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PROJETO UBUNTU NO QUILOMBO GROTÃO: antecedentes, funda-mento filosófico e marco legal no lastro da repa-ração de danos morais coletivos

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Revista de Humanidades e Letras

ISSN: 2359-2354 Vol. 5 | Nº. 2 | Ano 2019

Cecília Amália Cunha Santos Bruno dos Santos Hammes

Kênia Gonçalves Costa

PROJETO UBUNTU NO QUILOMBO

GROTÃO:

antecedentes, fundamento filosófico e marco

legal no lastro da reparação de danos morais

coletivos

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RESUMO

A cooperação técnica entre instituições brasileiras, especialmente o Ministério Público do Trabalho (MPT) com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) vem conseguindo divulgar a ideia de “trabalho decente” e, com isso, o tema tem se tornado uma pauta forte não só a nível internacional como também nas relações de trabalho e na jurisprudência trabalhista no Brasil, com especial enfoque aqui para a coletividade. Tal parceria tem viabilizado a execução de uma série de projetos no intuito de promover qualificação e trabalho digno em várias cidades no Brasil. Contudo, percebeu-se que até então (2018) - dada a alta complexidade das relações de trabalho no campo que exige logística e estratégias próprias, somada as especificidades culturais e lógicas internas distintas que organizam o grupo - comunidades tradicionais não tinham sido atendidas por esta parceria. Neste sentido, tendo em vista a realidade do Tocantins, a diversidade de grupos sociais vivendo e trabalhando no campo, bem como a sub-promoção da Convenção 169 da OIT, a edição piloto do projeto Ubuntu nasce como uma demanda do Ministério Público do Trabalho de Araguaína (MPT – Araguaína), em olhar para esse cenário e se propor a desenvolver iniciativa que buscasse mitigar os impactos de uma situação de vulnerabilidade tão antiga quanto à história do país, sem com isso cometer outras violências e tomadas de decisões equivocadas. Assim, por intermédio do conhecimento dos agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Araguaína, elegeu-se, a associação da comunidade quilombola do Grotão, situada no Município de Filadélfia- TO para receber os investimentos em estrutura e assistência técnica necessárias ao desenvolvimento das cadeias produtivas escolhidas pela comunidade. A execução do projeto ficou a cargo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – Administração Regional do Tocantins com acompanhamento técnico do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saberes e Práticas Agroecológicas da Universidade Federal do Tocantins (NEUZA/UFT) e é a partir da sistematização dos dados das visitas técnicas e do acompanhamento executados pelos pesquisadores do NEUZA-UFT que se produz este material. Deste modo, o presente artigo busca apresentar o processo de construção do projeto, que se desdobra na necessidade do diálogo com o conceito “ubuntu”, dialogando assim com a filosofia africana, segue explicitando as articulações com a Convenção 169 da OIT, a ideia de “trabalho decente” e o marco legal brasileiro explicitado na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), segue apresentando o processo e alguns dos dados que foram produzidos em diálogo constante com a comunidade e por fim aponta para o que as boas práticas e experiência possibilitaram, tendo em vista a sistematização e a replicação do projeto.

Palavras-chave: trabalho decente; Convenção 169; comunidades tradicionais.

Site/Contato

www.capoeirahumanidadeseletras.com.br

capoeira.revista@gmail.com

Editores

Marcos Carvalho Lopes

marcosclopes@unilab.edu.br

Pedro Acosta-Leyva

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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PROJETO UBUNTU NO QUILOMBO GROTÃO:

antecedentes, fundamento filosófico e marco legal no lastro da

repa-ração de danos morais coletivos

Cecília Amália Cunha Santos1

Bruno dos Santos Hammes2 Kênia Gonçalves Costa3

Introdução

A iniciativa que hoje se consolida como “Projeto Ubuntu” nasce da busca da Procurado-ria do Trabalho no Município de Araguaína4 (PTM – Araguaína) em formular uma ação que crie uma articulação entre uma proposta de promoção do trabalho decente5, ideia/conceito que já

ge-1 Procuradora do Trabalho. Atualmente está Coordenadora da Procuradoria do Trabalho no Município de

Araguaína/TO. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (2012), Pós-graduada em Direito do Trabalho (2013) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASELVI). Ex-juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT -18).

