ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2036
CHECKLIST DE ANGIOSPERMAS DA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DA UHE SINOP, MÉDIO TELES PIRES, MATO GROSSO
Célia Regina Araujo Soares Lopes1,6, Ricardo da Silva Ribeiro2,6, Lucirene Rodrigues3,6, Fabiana Ferreira Cabral4,6, Dennis Rodrigues da Silva5,6 1
Professora Adjunto da Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias de Alta Floresta, Universidade do Estado de Mato Grosso (soaresia@unemat.br) 2
Graduando em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta.
3
Mestre em Ecologia e Conservação, Universidade do Estado de Mato Grosso, Nova Xavantina - MT;
4
Mestranda em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta.
5
Biólogo pela Universidade do Estado de Mato Grosso. 6
Herbário da Amazônia Meridional, Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta –MT
Recebido em: 30/09/2014 – Aprovado em: 15/11/2014 – Publicado em: 01/12/2014
RESUMO
A flora brasileira é tida como uma das mais ricas do mundo tendo como principal contribuinte a Floresta Amazônica. A existência de lacunas de coletas, bem como a falta de estudos que representa a flora da região amazônica impede que possa ser estimada com precisão a diversidade vegetal desse bioma. O objetivo desse trabalho foi apresentar um checklist das espécies coletadas na região da Usina Hidrelétrica Sinop, Médio Teles Pires, bem como apresentar novos registros para Mato Grosso, considerando aquelas espécies que constam nesse estudo e ainda não são citadas na lista da Flora do Brasil (2014). O estudo foi realizado na porção do Médio Teles Pires, região associada ao Planalto do Parecis, onde a vegetação é classificada como Floresta Estacional Perenifólia. Os vouchers foram tratados conforme indicações de manuais técnicos e identificados por taxonomistas e parataxonomistas segundo APG III. Foram amostrados no levantamento florístico, 49 famílias, 107 gêneros e 163 espécies, destas, 38 não constam na lista Oficial da Flora do Brasil como ocorrência para o estado de Mato Grosso. Este trabalho apresentou alta riqueza, divergindo de trabalhos que afirmam que conforme se distancia da região central da Amazônia a riqueza tende a diminuir. Fato que vem reforçar a necessidade de divulgação de trabalhos em escala regional onde são listadas inúmeras espécies até então não registradas como pertencentes à flora do Estado.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2037
CHECKLIST OF THE REGION ANGIOSPERM INFLUENCE OF SINOP DAM, MEDIUM TELES PIRES, MATO GROSSO.
ABSTRACT
The Brazilian flora considered one of the richest in the world which main contributor is the Amazon Rainforest. The existence of gaps in collections and the lack of studies of vegetation the Amazon region prevents can be estimated accurately plant diversity of this biome. This paper aims to present a checklist of species collected in Hydropower plant Sinop, Middle Teles Pires as well presenting new records for Mato Grosso considering those species included in this study and not cited in the List of Brazil Flora (2014). The study conducted in the Eastern portion of the Teles Pires, associated Parecis Plateau region, where vegetation classified as Evergreen Seasonal Forest. The vouchers were treated as indication of technical manuals and identified by taxonomists and parataxonomists second APG III. It was sampled 49 families in the floristic survey, 107 genera and 163 species, of these, 38 were not in the Official List of the Brazil Flora as occurrence for the Mato Grosso state. This study showed high richness diverging of works that claim that, as moves away from the central region of the Amazon richness tend to decrease. This fact reinforces the need for promoting study on a regional scale where numerous species are listed so far not registered as belonging to the state flora.
KEYWORDS: Flora, Southern Amazon, Floristic, Plateau Parecis. INTRODUÇÃO
A diversidade e riqueza da flora brasileira são tidas como uma das mais ricas (FORZZA et al, 2012), tendo como principal contribuinte a Floresta Amazônica com 11.349 espécies de angiospermas até o ano de 2010 (FORZZA, 2010), atualmente com 11.462 (spp) (FORZZA et al., 2014). A região da Amazônia Meridional embora pouca estudada (NELSON et al., 1990), apresenta formações florestais que associada as baixas precipitações e aumento de temperatura desenvolveram e estão desenvolvendo adaptações às diversas mudanças climáticas que vem ocorrendo na região (KILLEEN & SOLÓRZANO, 2008; MALHI et al., 2009 ).
São grandes as lacunas de coleta botânica no norte do estado de Mato Grosso (MT), e são poucos os trabalhos de checklist e composição florística que tratam da flora dessa região (ZAPPI et al., 2011; DUBS, 1998; IVANAUSKAS, 2009; MALHEIROS et al., 2009; KUNZ 2008, KUNZ et al. 2010, 2014), porém a maioria destes estudos procuram avaliar mais os aspectos estruturais da vegetação, do que fornecer uma lista de espécies.
