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APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO NÓRDICO PADRONIZADO EM UMA INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS

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APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

NÓRDICO PADRONIZADO EM UMA

INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS

EVERTON DE SOUSA ABREU (UFPI)

evertonsousa@hotmail.com

Helio Cavalcanti Albuquerque Neto (UFPI)

helio@ufpi.edu.br

O setor de pré-moldados possui várias atividades que demandam

grandes esforços físicos dos trabalhadores, tendo em vista que é cada

vez maior o crescimento na utilização desses componentes em

construções. Nesse sentido, o estudo ergonômico vislumbra-se como

uma importante saída para as organizações deste setor, já que ela visa

repassar melhores benefícios para o trabalhador por intermédio da

adequação do ambiente de trabalho ao homem. Sendo assim, o

presente estudo teve por objetivo de realizar o diagnóstico ergonômico,

objetivando avaliar as condições de trabalho impostas aos

trabalhadores de uma indústria de pré-moldados localizada na cidade

de Teresina-PI. Para tanto, utilizou-se o questionário nórdico

padronizado como ferramenta de aplicação ergonômica na população

de funcionários que contemplam cada setor da produção, com o intuito

de se identificar as posturas assumidas pelos funcionários durante a

realização das atividades de trabalho e seus consequentes

desconfortos, além dos riscos de desenvolvimento de doenças

relacionadas ao trabalho. A partir da análise verificaram-se diversos

constrangimentos posturais assumidos pelos trabalhadores e diversas

áreas de desconforto no corpo, além de condições inadequadas

relacionadas aos aspectos físicos/ambientais, gerando riscos de

desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho. Por fim,

conclui-se que o trabalho causa uma série de desconforto nos

funcionários, exigindo algumas modificações no escopo industrial

mediante a algumas recomendações. Ademais, evidencia-se as

limitações do trabalho, assim como alternativas para pesquisas

futuras.

Palavras-chave: Pré-moldados, questionário nórdico padronizado,

distúrbios musculoesqueléticos

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1. Introdução

Nos últimos anos a construção civil encontrou-se em expansão na maioria dos países em desenvolvimento, dentre os quais pode-se citar o Brasil. Em sintonia a isso, os estudos realizados pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT, 2013) ratificam essa passagem ao constatarem entre os anos de 2002 e 2010 um crescimento médio de 4,2% ao ano. Com reação à expansão do setor houve um crescimento da disputa entre as organizações envolvidas, fazendo com que estas buscassem cada vez mais por diferenciais de mercado, a fim de obter ganhos em competitividade.

Diante desse cenário, Campos (2006) elucida que a necessidade de se construir com rapidez, qualidade e menor custo fizeram com que o mercado desse setor aumentasse a demanda de componentes pré-moldados. Isto corrobora com os pressupostos de Serra, Ferreira e Pigozzo (2005), os quais afirmam que tais componentes vieram para promover uma maior qualidade nos canteiros de obras, por intermédio de peças com rigorosos padrões de especificação e mão de obra qualificada. Ademais, Moreira (2009) constata que as peças pré-moldadas servem para reduzir etapas e custos do processo de construção, obtendo-se ganhos em agilidade e eficiência.

Acompanhando a expansão da construção civil, estudos feitos pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC, 2011), apontaram um crescimento, também, no setor dos pré-moldados de 18% a 37% no ano de 2010, onde grande parte das empresas associadas informou que o faturamento do mesmo ano foi consideravelmente superior ao ano anterior. A associação ressalta, ainda, que o considerável volume de produção, entre outros fatos, se deve ao segmento de habitação que, por possuir um déficit habitacional em cerca de 5,8 milhões de moradias, está em franca expansão.

Juntamente com o crescimento do setor de pré-fabricados houve um aumento da necessidade de mão-de-obra, oferecendo uma maior geração de empregos que permitem ao trabalhador agregar capital para suprir suas necessidades. Contudo, o âmbito laboral deste setor caracteriza-se por atividades que demandam grande esforço físico dos trabalhadores, ocasionando males a saúde dos mesmos e exposições a distintos distúrbios musculoesqueléticos. Estes têm se tornado cada vez mais frequentes entre a população trabalhadora e podem ser provenientes dos riscos de natureza ergonômica, tais como movimentos repetitivos, esforço, posturas estática e dinâmica, entre outros (MOHR, GUIMARÃES E BARBOSA, 2011).