2 Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2015), Bacharel em Ciências Sociais

pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2013), licenciando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2013- atual). É pesquisador associado ao Dadá - Grupo de Pesquisa em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde da UFRPE e do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Práticas e Saberes Agroecológicos (NEUZA - UFT/CPT). Coordenou a execução das atividades da linha de Ação: Desenvolvimento Rural e Direitos Humanos - no Centro de Referência em Cidadania e Direitos Humanos da UFT (CRCDH-UFT). Atuou como professor do magistério superior na Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT), no campus Miracema como orientador de trabalho final de curso no curso de Pós-Graduação em Educação, Pobreza e Desigualdade Social (EPDS) e no campus Universitário Tocantinópolis, onde lecionou disciplinas para os cursos de Licenciatura em Ciências Sociais e Pedagogia e, onde orientou trabalhos de conclusão de curso. Atualmente está professor convidado no curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus Araguaína.

3 Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCult) da Universidade

Fe-deral do Tocantins (UFT). É doutora em Geografia pela Universidade FeFe-deral de Goiás (2014), onde também se titulou mestra em Geografia (2005), licenciada em Geografia (2007) e Bacharela em Geografia (2002). É Técnica em Agrimensura pela Escola Técnica Federal de Goiás (1996). Desde 2014 está vinculada ao Colegiado de Licenci-atura em Geografia da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus Araguaína nas seguintes ativi-dades: docente, membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) e coordenadora do Laboratório de Ensino e Práticas em Geografia (LEPG). Desde 2017 também está vinculada como docente/orientadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPPGCult) e desde 2018 atua como pesquisadora do Núcleo de Pes-quisa e Extensão em Práticas e Saberes Agroecológicos (NEUZA). Tem experiência na área de Interdisciplinarida-des, com ênfase em Geografia, atuando nos seguintes temas: ensino, formação de professores, cartografia, aprendi-zagens criativas, educação indígena, quilombola, etnias, cultura, identidades e territórios.

4 Segundo o site do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal e no Tocantins (PRT-10), a Procuradoria do

Trabalho no município de Araguaína é responsável, além do município sede, por outros 68 municípios do norte do Tocantins. Fonte: http://www.prt10.mpt.mp.br/procuradorias/ptm-de-araguaina-to

5 O conceito de “trabalho decente” na perspectiva de Márcia Regina Barroso (2015) tem funcionado como uma

espécie de ideia-chave que, tanto articula os objetivos estratégicos da OIT para o mundo do trabalho, a saber, “(a) a aplicação dos princípios e direitos fundamentais do trabalho; (b) a criação de empregos; (c) a proteção social; (d) e o diálogo social” (BARROSO, 2015, p. 364), quanto tem se capilarizado e difundido no Brasil a partir de uma cooperação entre a OIT e instituições, principalmente o Ministério Público do Trabalho (MPT). Em especial a partir

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rou outros projetos exitosos em parceria com a OIT no Brasil desde 2003 e que encontra lastro no Plano Nacional de Trabalho Decente (PNTD) e, a percepção da existência de uma lacuna de atenção a comunidades tradicionais, que por sua vez encontra fundamentação jurídica6 na Políti-ca Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) (BRASIL, 2007)7.

Deste modo, tem-se que a proposta que teve esta sua primeira experiência efetiva no es-tado do Tocantins, foi viabilizada pelo acordo de cooperação técnica celebrado em 2003, entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), articu-lado à parceria local da Procuradoria do Trabalho no Munícipio (PTM) de Araguaína com o Nú-cleo de Pesquisa e Extensão em Saberes e Práticas Agroecológicas da Universidade Federal do Tocantins (NEUZA/UFT) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Araguaia-Tocantins. O projeto contou ainda com a execução técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – Administração Regional do Tocantins.

Deste modo, dado que o projeto ainda encontra-se em execução8 objetivo deste artigo é apresentar os antecedentes do projeto e a forma como foi pensado, apresentar e discutir breve-mente a fundamentação jurídica para sua execução com especial enfoque para a articulação com a convenção 169 da OIT (OIT, 1989) que trata do tema dos povos tradicionais, apresentar bre-vemente a perspectiva filosófica africana que é de onde inclusive vem à inspiração para nomear o projeto bem como apresentar algumas das boas práticas, em especial o Diagnóstico Rural Par-ticipativo9 (DRP), que nortearam e/ou reelaboraram entendimentos e práticas até aqui no projeto.

de 2003 com a elaboração de “memorando de entendimento entre a República Federativa do Brasil e a Organização Internacional do Trabalho para o estabelecimento de um programa de cooperação técnica para a promoção de uma agenda de trabalho decente” (BARROSO, 2015, p.364).

