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Métodos alternativos de controle fitossanitário. - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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Ministério da Agricultura,

Pecuárias. Abastecimento

controle fitossanitário

>0 i3 .00059

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(3)

Métodos Alternativos

(4)

República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente

M inistério da Agricultura, Pecuária e Abastecim ento R oberto R odrigues

M in is tro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Conselho de A d m in istra çã o

José A m a u ri Dim árzio P residente C layton Campanhola

V ice -P re sid e n te A le xa n d re K aiil Pires D ietrich Gerhard Quast

Sérgio Fausto Urbano Cam pos R ibeiral

M e m b ro s

D iretoria-E xecutiva da Ennbrapa

Clayton Campanhola D ire to r-P re sid e n te G ustavo Kauark Chianca H erbert C avalcante de Lima Mariza M arilena T. Luz Barbosa

D ire to re s -E x e c u tiv o s

Embrapa M eio A m b ie n te Paulo C hoji K itam ura

C h e fe -G e ra l

Geraldo S ta c h e tti Rodrigues C h e fe -A d ju n to de Pesquisa e D e se n vo lvim e n to

M aria C ristina M a rtin s Cruz C h e fe -A d ju n to de A d m in istra çã o

W agner B e ttio l

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Meio Ambiente

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecim ento

Métodos Alternativos

de Controle Fitossanitário

E d ito re s T é c n ic o s C la y to n C a m p a n h o la W a g n e r B e ttio l J a g u a riú n a , S P 2 0 0 3

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Embrapa M eio A m b ie n te

R odovia SP 3 4 0 — k m 1 2 7 ,5 — Tanquinho Velho Caixa P o s ta l 6 9 CEP 1 3 8 2 0 -0 0 0 Ja g u a riú n a , SP Fone: (1 9 ) 3 8 6 7 - 8 7 5 0 F ax: (19) 3 8 6 7 - 8 7 4 0 s a c @ c n p m a .e m b ra p a .b r w v i/w .c n p m a . e m b ra p a . b r C o m itê de P u b lica çõ e s:

C láudio Cesar de A lm e id a B u sch in e lli, G eraldo S ta c h e tti R odrigues (Presidente), Heloísa Ferreira F iliz o la , J o s é M aria G uzman Ferraz, M a n o e l D ornelas de Souza,

M arce lo A u g u s to B o e c h a t M ora n d i, M aria A m é lia de Toledo Leme, M aria Lúcia Salto, Sandro F re ita s Nunes.

S upervisão E d ito ria l Capa

N ilc e Chaves G a tta z Ita m a r Soares de M elo Revisão de te x to Editoração E letrônica

M aria C ristin a T ord in M arco A n to n io M o n d in i e Silvana C. Teixeira N o rm a liza çã o b ib lio g rá fic a Foto da capa

M aria A m é lia de T oledo Lem e D a rre l Gulin

Projeto g rá fic o T ra ta m e n to das ilu stra çõ e s

M a rc o A n to n io M o n d in i M arco A n to n io M o n d in i e Silvana C. Teixeira r edição

1= im pressão ( 2 0 0 3 ) : 1 0 0 0 e xem plares

E xem plares desta p u b lic a ç ã o p o d e m s e r a d q u irid o s n a:

T o d o s o s d ir e it o s re s e r v a d o s .

A reprodução não autorizada desla publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n.® 9610).

É permitida a reprodução parcial do conteúdo deste livro desde que citada a fonte.

CIP. Brasil. Catalogação na publicação. M 5 9 3

M éto d o s A lte rn a tivo s de C ontrole F itossanitário / C layton Cam panhola, W agner B ettiol; editores técnicos. - Jaguariúna, SP: Embrapa Meio A m b ie n te , 2 0 0 3 . 2 7 9 p .; 21 cm

ISBN: 8 5 -8 5 7 7 1 -2 2 -4

1. Produtos q uím icos agrícolas - Brasil. I. Cam panhola, C la yto n . II. B e ttio l, W a g n e r. III. Em brapa M eio A m b ie n te .

______________________________________________________ CDD: 632.950981

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Autores

Clayton Campanhola

Engenheiro Agrônomo, Ph.D. enn Entonnologia Embrapa Meio Ambiente

C. Postal 69 - CEP 1 3 8 2 0 -0 0 0 Jaguariúna, SP c/a yton @cnpma. embrapa. br

Geraldo S tachetti Rodrigues

Bacharel em Ecologia, Ph.D. em Ecologia e Biologia Evolutiva

E m b ra p a M e io A m b ie n te

C. Postal 69 - CEP 1 3 8 2 0 -0 0 0 Jaguariúna, SP

stacheti@ cnpma. embrapa. b r

Pedro Ribeiro Soares Engenheiro Civil

M inistério do Meio Am biente

Esplanada dos Ministérios Bloco "B " CEP 7 0 0 6 8 -9 0 0 - Brasília, DF

pedro. soares @mma .gov.br

Raquel Ghini

Engenheira Agrônoma, Ph.D. em Fitopatologia Embrapa Meio Ambiente

C. Postal 69 - CEP 1 3 8 2 0 -0 0 0 Jaguariúna, SP

raquel@cnpma. embrapa. br

W agner Bettiol

Engenheiro Agrônomo, Ph.D. em Fitopatologia Embrapa Meio Ambiente

C. Postal 69 - CEP 1 3 8 2 0 -0 0 0 Jaguariúna, SP

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Apresentação

A idéia de organizar este livro surgiu da necessidade de se levantar as práticas a lte rn a tiva s de co n tro le fito s s a n itá rio que já tivessem algum nível de adoção pelos agricultores. Esse levantam ento tam bém vem com plem entar a propos­ ta do Programa Nacional de Racionalização do Uso de A grotóxicos, que foi discutida por um grupo de especialistas de diferentes setores governam entais, desde 1 9 9 6 , e que tinha vinculação com o Programa Protocolo Verde, lançado pelo governo federal no final de 1995, sendo um de seus objetivos a redução do passivo ambiental brasilei­ ro. Pretendia-se, com a construção de uma base de dados sobre o uso de agrotóxicos e de tecnologias alternativas de controle de pragas e doenças, estabelecer metas de redu­ ção de uso de agrotóxicos, estimulando o uso de alternativas que não comprometessem a produtividade das culturas.

Para a com posição deste livro, partiu-se de abordagens gerais sobre o uso dos a grotóxicos e, em seguida, foram detalhados tem as que possam orientar novas perspectivas para o controle fito ssa n itá rio no País.

O prim eiro capítulo tra ta do consum o, perspectivas de uso, riscos à saúde humana e ao meio am biente, e gestão dos agrotóxicos no País, bem com o suas limitações.

O segundo capítulo detalha uma proposta do Programa Nacional de Racionalização do Uso de A g ro tó xico s, seus objetivos e metas, ações previstas para curto, médio e longo prazos e in s tru m e n to s e xis te n te s ou a serem criados para a im plem entação do Programa. Por fim , trata-se da articulação in stitu cio n a l e organi­ zação do Programa.

O terceiro capítulo é uma abordagem geral das transform ações que poderiam ser introduzidas para to rn a r os sistem as agrícolas, ou agroecossistem as, mais estáveis. Para ta n to , são discutidas questões sobre os problem as do co n tro le fito s s a n itá rio c o n v e n c io n a l, a c o m p le x id a d e d o s s is te m a s n a tu ra is e dos agroecossistemas, as novas tecnolog ias de proteção de plantas desenvolvidas e as possíveis alterações dos sistemas produtivos, visando à sustentabilidade agrícola.

Os capítulos 4, 5 e 6 constituem o fo c o principal do livro e reportam as práticas alternativas de controle fito ssa n itá rio que foram levantadas e que, por já

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se encontrarem em uso pelos agricultores, representam maiores possibilidades de expansão. Para cada prática são apresentadas as características da praga ou doença e práticas de controle com um ente utilizadas, a descrição do m étodo alternativo e as possibilidades ou perspectivas de aumento de uso da prática.

O capítulo 7 apresenta uma revisão da literatura sobre constatações de contam inação ambiental por agrotóxicos. São tratados casos de contam inação das águas, solos e alimentos, da exposição dos trabalhadores rurais aos agrotóxicos, o problema de saúde pública e, por fim , uma série de recomendações de uma agenda básica para a racionalização do uso de agrotóxicos.

0 último capítulo traz um resumo da situação de utilização em que se encontram todas tecnologias alternativas de controle fitossanitário apresentadas nos capítulos anteriores. Traz também uma análise dos principais entraves técnico-cientí- ficos, institucionais, econômicos, sociais, legais e educacionais que impedem a u tili­ zação generalizada dessas tecnologias.

Com a publicação deste livro espera-se despertar nos professores universitários, nos profissionais e técnicos das Ciências Agrárias, nos estudantes, nos agricultores e demais segmentos interessados a crítica no sentido de que é possível se realizar a produção agrícola sem a dependência dos agrotóxicos. Para isso, é ne­ cessário não só que se implem ente o uso das tecnologias alternativas disponíveis, mas tam bém que se desenvolvam outras que sejam mais adaptadas aos diferentes agroecossistemas e à realidade socioeconômica brasileira.

