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Relatório do estágio curricular supervisionado em medicina veterinária

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

GRADUAÇÃO

Raquel Sangalli de Almeida

Ijuí, RS, Brasil

2016

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Raquel Sangalli de Almeida

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Inspeção de Produtos

de Origem Animal apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ),

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientador: Prof. Dr. Felipe Libardoni

Supervisor: Med. Vet. Luís Antônio Vielmo

Ijuí, RS, Brasil

2016

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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de

Estágio da Graduação

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

EM MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

Raquel Sangalli de Almeida

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________ Felipe Libardoni, Dr. (UNIJUÍ)

(Orientador)

___________________________________ Maria Andréia Inkelmann

(Banca)

Ijuí, 03 de dezembro de 2016.

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“O sucesso nasce do querer, da

determinação e persistência em se

chegar a um objetivo. Mesmo não

atingindo o alvo, quem busca e

vence obstáculos, no mínimo fará

coisas admiráveis.”

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AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas se fizeram presentes durante a caminhada da minha graduação, participaram ativamente de cada momento, foram personagens essenciais. A vocês, que permaneceram do início ao fim dessa etapa da minha vida, dedico essa vitória.

A Deus, por iluminar minhas escolhas, me amparar e me dar forças para seguir em busca da realização dos meus sonhos.

Aos meus pais, Mauri e Joséte. Faltam palavras para agradecer tudo o que fizeram por mim. Se doaram por inteiro não medindo esforços para ver este momento acontecer. Sempre apoiaram minhas decisões e se privaram de muitas coisas para me dar o melhor. Essa conquista também é de vocês!

Ao meu irmão, Ramon. Obrigada por acreditar em mim e no meu potencial. Você foi um dos motivos pelo qual nunca desisti dos meus objetivos. Saber que você torce tanto por mim me faz sempre querer seguir a diante. Obrigada por sua amizade e por trazer a Valéria e o Angel Gabriel a nossa família.

Ao meu namorado, amigo, companheiro, Eduardo Crestani, que me acompanhou durante os cinco anos de graduação. Você acalmou meus momentos de angústia, me ajudou, compreendeu que às vezes precisava me ausentar e sempre acreditou no meu melhor. Como no início, agora vamos comemorar a vitória juntos!

Aos meus avós Ernestides e Marciana. Vocês são alguns dos tijolinhos do alicerce da minha vida. A simplicidade, garra e honestidade com que vivem a vida me servem de inspiração. Obrigada vó Marciana por sempre orar por mim, sempre acender uma vela nos dias de provas e por ligar pedindo notícias.

Aos sogros Elâine e Marcos. Serei eternamente grata por me receberem na família e cuidarem de mim como filha. Agradeço pela confiança em mim depositada, conselhos e incentivos.

À concunhada Suyan Pabline, companheira de apartamento, culinária e muitas risadas. Obrigada por cuidar de mim, tornar minha estádia em Ijuí menos solitária e aguentar o meu cheiro quando chegava das aulas práticas.

Aos professores do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ que não hesitaram em compartilhar seus conhecimentos. Em especial ao professor Felipe Libardoni, por ter despertado em mim o gosto pela Inspeção de Produtos de Origem Animal e ter me orientado

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com muita sabedoria e paciência na realização do meu estágio final. E, também, à professora Lisandre de Oliveira, que me apresentou o universo da pesquisa, apostou na minha capacidade, e somou para meu crescimento acadêmico e pessoal.

Aos supervisores, Médicos Veterinários Dr. Carlos Eugênio e Dr. Luís Antônio Vielmo, por me darem a oportunidade de estagiar junto ao SIF 1733 e me receberem de braços abertos. Agradeço enormemente ao Dr. Vielmo pelo privilégio de lhe acompanhar na rotina do frigorífico, por sua paciência, didática e por ser esse exemplo de profissional. Os agradecimentos se estendem também a todos os funcionários do Frigorífico Silva, em especial, aos auxiliares de inspeção, meus “monitores” de estágio, que sempre me ajudaram em tudo que precisei.

À Vanusa, Rodrigo, Ângela e Jocimara, pessoas de coração enorme e acolhedor com quem tive o privilégio de conviver durante o semestre em que estudei na UNICRUZ. Obrigada por me receberem tão bem e cuidarem de mim como se eu fosse parte da família.

Aos verdadeiros amigos que conquistei durante a graduação: Bruna Salvati, Anaísa F. Brudna, Andréia K. Gollo. Obrigada por todas as risadas, fofocas, companheirismo e noites de estudo. Andressa Gottardo, amizade que chegou junto com a pesquisa, agradeço por ter me ajudado no meu experimento e por ser essa pessoa maravilhosa e esforçada. Desejo que essas amizades permaneçam da graduação para a vida toda.

Aos animais, por serem o motivo da escolha profissional. Por ensinarem a ouvir pedidos mudos, pelos olhares de gratidão, pelo coração puro. O sonho de infância, motivado pelos animais de estimação, finalmente está concretizado.

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RESUMO

Relatório de Graduação

Curso de Medicina Veterinária

Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

AUTORA: RAQUEL SANGALLI DE ALMEIDA

ORIENTADOR: FELIPE LIBARDONI

Data e Local da Defesa: Ijuí, 03 de dezembro de 2016.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado no Frigorífico Silva Indústria e Comércio Ltda., fiscalizado pelo SIF 1733, em Santa Maria – RS. As atividades foram desenvolvidas e acompanhadas no período de 29 de agosto a 23 de setembro e 10 de outubro a 19 de outubro de 2016, totalizando 150 horas, sob orientação do Professor Médico Veterinário Dr. Felipe Libardoni e supervisão do Médico Veterinário, Auditor Fiscal Federal Agropecuário, Luís Antônio Vielmo, responsável pela inspeção do estabelecimento. O Frigorífico realiza o abate de bovinos e bubalinos, possui uma capacidade máxima de matança diária de 697 animais, sendo acompanhado o abate de 15.237 durante o período de estágio. Este foi voltado principalmente às atividades de inspeção ante-mortem e

post-mortem por meio do acompanhamento da rotina do médico veterinário e auxiliares de

inspeção, os quais desempenham papel de suma importância na saúde pública, diminuindo a ocorrência de zoonoses e garantindo que produtos inócuos cheguem à mesa dos consumidores. As atividades desenvolvidas estão descritas em forma de tabela. De todas as lesões observadas escolheu-se descrever as características macro e microscópicas de lesões de migração errática de Fasciola hepatica no pulmão, fazer um levantamento da frequência de cisticercose nos bovinos abatidos em um período de quatro anos e, analisar os locais anatômicos de maior ocorrência dessas lesões encontradas na inspeção post-mortem.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividades acompanhadas/desenvolvidas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no Frigorífico Silva (SIF 1733), no período de 29 de agosto a 23 de setembro e 10 de outubro a 19 de outubro de 2016... 14 Tabela 2 - Amostras de pulmão e linfonodos coletadas, município de origem,

número de animais abatidos do lote e número de fígados condenados com fasciolose... 17

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Prevalência de cisticercose e número de animais acometidos nos anos de 2012 a 2015... 28 Figura 2 - Porcentagem de cisticercos encontrados correspondente a cada linha

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A - Pulmão bovino apresentando lesão de migração errática de Fasciola

hepatica. ... 41

Apêndice B - Linfonodo mediastinal de pulmão bovino com coloração alterada em função da migração errática de Fasciola hepatica. ... 42 Apêndice C - Prevalência de cisticercose no Frigorífico Silva (SIF 1733) no ano de 2012.