6 Segundo a nota técnica 06/2018-6CCR, assinada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades

Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR) e pelo GT de Comunidades Tradicionais do mesmo órgão, “O Decreto tem por objetivo dar cumprimento ao disposto nos art. 215 e 216 da Constituição Federal, que consagram diversos direitos fundamentais, como o direito à cultura. Esses artigos dirigem comandos expressos ao Estado visando à proteção dos grupos sociais que contribuíram para a formação da identidade étnica, cultural e histórica de nossa sociedade”, sinalizando assim para sua constitucionalidade quanto à garantia de direito fundamental. Fonte: http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/nota-tecnica-decreto-6040

7 A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) foi

instituída através do Decreto Presidencial 6.040/2007, de 7 de fevereiro de 2007. Para consultar o texto na íntegra:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm

8 O cronograma apresentado pelo SENAR em diálogo com o MPT visa à execução do projeto em 11 meses, de

fevereiro a dezembro de 2019.

9 Segundo Souza (2009), “com origem nos trabalhos de Robert Chambers, nos Estados Unidos. A metodologia

prega, além da maior rapidez na obtenção de dados importantes para a promoção do desenvolvimento socioeconômico de populações rurais, a participação ativa dos beneficiários envolvidos no processo e uma multidisciplinaridade técnica” (p.35).

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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“Nossos passos vêm de longe10”: Trajetória de consolidação da formatação do projeto

Ubuntu

Os recursos investidos no piloto do projeto, ou seja, na ação desenvolvida na comunidade quilombola escolhida, são oriundos de um acordo judicial resultante de uma Ação Civil Pública (ACP) apresentada pelo MPT - Araguaína, para pagamento de dano moral coletivo, por uma em-presa construtora que explorava mão-de-obra em condições precárias de trabalho.

Vale destacar que, segundo o MPT, embora o ilícito tenha ocorrido na área urbana, dentre os trabalhadores recrutados e lesados havia pessoas oriundas da zona rural, o que põe ser com-provado, por exemplo, por uma dinâmica antiga de recrutamento de mão-de-obra no nordeste e/ou zona rural para trabalhos braçais e em condições precarizadas ou ainda se tomarmos os da-dos estatísticos da microrregião circundante a Araguaína perceberemos que as taxas de urbaniza-ção, segundo informações do último Censo demográfico do IBGE (2010)11, apontam, por

exem-plo, que 34,9% dos domicílios de Filadélfia estão na zona rural.

Nesse sentido, é relevante informar que fundamenta a realização desta ação reparatória o entendimento de dano moral coletivo que, na seara trabalhista, como sustenta Bittar Filho (1994, p. 95), “[...] é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade de trabalhadores, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos [...]”, como por exem-plo, poderíamos citar a lesão ao meio ambiente12 de trabalho seguro13 e digno.

Com efeito, têm-se ainda que, o artigo 13 da Lei 7.347 de 1985 (BRASIL, 1985) dispõe que os recursos oriundos deste tipo de condenação devem ser destinados à reconstituição dos bens lesados, ou seja, devem retornar à sociedade lesada pelas práticas ilícitas suportadas. Por essa razão, o “Projeto Ubuntu” foi desenvolvido, para assegurar a reconstituição do bem lesado mais óbvio na percepção externa à comunidade tradicional que no entendimento construído diz respeito à dignidade e ao meio ambiente de trabalho seguro, mas não só a ele.

De modo que, a equipe executora deste projeto se atina de forma progressiva ao refina-mento filosófico e ético que organiza a concepção de mundo deste grupo e assim, de maneira

10 Frase que se tornou lema de luta das mulheres negras em busca da afirmação de suas ancestralidades e que ganhou

visibilidade ao ser reiterada pela médica e ativista do movimento negro, Jurema Werneck em especial ao se tornar subtítulo do livro organizado em parceria pela mesma: WERNECK, Jurema. MENDONÇA, Maísa. WHITE, Evelyn C. (org). O livro da Saúde das Mulheres Negras: nossos passos vêm de longe. 2. Ed. Rio de Janeiro: Pallas / Criola, 2006.