Portanto, a nossa contribuição tem o o bjetivo não som ente de disponibilizar as tecnologias alternativas desenvolvidas, como também de alertar para a possibilidade de se com por sistemas de produção agropecuária inovadores, que sejam independentes de insumos externos ao estabelecimento e que representem a consecução da sustentabilidade, não por meio de pacotes tecnológicos gerais, mas levando em conta as particularidades estruturais e funcionais de cada agroecossistema.

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Sumário

C a p ítu lo 1

P a n o ra m a so b re o u so d e a g ro tó x ic o s n o B r a s il...13

C layton Campanhola, W agner B e ttio l

In tro d u ç ã o ... 13 Consum o de agrotóxicos e perspectivas de seu uso no Brasil ... 1 6 Riscos ao homem e ao meio am biente associados ao uso de a g ro tó x ic o s ... 2 6 G estão dos agrotóxicos no B ra s il...32 R eferências... 5 0 C a p ítu lo 2 P ro p o s ta p a ra o P ro g ra m a N a c io n a l de R a c io n a liz a ç ã o d o U so d e A g r o t ó x ic o s ... 5 3 Pedro Soares C layton Campanhola W agner B e ttio l

Geraldo S ta c h e tti Rodrigues

In tro d u ç ã o ...5 3 J u s tific a tiv a do Programa ... 5 4 Avaliação da situação a tu a l...5 5 Considerações gerais ... 5 5 M etas p rio ritá ria s ... 6 3 Ações previstas e seus in stru m e n to s o p e ra c io n a is ... 6 4 A rticulação Institucional e organização do programa ... 71 Considerações f in a is ...7 3 Referências... 7 4 A nexo ... 7 5

C a p ítu lo 3

P ro te ç ã o de p la n ta s e m s is te m a s a g ríc o la s a lte r n a t iv o s ... 7 9

Wagner Bettiol, Raquel G hini

In tro d u çã o ...7 9 Problemas do controle c o n v e n c io n a l... 81 Sistemas naturais versusa g ro s s is te m a s ... 8 3 Novas tecnologias e sustentabilidade ... 8 5 Obtenção de sistemas alternativos ... 8 9 Considerações f in a is ...9 3 Referências... 9 3

(12)

C a p ítu lo 4

C o n tro le b io ló g ic o e o u tra s té c n ic a s

C la y to n C a m p a n h o la , W a g n e r B e tt io l

In tro d u ç ã o ...9 7 C ontrole biológico da broca-da-cana-de-açúcar... 9 8 C ontrole biológico da lagarta-da-soja ... 1 0 2 C ontrole biológico dos p u lg õ e s-d o -trig o ... 1 0 5 C ontrole biológico da traça-do-tom ateiro ... 1 0 7 C ontrole biológico dos percevejos-da-soja pela vespa Trissolcus basalis ... 1 1 0 C ontrole biológico das cig a rrin h a s-d a s-p a sta g e n s... 1 1 5 Controle biológico da cigarrinha-da-folha-da-cana-de-açúcar... 1 18 Controle biológico da la g a rta -do -ca rtu ch o -d o -m ilh o ... 1 2 0 Controle biológico do mandarová-da-m andioca ... 121 Controle biológico da cochonilha Orthezia sp. dos c it r o s ... 1 2 6 Controle biológico do p u lg ã o -d o -fu m o ... 1 28 Controle biológico da broca ou moleque-da-bananeira ... 1 3 0 Controle biológico da broca-do-café ... 1 3 2 Controle biológico da m osca-dos-chifes em gado de corte ... 1 3 4 Controle biológico da vespa-da-m adeira em espécies de P in u s ... 1 39 Controle biológico da mosca-de-renda da seringueira ... 1 4 5 Controle biológico de cochonilhas, fum agina e outros fungos

de revestim ento pelo caracol-rajado em pomares c ítric o s ... 1 4 9 Controle biológico de larvas de le p id ó p te ro s ... 1 5 0 Controle biológico do bicudo-da-cana-de-açúcar... 1 5 3 Manejo de cupins e outras pragas de solo em can a -d e -a çú ca r... 1 5 4 Controle da broca-da-laranjeira com a planta-arm adilha M a ria -p re ta ... 1 5 6 M onitoram ento e controle de pragas com o uso de ferom ônios s in té tic o s ... 1 5 7 Manejo de pragas do d e n d ê ... 1 6 0 Term oterapia de fru to s para controle das m o s c a s-d a s-fru ta s... 161 A g ra d e c im e n to s ... 1 63

alternativas de controle de pragas agropecuárias ...97

Capítulo 5

Controle físico de doenças e de plantas invasoras ...165

W agner B ettiol, Raquel Ghini

In tro d u ç ã o ... 1 6 5 Solarização do solo para con tro le de fito p a tó g e n o s habitantes do solo ... 1 6 6 C oletor solar para desinfestação de su b stra to s para produção de mudas ... 1 7 2 T ratam ento térm ico e desinfestação de instrum entos de corte para

o con tro le do raquitism o e da escaldadura em ca n a -d e -a çú ca r... 1 7 7 Term oterapia em v id e ira s ... 181 U tilização da luz UVC para controle de podridão de maçãs em p ó s -c o lh e ita ... 1 8 3 Eliminação de determ inados co m prim entos de onda para o

controle de fungos fito p a to g ê n ico s em casa de vegetação ... 1 8 4 Controle de plantas invasoras através de descargas elétricas ... 1 8 6 R eferências... 1 8 9

(13)

C apítulo 6

C ontrole de doenças de plantas com agentes

de controle biológico e outras tecnologias ...191

W agner B e ttio l

In tro d u ç ã o ... 191 C o n tro le da tristeza-dos-citros através da prem unização com

estirpes fracas do vírus da tristeza ... 1 9 2 Uso de trichoderm a para o controle biológico do to m b a m e n to em f u m o ... 1 9 4 Uso de Trichoderm a viride para o contole biológico

da podridão das raízes da macieira ... 1 9 6 C o n tro le biológico do m al-das-folhas da s e rin g u e ira ... 1 9 7 C o n tro le biológico da lix a -d o -c o q u e iro ... 2 0 0 C o n tro le biológico de B o try tis na cultura do m orango com Gliocladium roseum ... 2 01 C ontrole biológico do m osaico-da-abobrinha tip o m oita por p re m u n iza çã o ... 2 0 3 C ontrole cultural e biológico da vassoura-de-bruxa do c a c a u e iro ...2 0 4 C ontrole de oídio (Sphaerotheca fulkiginea) da abobrinha e do pepino com leite cru .. 2 0 8

C o n tr o le d e d o e n ç a s d e p la n ta s c o m b io f e r t iliz a n t e s ... 2 1 0

Referências... 2 1 5

Capítulo 7

A grotóxicos e contaminação ambiental no Brasil ...217

Geraldo S ta c h e tti Rodrigues

In tro d u ç ã o ...2 1 7 A g ro tó xico s e contam inação do ambiente ... 2 1 8 Contam inação das á g u a s ...2 1 9 Contam inação dos s o lo s ... 2 2 3 Contam inação de gêneros a lim e n tíc io s ... 2 2 4 Exposição do trabalhador rural e saúde pública ... 2 2 9 A g ro tó xico s e filiação tecnológica da agricultura ... 2 3 3 H istórico do uso e legislação sobre agrotóxicos ... 2 3 4 C onscientização, apreensão e vontade de mudança ...2 3 6 Uma aliança para o am biente e a s a ú d e ...2 3 9 Referências...24 1

Capítulo 8

Situação e principais entraves ao uso de métodos alternativos

aos agrotóxicos no controle de pragas e doenças na a g ric u ltu ra ... 2 6 7

Clayton Cannpanhoia Wagner B e ttio l

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(15)

1

P anoram a sobre o uso

de ag ro tó xico s no Brasil

Introdução

Clayton Campanhola Wagner Bettiol

A s p rin c ip a is ca u sa s do c re s c im e n to do s e to r a g ro p e c u á rio b ra sile iro nas ú ltim a s d é ca d a s p o d e m ser re s u m id a s c o m o : a e xp a n s ã o das fro n te ira s a g ríc o la s , a in tro d u ç ã o de n o va s té c n ic a s in te n s iv a s de p ro d u çã o e de in su m o s q u ím ic o s , a m e c a n iz a ç ã o das a tiv id a d e s a g ríc o la s e o d e se n ­ v o lv im e n to de s e m e n te s m e lh o ra d a s g e n e tic a m e n te .

D esde a d é ca d a dos anos 6 0 , s u c e s s iv o s p ro g ra m a s g o v e rn a ­ m e n ta is fo ra m e s ta b e le c id o s co m o o b je tiv o de v ia b iliz a r a im p la n ta ç ã o des­ te m odelo de m o d e rn iz a ç ã o da a g ric u ltu ra . Em d e c o rrê n c ia do e x p re ssivo m o n ta n te de in v e s tim e n to s re a liz a d o s para v ia b iliz a r esse m o d e lo de a g ric u l­ tu ra , m u ito s p ro b le m a s a m b ie n ta is pa ssa ra m a ser o b s e rv a d o s , um a vez que pouca a te n ç ã o fo i d e s p e n d id a no c o n h e c im e n to da e s tru tu ra e fu n ç õ e s dos e co ssiste m a s e n v o lv id o s , na a v a lia ç ã o d o s ris c o s à q u a lid a d e a m b ie n ta l e no redesenho dos s is te m a s de p ro d u ç ã o .

