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Nova Arquitetura Financeira Regional: mecanismos de cooperação financeira para a América Latina.

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Academic year: 2021

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*Universidade Federal da Integração Latino Americana - UNILA

Graduanda em Ciências Econômicas - Economia, Integração e Desenvolvimento isabela.b.travasso@gmail.com

**Universidade Federal da Integração Latino Americana - UNILA

Graduanda em Ciências Econômicas - Economia, Integração e Desenvolvimento mayyaragomess@gmail.com

Nova Arquitetura Financeira Regional: mecanismos de cooperação financeira para a América Latina.

Isabela Travasso Bahia* Mayara Aparecida Gomes**

Resumo

No âmbito da integração financeira, política e econômica da América Latina, este trabalho apresenta os mecanismos, de longo prazo, desenvolvidos para a integração financeira dos países da região. O objetivo desta análise é abordar os temas possíveis que competem à integração latino-americana, para que possamos refletir à partir das possibilidades de seus implementos concretos.

Palavras-chave: Nova Arquitetura Financeira Regional, Integração Financeira, América Latina.

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Na busca por contribuir com a Integração da América Latina, que compreendemos ser um conjunto de caminhos que englobam os aspectos cultural, educacional, linguístico, político e econômico, este trabalho apresenta os principais mecanismos desenvolvidos para a cooperação financeira na região.

Com o intuito de elencar as possibilidades de redução da vulnerabilidade externa - acarretada pela permanente necessidade de atrair divisas - apresentamos a Nova Arquitetura Financeira Regional (NARF), que consiste em alternativas de mecanismos voltadas ao financiamento de longo e curto prazo. Dentre os objetivos da NARF, destaca-se o papel destas alternativas como uma opção local às organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) eo Banco Mundial. Dadas as condicionalidades impostas por tais organizações, o acesso à ferramentas como as propostas faz-se necessário para a implementação de uma gerência local sobre as contas públicas.

Dentro das propostas de financiamento de curto prazo, a NAFR traz a tentativa de aproximar as ações dos Bancos Centrais e das empresas dos países, com a finalidade de estimular as relações financeiras e comerciais. Como uma alternativa ao uso do dólar, são apresentadas opções locais para o intercâmbio entres as economias que não possuem uma mesma moeda. Trata-se de uma abordagem sobre integração financeira, com impacto na complementação econômica regional, capaz de refletir ainda as decisões políticas.

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Fundamentos da Integração

O Sistema Internacional, por sua constituição, é o campo onde os Estados Nação disputam poder e riqueza. Dependendo de seus meios materiais e simbólicos, sobem ou descem hierarquicamente no sistema que está em constante movimentação. Este sistema é, ainda hoje, marcado por sua origem expansionista e por ser constantemente contestado hacia uma nova ordem global.

Cristina Pecequilo (2012) apresenta três correntes teóricas que nos trazem instrumentos para analisar as relações entre os Estados. A teoria liberal, também conhecida como Idealista, trata de analisar os processos históricos atribuindo o protagonismo, a responsabilidade ou ainda a centralidade ao indivíduo. Dessa forma o sistema internacional seria o resultado do racionamento individual. A vertente marxista traz a centralidade ao conflito entre as classes. Logo, o sistema internacional refleti as ações da classe historicamente dominante. Já a terceira vertente, a adotada para a nossa análise, chamada de Realismo Político, tem o Estado como responsável por impulsionar a subida e/ou as caídas na cadeia hierárquica do sistema.

Colocando o protagonismo no Estado, cabe aos mesmos decidir - de acordo com as suas possibilidades, quanto a sua projeção externa no sistema. Os Estados podem optar pela normalidade e durante a dança das cadeiras, dançar como ordena ou impõe o hegemon. Para Fiori (2009) o Sistema Internacional é composto por três grupos de Países/Estados, são eles: o Centro, ocupado por poucos países com o maior grau de desenvolvimento científico, tecnológico e militar; o segundo grupo é a Semiperiferia, por sua vez, também composta por pouco países com potencial de desafiar o Centro por suas capacidades materiais (território, população e diversidade dos recursos naturais) e simbólicas (coesão social e aspectos culturais) para contestar o centro; o terceiro grupo é a Periferia do sistema, composta por países especializados em exportar bens primários de forma majoritária.