11 Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/filadelfia/pesquisa/23/25207?tipo=ranking&indicador=29519, acesso:

14/11/2019.

12 Segundo Fiorillo (2003), “[...] o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas

ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc.)”.

13 A noção de trabalho seguro presente no “Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais” é

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correlata e cada vez com mais força e importância durante a sua execução, como veremos a fren-te no tópico que se refere às boas práticas, promove a reconstituição da conexão do grupo com sua ancestralidade ao (re)constituir as condições para permanência no campo/território ances-tral14 das famílias oriundas de comunidades tradicionais, evitando a sua migração em busca de empregos precarizados15 na cidade.

Assim, dito de outra forma, a equipe executora do Projeto Ubuntu percebeu que apesar de aparentemente correlatos, os efeitos para além da promoção do “trabalho descente” estrita, como a segurança alimentar16, regularização da situação da associação de quilombolas, fixação na terra estão instrumentalizam as pessoas para atuarem no fortalecimento de sua comunidade, o quilom-bo Grotão.

Sobre isso, os dados das incursões em campo17 apontam que, o fato de o projeto pagar uma bolsa de formação no valor de 500 reais mensais para cada uma das 19 famílias é de suma importância, pois conforme questionário aplicado na comunidade, esse valor tem representado a fonte de renda para a maioria das famílias com exceção daquelas que têm aposentados, pensio-nistas ou crianças para receber o benefício do programa bolsa-família.

Logo, como apontam Aguiar et al (2019), além da infraestrutura visível outras percep-ções que o trabalho de campo têm nos mostrado são, “redução do êxodo de quilombolas para as cidades mais próximas, elevação da autonomia das comunidade em relação às práticas produti-vas, a retomada de práticas tradicionais quilombolas que estavam enfraquecidas”, o que se reflete em fortalecimento na luta pelo seu território.

Breve apresentação do Quilombo Grotão e do processo de escolha da comunidade

14 Nesta passagem “campo” e “território ancestral” foram equiparados conceitualmente para fins didáticos da

continuidade do raciocínio quando, na verdade, ao se tratar de uma comunidade tradicional quilombola o certo seria apenas o uso do segundo. Pois fornece a dimensão mais aproximada de todas as dimensões e conexões que conectam comunidade e território.

15 Segundo Machado et al (2016), no contexto de globalização “se apresenta como um processo multidimensional

de institucionalização da instabilidade caracterizado pelo crescimento de diferentes formas de precariedade e de exclusão. Ela se apoia na diminuição dos custos de produção a partir da flexibilização do trabalho, que se instaura pela via da precarização do trabalho. Esse processo atua diretamente na transformação e na flexibilização do direito do trabalho, reduzindo as políticas de proteção social e de cidadania da população nomeada "excluída" pelo discurso político” (p.229).

16 Segundo, Vasconcellos e Moura (2018), o conceito de “segurança alimentar e nutricional” foi muito influenciado

pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mas no Brasil, “A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais. Pressupõe-se que seu alcance implique a convergência de políticas e programas de vários setores com capacidades para promover, na dimensão individual e coletiva, o acesso à alimentação adequada, requerendo um amplo processo de descentralização, territorialização e gestão social” (p. 2).

17 Paralelo à execução do projeto pelo SENAR, a CPT e o NEUZA-UFT executam o projeto de “Mitigação dos

Impactos dos Projetos de Desenvolvimento Rural na Comunidade Quilombola Grotão”, cuja metodologia consiste basicamente em trabalho de campo qualitativo e constante diálogo com a comunidade.

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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A comunidade tradicional escolhida para receber os investimentos da edição piloto do Projeto Ubuntu foi a Comunidade Quilombola Grotão que, a sete gerações ocupa o território lo-calizado na região conhecida como Barraria no Município Tocantinense de Filadélfia (Figura 01), nas proximidades do povoado de Bielândia. O território tem como limite, à esquerda o Rio João Aires e, à direita, o ribeirão Gameleira.