(16)

A expansão do setor agrícola m o stro u -se , s o b re tu d o , incapaz de gerar em pregos e o p o rtu n id a d e s e conôm icas necessárias para absorver a o fe rta de tra b a lh o rural, pro vo ca n d o as co rre n te s m ig ra tó ria s para as c id a ­ des, a redução do em prego na a g ric u ltu ra , e novas fo rm a s de relação de tra b a lh o , com o os “ b ó ia s -fria s ” (tra b a lh a d o re s te m p o rá rio s c o n tra ta d o s por d ia , sem v ín c u lo e m p re g a tíc io fo rm a l, para d e s e n v o lv e re m a tiv id a d e s agropecuárias de baixa q u a lific a ç ã o - capina m anual e c o lh e ita , entre o u tro s - em dete rm in a d o s períodos do ano).

Paralelamente à política de desenvolvim ento agrícola, verificou- se nítido avanço na legislação am biental brasileira fre n te à crescente preocupa­ ção da sociedade com as atividades im pactantes. A política am biental brasileira teve seu principal m arco quando da institu içã o da Política Nacional do Meio Am biente (PNMA), pela Lei n°. 6 .9 3 8 , de 3 1 /0 8 /1 9 8 1 , onde se verifica uma postura em ergente de conciliação do desenvolvim ento econôm ico com a preser­ vação dos recursos naturais. Por meio dessa lei foi criado o Sistema Nacional de Meio Am biente (SISNAM A), uma estrutura regulam entadora da PNMA, com pos­ ta, em um primeiro nível, pelo Conselho Nacional de M eio A m biente (CO NAM A), cuja função é a de propor diretrizes às políticas am bientais e deliberar sobre normas e padrões visando assegurar a qualidade am biental.

Por sua vez, o Programa Nacional de M icrobacias H idrográficas apresenta-se com o uma das políticas de conservação dos solos, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. 0 Programa teve ê xito em áreas-piloto sob a coordena­ ção de órgãos públicos estaduais. C ontudo, apesar da visão sistêm ica que essa unidade de espaço possa perm itir em term os m etodológicos, não se v e rifico u ainda estudos fundam entados na sustentabilidade das atividades agrícolas, ou na avaliação e no m onitoram ento de seus im pactos no am biente.

Com a revisão constitucion al de 1 988, dedicou-se uma atenção maior à necessidade de avaliar im pactos am bientais, bem com o do planejam en­ to am biental e da recuperação de áreas degradadas. Como decorrência dessa

(17)

nova fase da legislação brasileira, exem plifica-se a prom ulgação da Lei dos A g ro tó xico s, em 1989, e a exigência da realização de avaliações ecotoxicológicas para o registro e com ercialização dos agrotóxicos (Portaria n°. 3 4 9 /9 0 - Ibama).

C ontudo, apesar do enfoque ecodesenvolvim entista expresso na legislação ambiental, a política agrícola nacional ainda encontra-se incipiente no que se refere à expansão de práticas agrícolas alternativas e ecologicam ente sustentáveis. Não obstante a existência de um acervo de contribuições técnico- cie n tífica s em controle biológico de pragas e fitopatóg enos, técnicas de rotação de culturas, utilização de restos de colheitas, m elhoram ento genético de varie­ dades, p o licultivo, controle físico de pragas e fitopatóg enos, utilização de pro­ dutos naturais e controle cultural de doenças entre outros, as iniciativas gover­ nam entais para o incentivo ao uso dessas práticas são ainda restritas.

Cabe ressaltar que os agrotóxicos fazem parte do conjunto de tecnologias associadas ao processo de m odernização da agricultura, que ocor­ reu a partir da década de 60. 0 objetivo principal era aum entar a produtividade da agricultura para atender aos desafios da demanda mundial crescente de ali­ m entos. Com o uso generalizado dos agrotóxicos nas mais diferentes condições am bientais, m uitos problemas começaram a ser percebidos e diagnosticados, tais com o a ocorrência de resíduos em alim entos, a contam inação de solos e águas, o efeito em organismos não-visados e a intoxicação de trabalhadores rurais. Com a crescente conscientização sobre o risco do uso desses produtos, houveram significativos avanços nas legislações de registro e uso desses quím i­ cos em m uitos países. Com isso, há uma tendência de se substituir os agrotóxicos mais problem áticos em term os am bientais e de saúde humana por produtos quím icos mais específicos e que sejam mais seguros.

Embora haja tendência de se disponibilizar no mercado agrotóxicos mais seguros, há ainda m uito o que fazer nesse assunto, diante de novos conhe­ cim entos que estão sendo gerados e de problemas ainda observados no uso do controle químico de pragas, de doenças de plantas e de plantas invasoras.

(18)

Consumo de agrotóxicos

e perspectivas de uso no Brasil

A evolução do consum o de agrotóxicos m ostrou que houve um aum ento de 16 mil toneladas em 196 4 para 6 0 ,2 mil toneladas em 1991, en­ quanto a área ocupada com lavouras agrícolas expandiu de 2 8 ,4 para 50 m i­ lhões de ha, no mesmo período. Isso significa um aum ento de 2 7 6 ,2 % no co n ­ sumo de agrotóxicos para um aum ento com parado de 76% em área. Essa in fo r­ mação evidencia os efeitos da política de modernização da agricultura introduzida no País nos anos 60, levando o País a ocupar o quarto maior m ercado mundial de agrotóxicos. A despeito do aum ento no emprego desses produtos, as perdas atribuídas a pragas e doenças não sofreram reduções drásticas, enquanto os ganhos de produtividade foram relativam ente restritos. Por outro lado, proble­ mas de contam inação de alim entos, do am biente, e casos de intoxicação de a g ric u lto re s , p rin cip a lm e n te dos pequenos, aum entara m s ig n ific a tiv a m e n te (Campanhola et al., 1998).

0 m ercado mundial de agrotóxicos foi avaliado com o sendo de US$ 3 0 ,5 6 bilhões, em 1996 (FAO, 1999). Q uanto ao Brasil, verifica-se um aum ento sig n ifica tivo no uso de agrotóxicos na década de 90. No seu início (1 9 9 2 ), o valor anual de agrotóxicos com ercializados foi de US$ 9 5 0 m ilhões, e em 1998 atingiu US$ 2,5 bilhões, representando um aum ento de 163% no período (Figura 1).

Q aum ento observado a partir de 1 9 9 4 deveu-se ao plano de estabilização econôm ica (Plano Real) im plantado pelo Governo Federal. O enfoque principal desse plano foi a estabilização da moeda por meio da paridade cambial da moeda nacional (Real) com o dólar am ericano, o que estim ulou as im p o rta ­ ções a preços mais com p e titivo s, refletindo tam bém na queda dos preços dos agrotóxicos, cujos ingredientes ativos são, em sua m aioria, im portados. Entre­ ta n to , com a desvalorização do real em relação ao dólar ocorrida em m arço de

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P a noram a sobre o uso de a g ro tó x ic o s no Brasil 1 7

1 9 9 9 , houve uma retração no uso de agrotóxicos neste ano, mas em 2 0 0 0 o c o n s u m o já v o lta v a ao p a ta m a r de 1 9 9 8 . A te n d ê n c ia é desse nível de com ercialização se m anter, m ostrando claram ente que há m uito a ser fe ito em relação ao desenvolvim ento de sistemas de produção agropecuários que sejam hum ana e am bientalm ente mais adequados.

Figura 1. Comércio de agrotóxicos no Brasil: 1 9 9 2 -2 0 0 0 .

Fonte: ANDEF IGazeta M e rc a n til, Cad.

A gribusiness, 13 e 14 de m aio de 2 0 0 0 , p. B-20).

Em relação à quantidade de a g ro tó xico s com ercializada, c o n s ta ­ ta-se que, em 2 0 0 0 , os Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e M ato Grosso foram responsáveis por 6 2 ,8 % do to ta l consum ido (Tabela 1 ). Se forem incluídos os Estados de M inas Gerais, Goiás e M ato Grosso do Sul, a quantidade chega a mais de 8 0 % do to ta l consum ido no País. Q uanto ao valor apurado nas vendas de agrotóxicos em 2 0 0 0 , os Estados mais im portantes em ordem decres­ ce n te foram : São Paulo, Paraná, M ato Grosso e Rio Grande do Sul (Tabela 1).