Paradiso (2009) nos apresenta as duas formas de integração. Uma delas é

meramente comercialista, onde as diferenças tecnológicas, territoriais,

populacionais, geográficas, política ou culturais são deixadas de lado. O “campo” deixa todos os agentes no mesmo nível. A preocupação está em comercializar a maior quantidade possível de mercadorias, sem que haja a promoção de integração para a redução das diferenças existentes. Para o autor, a integração com este fim leva à Desintegração. Este tipo de integração chamado de Desintegradora gera

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contestação e leva os mais frágeis da periferia integrar-se ao hegemon via acordos bilaterais, por exemplo. A outra forma de integrar-se é via Integração Integradora ou Integração Elástica. Esta segunda visa a flexibilização das políticas adotadas com o objetivo de reduzir as assimetrias entre os desiguais. A integração integradora seria ainda responsável pela unificação dos países em suas políticas macroeconômicas, formando uma rede para melhorar o posicionamento do grupo nas disputas internacionais.

Paradiso coloca as integrações como processos movidos por necessidades políticas e econômicas. Ambas podem levar à integração e desintegração. Para integração integradora, os processos precisam visar além da integração econômica que abrange a integração comercial, financeira, de infraestrutura e a integração produtiva. A integração que pretende unificar precisa também abranger questões culturais e educacionais. Precisa, principalmente, trabalhar a coesão social.

Souza (2012) ao expor as ondas da integração, apresenta a necessidade de um projeto de integração integradora da América Latina deixar de ser uma pauta do governo e se tornar uma política externa dos Estados. Mesmo sendo uma política do Estado, a integração precisa ter caráter popular, é preciso vir do Povo. Sobre a integração entre os periféricos da América Latina, cabe resgatar o aspecto dual do processo. Esses são uma combinação de estrangulamento externo somados à alguma vontade interna. As ondas trabalhadas por Souza refletem bem a permissão externa nos processos vividos pela região. A crise de 29, por exemplo, fechou os mercados centrais o que potencializou o processo de industrialização por substituição de importação e fomentou a formação de um mercado complementar na região como apresentou o Calixtre e Barros.

Conhecendo as capacidades produtivas da região fica evidente a necessidade de uma elasticidade na integração que não espante os menores sócios. Num processo onde os maiores crescem mais, fica mais interessante aos pequenos assinarem Tratados de Livre-Comércio (TLCs) com potências que mais podem lhe oferecer comercialmente. Esses tratados que têm origem comercial na aparência, podem ter caráter fortemente político e são obstáculos à integração integradora local. Para que a região possa de fato desenvolver suas forças produtivas, de modo a se complementar, é necessário que todos os agentes tenham autonomia em seu território ,o que geralmente é inviabilizado por TLCs.

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O acumulado nos estudos sobre integração traz à tona a necessidade de um membro locomotiva. Este seria o viabilizador de todo o processo. Caberia a este Estado assegurar e conduzir o rumo da unificação. Ciminari (2009) traz este país como o Pay Mastering. Capaz de se projetar autonomamente no sistema internacional contestando o Centro, de modo a melhorar as relações para todos o seu bloco. Ao pensar as formas de integração se apresentam alguns problemas ao estabelecermos um líder, um pagador em última instância, um responsável por barganhar em prol dos demais no sistema internacional. Podemos caminhar rumo a uma Divisão Regional do Trabalho e como na divisão clássica, alguns agentes ocupariam pior posição e acabariam em desvantagem mesmo em relação a outros periféricos, Souza sinaliza esta preocupação com a possibilidade de o Brasil ser este líder.

