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O DIREITO UNIVERSAL À EDUCAÇAO NO MÉXICO: A IMPOSSIBILIDADE DA INCLUSÃO ABSOLUTA

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Academic year: 2021

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O DIREITO UNIVERSAL À EDUCAÇAO NO MÉXICO: A IMPOSSIBILIDADE DA INCLUSÃO ABSOLUTA

Dafne González Solís Universidad Estadual de Rio de Janeiro

RESUMO

Este trabalho visa explorar a ideia da diferença e sua relação com a educação como um direito humano universal, com base na Teoria do Discurso e o currículo entendido como produção cultural. Assim, procura-se explorar a concepção dentro da Política Educativa do México, para estudar como as significações da educação de qualidade planteada a nível nacional conduz às exclusões que são necessárias para o projeto democrático, mas que o impacto é a exclusão por causa desse projeto homogêneo.

Tendo hipótese que uma parte da população, além de ter tido acesso a educação, não gozou pertinentemente desse direito; esse trabalho analisa, em primeiro lugar, as características da população analfabeta —identificada por um estudo oficial do Instituto Nacional de Educação para os Adultos (INEA) para a identificação de analfabetas nas localidades com os maiores índices de analfabetismo em 2014. Em segundo lugar, o comportamento dos interesses de alfabetizar-se ao respeito dos antecedentes educativos. Com a finalidade de determinar se o acesso aos serviços educativos foi garantido, mas não suficiente para um grupo da população. Assegurar a educação mas não conseguir satisfazer as necessidades particulares desses grupos da população não é garantir o direito humano universal à educação. Se encontrou que a população em condição de analfabetismo coincide com os grupos mais vulneráveis do México: as mulheres, os indígenas e se comprovou que se encontram mais analfabetas nos enquanto aumenta a idade. Também existe população analfabeta identificada que tem antecedentes educativos, mas que aproximadamente não tem interesse em voltar ao sistema educativo mexicano.

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INTRODUÇÃO

O seguinte artigo pretende responder à problemática de pesquisa, no caso do México, de quais são as implicações da educação como Direito Universal e como ele se comunica com as diferenças? Com base nisso e partindo do argumento de Ana Laura Gutiérrez Gallardo (2014), acredito que existe uma falta de representação das diferenças no ensino de educação básica no México —pois tem-se um sistema baseado em um currículo único, monocultural, monolingue e central. A hipótese, neste sentido, é que uma parte da população, apesar de ter acesso ao sistema educação, não gozou desse direito totalmente, porque eles não receberam uma educação que era consistente com suas peculiaridades, pois esses grupos não foram considerados como " sujeitos educacionais " do projeto nacional.

Assim, tem-se o objetivo de explorar a ideia da educação e sua ligação com a universalidade entendida como uma tentativa de homogeneização dentro de um sistema democrático, para analisar as exclusões, e suas principais caraterísticas, feitas por esse sistema. Para isso, a metodologia será, em primeiro lugar, realizar uma revisão da literatura para definir o que se entende por direitos universais, sua relação com a educação e as possíveis consequências. Em segundo lugar, estudar o rosto do analfabetismo mexicano, com base em informações oficiais de uma investigação feita pelo do Instituto Nacional de Educação de Adultos (INEA) para a identificação de analfabetismo no México e suas principais características, enfatizando a população que representa os grupos vulneráveis e , portanto, a exclusão do sistema educacional. Finalmente, fazer uma análise dos analfabetos com e sem antecedentes educativos, que a aprender a ler e escrever.

O DIREITO UNIVERSAL À EDUCAÇAO

Entendo de que os Direitos Humanos são articulações hegemônicas que são formados a partir de processos políticos complexos que atravessam com eixo de antagonismo e da diferença (LACLAU, 2000; LACLAU, BUTLER, 1995; FRANGELLA, RAMOS, 2013). Estes resultaram em diversos processos de democracia radical, da que fala Mouffe (2001). Além de sua necessidade, no entanto, eu estaria interessada em me concentrar em sua impossibilidade (LACLAU, 2000, 1992, 1995) devido a que ao tentar abarcar a universalidade é impossível incluir as especificidades. Seguindo este argumento, diferentes tentativas de definir conceitos universais de igualdade ou de justiça acabam sendo impossíveis, apesar de sua necessidade(LACLAU, BUTLER, 1995, p. 119).

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Como resultado desse argumento, opero com a ideia que os direitos humanos, mesmo estando definidos como universais, fazem parte dessas articulações que transformam processos políticos, mas continuam a excluir uma série de diferenças, ou identificações coletivas. Entre essas lutas hegemônicas e definições realizadas dentro duma produção cultural que é impressa na geração deles e acaba sendo constituinte e constituída da sociedade. Assim com base na leitura de Macedo, de acordo com a visão de Frangella e Ramos, entendo que área da educação, representa apenas um direito humano inalienável aos indivíduos, se constitui como esses entre-lugares de cruzamento de diferentes sujeitos portadores de diferentes razões epistémicas, hegemônicas e não hegemónicas que constroem conhecimento, por meio de uma produção cultural (FRANGELLA , RAMOS, 2013, p. 11). No entanto, os indivíduos, a traves de uma abordagem de direitos humanos, devem basear-se nestes universais para reivindicar seus direitos

ANALFABETISMO NO MÉXICO: O ROSTO DA EXCLUSÃO

O universo de trabalho contemplou 2 milhões 34 mil casas em 28 estados (dos 32) da Republica Méxicana onde se tinham localidades com o maior índice de analfabetismo de acordo com o censo de 2010. A partir desse estudo, identificaram-se ao redor de 564, 768 candidatos a ser alfabetizados (INEA, 2014, p. 6). Pode se observar que o analfabetismo incrementa enquanto incrementa a idade dos entrevistados e também que o gênero feminino apresenta maior analfabetismo em todos os grupos de idade, em termos gerais, 63.1% dos analfabetas são mulheres. Ainda que nos grupo de 20 a 24 anos e, particularmente, de 15 a 19 anos, observa-se uma tendência a equilibrar a incidência de analfabetismo por gênero.