Se for observada a variação da quantidade de agrotóxicos utilizada no período 1998-20 00 para o agregado do País, verifica-se um ligeiro decréscimo em 1999 quando comparado a 1998, mas em 2000 a quantidade usada voltou a crescer. Se a mesma análise fo r realizada em cada Estado, verifica-se que no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, M ato Grosso do Sul e Santa Catarina, há o mesmo padrão de com portam ento que para o País. Por sua vez, em outros Estados, a quan­ tidade de agrotóxicos utilizada foi sempre crescente no período 1 9 9 8 -2 0 0 0 , como

(20)

1 8 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio z i

são os casos de: Mato Grosso, Goiás, Bahia e Pará. As exceções ficam por conta de São Paulo, Pernambuco, M aranhão, Rio de Janeiro e D istrito Federal, onde houve tendência de decréscimo no uso de agrotóxicos no período considerado.

No que se refere à quantidade usada de cada classe de agrotóxico, a Figura 2A mostra que os herbicidas foram responsáveis por quase 60% do to ta l de agrotóxicos utilizados e com tendência de aumento, no período 1997-2000, enquan­ to as demais classes (fungicidas, inseticidas, acaricidas e outros) permaneceram

pra-Tabela 1. Q uantidade de ingredientes a tivo s (em toneladas) e valor com ercializado de agrotóxicos (em US$ 1 .0 0 0 ), no período 1 9 9 8 -2 0 0 0 .

E s t a d o Ingrediente A tiv o (t) 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 V alor |US$ 1 .0 0 0 ) 1 9 9 8 199 9

2000

São Paulo 3 2 .8 3 6 3 2 .7 3 6 3 0 .8 4 8 6 0 5 .5 0 1 5 1 7 .7 3 4 5 1 2 .0 6 8 Paraná 2 1 .0 9 6 1 9 .3 4 4 2 2 .4 9 0 4 5 1 .6 0 5 3 6 8 .1 1 3 4 1 7 .1 0 2 Rio Grande do Sul 1 7 .0 7 2 1 5 .6 4 0 1 8 .0 5 2 3 4 2 .4 8 1 2 7 6 .1 8 7 2 9 9 .8 6 7 M ato Grosso 1 2 .3 3 6 1 2 .5 0 7 1 6 .7 2 6 2 7 1 .1 7 2 2 6 2 .9 2 5 3 4 6 .6 2 8 M inas Gerais 1 1 .8 0 8 1 1 .0 2 4 1 3 .8 8 6 2 4 7 .4 3 6 2 4 7 .4 9 3 2 4 3 .7 5 4 Goiás 1 0 .0 0 7 1 0 .1 7 2 1 2 .3 9 3 2 0 1 .3 0 3 188.331 2 1 5 .3 8 9 M ato Grosso do Sul 7.681 7 .5 6 3 8 .0 1 0 1 4 2 .0 3 2 1 3 3 .5 7 7 1 4 1 .7 8 7 Santa Catarina 4 .5 2 3 4 .2 4 7 4 .7 4 9 7 7 .2 8 5 7 3 .2 6 9 7 6 .0 6 4 Bahia 2 .7 0 6 3 .5 1 9 3 .6 6 9 6 0 .1 3 9 7 7 .7 5 9 8 4 .9 8 1 Espírito Santo 1 .2 5 4 3 .4 3 6 2 .1 8 6 1 9 .7 2 2 5 6 .8 7 2 3 0 .4 9 6 Pernambuco 1 .8 2 2 1 .5 0 8 1 .5 3 4 3 4 .2 6 4 2 4 .9 8 2 2 7 .3 7 3 M aranhão 1 .0 3 8 1 .0 3 9 9 2 0 1 8 .7 1 6 1 5 .1 9 8 1 8 .6 4 3 Rio de Janeiro 8 1 4 8 9 3 6 1 3 1 3 .9 7 9 1 5 .5 5 2 9 .0 0 6 Pará 2 0 0 2 9 9 3 9 8 4.551 4 .9 4 7 6 .4 3 2 Rio Grande do Norte 221 195 2 7 6 5 .6 8 2 4 .9 5 3 5 .6 9 7 D istrito Federal 3 8 9 3 6 3 2 2 3 1 0 .7 6 0 8 .2 9 2 5 .0 3 5

B r a s i l 128.712 140.473

127.585 2,

2.329.067

557.849 2.499.958

(21)

: P a noram a so b re o uso de a g ro tó x ic o s no Brasil 1 9

tic a m e n te constantes. Os fungicidas e os inseticidas m ostraram com portam ento m uito semelhante e se posicionaram em segundo lugar em quantidade utilizada. Na categoria "o u tro s ” estão incluídos os antibrotantes, reguladores de crescim ento, óleo m ineral e espalhantes adesivos. Quanto aos valores das vendas, os herbicidas tam bém são os mais im portantes, com mercado de US$ 1,3 bilhão, em 2 0 0 0 , ou seja, quase metade do valor total de agrotóxicos com ercializados no País (Figura 2B). No entanto, o montante de vendas de herbicidas manteve-se praticamente

cons--Herfaicklas -Fuiÿcidas -Inseticidas -Acarícidas -Outres 1997 1998 1999 2000 Figura 2A : Quantidade de ingredientes ativos (t). Figura 2B: Valores de vendas para diferentes classes de a g rotóxicos (US$ m ilhão). Brasil (1 9 9 7 -2 0 0 0 ).

ta n te no período 1 9 9 7 -2 0 0 0 , o mesmo se dando com as classes de fungicidas, acaricidas e outros. Por outro lado, os inseticidas mostraram valores crescentes de comercialização no período, atingindo US$ 690 mil, em 2000. Este valor corresponde a praticam ente o dobro daquele referente ao mercado de fungicidas, no mesmo ano.

(22)

2 0 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio A Tabela 2 mostra a quantidade de cada classe de agrotóxicos utili­ zada nos diferentes Estados, em 2000. Os Estados que mais usaram herbicidas, em ordem decrescente, foram : Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, M ato Grosso, Goiás, Minas Gerais e M ato Grosso do Sul, sendo que os quatro primeiros Estados desta lista somam mais de 60% do total de herbicidas consum idos no País. No caso dos fungicidas, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul representam prati­ camente 70% do total usado no Brasil. Para os inseticidas, São Paulo, M ato Grosso,

Tabela 2. Quantidade consum ida de cada classe de a g ro tó xico s (em toneladas de ingredi­ ente ativo), por estado, em 2 0 0 0 .

Estado

Herbicidas Inseticidas O u tro s*

Fungicidas A caricidas T otal

São Paulo 1 1 .7 1 6 5 .7 4 7 4 .0 0 2 7 .9 6 0 1 .4 2 3 3 0 .8 4 8 Paraná 1 5 .0 1 0 2 .3 5 3 2 .5 7 5 2 2 2 2 .3 3 0 2 2 .4 9 0 Rio Grande do Sul 1 4 .0 0 4 1.6 0 2 1 .2 1 5 92 1 .1 3 9 1 8 .0 5 2 M ato Grosso 1 0 .2 3 4 957 3 .3 2 6 36 2 .1 7 3 1 6 .7 2 6 M inas Gerais 6 .1 4 3 3 .5 9 9 3 .1 2 7 29 6 721 1 3 .8 8 6 Goiás 8 .4 1 4 1 .1 1 8 1 .6 3 0 56 1 .1 7 5 1 2 .3 9 3 M ato Grosso do Sul 5 .6 6 5 2 9 9 1 .0 9 4 13 9 39 8 .0 1 0 Santa Catarina 2 .9 7 8 9 7 0 3 5 4 48 3 99 4 .7 4 9 Bahia 1 .6 9 6 8 1 4 7 2 3 80 3 5 6 3 .6 6 9 Espírito Santo 998 6 5 4 4 5 0 46 38 2 .1 8 6 Pernambuco 9 6 2 205 172 81 114 1 .5 3 4 M aranhão 6 83 70 101 0 66 9 2 0 Rio de Janeiro 1 54 262 129 22 46 6 1 3 Pará 2 95 32 37 3 31 3 9 8

Rio Grande do Norte 79 93 85 7 12 2 7 6

D istrito Federal 109 69 21 5 19 2 2 3

Brasil 8 1 .8 6 2 1 9 .0 7 2 1 9 .4 4 7 8 .9 8 5 1 1 .1 0 7 1 4 0 .4 7 3

* A n tib ro ta n te s , reguladores de cre scim e n to , óleo m ineral, e spalhantes adesivos. Fonte: S in d ica to Nacional da Indústria de Produtos para Defesa A grícola - SINDAG.

(23)

P anoram a sobre o uso de a g ro tó x ic o s no Brasil 21

Minas Gerais e Paraná somam 67% da quantidade total comercializada. Quanto aos acaricidas, somente o Estado de São Paulo consome próximo a 90% do total do País, devido ao seu uso na cultura de citros.

As culturas que mais consum iram agrotóxicos, em 2 0 0 0 e em ordem decrescente, foram : soja, m ilho, citros, cana-de-açúcar, café, algodão, b a ta ta inglesa, arroz irrigado, pastagem , fe ijã o , trig o , h o rtic u ltu ra , to m a te envarado, maçã, fruticultura e tom ate rasteiro (Tabela 3). Somente a cultura da soja é responsável por um terço do consumo de agrotóxicos no Brasil. Se as quatro cultu­ ras que mais consomem agrotóxicos forem tomadas em conjunto, elas representam

Tabela 3. Uso de a grotóxicos (em t de ingredientes ativos), por cultura, em 2 0 0 0 .