Sabendo disso, o setor deve estar em contínuo acompanhamento dos possíveis problemas relacionados à saúde do trabalhador, buscando aperfeiçoamentos em seu sistema produtivo que visem assegurar um ambiente salutar. Com isso, uma série de métodos/técnicas que visam o diagnóstico da saúde do trabalhador ganham relevância, como por exemplo, o Questionário Nórdico Padronizado (QNP). De acordo com Vasconcelos et al (2011), o QNP é um instrumento de análise ergonômica do trabalho, que permite mediante a estudos epidemiológicos, identificar e caracterizar os distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho. Ele foi proposto por Kuorinka et al (1987) para que existisse uma facilidade de comparação dos resultados entre as diversas investigações. Com o passar dos anos, este tipo de questionário começou a ser disseminado na literatura, sendo validado sob o prisma brasileiro por intermédio dos estudos de Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002). No que diz respeito a sua aplicabilidade, Fernandes, Rocha e Oliveira (2009), destacam que o método é composto por uma

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figura do corpo humano, na qual são apontadas as diferentes regiões anatômicas, onde para cada região é feita uma pergunta em relação a ocorrência de algum problema nos últimos 7 e 12 meses, com respostas diretas de “sim” ou “não”. Ademais, os autores ainda explicitam que a maior vantagem do questionário nórdico padronizado está na forma simples de se realizar tal análise. Portanto, o presente trabalho tem por objetivo realizar um diagnóstico ergonômico em uma indústria de pré-fabricados por intermédio da aplicação do QNP.

2. Procedimentos metodológicos

O presente estudo foi realizado em uma indústria especializada na fabricação de elementos pré-moldados (postes, cruzetas e estruturas para construções de galpões e edifícios) localizada na cidade de Teresina-PI, com 22 anos de atuação no mercado e composta por 96 funcionários distribuídos nos seguintes setores: administrativo, oficina metalúrgica, produção, transporte e montagem. O QNP foi aplicado in situ na indústria, durante o mês de dezembro de 2014 e sua estrutura detalhada encontra-se no ANEXO. Os questionários foram respondidos por funcionários que já estejam familiarizados a jornada laboral sendo aplicados anonimamente, nos quais apenas os voluntários responderam-no. Ressalta-se que o questionário foi utilizado após um conhecimento por parte do autor, sendo aplicados em dias de trabalhos comuns. Além disso, utilizou-se uma câmera fotográfica para auxiliar o diagnóstico proposto. Por fim, todos os procedimentos de coleta de dados foram elucidados inicialmente à gerência da empresa, sendo autorizados pelos mesmos. Com relação a estrutura clássica da pesquisa sob o prisma acadêmico, buscou-se classificar o trabalho em relação a sua natureza, objetivo, abordagem e aspectos técnicos.

Em relação à classificação da pesquisa quanto a natureza, o estudo caracteriza-se como uma pesquisa básica, pois seu objetivo é diagnosticar o processo existente utilizando o QNP, identificando os problemas principais. Já em relação aos objetivos o trabalho vislumbra-se como uma pesquisa descritiva, uma vez que realizou-se uma investigação dos fenômenos que norteiam o objetivo de estudo proposto, por meio de técnica de coleta de dados padronizadas, que no caso é o QNP. No tocante a abordagem, o presente estudo possui atributos de pesquisa quantitativa e qualitativa, de forma combinada. Isso pode ser elucidado ao mostrar que a pesquisa se caracteriza como quantitativa devido ao fato de haver a necessidade de se quantificar, analisar e confirmar estatisticamente as informações obtidas na coleta de dados. Caracteriza-se, também, como qualitativa, pois demais informações foram obtidas de acordo a visão dos trabalhadores, sem caber o uso de técnicas estatísticas, uma vez que opiniões pessoais são subjetivas. Por fim, em relação aos aspecto técnicos constata-se que o trabalho se configura como um estudo de caso, dado que debruçou-se em uma determinada indústria.