... 43

Apêndice D - Prevalência de cisticercose no Frigorífico Silva (SIF 1733) no ano de 2013.

... 44

Apêndice E - Prevalência de cisticercose no Frigorífico Silva (SIF 1733) no ano de 2014.

... 45

Apêndice F - Prevalência de cisticercose no Frigorífico Silva (SIF 1733) no ano de 2015.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 14

ARTIGO 1 - MIGRAÇÃO ERRÁTICA de Fasciola hepatica EM PULMÃO DE BOVINOS ABATIDOS PARA CONSUMO HUMANO ... 15

Introdução ... 15

Metodologia ... 16

Resultados e Discussão ... 17

Conclusões ... 21

Referências Bibliográficas ... 22

ARTIGO 2 - FREQUÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS PARA CONSUMO HUMANO ... 25 Introdução ... 25 Metodologia ... 27 Resultados e Discussão ... 28 Conclusões ... 32 Referências Bibliográficas ... 32 CONCLUSÃO ... 35 REFERÊNCIAS ... 36 APÊNDICES ... 40

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INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mais especificamente na área de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Frigorífico Silva Indústria e Comércio Ltda, o qual abate bovinos e bubalinos.

O estabelecimento, fiscalizado pelo SIF 1733, localiza-se na BR 392, Km 8, no Bairro Passo das Tropas, município de Santa Maria – RS. A supervisão interna ficou a cargo do Médico Veterinário Luís Antônio Vielmo, Auditor Fiscal Federal Agropecuário e, sob a orientação do professor do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, Dr. Felipe Libardoni.

O estabelecimento Frigorífico Silva atua no mercado de carnes desde 1972. Possui capacidade máxima de matança diária de 697 bovinos, em média 95 animais/hora, o que gera uma produção diária de aproximadamente 130 toneladas de carne. Atualmente, pode exportar para países da lista geral e da lista especial (exceção da Rússia) e, em breve, poderá exportar para os Estados Unidos. Possui um quadro de 900 funcionários distribuídos entre os setores de abate, desossa, charque, miúdos, bucharia, triparia, graxaria, expedição, administração, manutenção e porcionados.

O estágio desenvolvido compreendeu o período de 29 de agosto a 23 de setembro e 10 de outubro a 19 de outubro de 2016, concentrando-se principalmente no acompanhamento da inspeção ante-mortem, processos do abate e inspeção post-mortem.

A estrutura física da indústria divide-se em térreo e subsolo. No térreo localiza-se a sala de abate, câmaras de resfriamento, de sequestro e de congelamento, setor de higienização de roldanas, setor de desossa, setor de estocagem e expedição. No subsolo se encontra a bucharia e triparia, setor de miúdos e setor de charque. Ainda como anexos incluem a caldeira, sala de máquinas, almoxarifado, oficina e setor de manutenção.

Nas proximidades do bloco industrial estão os vestiários, sanitários, lavanderia, laboratório, salas da administração e controle de qualidade, refeitório, rampa de acesso, seringa, banheiro de aspersão, currais, box de atordoamento, estação de tratamento de efluentes e balança para pesagem dos caminhões. O Frigorífico Silva também conta com graxaria própria, localizada em prédio ao lado da indústria, inaugurada em 2010 e indústria de porcionados, inaugurada em 2015.

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O frigorífico conta com 10 câmaras de resfriamento com capacidade para 1.275 carcaças, três câmaras de estocagem de cortes primários da carcaça, com capacidade de 200 carcaças e 1.500 cortes; uma câmara de resfriamento para sequestro, com capacidade para 30 carcaças; uma câmara de congelamento de carcaças sequestradas, duas câmaras de resfriamento de miúdos, com capacidade de 15 toneladas; uma câmara de resfriamento de buchos; duas câmaras de estocagem de produtos resfriados/congelados, com capacidade de 450 e 600 toneladas, respectivamente e, quatro túneis de produtos acabados congelados, com capacidade de 300 toneladas.

O fluxograma de abate inicia com a chegada dos animais ao frigorífico, os quais devem conter a Guia de Trânsito Animal (GTA), nota fiscal do produtor e romaneio. Eles desembarcam dos caminhões e são separados nos currais de chegada e seleção onde é feita a inspeção

ante-mortem pelo serviço oficial e, permanecem nos currais por no mínimo 6 (seis) e no máximo 12

(doze) horas para jejum e dieta hídrica.

Em torno de uma hora antes do início do abate é realizada nova inspeção ante-mortem pelo Médico Veterinário do serviço oficial, o qual refaz a contagem e verifica se os animais possuem alguma lesão que necessite de abate de emergência. Aprovados nessa etapa, os bovinos são encaminhados pelo corredor de acesso e chegam ao banheiro de aspersão onde são molhados com objetivo de lavá-los, acalmá-los e fazer vasoconstrição periférica e vasodilatação central.

Na sequência é feita a insensibilização, a qual é realizada em box de atordoamento automático, com pistola pneumática posicionada sobre um “X” imaginário traçado entre a base dos processos cornuais e os olhos do animal. Entre o processo de insensibilização e sangria deve se passar no máximo um minuto. Assim que o animal é insensibilizado ele é içado e os grandes vasos da base do pescoço são cortados, permanece na canaleta de sangria por no mínimo três minutos, onde também recebe estímulo elétrico para estimular a sangria.