Felizmente, com os avanços e experiências sobre as assimetrias, instituições são criadas de modo a reduzi-las. O Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM) é um exemplo. Mesmo que os investimentos ainda sejam tímidos, pode ser considerado um avanço nesse quesito

O líder ainda precisaria promover política para o desenvolvimento das forças produtivas. Enquanto locomotiva do processo de integração, precisa fomentar o mercado regional, promovendo, via financiamento ou investimento, os países parceiros. Todas as ações do líder devem ser medidas de modo a não reproduzir o estrangulamento externo dentro do bloco. O estrangulamento ou a reprodução do que já se dá externamente, é o que caracteriza a Integração Desintegradora. Fica então a busca por construir uma integração com Jogo de Soma Positiva, onde todos os países ganham. Para alcançar a Integração Integradora, não se busca o Jogo de Soma Zero, como nos apresenta Raphael Padula (2013).

De acordo com a caracterização feita por Fiori, a região, hoje periférica, unida teria algum dos elementos simbólicos e materiais para contestar o Centro. Juntos, os países da América Latina tem enorme território e bem localizado, tem uma grande população e um mercado considerável. Juntos têm potencial econômico devido à diversidade de recursos naturais principalmente os considerados extremamente estratégicos. Estes países, ficam mais vulneráveis nos quesitos simbólicos, avançaram nos últimos anos, mas ainda não é de conhecimento da população as vantagens de se projetar de forma única. O idioma, a cultura e a história os aproxima, os ataques internos os separam cada vez mais. A

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redução da vulnerabilidade externa conjunta, se faz necessária e pode ser viabilizada por políticas que visam resultados no longo prazo.

Os Mecanismos e Suas Alternativas

Os mecanismos pesquisados correspondem à acordos, tratados, pactos e resultados de acontecimentos externos que geram grande impacto na busca por relações comerciais. Um exemplo é o fechamentos dos mercados internacionais com a crise de 29, que culminou a implementação de políticas neoliberais por parte dos estados, como as privatizações e Ajustes Fiscais demandados pelo alto endividamento externo. Tanto a necessidade de complementação produtiva, quando a de auto-financiamento são elementos considerados relevantes para a análise dos espasmos integracionistas observados na região.

Calixtre e Barros (2011), quando elencam os condicionantes da integração, apontam a crise de 1929 como responsável pelo fechamento dos mercados centrais e provedora dos primeiros intentos de uma política de complementação, visto que somente os mercados da região estavam abertos para o intercâmbio entre as economias agro-exportadoras. A partir deste ponto a industrialização para substituição de importações faz-se necessária e tem terreno para avançar.

Já num contexto contemporâneo, os trabalhos desenvolvidos pela Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) apontam a necessidade do desenvolvimento regional ser financiado por instituições também regionais.

Traçando comparações com o caso Europeu e Asiático, Ocampo (2006) elenca argumentos positivos sobre a necessidade de alternativas locais, que outros autores denominam de Nova Arquitetura Financeira Regional. Sobre o crescimento das relações regionais após a década de 1980, Ocampo discorre que:

“La existencia de estas crecientes interrelaciones sirve para argumentar a favor de políticas e instituciones capaces de proteger a las distintas regiones de las crisis financieras, y de internalizar los efectos de políticas macroeconómicas y financieras nacionales para sus socios regionales. En este sentido lo fondo regie reservas y los acuerdos regionales de crédito recíproco pueden actuar como una primera línea de defensa contra las crisis.” (OCAMPO, 2006, p.17)

Dentre as alternativas de financiamento de longo prazo, mais

especificamente voltadas ao financiamento do desenvolvimento, a nível regional temos o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de

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Fomento (CAF), Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (FonPlata), Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, apesar de ser um banco brasileiro, acabou e/ou acaba também sendo parte dos mecanismos de financiamento regional. A proposta de criação do Banco do Sul também se encaixa na proposta de financiamento de longo prazo por se tratar de um importante passo a integração financeira regional.