Dezenove famílias vivem atualmente, devido aos efeitos liminares de um recurso em um processo judicial de questionamento da posse impetrado na justiça, numa parcela da área total disponibilizada à comunidade pelo juiz do caso que corresponde a cerca de 20 alqueires. O laudo antropológico, solicitado pelo Ministério Público Federal e realizado pelo antropólogo do Institu-to Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) RoberInstitu-to Alves de Almeida (2011), identificou uma área de dois mil e duzentos hectares como território ancestral.

Ditas estas informações, resta ainda situar o leitor dos critérios que levaram a escolha desta comunidade em especifico. O fato é que segundo dados da Fundação Cultural Palmares (FCP) (BRASIL, 2018) tratado por Lopes (2019), existem hoje no estado do Tocantins 45 comu-nidades remanescentes de quilombo com certificação emitida pela FCP, condição importante no bojo do projeto para a sua execução tendo em vista a necessidade de segurança jurídica salva-guardando as partes.

Destas, 7 que já mantinham um diálogo e recebiam atenção dos agentes pastorais da CPT, foram convidadas a construir18 um Diagnóstico Rápido/Rural Participativo19 (DRP), afim de construir consciência crítica da situação em que se encontravam e afim de buscar elencar pro-blemas e soluções para tais.

Deste modo, vale destacar que tendo em vista os resultados obtidos e ainda a noção de que o DRP ao se apresentar como resultado da aplicação de uma série de ferramentas interativas que buscam instru-mentalizar a comunidade para elencar suas características, potencialidades, fragilidades e prioridades, o mesmo logo foi incorporado ao escopo do projeto Ubuntu20. Torna-se importante também, pois se propõe

a cumprir o que dispõe a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER, ao tornar como princípio norteador a “adoção de metodologia participativa com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural” (BRASIL, 2010).

Com a posse destas informações a direção local da CPT quando recebeu a proposta de es-tar, em parceria com o MPT, ajudando neste processo, utilizou estes dados dos DRPs para uma

18 Os DRPs produzidos nesta ação da Pastoral encontram-se em posse das comunidades, tendo a CPT apenas os

registros (Fotográficos) e cópias dos mesmos.

19 Vale ressaltar que os DRPs foram produzidos inclusive antes do diálogo para implementação do Ubuntu, o que

tornou esta parte da ação relativamente rápida, pois os dados já existiam.

20 Paralela às atividades realizadas pela executora do projeto: o SENAR, temos que o MPT, a CPT e o NEUZA-UFT

celebraram outro acordo coordenado pelo Professor Vinícius Gomes de Aguiar (NEUZA/UFT) com vistas a acompanhar o projeto e o mesmo tem como um de seus pilares a oitiva constante da comunidade a aplicação de ferramentas do DRP.

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primeira seletiva entre as comunidades, ou seja, o primeiro critério utilizado foi à execução pré-via de um DRP e em seguida o critério escolhido foi: a vulnerabilidade e o risco da perda do ter-ritório.

Outro critério utilizado, desta vez pelo MPT, dada a necessidade de articulação com a se-ara trabalhista foi à exigência da averiguação da existência de uma organização mínima formali-zada e em consonância com o postulado da formalidade do trabalho e amparo das pessoas do grupo seja ela na forma de associação ou cooperativa, que a comunidade do Grotão também atendia e que tornava possíveis os investimentos. Exemplo disso foi quando com dinheiro do projeto foi adquirido um veículo automotor utilitário já em nome da associação. Foi assim então que de comum acordo, MPT, CPT e OIT definiram com o aval da comunidade a execução do projeto.

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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Convenção 169 da OIT e Consulta Prévia na implantação do Projeto Ubuntu

Ao propor a ação afirmativa de cunho de reparação histórica no quilombo do Grotão ao MPT, os agentes da Pastoral da Terra de Araguaína inicialmente, com base no que havia sido pactuado e produzido com o DRP, se ativeram a resolução do problema que a comunidade tinha elegido como seu principal problema, logo a ideia era tão somente a reforma da casa de farinha da comunidade.

Entretanto, após a primeira visita de planejamento e reunião com a comunidade, o Minis-tério Público do Trabalho percebeu que as demandas da comunidade eram bem mais amplas, como por exemplo, a necessidade premente de uma ação que garantisse geração de renda e segu-rança alimentar para assegurar o mínimo de dignidade aos quilombolas.