3. Resultados e discussão

3.1. Caracterização do processo produtivo

De acordo com Moreira (2009), o sistema produtivo para a fabricação de pré-moldados é uma sequência operacional, que se inicia a partir do recebimento e armazenamento das matérias-primas, passando por toda a produção até se chegar ao produto final. A indústria alvo de estudo, se encaixa perfeitamente na descrição

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anteriormente citada, na qual pode-se detalhar o processo de produção por intermédio de um fluxograma vertical, conforme é mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma do processo de produção de pré-moldados

Fonte: Adaptado de Moreira (2009)

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 O primeiro setor, o da ferragem, consiste na construção da estrutura metálica dos pré-moldados, sendo os ferreiros armadores os responsáveis para esse labor;

 O segundo setor, o da concretagem, consiste na usinagem do concreto a ser utilizado na fabricação das peças pré-moldadas, sendo os serventes os encarregados dessas atividades;

 O terceiro e último setor, o de fôrmas/cura, consiste na moldagem da peça pré-moldada, sendo os pedreiros os responsáveis.

Assim, pôde-se descrever de forma minuciosa cada nível que compõe os sistemas homem-tarefa, de acordo com as funções desempenhadas, conforme relatado abaixo.

3.1.1 Ferreiro armador

No desenvolvimento de sua tarefa, o ferreiro armador é responsável pelo recebimento e conferência da matéria-prima, classificação quanto às suas especificações e armazenamento em locais destinados para este fim (Figura 2a). Ademais, o profissional recebe do engenheiro encarregado as informações referentes à especificidade da peça a ser moldada, baseadas nos projetos que são detalhados de modo que se possam confeccionar as estruturas metálicas necessárias para moldagem das peças. Assim, tais informações, que contemplam as dimensões do ferro a ser cortado, as medidas a serem dobradas e o espaçamento entre as barras de ferro, são passadas para que cada ferreiro armador possa realizar sua tarefa (Figura 2b).

Figura 2 – Transporte da matéria-prima (a) e corte do ferro (b) do ferreiro armador

(a) (b) Fonte: Elaborado pelo autor

3.1.2 Servente

Ao desenvolver sua tarefa, o servente encarrega-se de receber e conferir as matérias-primas (Figura 3a), armazenando-as em locais específicos para cada tipo: areia, cimento e brita (Figura 3b). Além disso, as

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informações a respeito da dosagem de material a ser processado também são repassadas aos profissionais pelo supervisor de qualidade. Assim, as quantidades de cada tipo de matéria-prima que vai à betoneira são disponibilizadas para cada servente em uma tabela exposta em um quadro de avisos acessível a todos eles.

Figura 3 – Recebimento e transporte de areia (a) e alocação da brita (b) do servente

(a) (b) Fonte: Elaborado pelo autor

3.1.3 Pedreiro

No desenvolvimento de sua tarefa, o pedreiro é responsável pelo recebimento das informações referentes às especificações da peça a ser moldada contendo o tipo da peça – poste, viga ou pilar – e suas devidas dimensões, baseadas no projeto (Figura 4a). Ademais, o profissional recebe do servente o concreto que será utilizado na concretagem das fôrmas e a estrutura metálica vinda do setor de ferragem (Figura 4b).

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(a) (b) Fonte: Elaborado pelo autor

3.2 Aspectos físicos/ambientais

Observando-se o ambiente físico, constatou-se que as atividades dos funcionários envolvidos no processo de produção dos pré-moldados desenvolvem-se em sua maioria sob a influência dos agentes físico-ambientais. No que se referem aos agentes ambientais, os que mais influenciam nas condições de trabalho dos funcionários são os raios solares e a temperatura elevada do ambiente devido ao trabalho a céu aberto, gerando grande desconforto térmico aos trabalhadores. Vale ressaltar, que os funcionários expostos a este agente ambiental são os pedreiros e os serventes responsáveis pelo transporte do concreto, por um período de 8 horas e 20 minutos. Já os ferreiros armadores realizam suas atividades abrigados do Sol.

A respeito dos agentes físicos, destaca-se o ruído gerado pelas máquinas utilizadas no desenvolvimento das tarefas, como na máquina de corte do ferro, na máquina betoneira e no equipamento vibratório, o que acaba gerando desconforto ao executar as atividades confiadas.

3.3 Características da população em estudo

Com a finalidade de obter os dados necessários para constituição do trabalho, abordou-se os 40 funcionários envolvidos no processo de produção dos pré-moldados, constatando que eles são constituídos essencialmente pelo sexo masculino, sendo um total de 10 funcionários no setor de ferragem, 10 no setor de concretagem e 20 no setor de fôrmas/cura.