Os animais seguem em trilhos com roldanas até finalizar o processo de abate. Nesse trajeto é realizada a esfola; retirada de chifres, orelhas, patas, tendões; separação e oclusão do reto, separação e oclusão do esôfago; serragem do peito; desarticulação e retirada da cabeça; evisceração; divisão da carcaça; toalete; carimbagem; pesagem e lavagem das meias-carcaças. Em meio a essas etapas encontra-se os serviços de inspeção post-mortem realizados pelos auxiliares de inspeção regidos pelo Artigo 102 do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e o Departamento de Inspeção Final, onde o Médico Veterinário é responsável pelo julgamento das carcaças e vísceras.

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 Linha A: Exame dos Pés e Lábios.  Linha B: Exame da Cabeça e Língua.

 Linha C: Cronologia Dentária. Atualmente não realizada pelo serviço de inspeção.

 Linha D: Exame do Trato Gastrointestinal, baço, pâncreas, bexiga e útero.  Linha E: Exame do Fígado e Vesícula Biliar.

 Linha F: Exame do Coração, Pulmão e Traqueia.  Linha G: Exame dos Rins.

 Linha H: Exame da porção posterior da meia carcaça.  Linha I: Exame da porção cranial da meia carcaça.

 Linha J: Carimbagem das meias carcaças (coxão, lombo, paleta e ponta de agulha).

A realização do estágio nesse local permite ao aluno colocar em prática os conhecimentos obtidos durante a graduação, a vivência no meio profissional, a aquisição de novas experiências, o desenvolvimento de uma personalidade mais crítica e observadora, bem como o domínio na execução das tarefas com o objetivo de encarar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

A área de escolha para a realização do estágio motivou-se pela preferência pessoal e porque entre as atribuições do médico veterinário, cabe diagnosticar e prevenir a ocorrência de zoonoses através do controle de doenças transmitidas por alimentos de origem animal, ações educativas para a sociedade, estudos epidemiológicos e fiscalização. Logo, esse profissional é de suma importância na atuação junto à saúde pública e comercial.

A escolha do local para a realização de estágio motivou-se pela referência em abate de bovinos que o mesmo tem. Além de uma capacidade de matança diária bem elevada, o que permite acompanhar a identificação de diferentes lesões, também conta como uma das melhores inspeções do Serviço de Inspeção Federal (SIF) o que, consequentemente, é muito construtivo como futura profissional.

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ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período correspondente ao Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foram desenvolvidas atividades desde o recebimento dos animais, através da inspeção ante-mortem até o final do abate, com acompanhamento dos processos envolvidos e realização da inspeção post-mortem, por meio dos linhas de inspeção executadas pelos auxiliares e acompanhamento do Departamento de Inspeção Final com o Médico Veterinário do serviço oficial. Essas atividades totalizaram 150 horas de estágio. A distribuição e porcentagem das mesmas estão demonstradas na Tabela 1.

Tabela 1 - Atividades acompanhadas/desenvolvidas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no Frigorífico Silva (SIF 1733), no período de 29 de agosto a 23 de setembro e 10 de outubro a 19 de outubro de 2016.

Atividade Horas % Linha A 4 2,67 Linha B 16 10,67 Linha C 2 1,33 Linha D 8 5,33 Linha E 8 5,33 Linha F 16 10,67 Linha G 6 4,00 Linha H 8 5,33 Linha I 8 5,33 Linha J 4 2,67 Ante-mortem 10 6,67 DIF* 60 40,00 Total 150 100

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ARTIGO 1 - MIGRAÇÃO ERRÁTICA de Fasciola hepatica EM PULMÃO

DE BOVINOS ABATIDOS PARA CONSUMO HUMANO

Introdução

A Fasciola hepatica é um parasita que pertence ao Filo Platyhelminthes, Classe Trematoda, Subclasse Digenea, Família Fasciolidae, capaz de parasitar bovinos, ovinos, caprinos, porcos, raramente cavalos e, ocasionalmente, seres humanos, causando uma doença denominada fasciolose (JONES et al., 2000; URQUHART et al., 2008).

Os parasitas pertencentes ao filo Platyhelminthes são conhecidos como “vermes chatos”, “fascíolas” e “tênias”. Esses trematódeos digenéticos são os de maior interesse para estudos veterinários (BOWMAN, 2006). Na fase adulta, estes são conhecidos como “vermes em folha” por terem seu corpo achatado, medem 2 a 3 cm de comprimento e aproximadamente 1,3 cm de largura e possuem coloração castanho-avermelhada (JONES et al., 2000). A denominação digenéticos é dada porque possuem ciclo evolutivo indireto, necessitando de um hospedeiro intermediário. Os hospedeiros intermediários mais comuns são os caramujos do gênero Lymnaea, mais especificamente o caramujo L. truncatula, amplamente distribuído pelo mundo (BOWMAN, 2006; URQUHART et al., 2008).

A fasciolose, fasciolíase, distomíase hepática ou saguaipé, nomes mais conhecidos de denominação da doença, é de ocorrência mundial e, principalmente encontrada em áreas pantanosas, onde se tem as condições favoráveis para a sobrevivência dos caramujos (CULLEN, 2009; JONES et al., 2000).

A forma adulta da Fasciola hepatica é encontrada nos ductos biliares e vesícula biliar, já as formas imaturas do trematódeo podem ser encontradas no parênquima hepático. Eventualmente, trematódeos anormais podem se encapsular em outros órgãos, como os pulmões e outros tecidos (JONES et al., 2000; URQUHART et al., 2008).

O trematódeo, que é um organismo hermafrodita, deposita seus ovos nas vias biliares dos hospedeiros definitivos, e estes pela bile chegam ao trato intestinal e sendo eliminados com as fezes (CULLEN, 2009; JONES et al., 2000). Os ovos são operculados e no interior daqueles que encontram a água se desenvolverá o miracídio, uma larva ciliada e móvel. Em temperaturas ideais de 22 a 26ºC, e dentro de aproximadamente nove dias o miracídio eclode do ovo e nada à procura do caramujo adequado, o qual deverá ser encontrado em até no máximo 24 horas para

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que haja a penetração, caso contrário o miracídio morre. Duas semanas após a penetração no caramujo, o miracídio transforma-se em esporocisto. Passadas duas a quatro semanas, cada esporocisto é capaz de produzir aproximadamente oito a 40 rédias. Caso as condições ambientais de temperatura e umidade sejam adversas para o caramujo, uma segunda geração de rédias é produzida. As rédias darão origem as cercárias. Cada rédia pode originar em média 20 cercárias. Após um ou dois meses, as cercárias emergem do molusco pelo orifício respiratório, estimuladas por uma alteração na temperatura ou na intensidade da luz. Elas nadam na superfície da água até se encistarem em vegetais, formando as metacercárias. Essa é a forma infectante de ruminantes e outros animais que pastejam (BOWMAN, 2006; FORTES, 2004; URQUHART et al., 2008).