Merece destaque, a percepção que desde o início do planejamento da ação foi assegurado à comunidade o direito de participação em todas as decisões relativas à implantação do Projeto. Postura que vai ao encontro da diretriz presente na Convenção 169 da OIT (OIT, 1989), na qual a “consulta prévia livre e informada dos povos” é incentivada e tem como escopo a “promoção de diálogos interculturais, o fortalecimento da democracia participativa e a garantia do protago-nismo da comunidade e da soberania popular”.

Deste modo, a Convenção 169 (OIT, 1989) ao estabelecer o que se convencionou chamar de “direito à consulta prévia”, ao estabelecer que grupos minoritários devam participar dos pro-cessos administrativos que lhes digam respeito e não apenas serem informados assim, garante não só o direito dos povos de serem ouvidos, mas também o de se opor a determinados atos, con-trários aos seus interesses.

Trazendo esta noção para o processo de formatação do projeto Ubuntu, podemos destacar que a participação da comunidade no projeto começa ainda na definição do mesmo, pois, uma vez que a visita inicial mostrou que a comunidade tinha outras necessidades além da casa de fa-rinha e, o MPT resolveu executar uma ação sistemática com vistas à geração de renda e seguran-ça alimentar, estabeleceu também que deveriam ser implementadas outras cadeias produtivas no quilombo.

Contudo, temos que o entendimento desde então foi de que a escolha das cadeias produti-vas a serem implementadas e em todas as demais etapas, em que houve necessidade de tomada de decisão, a comunidade foi ouvida em reunião prévia, que ocorrem na maioria das vezes na própria comunidade e, quando não é possível e a reunião ocorre, na sede do MPT, por exemplo, é diretriz de que necessariamente ao menos a presidente da associação quilombola deve partici-par.

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Além disso, tal qual previsto na norma, mais do que a mera consulta importa que seja as-segurado o acesso à informação de qualidade à comunidade, através de “procedimentos adequa-dos às circunstâncias e de boa-fé21” que se traduz no conhecimento pleno sobre o projeto em análise e possíveis efeitos no seu entorno ambiental, social, cultural, econômico e político e a correta avaliação das vantagens e desvantagens da sua implantação.

Outro componente importante, no que tange a oitiva de comunidades tradicionais, é o respeito aos tempos de cada povo, para a tomada de decisão. Destarte, no caso em análise, nas vezes em que foi necessária a tomada de decisão pela comunidade, as propostas e informações foram apesentadas da forma mais clara, completa e ampla possível, aos participantes da reunião e em seguida as equipes se retiravam da comunidade para que os quilombolas pudessem decidir entre si, sopesando seus interesses e opiniões, ouvindo os mais velhos, sem a interferência exter-na da equipe.

Assim, quanto às cadeias produtivas e tecnologias escolhidas para dar vida ao projeto Ubuntu neste quilombo, ficou estabelecido, após diálogo com a comunidade, que seriam cinco as cadeias produtivas, a saber, horticultura, avicultura de corte/postura, piscicultura, feijão e mandi-oca, todas implementadas de forma a buscar a transição agroecológica, mas já sem o uso de agrotóxicos e outros defensivo. Vale destacar ainda que, para o funcionamento destas cadeias foi preciso ainda investir na perfuração de poço artesiano e na instalação de uma caixa de água de 10.000 (dez mil) litros além da almejada reforma da casa de farinha.

Filosofia Ubuntu

O “nome” do projeto foi uma escolha a posteriori, quando já estava tudo avalizado pela comunidade começou um processo pela definição do nome, importante tanto para dar uma “ca-ra” ao projeto quanto para o catálogo de produtos da OIT. Em uma busca por inspiração que pu-desse remeter a ancestralidade africana das comunidades quilombolas entrou-se em contato com leituras de filosofia africana e conheceu-se o conceito “Ubuntu” que etimologicamente tem sua raiz em duas línguas do povo bantu: zulu e xhona.

