 anos 16 15

35 anos até 39 anos 16 15

40 anos ou mais 2 2

Sem resposta 1 1

Escolaridade

Fundamental Completo 10 9

Fundamental Incompleto 16 15 Médio / 2° Grau Completo 43 41 Médio / 2° Grau Incompleto 14 13

Superior Completo 9 9

Superior Incompleto 13 12

Não sabe / Não lembra 1 1

Cor da pele Amarela 5 5 Branca 24 23 Indígena 2 2 Parda 59 56 Preta 14 12 Sem resposta 2 2 União Estável Sim 100 94 Não 6 6 Ocupação remunerada Sim 59 56 Não 47 44 Renda familiar Até 1 SM 22 21 1 até 2 SM 41 39 Mais de 2 até 3 SM 19 18 Mais de 3 até 5 SM 12 10 Mais de 5 até 10 SM 3 3 Mais de 10 até 20 SM 1 1

Não sabe / Não lembra 8 8

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no terceiro trimestre de gestação 56% (59), e que 26% (28) já haviam recebido algum tipo de informação sobre o plano de parto.

Já em relação de quem e onde as gestantes receberam esta informação na TAB. 3, os profissionais de saúde foram citados como o principal divulgador do plano de parto com 78% (2), realizada preferencialmente durante as consultas de pré-natal com 57% (16).

Variáveis n %

Idade Gestacional (Trimestre)

1º Trimestre 12 11

2º Trimestre 26 25

3º Trimestre 59 56

Sem Resposta/ Não sabe 9 8

Receberam informações sobre Plano de Parto

Sim 28 26

Não 78 74

TOTAL 106 100

TABELA 2: Idade Gestacional e informações prévias das gestantes sobre o

Plano de Parto em Belo Horizonte nas Regionais Norte e de Venda Nova , 2014.

TABELA 3: De quem e onde as mulheres receberam informações prévias

sobre o Plano de Parto em Belo Horizonte nas Regionais Norte e de Venda Nova , 2014. Variáveis n % De quem? Profissional de Saúde 22 78 Amigo 1 4 Sem resposta 5 18 Como?

Meio de comunicação (TV, rádio, outro) 3 11

Pré-Natal 16 57 Maternidade 5 18 Cartilha da Gestante 1 4 Não se lembra 2 6 Sem resposta 1 4 TOTAL 28 100

Discussão

Em relação à idade, a predominância das participantes das rodas de conversa consideradas adultas jovens, cor-roboram com estudos que consideram este o momento mais fértil da mulher, sendo o período com menor risco de complicações durante a gestação18.

Estudos realizados nas regiões Norte e Nordeste do país mostraram que o acesso a uma assistência de qualidade ao parto, que envolve os direitos reprodutivos da mulher es-teve relacionado ao alto nível de escolaridade materna. Este fato nos demostra que o sistema de saúde brasileiro deve empenhar-se para diminuir as iniquidades sociais em relação a assistência ao usuários, especialmente, das mulheres em todos os ciclos de vida e, particularmente, no que se refere à saúde reprodutiva e/ou materna8,19. As condições sociais

maternas como a baixa escolaridade e menor nível socio-econômico, podem acarretar desfechos desfavoráveis no decorrer da gestação, devido à assistência inepta prestada a estas mulheres por instituições e profissionais desprepara-dos para oferecê-las igualdade de oportunidades de acesso ao serviço de saúde, considerando a particularidade social e cultural de cada mulher.

Em relação à cor/raça é notória a crescente informação sobre a identificação racial ou da cor nos últimos anos no Brasil, possibilitando o estabelecimento de diferentes perfis. A desagregação dos dados por raça/cor na maioria das vezes nos mostra que as mulheres negras possuem desvantagem na qualidade de assistência e menores oportunidades de acesso ao cuidado em relação às mulheres brancas20. Devido ao fato da cor da pele ser autodeclarada no estudo, os dados obtidos podem ser influenciados pelos conceitos predomi-nantes da sociedade, onde ainda há preconceito social em relação às pessoas da cor negra, sendo uma interferência negativa sob os resultados obtidos.

Resultados de estudos realizado em um serviço de pré-natal de alto risco e sobre idade materna evidenciou a prevalência de riscos no desenvolvimento da gravidez relacionada com a baixa renda familiar, associado tam-bém ao baixo nível de escolaridade e nutrição ineficaz, da mesma forma que os indicadores maternos também se mostram frágeis em relação à situação social18-21. Dado relevante considerando que a maior parte das mulheres participantes das rodas informaram renda familiar de 1 a 2 salários mínimos, sendo metade as que declaram possuir ocupação remunerada, com menor proporção em relação à ocupação, o trabalho formal e com carteira assinada. Além disso, constatamos nesse estudo que as mulheres ainda possuem baixo poder econômico, sendo ainda o compan-heiro o maior provedor financeiro da família.