Assim que a metacercária é ingerida sua parede cística é digerida. O trematódeo imaturo, denominado de marita, penetra o duodeno, migra pela cavidade peritoneal e penetra no fígado. A migração pelo fígado ocorre por várias semanas até que as maritas encontrem os ductos biliares, amadureçam e reiniciem o ciclo. O ciclo completo da F. hepatica pode durar de três a quatro meses sob condições ambientais favoráveis (BOWMAN, 2006; CULLEN, 2009; JONES et al., 2000).

Devido aos escassos dados de literatura, e da importância da identificação dessa lesão na inspeção de bovinos, o presente trabalho tem por objetivo relatar as características de lesões encontradas na inspeção post-mortem do pulmão de bovinos, pois muitas vezes essas lesões acabam sendo motivo de desvio desnecessário da carcaça e vísceras para o Departamento de Inspeção Final (DIF).

Metodologia

Durante a inspeção post-mortem do pulmão (linha de inspeção F) de bovinos abatidos sob inspeção federal para o consumo humano foram constatadas lesões nas regiões periféricas dos lobos pulmonares caudais direito e esquerdo e alteração na coloração dos linfonodos. Tais lesões não condiziam com as frequentemente encontradas em pulmões, tais como hidatidose ou tuberculose, sendo vísceras e carcaças encaminhas ao DIF para reinspeção e diagnóstico.

Quatro amostras de linfonodos pulmonares e pulmões distintos, oriundos de lotes de animais provindos de diferentes municípios foram coletadas, armazenadas em formol a 10% e encaminhadas ao Laboratório de Histopatologia Veterinária da Universidade Regional do

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Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) para exame histopatológico. A suspeita principal foi de lesão por migração errática de Fasciola hepatica no pulmão, visto a fasciolose evidente nos fígados dos animais abatidos. As amostras de pulmão, locais de origem e número de fígados acometidos por fasciolose no lote correspondente estão descritas na Tabela 2.

Tabela 2 - Amostras de pulmão e linfonodos coletadas, município de origem, número de animais abatidos do lote e número de fígados condenados com fasciolose.

Amostras Município de Animais Abatidos Fígados com Fasciolose

1 e 2 Itacurubi/RS 60 35

3 São Gabriel/RS 30 26

4 Alegrete/RS 22 19

Resultados e Discussão

A F. hepatica pode ser encontrada em outros órgãos e, ocasionalmente, causar fasciolose pulmonar (STALKER e HAYES, 2007; URQUHART et al., 2008). Como demonstrado em estudo realizado por Tessele et al. (2013), apenas três das 21 fascioloses diagnosticadas foram encontradas nos pulmões. Isso ocorre porque durante o seu ciclo, os trematódeos imaturos podem entrar nas veias hepáticas e acidentalmente atingir a circulação sistêmica alojando-se em locais ectópicos (NIEBERLE e COHRS, 1970).

As lesões observadas nos pulmões na inspeção post-mortem possuíam forma arredondada, conteúdo de coloração marrom e aspecto pegajoso (APÊNDICE A). Segundo laudo histopatológico das amostras encaminhas para análise, macroscopicamente as lesões eram circunscritas, salientes, sendo metade do corte firme e a outra metade macia, com áreas friáveis. Esses achados corroboram com Stalker e Hayes (2007) e Tessele et al. (2013), que descrevem as lesões encontradas como nódulos subpleurais de diferentes tamanhos, na periferia do pulmão, encapsulados por tecido conjuntivo fibroso e contendo líquido gelatinoso e purulento de coloração achocolatada. Tessele et al. (2013) também observou parasitas em meio ao conteúdo das lesões. Ao contrário desse estudo, nas amostras deste caso não observou-se a

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presença macroscópica dos parasitas, os quais nos pulmões são menores e mais difíceis de serem visualizados (STALKER e HAYES, 2007).

Microscopicamente as amostras de pulmão apresentaram múltiplas e extensas áreas de necrose acentuada com inflamação mista e numerosos eosinófilos, macrófagos e neutrófilos, edema, hemorragia, numerosas estruturas parasitárias refringentes em meio à necrose e inflamação e, áreas multifocais contendo pigmento amarelo-esverdeado. A amostra 4 ainda apresentou intensa fibrose nas bordas da lesão. De forma semelhante, na microscopia dos pulmões com fasciolose estudados por Tessele et al. (2013), os mesmos apresentaram brônquios repletos de exsudato e presença de muitos eosinófilos e neutrófilos degenerados.

Os linfonodos mediastinais analisados não possuíam alteração de volume, entretanto focos de alteração da coloração para castanho-ouro foram observados (APÊNDICE B). Essa alteração na coloração deve-se a deposição de pigmentos de hematina ácida, formados pela ação de ácidos sobre a hemoglobina e está associada à várias doenças parasitárias (JONES et al., 2000). Este pigmento é produzido pela Fasciola hepatica no pulmão e transportado para os linfonodos (FRY e McGAVIN, 2009). Microscopicamente apresentaram áreas multifocais de hemorragia e presença de numerosos macrófagos e eosinófilos. Os eosinófilos parecem exercer ação contra os estágios larvários de parasitas como reação à migração dos mesmos, lesionando suas membranas. Os neutrófilos exercem resposta inflamatória, que por meio da quimiotaxia chegam aos tecidos lesionados para fazer a fagocitose de microrganismos e corpos estranhos. Já os macrófagos são responsáveis por fagocitar restos celulares e indicam possível lesão crônica (THOMSON, 1983; WEISER e THRALL, 2006).

Segundo Mendes (2006), em experimento realizado com Meriones unguiculatus (espécie de roedor) a migração dos trematódeos por outros órgãos pode ocorrer. Em 20,5% dos animais infectados experimentalmente foram encontrados, através de microscopia, ovos e verme imaturo ou adulto, no pulmão, baço, diafragma, linfonodos mesentéricos e rins. A passagem do parasita por esses órgãos ficou evidenciada pela presença de traumatismo e áreas de hemorragia, necrose e inflamação causadas pela alimentação da F. hepatica.Também foram observados pontos hemorrágicos no diafragma, o que indica que os vermes imaturos podem tentar atravessá-lo para atingir os pulmões. A presença de ovos em órgãos além do fígado, indica que o parasita imaturo ou adulto pode alimentar-se em outros locais antes ou depois de penetrá-lo.