Nosso ponto de partida é que Ubuntu pode ser visto como a base da filosofia africana. Para além de uma análise linguística de ubuntu, um argumento filosófico persuasivo poderá criar toda uma “atmosfera familiar” que é um tipo de afinidade filosófica e um parentesco entre o povo nativo da África. (RAMOSE,1999, p.49).

21 O artigo 6º da Convenção 169 da OIT (1989) ao salientar a “qualificação do processo consultivo”, endossa tais

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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Segundo Ramose (1999), Ubuntu é o elemento central da filosofia e da cosmovisão afri-cana, que concebe o mundo como uma teia de relações entre: o divino, a comunidade e a nature-za. Na mesma direção, Malomalo (2014) aponta que na cosmovisão africana toda existência é sagrada, pois há nela uma centelha do divino em tudo que está manifestado, ou seja, em tudo que existe. Assim, a frase: “Sou porque nós somos” consegue produzir uma tradução do conceito de Ubuntu.

Dessa maneira, ainda segundo o que podemos apreender em Malomalo (2014) ser huma-no africahuma-no sabe que nem todos os aspectos da vida podem ser controlados por sua vontade, pois há ainda outras forças, como a dos ancestrais, dos orixás e os seres encantados da natureza re-gendo os acontecimentos da vida das pessoas e do mundo. Por essa razão para africanos e africa-nas é importante viver em harmonia com todas essas forças e energias, para a felicidade do indi-víduo.

Nesse passo, para Malomalo (2014) a filosofia Ubuntu trata o conceito de felicidade co-mo sendo tudo que faça o bem ao indivíduo e ao outros, incluídos nessa noção de outros a famí-lia, os demais habitantes da comunidade, ancestrais e orixás e os seres da natureza, como rios, mares, montanhas, florestas, animais e solo, alargando a noção de alteridade ocidental.

No Brasil, segundo o que se pode concluir analisando o processo histórico da diáspora compulsória, a filosofia Ubuntu chega com os escravizados africanos a partir de século XVI e foi reinventada após o processo de escravização, transformando-se nas noções de solidariedade e resistência, tendo como exemplos de sua utilização a organização dos quilombos, das religiões de matriz africana e etc.

Com relação ao projeto Ubuntu, em análise, a escolha desse nome nasceu da forte identi-ficação entre os valores que animam a ação afirmativa e a filosofia de matriz africana, uma vez que toda a produção é, nos termos ocidentais, agroecológica, pautada no respeito à natureza e na exploração racional do território, além de buscar respeitar a organização social e vida comunitá-ria das pessoas da comunidade, por meio da produção comunal das cadeias produtivas, da venda coletiva de produtos e da gestão e divisão dos lucros feita pela associação dos quilombolas.

Considerações finais [ou conjecturais]

A realidade das comunidades quilombolas no Brasil é um reflexo das lutas e resistências da população negra em diáspora, população esta que é descendência dos/as escravizados/as tra-zidos da África para construir essa nação. Os conhecimentos e saberes que foram transladados com esses grupos compõem uma visão de mundo na perspectiva da cosmovisão africana que en-tremeia com a relação direta com a natureza.

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As existências são dialógicas e comunitárias, as atividades comuns são realizadas em grupo com união de forças e propósitos. Os resultados só se efetivam quando todos são benefici-ados, na qual as ancestralidades são os elos destes destinos. A produção social é estabelecida nas interações sociais por diversas perspectivas aliadas pelos múltiplos conhecimentos formais e in-formais, materiais e imateriais e afetivos.

Neste contexto o projeto que visa instituir formas de “trabalho decente”, autonomia fi-nanceira, segurança e soberania alimentar, formas dignas de trabalho condizentes com as formas de organização social e com a cosmovisão do grupo e condições de desenvolvimento sustentável e permanência no território, tem total ligação com a nominação ubuntu, ou seja, “sou porque nós somos”, visto que, dado o processo histórico e a forma como se deu a constituição dos quilom-bos no Brasil torna-se premissa do projeto que a ancestralidades bem como as cosmologias afri-canas e a intensa e forte vida comunitária sejam asseguradas e fortalecidas.

Dito de outro modo, o Projeto Ubuntu traz em sua essência a noção retirada da literatura sobre quilombo no Brasil que aponta que viver individualmente nestas comunidades não faz sen-tido. Desta forma as lutas desses segmentos da sociedade conduziram à institucionalização do marco legal citado.