A desigualdade social é um fator considerável em relação aos indicadores de saúde materna, o que reflete na condição de vida e acesso a recursos sociais entre os diversos grupos da sociedade, e as formas como classe social, gênero e raça/etnia se entrelaçam e operam como determinantes sociais da saúde21.

Em estudo nacional de base hospitalar sobre o acom-panhante, foram evidenciados também os efeitos positivos em relação à presença do companheiro ou familiar junto às mulheres durante o processo parturitivo, apresentando resultados importantes na assistência prestada à mulher, pois diminui o efeito de desigualdades que possam existir e colabora para que tenham uma melhor percepção sobre o atendimento oferecido, visto que são mais respeitadas, esclarecidas e incluídas nas decisões. Além de proporcio-nar maior segurança, satisfação com a atenção ao parto e influencia positiva nos resultados maternos e neonatais22. Em outro estudo nacional, como um dos os resultados, mostra que o companheiro é o principal acompanhante da mulher durante a internação23. Entre as participantes houve preponderância as que afirmaram ter união estável, porém a proporção de gestantes que vivem/moram com o companheiro foi menor, tendo como embasamento os estudo apresentado estes resultados podem ser consid-erado um fator de positivo, considerando que a presença do

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acompanhante não só no processo parturitivo, mas também durante a gestação pode garantir a mulher qualidade no atendimento e apoio emocional.

Em relação à idade gestacional a maior parte dessas mulheres encontrava-se no terceiro trimestre de gestação, em razão da percepção durante as rodas da maior receptivi-dade e interesse sobre informações sobre o parto durante o final da gestação.

O planejamento do Plano de Parto pode proporcionar respeito e contribuir para o controle das mulheres sobre o tra-balho de parto e parto, servindo como ferramenta importante na preparação para o parto e diminuindo os receios da mulher graças à informação e comunicação proporcionadas, o que constitui um processo de reflexão para as mulheres24. A elabo-ração do plano é uma das estratégias para o fortalecimento da autonomia durante o processo parturitivo, porém vimos que não está sendo informado e orientado pelos profissionais a sua utilização, pois quase 75% das mulheres presentes nas rodas de conversar desconheciam este instrumento,e é importante enfatizar que o plano de parto está incluso para elaboração na cartilha da gestante, que é utilizado para acompanhamento da evolução da gestação nas consultas de pré-natal no município de Belo Horizonte - MG.

As evidencias são cada vez mais fortes em propor e estimular à autonomia das mulheres na condução do seu próprio parto com práticas que incluam liberdade a estas mulheres neste momento, cabendo aos profissionais de saúde o papel de suporte para o desenvolvimento do tra-balho de parto e parto8.

O nascimento desperta muitas emoções, principal-mente para a mulher, um evento único repleto de afeições. Todos envolvidos na assistência desde começo da gestação até o momento do parto devem proporcionar um atendimen-to acolhedor, respeiatendimen-toso e oferecer suporte emocional, visatendimen-to que esta experiência ficará registrada na vida desta mulher e familiares. É importante que haja valorização pelos profis-sionais em relação ao resgate à atenção centrada na mulher e seu contexto familiar, devido à magnitude de emoções que este momento proporciona para mulher e para aqueles que a acompanham. Os profissionais devem está cientes que o tipo de assistência oferecida para este binômio familiar será mantido em suas memórias por toda a vida1-3.

Conclusão

Com a realização desse estudo foi possível conhecer o perfil das mulheres participantes das rodas de conversa, e constatou-se que a maioria das gestantes possuem con-dições para realização do plano de parto e, que mesmo presente nas cadernetas das gestantes de Belo Horizonte - MG, o instrumento não é utilizado pelas mulheres durante o acompanhamento pré-natal e que as ações profissionais voltadas ao uso do Plano de Parto ainda são incipientes.

Entretanto, para que seja efetivo, é preciso ampliar a divulgação do Plano de Parto na Atenção Primária de Saúde durante o acompanhamento do pré-natal ou/e uti-lizado em outros momentos, como as rodas de conversas e grupos de educação em saúde. É importante também

que haja vinculação com as maternidades que as mulheres são referenciadas, para que os profissionais de saúde e a instituição estejam preparados para atender e auxiliar de forma adequada as vontades, desejos e expectativas das mulheres e familiares.

Diante disso, enquanto não houver o reconhecimento de profissionais e gestores de saúde de seus papéis no cuidado à gestante, e valorização das particularidades cul-turais, sociais e demográficas de cada mulher, permanecerá incerto o alcance de experiências positivas com a utilização do plano de parto.

Agradecimentos

O estudo conta com recursos aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - Edital FAPEMIG 07/2012 – Apoio a projetos de extensão em interface com a pesquisa.

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Referências

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