Ingrediente A tiv o (t) V alor (US$ 1.0 0 0 )

C ultura 1 998 1999 2 0 0 0 1998 1999 2 0 0 0 Soja 4 2 .0 1 5 4 1 .3 4 4 4 6 .2 7 4 8 8 5 .7 9 8 8 0 3 .861 8 7 9 .5 3 4 M ilh o 1 5 .2 5 3 1 6 .1 4 0 21.201 1 8 5 .0 3 5 1 8 5 .1 2 0 2 5 0 .1 8 3 C itros 1 2 .6 7 2 1 4 .8 3 3 1 4 .4 8 6 1 6 3 .1 0 5 1 2 8 .5 8 8 1 0 1 .4 6 6 Cana-de-açúcar 9 .8 1 7 8 .0 6 5 1 1 .3 3 7 2 1 0 .0 6 9 1 4 2 .0 9 4 1 8 5 .5 4 3 C afé 8 .7 8 0 9.391 9 .0 8 5 1 8 8 .6 5 3 1 8 5 .7 2 7 1 6 1 .4 9 3 A lgodão 4.851 6 .7 2 4 8 .1 7 3 1 3 6 .0 5 4 1 9 1 .1 0 7 2 7 8 .1 0 6 Batata inglesa 5 .1 2 2 4 .1 7 2 3 .6 8 6 9 2 .8 7 2 7 1 .6 6 8 6 1 .6 6 5 A rro z irrigado 4.241 3 .9 5 6 3 .6 1 6 8 1 .7 9 5 7 4 .7 2 8 7 5 .7 6 6 Pastagem 9 5 3 2 .8 2 6 2 2 .9 1 9 42.161 Feijão 4 .1 9 9 3 .6 8 5 2.781 1 0 5 .0 5 0 9 4.721 6 3 .4 4 2 T rigo 1 .956 1 .6 3 9 1 .9 1 4 6 5 .4 7 6 5 6 .2 1 2 53.851 H o rticu ltu ra 3 .0 9 4 3 .0 6 0 1 .8 6 3 5 7 .9 8 3 5 9 .0 8 3 4 0 .2 0 9 T om ate envarado 1.7 7 5 1 .4 7 3 3 7 .2 8 8 2 9 .1 9 9 M açã 1.851 1 .4 7 3 1 .4 7 2 1 7 .5 8 3 1 6 .5 7 6 14.851 F ru ticu ltu ra 1.6 2 5 8 9 2 1.221 2 9 .1 2 8 1 4 .4 9 9 1 4 .4 4 9 Tonnate rasteiro 1 .1 3 2 1 .0 1 6 2 1 .6 6 9 2 0 .5 4 9

(24)

i j 2 2 ' M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F itossanitário :

dois terços da quantidade total utilizada no País. Se forem considerados os valores das vendas, a ordem decrescente em importância passa a ser; soja, algodão, milho, cana-de-açúcar, café, citros, arroz irrigado, feijão, batata inglesa, trig o , pastagem, horticultura, tom ate envarado, tom ate rasteiro, maçã e fruticultura.

A Tabela 4 apresenta a quantidade de cada classe de agrotóxicos utilizada em cada cultura, em 2 0 0 0 . As culturas que mais consum iram herbicidas foram : soja, m ilho, cana-de-açúcar, café, arroz irrigado, pastagem e algodão. Para algumas culturas, os herbicidas representaram mais de 90% da quantidade

Tabela 4. Uso de a grotóxicos (ingredientes ativos, em t), por cultu ra e por classe de produ­ to , em 2 0 0 0 .

Cultura

Herbicidas Inseticidas O u tro s*

Fungicidas Acaricidas Total

Soja 3 2 .6 2 5 1 .626 5 .6 9 0 3 6 .3 3 0 4 6 .2 7 4 M ilho 19.231 29 1 .3 9 0 551 21.201 C itros 1 .449 2 .1 3 0 8 2 4 8 .5 1 5 1 .5 6 8 1 4 .4 8 6 C ana-de-açúcar 1 0 .5 9 7 555 185 1 1 .3 3 7 Café 3 .5 7 9 3 .6 8 0 1 .4 7 9 7 3 4 0 9 .0 8 5 A lgodão 2 .8 3 4 5 1 8 4 .3 7 5 52 3 9 4 8 .1 7 3 Batata inglesa 76 2 .7 9 7 756 1 56 3 .6 8 6 Arroz irrigado 3.061 97 113 3 4 5 3 .6 1 6 Pastagem 2.811 15 2 .8 2 6 Feijão 99 4 821 8 0 6 2 158 2.781 Trigo 1 .3 9 6 299 142 77 1 .9 1 4 H o rticu ltu ra 2 0 4 9 4 8 4 8 6 59 166 1 .8 6 3 Tom ate envarado 6 1.1 2 5 3 0 6 2 3 4 1 .4 7 3

Maçã 41 8 4 6 145 10 4 3 0 1 .4 7 2

F ru ticu ltu ra 3 7 4 385 255 2 119 1.221 Tom ate rasteiro 9 78 9 198 1 19 1 .0 1 6

•A n tib ro ta n te s , reguladores de crescim e n to , óleo m ineral, espalhantes adesivos. Fonte: S in d ica to Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola - SINDAG.

(25)

: Panoaim a sobre o uso de a g ro tó x ic o s no Brasil 2 3

tota d e agrotóxicos consum ida, tais como: milho, cana-de-açúcar, arroz irrigado e pastagem. Quanto aos fungicidas, destacaram-se o café, a batata inglesa, os citros, a soa e o tom ate envarado. No caso da batata inglesa, os fungicidas representaram cerca de 76% do total de agrotóxicos utilizados na cultura. Para os inseticidas, os destaques foram para: soja, algodão, café e milho. No caso dos acaricidas, os citros foran os mais expressivos, sendo que esses produtos compuseram quase 60% da quan- tidace total de agrotóxicos utilizada nessa cultura.

Observando-se os consumos médios de ingredientes ativos por ha, em ciferentes países, o Brasil ocupa o oitavo lugar, o que pode ser considerado ex­ pressivo, pois a extensa área cultivada dilui a grande quantidade de agrotóxicos utili­ zada (Figura 3). Na vanguarda do País, em termos de intensidade de uso de agrotóxicos, estão: Holanda, Bélgica, Itália, Grécia, Alemanha, França e Reino Unido.

Figura 3. Consumo

médio de agrotóxicos (ingredientes ativos) por unidade de área, em alguns países

(1 9 9 5 /9 6 ).

Entretanto, há culturas no País onde o uso de agrotóxicos por unida­ de de área é altam ente expressivo, como pode ser visto na Tabela 5. Os destaques ficam oor conta da maçã, do tom ate e da batata., que em 2 0 0 0 consum iram , em média 49,0; 43 ,8 e 24,2kg de ingredientes ativos de agrotóxicos por ha, respectiva­ mente Cabe destacar que, para todas as culturas abordadas na Tabela 5, houve um aumerto das quantidades de agrotóxicos utilizadas em 2000, quando comparadas a 1990. Essa observação é surpreendente, pois retrata um aumento da dependência de

(26)

agrotóxicos para o controle fitossanitário, embora os produtos mais modernos te ­ nham maior potência, ou seja, requerem doses bem menores para atingirem níveis adequados de controle dos organismos visados.

Diante dos dados apresentados, é possível definir duas classes de cul­ turas agrícolas em relação ao emprego de agrotóxicos (Campanhola et al., 1998). A primeira classe refere-se àquelas culturas importantes pela quantidade total utilizada de agrotóxicos devido à abrangência geográfica da cultura, na qual o uso, embora não m uito intenso, resulta em grandes quantidades totais (Tabela 3). E a segunda classe consiste daquelas culturas nas quais se emprega uma grande quantidade de agrotóxicos

2 4 ,____________^ ___________________1 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio _ |

Tabela 5. Consumo de a grotóxicos em quantidades de ingrediente a tivo por unidade de área, em algumas culturas agrícolas no Brasil: 1 9 9 0 e 2 0 0 0 .

Cultura kg/ha kg/ha

em 1 9 9 0 * em 2 0 0 0 * * Maçã 4 9 ,0 Tom ate 3 9 ,5 4 3 ,8 Batata 2 1 ,8 2 4 ,2 C itros 1 2,2 1 4 ,9 A lgodão 2 ,4 10,1 Cana-de-Açúcar 1,6 2 ,3 Soja 0 ,9 2 ,4 M ilho 0 ,4 1,7

•D a d o s o b tid os de S p a d o tto e t al. (1 9 9 6 ). In: XIII Congresso Latino A m e rican o de C iência do Solo, 4 a 8 de agosto, 1 9 9 6 , Águas de Lindóia, SP. CD-ROM.

‘ •O b tid o s a p a rtir de dados do SINDAG (w w w .s in d a g .c o m .b r) e do IBGE (área p lantada, em lia ).

por unidade de área, resultando em cargas locais significativas, embora com quantida­ des totais menores (Tabelas 3 e 5).