Considerando que essa região estudada está localizada sob o domínio fitogeográfico amazônico, a lista publicada por FORZZA et al. (2010) ressalta a possibilidade da riqueza das espécies das regiões desse domínio esteja subamostrada, uma vez que densidade de coletas na região é baixa como apresentado por NELSON et al. (1990) e SCHULMAN et al. (1992, 2007). Segundo HOPKINS (2007) as regiões de floresta podem ter grandes quantidades de espécies que ainda não foram catalogadas.
Nos últimos quatro anos nos estudos florísticos realizados na região da Amazônia Meridional, registraram novas espécies para ciência, tais como: Passiflora
cristalina Vanderplank & Zappi (VANDEPLANK & ZAPPI, 2011), Acianthera gradeae Chiron & Benelli (CHIRON & BENELLI, 2012), Guarea zepivae T.D. Penn.
(PENNINGTON & CLACKSON, 2013) e Sciadocephala gracieliae Biggs & Hind (BIGGS & HIND, 2013) e mais recentemente, a Ichthyothere sasakiae Frisby & Hind
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2038
(FRISBY & HIND, 2014), pelo menos duas novas espécies estão sendo descritas para a flora mato-grossense.
O Rio Teles Pires abrange 142.660 Km2, atravessa o Estado de MT no sentido centro-sul-noroeste até o sul do Pará, suas nascentes estão localizadas nas serras Azul e do Finca Faca, a uma altitude média de 800 m. O Teles Pires é dividido em Alto Teles Pires, Médio Teles Pires e Baixo Teles Pires. A região que compreende o médio Teles Pires ocupa áreas de chapadas e terrenos sob topografia considerada plana, estas áreas estão sujeitas maiores alterações e ações humanas, como uso do solo e grande expansão da fronteira agrícola (EPE, 2008).
Segundo a EPE (2008) a distribuição das fisionomias vegetais evidencia que a biodiversidade se reduz de norte para o sul da bacia do rio Teles Pires, pois 1,84% da cobertura vegetal desapareceu entre os anos 1997 e 2007. Diante disso, esse estudo objetivou apresentar um checklist das espécies coletadas na região da Usina Hidrelétrica (UHE) Sinop, Médio Teles Pires, bem como apresentar novos registros para MT, considerando aquelas espécies que não constam nesse estudo e ainda não citadas na lista da FLORA DO BRASIL (2014) com distribuição para estado de MT.
MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo
Este estudo foi realizado na porção centro-norte do Estado do MT nos municípios de Itaúba, Claudia, Ipiranga do Norte, Sorriso e Sinop, no médio Rio Teles Pires, região de influência da UHE de Sinop, durante os estudos de impactos ambientais nos anos de 2007 e 2008 (Figura 1.)
FIGURA 1. Localização da área de estudo. Região de influência direta da UHE Sinop.
A Região de influência da UHE Sinop está situada sob clima tropical, considerado quente e úmido (Am de Köeppen), tendo uma estação seca bem prolongada e uma estação úmida de aproximadamente quatro meses, entre os meses de dezembro a março. A precipitação pluviométrica média anual é de 2000
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2039
mm, com redução durante o período que se entende nos meados de maio a agosto. A temperatura média é de 24º C com variações (ARAÚJO et al., 2009).
Existem divergências em relação à classificação da região da área estudada. Foi classificada como Floresta Associada aos Planaltos dos Parecis por SEPLAN (2001), como Floresta Semidecidual por RADAMBRASIL (1979), e como área de transição, que recobre a maior parte da bacia do Teles Pires, pontuada por trechos de savana, com grande potencial madeireiro por TEIXEIRA & ROSENDO (2004). Entretanto, IVANAUSKAS (2008) e IBGE (2012) classificam toda a região que está associada aos Planaltos dos Parecis como Floresta Estacional Perenifólia, classificação essa adotada nesse estudo.
Levantamento florístico
As amostras foram coletadas e herborizadas de acordo com FIDALGO & BONONI (1984) e depois depositadas no HERBAM (Herbário da Amazônia Meridional) da UNEMAT (Universidade do Estado do Mato Grosso, Campus I, Alta Floresta). A identificação taxonômica das espécies foi feita com auxílio de parataxonomistas experientes. As identificações foram confirmadas a partir de material botânico do HERBAM (Herbário da Amazônia Meridional), do MPEG (Herbário do Museu Paraense Emilio Goeldi) e do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas. As identificações foram revisadas segundo Angiosperm Phylogeny Group (CHASE & REVEAL, 2009). As grafias dos nomes científicos e dos autores das espécies foram conferidas na Lista de Espécies da Flora do Brasil (FORZZA et al., 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram amostrados no levantamento florístico, 49 famílias, 107 gêneros e 163 espécies (Quadro 1).
QUADRO 1: Família, Gênero/Espécie, Número de Tombo das espécies de angiospermas da região da UHE Sinop, Médio Teles Pires, MT. (*) espécies que não possui distribuição para o Estado de Mato Grosso de acordo com a Lista da Flora do Brasil (2014).