Além disso, outras informações foram levantadas, como forma de delinear as características de cada funcionário envolvido nesta pesquisa. Tais informações, que contemplam a faixa etária e grau de escolaridade dos funcionários, foram representadas graficamente para que houvesse um entendimento mais prático e ilustradas nas Figuras 5 e 6, respectivamente.

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Fonte: Elaborado pelo autor

Diante da Figura 5, percebe-se uma predominância correspondente a 37% dos funcionários com faixa etária entre 31 e 40 anos, e de 30% com faixa etária entre 41 e 50 anos.

Figura 6 – Escolaridade da população

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme demonstra a Figura 6, observa-se um grau de escolaridade essencialmente baixo, onde o maior grau presente é o de ensino médio incompleto, representando apenas 3% da população, o que reflete, em parte, o grau de escolaridade médio entre os trabalhadores do setor da construção civil no Brasil. Além disso, existe um considerável grau de analfabetismo, equivalente a 15% da população.

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No que se refere à carga horária de trabalho tem-se 45 horas trabalhadas/semana (de segunda à sexta-feira), com 20 minutos de descanso em cada turno de trabalho e sendo 2 horas disponibilizadas para almoço, que pode ser realizado fora ou na própria empresa.

3.4 Aplicação do Questionário Nórdico Padronizado 3.4.1 Setor de Ferragem

Tendo em vista as atividades desenvolvidas pelos ferreiros armadores no setor de ferragem, as áreas referidas com presença de sintomas de desconforto, fadiga ou dor durante os últimos 12 meses foram: as pernas/joelhos (50%), coluna lombar (83%), coluna dorsal (33%), punhos/mãos (100%), ombros (50%) e coluna cervical (33%). Já para as mesmas queixas durante os últimos 7 dias, foram referidas as mesmas áreas, sendo: as pernas/joelhos (50%), coluna lombar (50%), coluna dorsal (17%), punhos/mãos (100%), ombros (33%) e coluna cervical (17%). O absenteísmo ao trabalho varia entre 0 e 33%, sendo as regiões dos punhos/mãos e dos ombros os principais responsáveis pelo absenteísmo, com 33% cada. A Figura 7 representa graficamente essa distribuição.

Figura 7 – Porcentagens de desconforto por área corporal, período temporal e absenteísmo para o setor de ferragem

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Diante da Figura 7, percebe-se que algumas áreas que constavam no questionário não foram mencionadas, não havendo nenhum tipo de desconforto nelas, sendo elas: tornozelos/pés, ancas/coxas e cotovelos. No que se refere à intensidade dos incômodos durante os últimos 12 meses, evidenciaram diferentes níveis de intensidade nas regiões apontadas pelos entrevistados, variando de níveis leves a níveis intensos, como mostra a Figura 8.

Figura 8 – Intensidade do incômodo nos últimos 12 meses para o setor de ferragem

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir da Figura 8 é possível verificar que para as pernas/joelhos dos 6 funcionários entrevistados 50% apontaram queixas, sendo 17% de nível intenso e 33% de nível leve. Os demais funcionários não apontaram queixas para esta região. Para a região da coluna lombar 83% dos funcionários se queixaram de algum desconforto, sendo 33% de nível e 50% de nível moderado. Já para a região da coluna dorsal aproximadamente 34% dos entrevistados indicaram algum desconforto, sendo 17% para níveis leve e moderado, cada. Para a região das mãos/punhos todos os funcionários apontaram queixas, com níveis de intensidade leve, moderado e intenso, com 33% cada. Nos ombros, metade apontaram queixas, sendo todos com nível de intensidade moderado. E por fim, na coluna cervical apenas 2 funcionários (33%) referem queixas, apresentando uma intensidade total de nível leve. Assim, percebe-se que dentre as regiões relatadas com algum tipo de desconforto, as mãos e punhos são as áreas com maior incidência de queixas, tendo em vista que as atividades desenvolvidas neste setor dependem basicamente de suas habilidades.

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3.4.2 Concretagem

Diante das atividades desenvolvidas pelos serventes no setor de concretagem, as regiões apontadas pelos entrevistados com presença de algum sintoma de desconforto durante os últimos 12 meses, demonstradas na Figura 9, foram: tornozelos/pés (17%), as pernas/joelhos (50%), ancas/coxas (17%), coluna lombar (50%), coluna dorsal (33%), punhos/mãos (33%), ombros (50%) e coluna cervical (50%). Já para as mesmas queixas durante os últimos 7 dias, foram referidas as seguintes áreas: pernas/joelhos (33%), coluna lombar (33%), coluna dorsal (17%), punhos/mãos (33%) e ombros (33%). No que se refere ao absenteísmo, apenas a região da coluna lombar foi responsável, com apenas um caso (17%).