1 Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID

O BID foi fundado em 1959 e inicialmente composto por 19 países da América Latina mais os Estados Unidos. Originalmente eram: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela e Estados Unidos. Posteriormente, o número de membros foi ampliado e hoje o Bando é composto por países de fora do continente americano.

Compõem o BID 16 Estados europeus mais Israel e Japão, que tornaram-se membros entre 1976 e 1986. Em 2005 a República da Coréia tornou-se membro e em 2009 a República Popular da China. Vale destacar que Cuba assinou mas não ratificou os Artigos do Convênio Consultivo - a carta da instituição - não sendo portanto ainda membro.

Atualmente, o BID é de propriedade de seus 47 estados membros, regionais e não regionais, dos quais 26 são membros mutuários1 da América Latina e do

Caribe. Para tornar-se membro regional, o país primeiro tem que ser membro da Organização dos Estados Americanos (OEA). Para ser membro não regional, o país deve ser também membro do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma segunda exigência, em ambos os casos, é a subscrição de ações do Capital Ordinário e uma

contribuição ao Fundo para Operações Especiais.2

1 Membros que entram como recebedores de empréstimos e não aportam capital ao banco

2 extraído de http://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/como-estamos-organizados,5998.html?open_accordion=8 (acesso em 20/10/2017)

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O BID é apresentado em seu site oficial3 com organismo que buscam

melhorar a qualidade de vida na América Latina. Sua atuação é centrada no apoio financeiro e técnico nas áreas da saúde, educação e de infra-estrutura. Tem como objetivo alcançar o desenvolvimento de forma sustentável e ecológica. As prioridades estabelecidas pelo BID são: 1) Reduzir a pobreza e as desigualdades sociais; 2) Suprir as necessidades dos países pequenos e vulneráveis; 4) Promover o desenvolvimento através do setor privado; 5) Enfrentar a mudança climática, energia renovável e sustentabilidade ambiental; e 6) Promover a cooperação e integração regionais. Do total de recursos disponibilizados pelo banco, 40% devem

ser destinados a programas que promovam a eqüidade social e sejam voltados para

as populações carentes.

Os empréstimos são concedidos aos países de acordo com os grupos aos quais pertencem. Compõem o G1 os seguintes países: Argentina, Bahamas, Barbados, Brasil, Chile, México, Trindad e Tobago, Uruguai e Venezuela. Aproximadamente 65% do empréstimos são canalizados para esse grupo de países.

O G2 é composto por: Belize, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Suriname. Estes são o destino dos 35% dos empréstimos restantes. A classificação entre países pertencentes ao G1 ou ao G2 é determinada pelo segundo seu PIB per capita em 1997. A classificação é vigente desde 1999.

Severo (2011) aponta a participação do BID no financiamento de 28 dos 514 projetos da IIRSA. O BID se destaca, regionalmente, por ser o único banco que tem como integrantes todos os membros da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-americana (IIRSA). Cabe ainda destacar que as decisões são tomadas entre os membros e a participação dos mesmos dá-se de acordo com os depósitos feitos ao banco. O Estados Us detêm a maior parte das ações, 30 % do total. Destacam-se também, o Japão com 5%, Canadá com 4%, Brasil e Argentina com 10,75% cada um.

3 http://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/sobre-o-banco-interamericano-de-desenvolvimento,5995.html

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2 Corporação Andina de Fomento - CAF

A CAF é um banco de desenvolvimento fundado em 1970 e formado por 19 países – 17 da América Latina, os quais são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Trindad e Tobago, Uruguai e Venezuela mais Espanha e Portugal. Também compõe o banco, 14 bancos privados da região.