Por exemplo, nota-se que as culturas de soja, milho, citros, cana- de-açúcar, café e algodão destacam-se por apresentarem grande consum o to ta l de agrotóxicos, enquanto que maçã, tomate, batata, citros e algodão são importantes em

(27)

term os de intensidade de uso. Cabe ressaltar que, tanto os citros, quanto o algodão, são culturas que se enquadram nas duas categorias de uso de agrotóxicos.

A consideração dessas diferenças perm ite duas perspectivas de ganho potencial para um programa de racionalização do uso de agrotóxicos no País. Em primeiro lugar, reduções no uso de agrotóxicos naquelas culturas de ampla ocu­ pação geográfica podem trazer ganhos reais em termos de economia financeira e de conservação do ambiente para o País, devido ao seu im pacto na quantidade total consumida. Já em relação às culturas com uso intensivo de agrotóxicos, um progra­ ma de redução do uso pode trazer importantes ganhos contingenciais, no sentido de perm itir uma sensível melhora da qualidade dos produtos agrícolas, com redução nos níveis de resíduos presentes, bem com o ganhos na qualidade do ambiente agrícola local, com conseqüente melhora na segurança e saúde do trabalhador rural.

No que se refere à tendência no uso de agrotóxicos, é provável que os inseticidas/acaricidas tenham uma diminuição na quantidade total utilizada, com a ampliação da adoção do manejo integrado de pragas e na utilização de produtos mais potentes, ou seja, que eliminam as pragas em menor concentração. Por sua vez, os fungicidas tendem a se manter na situação atual de consumo com um leve decrésci­ mo no volume total utilizado, como resultado da incorporação gradual de novas vari­ edades de plantas resistentes a patógenos e ao uso do manejo integrado. Quanto aos herbicidas, o uso tende a aum entar devido à crescente adoção da prática do plantio direto na produção de grãos e à escassez de mão-de-obra no campo, resul­ tante do êxodo rural causado pela própria modernização da agricultura.

Cabe ressaltar, no entanto, que a quantidade de agrotóxicos utiliza­ da vaha de ano para ano, havendo m uitos fatores que contribuem para isso, poden­ do-se citar: custos financeiros do crédito agrícola, preços dos agrotóxicos, preços dos produtos agrícolas, nível de ocorrência de pragas e doenças nas culturas, que variam com as condições clim áticas, utilização de variedades de plantas resistentes

(28)

às pragas e doenças e surgim ento de novas pragas e doenças (Campanhola et al., 1998). Portanto, o mercado atual de agrotóxicos, embora aparentemente estável, pode ser alterado na medida em que esses fatores se m odifiquem .

Riscos ao homem e ao meio am biente

associados ao uso de agrotóxicos

A agricultura, paralelamente à concentração de atividades pro­ dutivas nos centros urbanos, tem sido apontada com o uma das principais a tiv i­ dades produtivas responsáveis pela degradação do meio am biente, principal­ m ente devido à grande extensão de terra utilizada.

Com o processo de intensificação da agricultura, ela tornou-se dependente de insumos externos que consistem da utilização de sementes de variedades melhoradas, da mecanização, de fertilizantes e de agrotóxicos, com o objetivo de aum entar a produtividade. Os insumos quím icos e m ecânicos têm causado im pactos negativos nos diferentes com partim entos dos ecossistem as, representados por erosão e com pactação dos solos, contam inação de águas superficiais e subterrâneas, resíduos quím icos nos solos, efeitos nos organis­ mos edáficos e aquáticos e danos à saúde humana, entre outros.

0 uso intensivo de agrotóxicos tem um alto potencial de im pacto n e g a tiv o , ta n to d e n tro , q u a n to fo ra do a g ro e co ssiste m a . Nos lim ite s do agroecossistem a, o uso intensivo de agrotóxicos aum enta a dependência do seu uso, pois provoca desequilíbrios biológicos que eliminam os inim igos naturais das pragas e doenças de plantas e animais, favorecendo a reincidência de altas populações das pragas e patógenos (ressurgência), assim com o o aparecim ento de novas pragas que estavam sob controle natural (Campanhola et al., 1998). Há tam bém o dano causado à saúde das pessoas que manipulam e aplicam os agrotóxicos no campo. Há ainda um maior potencial para o desenvolvim ento da resistência das pragas, dos fitopatógenos e das plantas invasoras aos agrotóxicos.

(29)

que resulta na necessidade de se utilizar doses mais elevadas, ou de se m isturar ag ro tó xico s ou ainda de se elevar a freqüência das pulverizações, aum entando ainda mais o seu potencial de dano ao homem e ao meio ambiente.

Externam ente aos lim ites dos agroecossistem as, os agrotóxicos causam danos à saúde do consum idor e da população em geral, assim com o a poluição ou contam inação do solo, da água e do ar. Os seus efeitos podem se m anifestar de diferentes form as e intensidades, intoxicando e eliminando espé­ cies terrestres e aquáticas e, com isso, interferindo nos diferentes níveis tró fico s e sim plificando sistem as biológicos com plexos e equilibrados.

0 co m portam ento dos agrotóxicos no meio am biente está d ire ta ­ mente relacionado com as propriedades físico-químicas das formulações e dos ingre­ dientes ativos (solubilidade em água, coeficiente de partição, hidrólise, ionização, pressão de vapor, reatividade), com a quantidade e freqüência de uso, com os m éto­ dos de aplicação, com as características bióticas e abióticas do ambiente, e com as condições m eteorológicas (Klingman et al., 1 982, apud Frighetto, 1997). Isto significa que após a aplicação os agrotóxicos não permanecem intactos, mas são submetidos a uma série de transformações e movimentos que podem aumentar o seu potencial de dano ambiental. Segundo Frighetto (1997), os principais processos que determinam o destino dos agrotóxicos no ambiente são: retenção, transformação quí­ mica e bioquím ica e transporte para a atm osfera, água subterrânea e água super­ fic ia l. Cabe ressaltar que m uitas vezes o a g ro tó x ic o original é tra n sfo rm a d o em outras m oléculas quím icas que apresentam características distintas da m olécula o rig in a l, podendo ser, in clu sive , mais tó x ic o s . Cada um desses processos não é exclusivo, ou seja, há sempre mais de um ocorrendo ao mesmo tem po e que confe­ rem a cada agrotóxico características específicas de com portam ento em cada situa­ ção particular, ou ecossistema. Por exemplo, o processo de adsorção ao solo, quando associado ao processo de erosão, pode resultar em um maior dano aos recursos hídricos, pois as partículas de solo carregam consigo os agrotóxicos que a elas este­ jam adsorvidos.

(30)

0 envenenam ento humano e as doenças são certam ente o maior im pacto causado pelo uso de agrotóxicos. Um relatório da Organização Mundial

da Saúde (OMS) registra que mais de três milhões de pessoas são envenenadas com agrotóxicos a cada ano, com cerca de 22 0 mil m ortes e de 7 5 0 mil pessoas que apresentam intoxicação crônica, câncer, problemas neurológicos, e assim por diante (Pimentel, 1998). Enquanto que os países desenvolvidos utilizam anualmente cerca de 80% de todo o agrotóxico produzido no mundo (Pimentel, 1990, apud Pimentel et al., 1993), menos da metade das m ortes induzidas por agrotóxicos ocorrem nesses países. Portanto, uma grande parte dos envenena­ m entos e m ortes causados por agrotóxicos ocorre em países em desenvolvi­ m ento, onde os padrões ocupacionais e de segurança são inadequados, a regu­ lamentação e a rotulagem dos agrotóxicos são insuficientes, o nível de analfabe­ tism o é elevado, a infra-estrutura para lavagem e o uso de equipam entos de proteção individuais são inexistentes ou inadequados, e os operadores desco­ nhecem os perigos dos agrotóxicos à sua saúde (Buli, 1 982, apud Pimentel et al., 1993). Ainda no caso específico dos países em desenvolvim ento, e stim a ti­ vas mostram que o número de pessoas intoxicadas por agrotóxicos chega a 25 milhões (FAO, 1999). Além dessas deficiências, o guia da FAO (op. c it., 1999) ainda atribui outras razões para os envenam entos, com o o manuseio inadequa­ do dos resíduos e embalagens de agrotóxicos e a prática com um de se utilizar os recipientes de agrotóxicos para armazenar alim entos e água.

No Brasil, não se têm estim ativas precisas dessa natureza, em ­ bora existam inform ações parciais sobre intoxicações por agrotóxicos em al­ guns centros de to xico lo g ia de hospitais universitários. 0 problem a é sério, principalm ente porque os próprios agricultores ainda não têm consciência do perigo a que estão expostos quando utilizam agrotóxicos, o que os leva a des­ respeitar as medidas de segurança recomendadas.

É im portante ressaltar ainda que m uitos dos e feitos causados pelos agrotóxicos não são agudos, mas crônicos, com os efeitos e sintom as se

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m anifestand o ao longo da vida das pessoas, tais com o alterações de natureza g enética, fisiológica ou com portam ental. São docum entados casos de m ortali­ dade em brionária, reprodução debilitada. Inibição das atividades enzim áticas do cérebro, redução ou inibição de crescim ento e de deform ação da espinha dorsal e perda de apetite (Frighetto, 1997).