Esporadicamente, a migração errática de Fasciola hepatica no pulmão de bovinos pode levar a uma pneumonia granulomatosa, a qual é desencadeada porque o parasita pode resistir a fagocitose, persistir nos tecidos e causar uma reação inflamatória local. Nesses casos, a lesão

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caracteriza-se por granulomas caseosos ou não, de caráter nodular bem delimitado e firmes caso tenha havido calcificação. Microscopicamente apresentam tecido necrótico, rodeado por macrófagos e células gigantes, borda com presença de tecido conjuntivo frequentemente com linfócitos e plasmócitos infiltrados (LÓPEZ, 2009).

Macroscopicamente essas lesões não são compatíveis com as de tuberculose e hidatidose. Na tuberculose pode-se observar nódulos granulomatosos de três a 30 cm de diâmetro, caseosos e, por vezes calcificados no centro da lesão, presença de cápsula fibrosa, consistência firme e coloração de branco ao cinza ou amarelo, sendo que ao corte há um ranger na faca (OLIVEIRA et al., 2012; SILVA et al., 2014; SOUZA et al., 2014). Já nas lesões correspondentes a hidatidose são observados cistos hidáticos de cinco a 10 cm. Quando viáveis há uma cápsula preenchida por líquido transparente, mas quando se degeneram formam uma massa caseosa e calcificada em seu centro (IRABUENA et al., 2000, STALKER e HAYES, 2007; TESSELE et al. 2013).

Na rotina da inspeção post-mortem, as carcaças também são avaliadas quanto a sua conformação, e nos casos aqui descritos, essas apresentavam-se com boa conformação e rendimento. Entretanto, como não se tem a informação do tempo que os animais levaram para atingir o peso para abate, não descarta-se a possibilidade de que o ganho de peso tenha sido retardado em função da fasciolose, levando os animais a ficarem mais tempo em pastejo. Os animais acometidos pela doença podem apresentar hipoalbuminemia, devido ao extravasamento de proteínas plasmáticas pelo epitélio dos ductos biliares e anemia, resultante da atividade alimentar dos trematódeos. A ingestão deficiente reduz a eficácia na utilização de energia metabolizável e a deposição de proteína na carcaça (RADOSTITS et al., 2010), o que nos faz crer que esses animais, caso saudáveis, poderiam ter melhores desempenhos zootécnicos e, consequentemente, aumentar os lucros dos produtores rurais.

A forma aguda da fasciolose é caracterizada por uma inflamação traumática do parênquima hepático pela ingestão de muitas metacercárias. Entretanto, é pouco frequente em bovinos. Já a forma crônica é a de maior ocorrência e importância nessa espécie é atribuída à ação dos parasitas adultos nos ductos biliares, e os animais acometidos geralmente apresentam más condições físicas. A evolução do quadro caracteriza-se com perda de condição corporal, fraqueza progressiva, anorexia, icterícia e hipoproteinemia (BOWMAN, 2006; LOFSTEDT, 2000; URQUHART et al., 2008).

A quantidade de fígados condenados na linha de inspeção por apresentarem parasitas e lesões características de fasciolose, evidenciam que as manifestações clínicas pelos animais podem ser difíceis de serem observadas (URQUHART et al., 2008), principalmente em bovinos

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de corte, pois tratam-se de animais que ficam a campo e possuem menor contato com o produtor, quando comparado a bovinos de produção leiteira. Por isso, os casos, na grande maioria, acabam sendo diagnosticados na inspeção post-mortem dos frigoríficos, onde a presença de um único parasita é suficiente para a condenação da víscera (BRASIL, 1997).

Os fígados condenados apresentaram ductos biliares distendidos, proeminentes e fibrosados, com presença do trematódeo adulto. Alguns fígados possuíam tamanho e forma alterados, lesões características da doença crônica (BOWMAN, 2006; CULLEN, 2009; LOFSTEDT, 2000). O fígado é responsável por mais de 49% do rendimento de vísceras, em especial pelo seu peso. Ao mesmo tempo, é o órgão mais condenado, sendo a fasciolose responsável por mais de 18% das condenações no Rio Grande do Sul, o que contribui para sérios prejuízos econômicos. O pulmão é o segundo órgão mais condenado geralmente por enfisema pulmonar, mas não constitui grandes prejuízos visto a baixa valorização no mercado (DUTRA et al., 2010; FRUET et al., 2013). Não se tem levantamentos estatísticos referentes as condenações de pulmões de bovinos por F. hepatica em frigoríficos, pois esse não é o órgão alvo do parasita, e não há essa opção de lesão para marcação na linha de inspeção, bem como há pouca literatura sobre a mesma.

A quantidade de fígados condenados reporta para a necessidade de diagnóstico, controle e prevenção do parasita. O principal método diagnóstico em bovinos é o exame coproparasitológico no qual pode-se observar ovos operculados do trematódeo nas fezes. Entretanto, algumas infecções podem não ser diagnosticadas pelas baixas contagens de ovos e porque os vermes imaturos não os produzem (LOFSTEDT, 2000; PEARSON, 2006; URQUHART et al., 2008). A prevenção é a base para o controle, a qual pode ser feita por meio do controle populacional de caramujos, drenando áreas alagadiças; aplicando medicação anti-helmíntica periódica nos animais o que pode reduzir a deposição de ovos do trematódeo no pasto e, espalhando moluscocidas, como o sulfato de cobre. Esse último, no entanto, pode atingir espécies indesejadas e se tornar um problema (BOWMAN, 2006; LOFSTEDT, 2000).

A forma mais fácil e ecológica de prevenção é evitar que os animais pastem em locais de risco em sazonalidade propícia à transmissão e cercar as áreas alagadas (LOFSTEDT, 2000). Caso as formas de prevenção não sejam suficientes, o tratamento em bovinos pode ser realizado com triclabendazol, rafoxanida, nitroxinil em doses terapêuticas e, albendazol, em doses maiores. No entanto, o triclabendazol é o único eficiente contra os estágios iniciais. Tais drogas são proibidas em vacas cujo leite seja destinado ao consumo humano (URQUHART et al., 2008).

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O risco de contrair a F. hepatica é determinado pela quantidade de caramujos infectados presentes na pastagem. As infestações por F. hepatica ocorrem em animais que pastam em pastagens alagadas, lamacentas, frequentemente irrigadas ou que se mantém úmidas por pelo menos metade do ano. A distribuição geográfica da F. hepatica se limita a áreas de solos neutros onde se tenha condições hidrológicas para o desenvolvimento do caramujo, sendo que o ciclo se completa apenas quando a temperatura se encontrar acima de 10ºC, ou seja, não há desenvolvimento do parasita e acasalamento do caramujo hospedeiro no inverno da maioria dos países. Em invernos mais amenos as metacercárias podem sobreviver, mas sua disponibilidade é maior no final do verão e no outono (LOFSTEDT, 2000; PEARSON, 2006; RADOSTITS et al., 2010).