A missão do banco é promover desenvolvimento sustentável através de operações de crédito, recursos não reembolsáveis e apoio em estruturação técnica

e financeira de projetos dos setores público e privado da América Latina.4 Como o

BID, a CAF também se destaca regionalmente por sua participação nos financiamentos dos projetos da IIRSA.

Do início de suas atividades até os dias atuais, a CAF trabalhou em 417 projetos. No site da Corporação5, é possível acompanhar quais países tiveram

projetos contemplados, qual o montante disponibilizado pelo banco e também em que estágio/status os projetos se encontram. Com os 417 projetos, 14 países da região foram contemplados e tem os seguintes status:

4 https://www.caf.com/pt/sobre-caf/quem-somos/ (acesso em 20/09/2017)

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Dentre o projeto e missão da CAF, Severo (2011) destaca o papel de financiador da integração regional desempenhado pela instituição:

“A CAF não somente é a principal fonte de financiamentos dos países andinos, mas também é a instituição mais importante quando se fala em financiamento destinado à infraestrutura de integração. Nos últimos anos, tem sido classificada como AA no mercado internacional, oferecendo serviços financeiros aos governos dos países acionistas e a entidades públicas, privadas e mistas da região: empréstimos, financiamentos, avais e garantias, assessoria, participações acionárias e fundos de cooperação” (SEVERO, 2011, p.92)

3 Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata - FonPlata

O Tratado de la Cuenca del Plata, Tratado de criação do FonPlata, foi assinado em 1969 pelos representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. O Tratado estabelecido pelos países da sub-região, passa a ser vigente a partir de 1970 com o objetivo de ajustar esforços para promover o desenvolvimento econômico e a integração física da Bacia do Prata6.

Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai definiram áreas de interesses comum, e a partir dos interesses, passam a realizar estudos, programas e obras para uma maior proximidade entre partes do Tratado. Com o alinhamento dos objetivos, é constituída a entidade jurídica FonPlata em 1971.

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Enquanto entidade financiadora, o FonPlata concede: 1) empréstimos, fianças e avais; 2) financiamento de estudos de pré-investimento para projetos de interesse da sub-região e fornecer apoio financeiro a contratação de assistência e assessoramento técnico; 3) gerenciar e atrair recursos.

Os recursos do fundo são compostos por depósitos feitos pelos membros, mas, existe a estratégia de captar recursos para além das possibilidades dos membros. O fundo tem experimentado aumentos no volume de capital e em 2016 superou os 300 milhões de dólares.

Os projetos e cooperação técnica estão apresentados de forma detalhada no site web7 e são voltados a integração regional das zonas mais vulneráveis

principalmente zonas de fronteira com interesse especial em desigualdades físicas, econômicas e sociais da região. Os projetos e cooperações, em quantidades, se distribuem como segue:

4 Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul - Focem

Na busca por maior integração dos países membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), o Focem destina-se a financiar programas para promover a convergência estrutural, desenvolver a competitividade e promover a coesão social,

em particular das economias menores e regiões menos desenvolvidas8.

7 http://www.fonplata.org/paises-miembros.html (acesso em 20/09/2017)

8 http://www.mercosul.gov.br/fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosul-focem (acesso em 20/09/2017)

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O Fundo foi criado em 2004 e estabelecido somente em 2005. Tem como objetivo financiar projetos de infra-estrutura das economias menores das regiões menos desenvolvidas do Mercosul. Os recursos são oriundos de aportes feitos pelos membros, sendo: Brasil contribuindo com 70%; Argentina com 27%; Uruguai com 2% e Paraguai com 1% das contribuições. A destinação dos recursos é feita de maneira inversa a contribuição. As economias menores devem ser contempladas com o maior número de projetos.