No que se refere à aplicação dos agrotóxicos no campo, sabe-se que menos que 50% de agrotóxico aplicado por avião atinge a área tida como alvo, sendo que o restante vai para o meio am biente. A quantidade de agrotóxico que realm ente atinge a praga ou patógeno é extrem am ente pequena, menos que 1 %, o que significa que 99% ou mais vai para o ambiente (Pimentel, 1998). E no caso das aplicações terrestres, muito da quantidade aplicada tem como destino o próprio aplicador. Chaim et al. (1999) realizaram a avaliação de perdas de pulveri­ zação com trator em culturas de feijão e tom ate, em condições de campo. Os resultados da deposição total da solução no solo e nas plantas, assim como a quantidade perdida por deriva foram transformados em porcentagem da dose apli­ cada. Verifica-se que as perdas para a cultura do feijão ficaram entre 49 e 88% do total aplicado, e as do tom ate, entre 4 4 e 70% . No caso do feijão, de 30 a aproxi­ madamente 74% do total aplicado foi para o solo, e de 6 a 40% foi perdido por deriva. Para o tom ate, as perdas para o solo variaram de 9 a 36% e por deriva, de 16 a 5 3 % , aproximadamente. Esses resultados comprovam a baixa eficiência dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos no sentido de atingir o alvo desejado, o que contribui para aumentar ainda mais o potencial de dano dos agrotóxicos.

Os efeitos dos agrotóxicos no homem e nos organismos não- alvo são diretam ente proporcionais à sua concentração e ao tem po de exposi­ ção. Portanto, deve-se buscar mecanismos que contribuam para que esses dois fatores sejam minimizados.

Em um trabalho de revisão para avaliar os dados publicados so­ bre a contam inação ambiental por agrotóxicos e resíduos nos países do Cone Sul, Rodrigues (1998) registra que: “ os resíduos de agrotóxicos estão presentes em Panoram a sobre o uso de a g ro tó x ic o s no BrasH — --- --- 2 9

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todos os com partim entos ambientais do globo, desde as áreas mais remotas. Traços de DDT, BHC, aldrim, heptacloro, entre outros, podem ser detectados na atmosfera sobre o A tlântico Sul e Oceano A ntártico, em amostras de solo, água, gelo e neve na A ntártica, e em elevadas altitudes nos Andes Chilenos. A contam inação alcança as águas subterrâneas extraídas para consumo humano e é m antida mesmo em águas tratadas e oferecidas para consum o nas cidades, ainda que em níveis considerados seguros” . Ressalta o autor que resíduos de DDT alcançaram 0 ,3 7 p p m em peixes capturados no poluído Rio Tietê que corre ao longo da cidade de São Paulo (Yokomizo et al., 1980, apud Rodrigues, 1998), e 41 ppb no litoral da cidade de Santos, onde a contam inação por BHC era mais alarm ante, atingindo 9 4 0 p p b (Lara et al., 1980, apt/ty Rodrigues, 1998). Esses exemplos servem para ilustrar o que aconteceu com o uso incontrolado de agrotóxicos clorados em passado recente. Esses produtos e seus derivados continuam presentes em praticamente todos os compartimentos ambientais de todas as regiões geográficas do planeta, devido à sua elevada estabilidade química e à bioacumulação que ocorre na medida em que se avança nos níveis tróficos. Mes­ mo que hoje se conheça mais sobre o com portam ento dos agrotóxicos no meio ambi­ ente, não se pode assegurar que os danos causados sejam desprezíveis, pois torna-se praticam ente impossível acompanhar toda a dinâmica do agrotóxico original, e das moléculas originadas de sua degradação, e os seus efeitos biológicos nas mais diversificadas situações ecológicas.

No que se refere aos alim entos, a contam inaçã o de hortaliças por resíduos de fungicidas representa um problem a mais sério (Ferreira, 1993,

a p u d R odrigues, 1 9 9 8 ). Estudos realizados com fu n g ic id a s do grupo dos

ditiocarbam atos freqüentem ente apontam a presença de resíduos nos produtos colhidos. Em um e studo d e ta lh a d o analisando fru ta s e legum es p ro n to s para co m e rcia liza çã o no Rio de Ja n e iro , de 4 6 6 a m o stra s h avia resíduos em 63% delas, sendo que 24% apresentavam resíduos até 5 0 % acim a do lim ite de to le ­ rância (Reis & Caldas, 1 9 9 1 , a p u d R odrigues, 1 9 9 8 ). Esses re s u lta d o s são preocupantes uma vez que esses agrotóxicos (m ancozeb, m aneb, propineb, tiram

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e zineb) a p re s e n ta m c o m o p rin c ip a l re síd u o a s u b s tâ n c ia e tile n o tio u ré ia , c a rc in o g ê n ic a e m u ito e s tá v e l (T o le d o & O liv e ira , 1 9 8 8 , a p u d R o d rig u e s,

1998).

Os agrotóxicos podem tam bém influir no com portam ento de o r­ ganismos benéficos da natureza, com o é o caso das bactérias fixadoras de nitrogênio atm osférico para as plantas, das micorrizas que estim ulam o desen­ volvim ento e conferem resistência às plantas, e dos m icrorganism os com fu n ­ ção antagônica a fitopatóg enos de solo.

Como exem plo das questões abordadas, a Tabela 6 reproduz resultados de um a e s tim a tiv a de avaliação e conôm ica e social dos danos am bientais causados pelo uso de agrotóxicos nos EUA.

Por exemplo, os custos dos efeitos na saúde humana foram calcula­ dos a partir dos custos das internações hospitalares, do tratam ento dos envenena­ mentos em pessoas que não foram internadas, de dias não trabalhados, do câncer gerado, e das m ortes. Neste caso, é difícil e até antiético atribuir-se um valor mone­ tário a uma vida humana, pois será que uma vida não vale mais que US$ 2 milhões, que foi 0 valor considerado pelos autores (op. c it., 1993)?

Embora os agrotóxicos representem uma econom ia de US$ 16 bi­ lhões por ano de perda de produtos agropecuários nos EUA, os dados da Tabela 6 mostram que os custos ambientais e sociais dos agrotóxicos podem chegar a cerca de US$ 8 bilhões, valor que representa duas vezes o m ercado americano anual de agrotóxicos, que é de US$ 4 bilhões. Assim sendo, a relação benefício/custo, mesmo se considerados os custos indiretos am bientais e sociais, ainda é favorável (1 ,3 3 : 1), mas as estimativas apontadas estão longe de refletir todos os possíveis impactos que os agrotóxicos podem causar nos organism os dos diferentes com partim entos ambientais. Além disso, há as questões éticas e valores culturais que são alterados com o uso dos agrotóxicos, interferindo nas práticas agrícolas e no modo de vida das comunidades. Ainda, há que se considerar a distribuição dos custos associados ao uso dos agrotóxicos.

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Pouco dos custos da poluição causada pelos agrotóxicos se revertem para os produtores ou para as empresas produtoras/formuladoras de agrotóxicos. Ao contrário, a maior parte dos custos se manifesta fora do seu domínio, gerando proble­ mas de saúde pública e degradação ambiental. Há, portanto, que se distribuir melhor os custos sociais originados do uso de agrotóxicos, devendo recair a maior parte dos custos indiretos sobre as empresas produtoras e usuários.

Tabela 6. Estimativa anual dos custos ambientais e sociais decorrentes do uso de agrotóxicos na agricultura dos Estados Unidos.

3 2 --- --- M éto d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F itossa n itá rio

Danos US$ M ilhões/ano

Efeitos na saúde humana 7 8 7

Envenenam ento de anim ais dom ésticos 3 0 Eliminação de inim igos naturais 5 2 0 Resistência das pragas aos a g rotóxicos 1 .4 0 0 Perda de abelhas e de polinização 3 2 0 Perda de cu ltu ra s e de produtos 9 4 2

Perda de peixes 2 4

Perda de aves 2 .1 0 0

C ontam inação de águas subterrâneas 1 .8 0 0

C ontrole governam ental 2 0 0

M icrorganism os e invertebrados do solo ?

TO TAL 8.123

Fonte: Pim entel e t a i.(1 9 9 3 ).

Gestão dos agrotóxicos no Brasil

Legislação sobre agrotóxicos

A legislação am biental brasileira apresentou expressivo avanço a partir da prom ulgação da revisão co n stitu cio n a l de 1 9 8 8 . A prim eira grande mudança veio com a Lei no. 7 .8 0 2 , de 11 /0 7 /1 98 9 , que dispõe sobre a pesquisa, a

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e x p e rim e n ta ç ã o , a p ro d u çã o , a em balagem e ro tu la g e m , o tra n s p o rte , o armazenam ento, a com ercialização, a propaganda com ercial, a utiliza çã o , a im ­ p o rta çã o , a e xportação , o destino final dos resíduos e em balagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus com po­ nentes e afins. De acordo com esta lei, os agrotóxicos só poderão ser produzidos, exportados, im portados, com ercializados e utilizados, se previam ente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio am biente e da agricultura. É tra ta ­ da a questão das responsabilidades em caso de infrações desta lei e a aplicação das sanções, que vão desde a suspensão ou cancelam ento do registro do produto até a pena de reclusão.