Figura 9 – Porcentagens de desconforto por área corporal, período temporal e absenteísmo para o setor de concretagem

Fonte: Elaborado pelo autor

A Figura 9 demonstra que apenas a região dos cotovelos não foi mencionada durante a entrevista, não havendo nenhum tipo de desconforto. A análise da intensidade dos incômodos durante os últimos 12 meses permitiu evidenciar níveis de intensidade leve e moderado nas regiões apontadas pelos entrevistados, conforme se vê na Figura 10.

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Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com a Figura 10 é possível verificar que para as tornozelos/pés apenas 1 funcionário (17%) relatou desconforto na região, sendo de intensidade leve. Os demais funcionários não apontaram queixas para esta região. A mesma situação aconteceu para a região das ancas/coxas, com apenas 1 relato de desconforto na região e de intensidade leve (17%). Para as pernas/joelhos, 50% dos funcionários apontaram incômodos, sendo 17% de intensidade leve e 33% de intensidade moderada. Igualmente se observou na região da coluna lombar, onde metade dos funcionários relataram desconfortos na região, sendo 17% de intensidade leve e 33% de intensidade moderada. Na região da coluna dorsal, dos 34% que indicaram algum desconforto, 17% apontaram níveis de intensidade leve e moderado, cada. Para a região das mãos/punhos, 2 funcionários (33%) apontaram queixas, sendo de níveis de intensidade leve. Nos ombros, metade apontaram queixas, sendo 33% com nível de intensidade leve e 17% moderado. E por fim, na região da coluna cervical, metade apontaram queixas (50%), sendo todos com nível de intensidade leve.

Assim, percebe-se que dentre as regiões relatadas com algum tipo de desconforto, predomina-se as maiores intensidades nas regiões da coluna lombar e das pernas/joelhos, devido à postura assumida pela coluna durante o colhimento da matéria-prima e ao esforço das pernas para movimentar os carrinhos de concreto.

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3.4.3 Setor de Fôrmas/cura

Tendo em vista as atividades desenvolvidas pelos pedreiros no setor de fôrmas/cura, as regiões indicadas pelos entrevistados com a presença de algum sintoma de desconforto durante os últimos 12 meses, foram: pernas/joelhos (50%), coluna lombar (64%), coluna dorsal (50%), punhos/mãos (36%), ombros (50%) e coluna cervical (21%). Já para as mesmas queixas durante os últimos 7 dias, foram referidas as seguintes áreas: pernas/joelhos (7%), coluna lombar (36%), coluna dorsal (14%), punhos/mãos (14%) e ombros (29%). No que se refere ao absenteísmo do trabalho, houve 7% de absenteísmo devido às queixas nas pernas/joelhos, 21% devido aos incômodos na coluna lombar e 7% na coluna dorsal. A Figura 11 representa graficamente essa distribuição.

Figura 11 – Porcentagens de desconforto por área corporal, período temporal e absenteísmo para o setor de fôrmas/cura

Fonte: Elaborado pelo autor

Diante da Figura 11, percebe-se que algumas áreas que constavam no questionário não foram mencionadas, não havendo nenhum tipo de desconforto nelas, sendo elas: cotovelos, ancas/coxas e tornozelos/pés.

A respeito da intensidade dos incômodos durante os últimos 12 meses, foram evidenciados diferentes níveis de intensidade nas regiões apontadas pelos entrevistados, variando de níveis leves a níveis intensos, como demonstra a Figura 12.

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Figura 12 – Intensidade do incômodo nos últimos 12 meses para o setor de fôrmas/cura

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir da Figura 12, observou-se que para as pernas/joelhos, 50% dos entrevistados relataram desconforto, sendo 43% com intensidade leve e 7% com intensidade moderada. Para a região da coluna lombar, 36% dos entrevistados indicaram desconforto de intensidade leve, 21% de intensidade moderada e 7% de intensidade intensa. Para a região da coluna dorsal, 50% dos funcionários apontaram incômodos, sendo 29% de intensidade leve e 21% de intensidade moderada. Para a região das mãos/punhos, 29% dos entrevistados indicaram desconforto de intensidade leve e 7% de intensidade moderada. Na região dos ombros, metade dos funcionários relataram incômodos, sendo 29% de intensidade leve e 21% de intensidade moderada. E por fim, na região da coluna cervical, 14% dos entrevistados indicaram incômodos de intensidade leve e 7% de intensidade moderada. Assim, percebe-se que dentre as regiões relatadas com algum tipo de desconforto, a maior incidência de desconforto originou-se na região da coluna lombar, devido à postura assumida pela coluna durante a execução das atividades do setor.