Os projetos desenvolvidos correspondem aos seguintes programas: Programa I) Convergência estrutural; Programa II) Desenvolvimento da Competitividade; Programa III) Coesão Social e Programa IV) Fortalecimento da Estrutura Institucional e do Processo de Integração9

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Conclusões

Os impulsos pela integração da América do Sul historicamente acontecem de modo dialético. Como explica Paradiso (2009), as forças integradoras se dão por fatores políticos e/ou econômicos, das duas formas a integração pode caminhar de forma a unificar os países ou fragmentar ainda mais suas relações. O autor apresenta a nossa condição periférica, a coexistência da região com o poder hegemônico e os fatores estruturais - a latinoamericanidade - como fatores que contribuem para a nossa aproximação - unificación-integración. A categoría, unificación-integración, apresentada pelo autor, remete à integração integradora que se refere a relação entre a política, o político e os processos de decisão. Neste trabalho apontamos apenas os mecanismos que podem aproximar as relações financeiras da região, mas com a ciência de que o caminho para uma Latino América unificada será longo e não comercialista.

“... defesa dos países frente a um processo histórico poderoso do qual não podem fugir, senão apenas buscar uma melhor adaptação estando reunidos em grupos e, dessa forma, suavizando suas vulnerabilidades externas. O regionalismo é, nesse sentido, uma postura reativa, entregue à necessidade de se tornar mais competitivo justamente num momento em que diminui a capacidade dos Estados de individualmente formularem políticas e regularem os mercados.” (Lima e Coutinho, 2005, p.3).

Agradecemos à Universidade Federal da Integração Latino Americana pelo apoio financeiro para a apresentação deste artigo no Fórum Universitário do Mercosul em Salvador, Bahia, Setembro de 2017.

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Referências

CALIXTRE, André Bojikian; BARROS, Pedro Silva. Além da Circunstância: Caminhos da Integração Sul-Americana - Do Mercosul à Unasul. 2011. p.177-196.

CIMINARI, Bárbara. Brasil como potencia regional y las consecuencias para América Latina: una exploración sobre la realidad. Revista de Relaciones Internacionales y Ciencias Políticas, vol. 3, nº1, pp. 128-143, 2009.

FIORI, José Luís. O poder global e a nova geopolítica das nações. Crítica y Emancipación, (2): 157-183, primero semestre 2009.

LIMA, Regina Soares de e COUTINHO, Marcelo Vasconcelos. Globalização, regionalização e América Latina. Análise de Conjuntura do Observatório Político Sul-Americano, Rio de Janeiro, nº6, maio 2005.

OCAMPO, J.A. La cooperación financiera regional: experiencias y desafíos, Número 91, Cooperación Financiera Regional Cepal, 2006, p.13-16.

PARADISO, José. Política e integración, ln Encuentro de Pensamiento Político, 2, 2009, La Plata. Pensar la política, un desafío en la tarea de educar. Anales de la educación común, año 6, n. 10, p.141-149.

PECEQUILO, Cristina Soreanu. Manual do Candidato - Política Internacional, Brasília: FUNAG, 2012, pp. 20-40

SEVERO, Luciano Wexell. Integração da América do Sul: mecanismos regionais de financiamento. 2011. 137f. Dissertação (Programa de Pós Graduação em Economia Política Internacional) - IE, UFRJ, Rio de Janeiro, 2011.

SOUZA, Nilson Araújo. América Latina: as ondas da integração, OIKOS, Rio de Janeiro, vol. 11, nº 1, pp. 87-126, 2012. Artigo

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Referências digitais: http://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/como-estamos-organizados,5998.html?open_accordion=8 (acesso em 20/09/2017) http://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/sobre-o-banco-interamericano-de-desenvolvimento,5995.html (acesso em 20/09/2017) https://www.caf.com/pt/sobre-caf/quem-somos/ (acesso em 20/09/2017) https://www.caf.com/es/proyectos/?page=2 (acesso em 20/0917) http://www.fonplata.org/fonplata/nuestra-historia.html (acesso em 20/09/2017) http://www.mercosul.gov.br/fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosul-focem (acesso em 20/09/2017)

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