O Decreto n° 8 .8 1 6 , de 1 1 /0 1 /1 9 9 0 regulam enta a Lei no. 7 .8 0 2 acima mencionada. Ele tra ta dos seguintes itens: a) das com petências im puta­ das ao M inistério da A gricultura, ao M inistério da Saúde e ao M inistério do Interior (atualm ente, com petência atribuída ao M inistério do Meio Am biente - IBAM A); b) das providências referentes ao registro do produto, produtos desti­ nados à pesquisa e experim entação, das proibições, do cancelam ento ou da impugnação, e do registro das empresas; c) da embalagem, da rotulagem e da propaganda comercial e da destinação final de resíduos e embalagens; d) do armazenamento e do transporte; e) do receituário; f) do controle, da inspeção e da fiscalização e g) das infrações, das sanções e do processo.

Dentre esses, cabe ressaltar que o Decreto estabelece que os agrotóxicos e afins só poderão ser com ercializados diretam ente ao usuário me­ diante apresentação de receituário próprio prescrito por profissional legalmente habilitado, o qual deve ter form ação técnica no mínimo de nível médio ou segun­ do grau. Consideram-se com o casos excepcionais as prescrições e as vendas de agrotóxicos destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação de am bi­ entes domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratam ento de água e ao uso em cannpanhas de saúde pública.

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As exigências apresentadas no referido Decreto referem-se não so­ mente ao registro de agrotóxicos, seus componentes e afins, mas também ao proces­ so de renovação de registro e de extensão de uso dos produtos. Havia também um prazo de validade do registro que era de cinco anos, no fim do qual deveria ser reali­ zada a renovação de registro com os mesmos procedim entos adotados para efeitos de registro. Com o argumento da inexequibilidade de tal procedim ento utilizado pelo “ pool” das empresas produtoras e distribuidoras de agrotóxicos no país, houve altera­ ções nos dispositivos que tratavam do assunto. Assim, pelo Decreto no. 991, de 24/ 11 /1 993, fica excluída a necessidade de renovação de registro de agrotóxicos, assim como o prazo de validade do registro, restando apenas a cláusula que estabelece que os agrotóxicos, seus componentes e afins que apresentam redução de sua eficiência agronômica, riscos à saúde humana ou ao meio ambiente poderão ser reavaliados a qualquer tem po e ter seus registros alterados, suspensos ou cancelados.

Os estados e municípios podem ter sua legislação própria e com ple­ mentar ao que estabelece a Lei 7 .8 0 2 , podendo ser mais restritivas, não podendo, contudo, conflitar com o conteúdo da legislação federal.

Por sua vez, cada um dos órgãos federais responsáveis pelo re gistro e sua fiscalização adotaram m edidas com plem entares à legislação de agrotóxicos, por meio de Portarias referentes às suas respectivas com petências. 0 M inistério da Saúde estabeleceu as diretrizes e exigências referentes à a u to ri­ zação de registros pela norma no. 1, de 0 9 /1 2 /1 9 9 1 , que tra ta especificam ente dos a sp e cto s de p ro te ç ã o à saúde (a va lia çã o to x ic o ló g ic a , c la s s ific a ç ã o to xicológica e fixação de lim ites m áxim os de resíduos de agrotóxicos, seguran­ ça dos aplicadores e da população em geral). A classificação to x ic o ló g ic a dos produtos técnicos, ingredientes ativos e produtos form ulados é fe ita com base nas inform ações to x ico ló g ica s fornecidas pela in s titu iç ã o re g istra n te com a alocação dos produtos nas seguintes classes: classe I - produtos extrem am ente tóxicos, classe II - produtos altam ente tóxicos, classe III - produtos medianamente tó xico s e classe IV - produtos pouco tó xico s. Os lim ites m áxim os de resíduos.

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OU tolerância, são estabelecidos com base em ensaios de campo para cada cultura a lim e n ta r. Os lim ites m áxim os de resíduos referem -se aos produtos agropecuários em bruto, após colheita do vegetal, abate ou ordenha do animal, por ocasião de sua com ercialização, antes de qualquer processamento dos refe­ ridos produtos e com a remoção das partes não com estíveis. Esse procedim ento é válido tam bém para alim entos de animais e fum o. No caso de a lim entos processados onde houver co n ce n tra çã o ou d esidrataçã o do a lim ento, o c á l­ culo se re fe rirá ao alim e n to preparado para ser co n su m id o . Os lim ite s m á xi­ m os de re s íd u o são a q u e le s e s ta b e le c id o s p e la C o m is s ã o do C o d e x

A lim e n ta riu s para Resíduos de A g ro tó x ic o s (CCPR/FAO/OM S) e são u tiliz a ­

dos para se e stabele cer os períodos de carência para os d ife re n te s pro d u to s e c u ltiv o s (o período de carência ou in te rv a lo de c o n fia n ç a é o tem po d e co r­ rido após a ú ltim a aplicação de a g ro tó x ic o e a c o lh e ita , necessário para que o nível de resíduo esteja abaixo do lim ite perm itido).

A referida Norma trata ainda das inform ações referentes à saúde e aos cuidados a serem tom ados que deverão constar do rótulo dos produtos, tais com o: necessidade de uso de equipam entos de proteção individual e in fo r­ mações relativas aos cuidados com a saúde humana - prim eiros-socorros, tra ta ­ m ento médico de emergência (dirigido ao médico), antídoto, telefones do Centro de Inform ações Toxicológicas da região e da empresa, e pictogram as. Os ró tu ­ los poderão conter ainda frases de advertência com relação a: precauções ge­ rais (ex.: “ não coma, não beba e não fum e durante o manuseio do produto” ); manuseio do produto (ex.: “ use máscaras cobrindo o nariz e a boca” ); aplicação propriam ente dita (ex.: “ não aplique o produto contra o vento"); precauções após aplicação (ex.: “ não reutilize a embalagem vazia” ), ingestão (ex.: “ provo­ que vôm ito e procure logo o m édico, levando a em balagem, rótulo, bula ou receituário agronômico do produto” ); olhos (ex.: “ lave com água em abundância e procure o médico levando a embalagem, rótulo, bula ou receituário agronôm i­ co do produto” ); pele (ex.: “ lave com água e sabão em abundância e, se houver

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irritação, procure o médico levando a embalagem, rótulo, bula ou receituário agronô­ mico do produto” ); inalação (ex.: "procure lugar arejado” ). As bulas ou folhetos que acompanham os produtos deverão conter, além de todos os dados constantes do rótulo, as seguintes inform ações: mecanismo de ação, absorção e excreção para o ser humano, efeitos agudos e crônicos e efeitos colaterais.

E para as questões do meio am biente, há a Portaria N orm ativa no. 84, de 1 5 /1 0 /1 9 9 6 , que estabelece procedim entos a serem adotados ju n to ao In stitu to Brasileiro do Meio A m biente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, para efeito de registro e aprovação do potencial de periculosidade ambiental de agrotóxicos, seus com ponentes e afins. Esta P ortaria in s titu iu ta m b é m o^ S istem a Perm anente da A va lia çã o e C o n tro le dos A g ro tó x ic o s , seus compo-^ nentes e a fin s, que com preend e os se g u in te s su b siste m a s: c la s s ific a ç ã o do p o te n cia l de pericu lo sid a d e a m b ie n ta l; e stu d o de c o n fo rm id a d e ; avaliaçãol do risco a m b ie n ta l; d ivu lg a çã o de in fo rm a çõ e s; m o n ito ra m e n to a m b ie n ta l a fis c a liz a ç ã o . A cla s s ific a ç ã o q u a n to ao p o te n cia l de p e ricu lo sid a d e am b ie n ta b a se ia -se nos p a râ m e tro s de b io a c u m u la ç ã o , p e rs is tê n c ia , tra n s p o rte to x ic id a d e a d iv e rs o s o rg a n is m o s , p o te n c ia l m u ta g ê n ic o , te ra to g ê n ic o e ca rc in o g ê n ico , obedecendo a se guinte g raduaçã o: classe I - p ro d u to alta m ente pe rig o so ; classe II - p ro d u to m u ito p e rig o so ; classe III - p ro d u tc perigoso e classe IV - p ro d u to pouco p erigoso. Um dos itens im peditivos c obtenção de registro de um agrotóxico é se as suas classificações de potência de periculosidade am biental e/ou avaliação do risco am biental indicarem índices não aceitáveis de periculosidade e/ou risco, considerando os usos propostos.

Os testes e inform ações necessárias à avaliação ecotoxicológic? dos agrotóxicos e afins devem ser realizados ta n to com o produto té cn ico (in g re d ie n te a tiv o ), com o com o p ro d u to fo rm u la d o , sendo que para algun parâm etros aceitam-se apenas os resultados de produtos té cn ico s. Esses teste referem-se a: características físico-quím icas (estado físico, cor, odor, identifica ção molecular, grau de pureza, p onto/fa ixa de fusão, p o n to /fa ix a de ebulição

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