Segundo Ueno et al. (1982), as áreas mais baixas da fronteira do Estado do Rio Grande do Sul e a região da Lagoa dos Patos são as que se tem maior prevalência da fasciolose onde o caramujo hospedeiro predominante é o L. viatrix, normalmente encontrado em locais ricos em argila ou barro, canais ramificados rasos para irrigação e pântanos. Para Dutra et al. (2010) essas regiões também são as de maior ocorrência de F. hepatica no Estado. Isso explica a alta ocorrência de fasciolose nos animais abatidos, visto serem oriundos de região em que há alta orizicultura irrigada e a grande infestação dos fígados por F. hepatica parece ter correlação com os pulmões que apresentaram fasciolose pulmonar.

Conclusões

A fasciolose pulmonar é uma lesão que merece devida atenção para que seja diagnosticada na linha de inspeção, sem necessidade de desvio para inspeção final. Trata-se de uma lesão bastante característica possível de ser diagnosticada durante a inspeção do pulmão. Nesse caso o exame histopatológico foi de extrema valia, pois demonstrou que a reação inflamatória e conteúdo são de origem parasitária.

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ARTIGO 2 - FREQUÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS

ABATIDOS PARA CONSUMO HUMANO

Introdução

O Brasil detém de um dos maiores rebanhos de bovinos do mundo, possuindo em torno de 214 milhões de cabeças, com aumento de 25% do rebanho de 2000 a 2015 (BRASIL, 2016; MORAIS et al., 2009). Ainda, o país é considerado o maior exportador de carne bovina do mundo desde o ano de 2008, sendo que apenas em 2015 foram produzidos 9,2 milhões de toneladas de carne bovina. Estima-se que essa exportação ainda crescerá, com um aumento de 2,15% ao ano (BRASIL, 2016). Também acredita-se que nos próximos cinco anos a produção de carne bovina brasileira venha a superar a dos Estados Unidos, atualmente o maior produtor mundial de carne (SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA, 2015). Tendo em vista esse cenário, torna-se imprescindível o desenvolvimento de programas de sanidade animal a fim de controlar enfermidades causadoras de perdas na produtividade e, que oferecem riscos à saúde pública (MORAIS et al., 2009).

A cisticercose é uma zoonose de ocorrência cosmopolita causada pelo estágio intermediário do parasita Taenia saginata, pertencente à família Taeniidae. Trata-se de uma doença que representa ameaça à saúde pública, bem como grande problema econômico para a indústria de carne bovina (FALAVIGNA-GUILHERME et al., 2006; URQUHART et al., 2008). No Brasil, a cisticercose é endêmica e considerada elevada, pois acomete em torno de 5% dos bovinos abatidos (SOUZA et al., 2007) e, conforme demonstrado por Bowman (2006), às vezes as perdas econômicas pela presença de cisticercos se concentram em um único lote de bovinos, de um único produtor.

Esta parasitose possui maiores taxas de prevalência nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos e está relacionada a aspectos socioeconômicos e culturais de cada local, como: deficiência na inspeção de carnes, menor poder aquisitivo, educação sanitária e descuido na criação dos animais (FALAVIGNA-GUILHERME et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2011). Em países subdesenvolvidos como da África, Ásia e América Latina, do qual o Brasil faz parte, as infecções por T. saginata podem ser superiores a 20%, devido a criação extensiva de bovinos, higiene humana pouco desenvolvida e cozimento inadequado dos alimentos. Já em países desenvolvidos, os padrões de higiene mostram-se mais avançados, as carnes geralmente são

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bem cozidas e, além disso, passam por um processo de inspeção rigoroso, sendo que a prevalência de cisticercos nas carcaças examinadas é inferior a 1% (URQUHART e al., 2008). O único hospedeiro definitivo do cestoide adulto é o ser humano, sendo o parasita localizado no intestino delgado, enfermidade essa denominada de teníase. Acidentalmente bovinos podem ser acometidos e, mais raramente, ovinos e caprinos. Esses são normalmente hospedeiros intermediários e os cisticercos ficam localizados nos músculos, pulmões e no fígado, denominando-se de cisticercose (FORTES, 2004; OLIVEIRA et al., 2011). O homem também pode desenvolver a cisticercose ao se tornar o hospedeiro intermediário do parasita, que pode migrar para o sistema nervoso central e desenvolver a neurocisticercose, podendo levar a morte (CHAGAS et al., 2008).

A infecção em humanos ocorre ao ingerir os cisticercos presentes em carne de bovinos não inspecionadas, cruas ou mal cozidas, pela ingestão de ovos da T. saginata presentes em verduras e frutos mal lavados e consumidos crus ou pelo contato direto das mãos contaminadas com ovos à boca (FORTES, 2004).

Supõe-se que a taxa de infecção em bovinos seja oriunda da ingestão de água contaminada por esgotos, transporte e dispersão dos ovos do cestoide por aves que frequentam esgotos ou se alimentam de dejetos lançados em mananciais de água e contaminação do pasto por hospedeiros definitivos infectados. As fezes contaminadas ressecam e os ovos podem ser levados pelo vento ou água a longas distâncias. Esses ovos do parasita conseguem sobreviver várias semanas a meses no ambiente das fossas sépticas, aos tratamentos de esgoto e no pasto (BOWMAN, 2006; ROSSI et al., 2014; URQUHART et al., 2008).

Em geral a cisticercose não causa sintomatologia clínica nos bovinos acometidos e, por isso, se faz pouco uso de tratamento medicamentoso nos animais (FORTES, 2004; MORAIS et al., 2009). O diagnóstico é feito basicamente na inspeção post-mortem dos abatedouros-frigoríficos, estabelecida no artigo 176 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), onde se realiza a visualização macroscópica dos cisticercos em vísceras e músculos das carcaças. Essa inspeção é de rotina, mediante incisões nas regiões consideradas de predileção pelos cisticercos, como: coração, músculos da cabeça (masseteres e pterigoideos internos e externos), língua, diafragma e seus pilares e músculos da carcaça (do pescoço, intercostais e outros músculos acessíveis). Nesses casos, a presença e viabilidade do cisticerco é que define o destino da carcaça: presença de um cisticerco calcificado, carcaça liberada para consumo; presença de um cisticerco vivo, carcaça tratada pelo frio a -10ºC por 10 dias ou salga por 21 dias; presença de dois cisticercos calcificados equivalem ao tratamento de um cisticerco vivo; presença de mais de três cisticercos na extensão da palma

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de uma mão a carcaça é condenada; carcaças com número maior ao mencionado, mas não consideradas generalizadas são encaminhadas para a conserva. Em qualquer situação que se identifique cisticerco, a exportação é proibida. O mesmo é válido para as vísceras dos animais acometidos (BRASIL, 1997).