Do total da população identificados como analfabetos, 48% declararam falar uma língua indígena. Deles 12% são monolingues, ou seja, que só falam sua língua indígena, enquanto o resto tem conhecimento do espanhol. A identificação de uma alta composição de pessoas que falam um idioma nativo (INEA, 2014, p. 35). Cabe mencionar que esse é um alto porcentagem considerando que a população indígena representa o 14.9% da população total do pais. Finalmente, do total da população o 31% tem antecedentes educativos. Desse 31%, 26.3% estudou primaria (ensino fundamental) e 4.8% estudou pre-escolar (2014, p. 32). Assim, se concluí que existe uma maior probabilidade de achar analfabetismo em mulheres do que em homens; em pessoas enquanto aumenta a idade dos entrevistas, e na população indígena.

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ANTECEDENTES E O INTERESSE NA ALFABETIZAÇÃO

De acordo com os dados, percebe-se que é mais fácil para as pessoas que têm alguma formação educacional, interessar-se em estudar. No sentido de que, comparativamente, têm um maior interesse em aderir-se aos serviços educacionais, pois as pessoas que tem interesse em estudar, uma vez que tem antecedentes educacionais em ambos casos —pré-escolar com 50.2% e primário, com 53.2%— é superior a 50 % da população analfabeta. Por outro lado, a população sem formação educacional, que tem um interesse em estudar, apenas representa o 39.7%, ou aqueles que não sabem se eles têm uma antecedente educacional (ou seja, há uma imprecisão na informação) têm uma participação de 30,1%. No entanto, este artigo não tem a intenção em encontrar a maioria, mas, pelo contrário, ao sublinhar a importância destas minorias que somam 175,644 de pessoas que, apesar de ter uma história educativa, não estão interessados em estudar (INEA, 2014, p. 33). Eles representam exclusões do sistema democrático que não se encaixa na concepção universal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi pensado para explorar a educação como um Direito Humano definido com uma conotação universal. Diante disso, conclui-se que falar uma educação de qualidade universal é impossível. Portanto, com base na ideia de democracia radical Mouffe e articulações hegemônicas Laclau, presume-se que as exclusões são constitutivos da construção de projetos democráticos. As minorias sofrem exclusões que se reproduzem dentro do sistema educativo gerando um sistema de classificação social que faz impossível para essas pessoas desfrutar desse ideal universal. O presente provém do analises da população objetivo do INEA. A partir desses resultados se conclui que o rosto do analfabetismo parece reproduzir as exclusões feitas pela sociedade: idosos, mulheres, indígenas são algumas dessas faces, mais, pelo menos para o 31% desta população o aceso foi assegurado durante alguma parte da experiência educativa desta população, fazendo que caiba a hipóteses planteada por Ana Laura Gallardo: será que o sistema educativo foi necessário, mais não suficiente para atender a esta população?

Alguns casos o fato de ter assegurado o acesso a educação não foi suficiente, e, ainda que representa o 31%, é primordial questionar que é que o sistema educativo não está fazendo para incluir a esta população. Sendo este trabalho inconcluso surgem as seguintes questões: Será que são rações meramente econômicas, quer dizer, que os indivíduos

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abandonam a escola por falta de recursos? Será que foi uma questão de distancia ou a falta de tempo? Ou será que o sistema educativo não conseguiu abarcar as diferentes necessidades que são representadas por esta população? Parece importante repensar as significações da educação de qualidade num micro nível para entender as necessidades e exigências de cada grupo para o aproveitamento dos seus Direitos Humanos seja real e não uma mascara de igualdade, pois existe, uma impossibilidade de inclusão absoluta.

BIBLIOGRAFÍA

BUTLER, Judith y LACLAU, Ernesto. Los usos de la igualdad. In:TRANS, vol.1, num. 1, noviembre de 1995.

GALLARDO GUTIERREZ, Ana Laura. Notas conceptuais sobre a relação entre justiça curricular e currículo intercultural. In: CASIMIRO LOPES, Alice e DE ALBA, Alicia (ED.) Diálogos curriculares entre Brasil e Mexico. ed. UERJ, 2014.

INEA, Análisis de Evaluación y Finalización del 100% de los datos del levantamento. Información oficial, 2014.

LACLAU. Ernesto, Identidad y hegemonía: el rol de la universalidad en la constitución de las lógicas políticas, In: BUTLER, Judith; LACLAU, Ernesto y ZIZEK, S. (eds.). Contingencia, hegemonia, universalidad. Dialogos con la izquierda. Buenos Aires, Argentina, Fondo de Cultura Económica, 2003, pp. 49-93.

MCCOWAN, Tristan Human rights, capabilities and the normative basis of Education for All, In. Theory and Research in Education vol.9, num. 3, 2011, pp. 283-298.

MOUFFE, Chantal. Identidade democrática e política pluralista. In: MENDES, Candido e SOARES, Luiz Eduardo. Pluralismo cultural, identidade e globalização. RJ: Record, 2001. RAMOS, Aura Helena; DE CÁSSIA PRAZERES FRANGELLA, Rita. Apresentação Educação,

vol. 36, núm. 1, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil, enero-abril, 2013, pp. 9-13

ANEXO

Referências

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