Contudo, atualmente (2019), se traçarmos um histórico comparativo de lutas e avanços conquistados, perceberemos que estamos vivenciando um estado de desarticulação e desmonte de uma série de medidas reparatórias e de instrumentos legais que as auxiliam, revelando que o estado brasileiro intencionalmente ou não caminha na contramão instituindo uma série de perdas de direitos e conquistas.

Deste modo e por fim, é preciso chamar atenção para os possíveis efeitos que ações como a Medida Provisória (MP) 905/2019 (BRASIL, 2019) podem ter. Segundo a redação atual, entre outras provisões a MP condiciona a aplicação dos valores oriundos de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) e multas referentes a Ações Civis Públicas (ACPs) resultantes da atuação do MPT a um fundo para financiar exclusivamente o “Programa de Habilitação e Reabilitação Físi-ca e Profissional, Prevenção e Redução de Acidentes de Trabalho”, que na prátiFísi-ca desconsidera tanto outras modalidades de danos trabalhistas quanto as várias ações desenvolvidas pelo MPT em parceria com a OIT no Brasil desde 2003, dentre as quais o Projeto Ubuntu e seus resultados.

Logo, a única certeza que se consegue ter a partir de decisões monocráticas como esta é a instabilidade e as incertezas que elas criam, no âmbito geral, em relação à continuidade de ações e para as continuidades fica o recado que a luta para efetivação e continuidade da luta pelos di-reitos.

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Projeto ubuntu no Quilombo Grotão

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Cecília Amália Cunha Santos

Procuradora do Trabalho. Atualmente está Co-ordenadora da Procuradoria do Trabalho no Município de Araguaína/TO. Bacharel em Di-reito pela Universidade Federal do Maranhão (2012), Pós-graduada em Direito do Trabalho (2013) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASELVI). Ex-juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT -18).

Bruno dos Santos Hammes

Mestre em Antropologia Social pela Universi-dade Federal de Goiás - UFG (2015), Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Es-tado do Rio de Janeiro - UERJ (2013), licenci-ando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2013- atual). É pes-quisador associado ao Dadá - Grupo de Pes-quisa em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde da UFRPE e do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Práticas e Saberes Agroecológi-cos (NEUZA - UFT/CPT). Coordenou a exe-cução das atividades da linha de Ação: Desen-volvimento Rural e Direitos Humanos - no Centro de Referência em Cidadania e Direitos Humanos da UFT (CRCDH-UFT). Atuou co-mo professor do magistério superior na Funda-ção Universidade Federal do Tocantins (UFT), no campus Miracema como orientador de tra-balho final de curso no curso de Pós-Graduação em Educação, Pobreza e Desigual-dade Social (EPDS) e no campus Universitário Tocantinópolis, onde lecionou disciplinas para os cursos de Licenciatura em Ciências Sociais e Pedagogia e, onde orientou trabalhos de con-clusão de curso. Atualmente está professor convidado no curso de Licenciatura em Histó-ria da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus Araguaína.

Kênia Gonçalves Costa

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCult) da Universidade Federal do Tocantins (UFT). É doutora em Geografia pela Universidade Fe-deral de Goiás (2014), onde também se titulou mestra em Geografia (2005), licenciada em Geografia (2007) e Bacharela em Geografia (2002). É Técnica em Agrimensura pela

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Esco-Capoeira – Revista de Humanidades e Letras | Vol.5 | Nº. 2 | Ano 2019 | p. 357

la Técnica Federal de Goiás (1996). Desde 2014 está vinculada ao Colegiado de Licencia-tura em Geografia da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus Aragua-ína nas seguintes atividades: docente, membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) e co-ordenadora do Laboratório de Ensino e Práti-cas em Geografia (LEPG). Desde 2017 tam-bém está vinculada como docente/orientadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPPGCult) e desde 2018 atua como pesquisadora do Núcleo de Pesqui-sa e Extensão em Práticas e Saberes Agroeco-lógicos (NEUZA). Tem experiência na área de Interdisciplinaridades, com ênfase em Geogra-fia, atuando nos seguintes temas: ensino, for-mação de professores, cartografia, aprendiza-gens criativas, educação indígena, quilombola, etnias, cultura, identidades e territórios.

Referências

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