Os profissionais do serviço oficial de inspeção desempenham um papel fundamental na proteção da saúde pública, evitando que carnes com cisticercos sejam consumidas (MORAIS et al., 2009). A inspeção post-mortem criteriosa, o julgamento pelo serviço oficial e o destino correto das carcaças parasitadas são os métodos de maior importância na prevenção da cisticercose, a qual é a patologia mais relevante e prevalente encontrada em estabelecimentos com Serviço de Inspeção Federal (SIF). A cisticercose é a principal causa de condenações, sequestro de carcaças e aproveitamentos condicionais o que, consequentemente, preocupa frigoríficos e produtores, devido as perdas econômicas que acarreta e o comprometimento da segurança alimentar (GUIMARÃES-PEIXOTO et al., 2012; PEREIRA et al., 2006; QUEIROZ et al., 2008; SOUZA et al., 2007).

Tendo em vista a importância da ocorrência dessa enfermidade, tanto no aspecto sanitário quanto comercial, o presente trabalho tem por objetivo relatar os locais anatômicos de maior ocorrência de cisticercos e sua viabilidade, bem como fazer um estudo retrospectivo da prevalência de cisticercose em um frigorífico sob inspeção federal entre os anos de 2012 a 2015.

Metodologia

Durante dez dias foi acompanhada a reinspeção do coração, músculos da cabeça (masseteres e pterigoideos), língua, esôfago, fígado, diafragma e pilares e músculos da carcaça, desviados ao Departamento de Inspeção Final (DIF) após serem constatados a presença de cisticercos durante a inspeção post-mortem nas linhas de inspeção.

As vísceras e carcaças desviadas eram reexaminadas a fim de diagnosticar a viabilidade do cisticerco (vivo ou calcificado), bem como identificar outros possíveis cisticercos não visualizados na linha de inspeção. Nesse momento, a linha de inspeção responsável pelo desvio, a viabilidade do cisticerco, os locais onde cisticercos foram encontrados no DIF e a víscera ou músculo acometido foram registrados.

Dados foram coletados no SIGSIF (Sistema de Informação Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal) correspondentes a cisticercose dos anos de 2012 a 2015. Tanto os dados

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referentes ao acompanhamento do DIF, quanto os dados do SIGSIF, foram digitados em planilhas do Microsoft Excel® para posterior cálculo de frequência de cisticercose e representação gráfica.

Resultados e Discussão

O cálculo dos dados provenientes do SIGSIF demonstrou que em 2012 para 2013 o número de bovinos abatidos positivos para cisticercose aumentou, mas nos anos subsequentes decaiu (Figura 1). Entretanto, a prevalência, que considera o número total de abatidos, pode ser considerada constante, a qual equivale a 5,85%, 5,87%, 5,79%, 5,74%, respectivamente para os anos de 2012, 2013, 2014 e 2015, totalizando uma média de 5,81% nos quatro anos. Essa, no entanto, encontra-se acima da média nacional de 5% (SOUZA et al., 2007) e da média do Estado do Rio Grande do Sul de 1,09% (MAZZUTTI et al., 2011). Essa prevalência alta pode se explicar, de certa forma, porque os frigoríficos sob Inspeção Federal possuem grande capacidade de abate, melhor estrutura e grande número de auxiliares de inspeção (NIETO et al., 2012).

Figura 1 - Prevalência de cisticercose e número de animais acometidos nos anos de 2012 a 2015. 7157 8366 7890 7054 5,85 5,87 5,79 5,74 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 2012 2013 2014 2015

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Nos quatro anos avaliados observou-se que o número de bovinos abatidos acometidos por cisticercose é mais elevado nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro (APÊNDICES C, D, E e F). No inverno as pastagens crescem pouco por causa do fotoperíodo negativo, umidade e baixas temperaturas. Isso faz com que os animais apreendam o pasto mais próximo à superfície do solo, onde há mais ovos do parasita. Os ovos demoram de dois a três meses para desenvolver os cisticercos, sendo esse período coincidente com a época em que é encontrado o maior número de animais acometidos nos frigoríficos (CÔRTES, 2000). Além disso, nessa época o frigorífico atinge o ápice da sua capacidade máxima de matança diária, coincidindo com a época em que os animais criados sobre pastagens de inverno estão prontos para abate.

No período de acompanhamento do DIF foram abatidos um total de 6.213 bovinos. Desses, 388 carcaças com suas respectivas cabeças e vísceras foram desviadas ao Departamento de Inspeção Final por apresentarem um ou mais cisticercos. Macroscopicamente os cisticercos viáveis se apresentaram com aspecto cístico, parede translúcida e flácidos à palpação. Já os cisticercos considerados calcificados possuíam aspecto calcário, material com coloração esbranquiçada a amarelada e muito firmes (ALMEIDA et al., 2006; COSTA et al., 2012).

A prevalência de 6,24% de cisticercose encontrada nas carcaças inspecionadas está abaixo de estudo realizado por Carvalho e Machado (2011), que encontrou 7,14%. Mas, acima da encontrada por Souza et al, (2007) de 3,83%.

A linha de inspeção do coração foi responsável por 246 desvios (63,40%), seguida da cabeça com 101 (26,03%) e do fígado com 25 (6,44%) (Figura 2). Por meio da literatura parece haver divergências sobre os locais de predileção do cisticerco. Os resultados encontrados nesse estudo corroboram com Costa et al. (2012) o qual também evidenciou o coração (58,91%), seguido dos músculos da cabeça (34,36%) como os locais de eleição. Já para Carvalho e Machado (2011) o local onde mais se encontraram cisticercos foi o fígado (75%) e para Souza et al. (2007) a cabeça (57,77%) seguida do coração (39,65%). No entanto, tem-se conhecimento de que o Cysticercus bovis se instala preferencialmente em locais mais vascularizados, como os músculos mastigadores e cardíacos (FALAVIGNA-GUILHERME et al., 2006; SANTOS et al., 2008). Devido a essas divergências, faz-se necessário a inspeção não apenas nos locais de preferência pelos cisticercos, visto que a mesma varia com a procedência dos animais, sistema de criação, técnicas de inspeção utilizadas e diferença de idade entre os animais abatidos (COSTA et al., 2012; SOUZA et al., 2007;).

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Figura 2 - Porcentagem de cisticercos encontrados correspondente a cada linha de inspeção.