4 Considerações finais

Atualmente, as condições de trabalho apresentadas pelas indústria tem recebido grande destaque quando se trata das reações que condições inapropriadas de trabalho podem trazer para os trabalhadores. Assim, a busca pela adequação do trabalho ao homem é cada vez mais frequente, tendo em vista que proporciona um ambiente

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salutar, gerando, consequentemente, uma melhor qualidade de vida e uma melhor produtividade dos trabalhadores.

Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo diagnosticar por intermédio do Questionário Nórdico Padronizado (QNP) as atividades desempenhadas pelos funcionários do setor de produção de uma indústria de pré-moldados, visando verificar as situações de trabalho que causam constrangimentos e expõem os trabalhadores ao desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho.

Além disso, por intermédio de uma abordagem sistemática, foi possível traçar o perfil dos funcionários e informações sobre as condições de trabalho. De modo geral, o resultado do instrumento atrelado à ausência de treinamentos ergonômicos e de ginásticas laborais, e aos fatores físicos/ambientais, como a exposição aos raios solares, à temperatura elevada e a elevados níveis de ruídos, acarretam ao trabalhador um índice considerável de fadiga e desconfortos, principalmente nas regiões dorsal e lombar, nas mãos e braços e nas pernas, tendo em vista o tempo de exposição ao trabalho.

Assim, fazem-se necessárias recomendações, tais como: ajustamento do maquinário a altura do trabalhador, rotatividade dos trabalhadores no posto de trabalho que fica a mercê de intempéries e contínua aplicação dos Equipamentos de Proteção Individual.

4.1 Limitações do trabalho

Embora tenha-se cumprido o objetivo proposto, algumas limitações vieram a existir, nas quais são imprescindíveis elencá-las para uma maior compreensão sobre a temática abordada. Essas são:

 Falta de acompanhamento das recomendações propostas: por questões de ausência de tempo efetivo, tornou-se inviável a aplicação das recomendações sugeridas além de impossibilitar uma análise minuciosa dessas no tocante a sua eficácia. Essa limitação pode ser explicada em parte, devido a esse trabalho ser oriundo de um componente curricular do curso de graduação de Engenharia de Produção, no qual os primeiro autor deveria se concentrar em outros trabalhos acadêmicos paralelos ao desenvolvimento desse artigo;

 Quantificar os aspectos dos agentes físico-ambientais (ruído, temperatura e vibração): O campo de atuação da ergonomia transcende o estudo de desconforto muscular, devendo ser analisado o ambiente físico no qual o homem desempenha suas atividades laborais dado que pode atenuar ou agravar distúrbios musculoesqueléticos. Nesse sentido, os agentes físico-ambientais exercem uma influência direta nos trabalhadores, ocasionando a necessidade de um estudo que quantifique-os e verifique o grau de impacto na atividade desempenhada.

Além das limitações evidenciadas, pode-se sugerir uma série de recomendações para trabalhos futuros que visem auxiliar futuras pesquisas sobre o tema abordado.

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Para complementação deste trabalho, apresentam-se algumas abonações de pesquisas futuras, para uma complementação do presente tema:

 Verificar os riscos ambientais existentes no setor de produção da empresa, com a finalidade de vislumbrar outros gargalos no tocante a ergonomia que podem ser minimizados;

 Analisar os aspectos cognitivos das tarefas desempenhadas por cada trabalhador, em sua respectiva função, pontuando, principalmente, os conhecimentos exigidos para a realização do mesmo;

 A partir da aplicação de práticas ergonômicas, verificar as influências que tais práticas têm sobre a produtividade de cada trabalhador envolvido.

Por fim, deve-se esclarecer que todas as recomendações para trabalhos posteriores devem estar atreladas a procedimentos de coleta de dados consagrados na literatura, além de normas existentes, quando for o caso.

REFERÊNCIAS

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Referências

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