Dos animais acometidos por cisticercose, totalizou-se a presença de 425 cistos, sendo 298 vivos (70,12%) e 127 calcificados (28,88%). A prevalência de cistos larvários vivos foi bem superior a prevalências de cisticercos calcificados, o que corrobora com os dados de Morais et al., 2009, que encontraram 98,96% e 1,04%, respectivamente. Já para Queiroz et al. (2008) e Almeida et al. (2006) o número de cisticercos calcificados foi superior ao número de cisticercos viáveis. O maior número de cistos calcificados encontrado por esses autores pode estar relacionado a idade de infecção do animal (em torno de nove a 12 meses antes do abate) sofrendo uma calcificação natural, ou pelo uso de tratamento parasiticida nos animais. O uso do parasiticida se justifica porque na detecção de um cisto calcificado o animal recebe carimbo NE (não exportável), mas o produtor não perde valor da carcaça, enquanto que se a carcaça for submetida ao tratamento pelo frio, o produtor tem uma perda de 10 a 20%, dependendo do frigorífico.

Dos cistos vivos e calcificados, a maioria foi constatada no coração, 186 (62,42%) e 71 (55,91%), respectivamente. A cabeça foi o segundo local de maior prevalência, com presença de 81 cisticercos viáveis (27,18%) e 31 cisticercos inviáveis (24,41%). Dos cistos calcificados a língua apresentou-se em terceiro lugar, com 10 (3,36%) e dos cistos vivos o fígado com 19 (14,96%). Ressalta-se que dos músculos da cabeça os músculos masseteres foram os que mais apresentaram cisticercos 86 (76,79%), sendo 67 (77,91%) viáveis e 19 (22,09%) inviáveis. O coração mostra-se o principal órgão acometido nas duas formas de apresentação do cisticerco

63,40% 26,03% 2,32% 0,77% 1,03% 6,44% Coração Cabeça Língua Esôfago Diafragma Fígado

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(QUEIROZ et al., 2008). Ao contrário dos achados de Souza et al. (2007) que encontraram mais cisticercos vivos e calcificados na cabeça, seguidamente do coração. Ainda, das 388 carcaças desviadas, aproximadamente 35 (9,02%) tinham presença de dois ou mais cistos, em mais de um local anatômico, totalizando os 425 cisticercos encontrados. Souza et al. (2007) encontraram 6% de carcaças pluricisticercósicas.

Dos 425 cistos encontrados apenas 17 (4%) desses foram encontrados durante a reinspeção no Departamento de Inspeção Final. Desses, 12 eram vivos e cinco calcificados. O local de maior ocorrência de cisticerco no reexame foi nos músculos peitorais da carcaça (21,41%), sendo quatro viáveis e um calcificado. Isso demonstra o quão importante se faz a necessidade de uma boa inspeção e desvio para o Departamento de Inspeção Final, visto que os músculos da carcaça não são possíveis de serem inspecionados na linha de inspeção.

Durante esse período nenhuma carcaça foi condenada por ser considerada com infecção generalizada. No entanto, 285 foram tratadas pelo frio a -10ºC por 10 dias e 103 não precisaram ser apreendidas porque possuíam um único cisticerco calcificado. Em estudo realizado por Santos et al. (2008) 51,31% das condenações foram por causa de cisticercose, o que demonstra ser uma importante causa de condenação e da presença de humanos com teníase próximos aos animais.

As perdas econômicas geradas pela cisticercose merecem devida atenção, visto que poderiam ser minimizadas por medidas de saneamento eficazes (GUIMARÃES-PEIXOTO et al., 2012). Santos et al. (2008) constataram uma perda de 31,53% (R$ 67.709,94) de um total de R$ 214.747,70 gerados pela condenação de carcaças com cisticercose, em torno de US$ 25 por animal infectado, o que também resulta em marketing desfavorável para o produto brasileiro (SOUZA et al., 2007).

Até o momento não se tem tratamentos medicamentosos que sejam eficazes para eliminar o cisticerco vivo, apenas induzem a calcificação das lesões. Dessa forma, a inspeção de carnes é o recurso de maior expressão (SOUZA et al., 2007).

Nesse estudo não foi possível fazer um levantamento epidemiológico das propriedades. Entretanto, a cisticercose é capaz de indicar a situação sanitária das propriedades, os portadores de teníase e serve de dados estatísticos e nosogeográficos a fim de delimitar as áreas endêmicas, demonstrando a importância dos órgãos fiscalizadores para a saúde pública (ALMEIDA et al., 2006; NIETO et al., 2012; UNGAR e GERMANO, 1992). Um dos próximos passos desse estudo é fazer o levantamento da ocorrência de cisticercose bovina dos municípios de origem dos quais o frigorífico compra gado e fazer o mapeamento geográfico. Isso permitirá saber as

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regiões de maior prevalência e imporá maior rigor na inspeção de animais oriundos dessas, bem como recomendações de medidas de educação sanitária.

Conclusões

Os principais locais onde encontram-se os cisticercos são o coração, músculos da cabeça e fígado e, na grande maioria, de forma viável. A ocorrência de cisticercos no fígado alerta para a necessidade de inspeção mais cautelosa dessa víscera, visto que o mesmo não é considerado um órgão de eleição para o Cysticercus bovis. Somado a isso, a prevalência praticamente constante ao longo dos anos indica que medidas de controle dos rebanhos e sanidade pública devem ser tomadas. Por fim, a inspeção é de suma importância para interromper o complexo teníase-cisticercose.

Palavras-chave: Cysticercus bovis. Prevalência. Inspeção. Zoonose.

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CONCLUSÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária possibilitou grande crescimento pessoal e profissional. A oportunidade de vivenciar a rotina de um frigorífico reconhecido, bem como as atividades desenvolvidas pelo Médico Veterinário nesse ambiente demonstram que esse profissional é de suma importância para a inocuidade dos produtos cárneos nos processos de produção e a garantia de alimentos de origem animal livres de qualquer ameaça ao consumo humano.

O objetivo inicial de compreender as etapas de inspeção e conseguir realizá-las com destreza e, o profissionalismo apresentado pelo Médico Veterinário e auxiliares de inspeção, me fazem acreditar que fiz a escolha certa. O médico veterinário também cuida das pessoas e a rotina da inspeção ainda tem muitas coisas para serem estudadas.

Tendo em vista que o estágio constitui o momento de vivenciar na prática os conhecimentos obtidos durante a graduação, acredito que se o estágio possuísse uma carga horária maior, as atividades seriam realizadas com perfeição e o aluno se encontraria mais preparado para atuação no mercado de trabalho.

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