Família Gênero/Espécie Nº HERBAM
Achariaceae Lindackeria paludosa (Benth.) Gilg 3536/3566
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. 3571/3642
Annonaceae Annona exsucca DC. * 3607
Duguetia echinophora R.E.Fr. * 3468
Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff. 2844
Duguetia inconspicua Sagot * 3506/3521
Duguetia lepidota (Miq.) Pulle * 3518/3455
Duguetia marcgraviana Mart. 2831
Guatteria citriodora Ducke * 3486
Guatteria discolor R.E.Fr. * 3497
Guatteria foliosa Benth. 3639
Unonopsis guatterioides (A.DC.) R.E.Fr. 3613
Xylopia amazonica R.E.Fr. * 3621
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2040
Xylopia benthamii R.E.Fr. 3543
Xylopia sericea A.St.-Hil. 2845/2846
Xylopia ochrantha Mart. * 2833
Apocynaceae Aspidosperma macrocarpon Mart. 3565
Aspidosperma multiflorum A. DC. 3517/3563/3534
Aspidosperma sp. 2850
Himatanthus sucuuba (Spruce ex Mull.Arg.)
Woodson
3470
Tabernaemontana flavicans Willd. ex Roem.
& Schult.
3477 Aquifoliaceae Ilex inundata Poepp. ex Reissek. * 3492/3489 Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. 3535
Asteraceae Piptocarpha opaca (Benth.) Baker * 3484
Bignoniaceae Fridericia dichotoma (Jacq.) L.G.Lohmann 3487
Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don 3537
Bixaceae Cochlospermum orinocense (Kunth) Steud. 3520
Boraginaceae Cordia bicolor A.DC. 3540
Burseraceae Crepidospermum goudotianum (Tul.) Triana
& Planch.
3472/3473
Dacryodes cuspidata (Cuatrec.) Daly. 3591
Dacryodes microcarpa Cuatrec. 3596
Protium pilosissimum Engl. 2830/3560/3580
Protium trifoliolatum Engl. * 3460
Protium unifoliolatum Engl. 3579/3616/3474
Celastraceae Maytenus guianensis Klotzsch ex Reissek * 2838
Prionostemma aspera (Lam.) Miers 3569
Salacia insignis A.C.Sm. * 3457
Chrysobalanaceae Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance 3552/3450
Licania apetala (E. Mey.) Fritsch 3465
Licania canescens Benoist 2847
Licania hypoleuca Benth. 3578
Licania micrantha Miq. 3612/3499
Licania oblongifolia Standl. * 3610
Licania parviflora Benth. 3480
Licania polita Spruce & Hook.f. 2835/3501/3502
Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 3553
Caraipa densifolia Mart. 3542/3491
Garcinia macrophylla Mart. 3479
Combretaceae Buchenavia congesta Ducke * 3627
Buchenavia tomentosa Eichler 3523
Connaraceae Connarus punctatus Planch. * 3500
Dichapetalaceae Tapura guianensis Aubl. * 3618/3609
Dilleniaceae Davilla kunthii A.St.-Hil. 3514
Ebenaceae Diospyros poeppigiana A.DC. 3478
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2041
Sloanea garckeana K.Schum. 3490/3532
Sloanea sp. 2849
Erythroxylaceae Erythroxylum amazonicum Peyr 3631/3625
Erythroxylum engleri O.E.Schultz 3635
Erythroxylum macrophyllum Cav. 3548
Erythroxylum squamatum Sw. 3541/3509
Euphorbiaceae Alchornea discolor Poepp. 3454/3551/2834/3452
Croton palanostigma Klotzsch 3561
Croton sp. 3581
Dalechampia brevipedunculata Ule * 3504
Mabea caudata Pax & K.Hoffm. 3467
Maprounea guianensis Aubl. 3628
Fabaceae Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico 3544
Bauhinia longicuspis Benth. 3593
Chloroleucon acacioides (Ducke) Barneby &
J.M.Grimes
3525
Clitoria sp. 3638
Copaifera langsdorffii Desf. * 3611
Dimorphandra mollis Benth. 3632
Dimorphandra pennigera Tul. 3567
Hydrochorea corymbosa (Rich.) Barneby &
J.W.Grimes 3546
Hymenolobium flavum Kleinhoonte * 3608
Inga disticha Benth. 3539
Leptolobium nitens Vogel 3576
Macrolobium sp. 3475
Ormosia coccinea Jacks. * 3595
Tachigali vulgaris L.G. Silva & H.C. Lima 2837
Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle 2833
Humiriaceae Humiria balsamifera (Aubl.) J.St.-Hil. 2842
Sacoglottis mattogrossensis Malme 3619
Hypericaceae Vismia caynnensis (Jacq.) Pers. * 3530
Vismia macrophylla Kunth * 3615
Lacistemataceae Lacistema aggregatum (P.J.Bergius) Rusby 3557
Lauraceae Ocotea splendens (Meisn.) Baill. * 3605
Loganiaceae Strychnos guianensis (Aubl.) Mart. * 3488
Strychnos peckii B.L.Rob. 3481
Lythraceae Physocalymma scaberrimum Pohl 3462
Malpighiaceae Byrsonima coriacea (SW.) Kunth * 3641/3469
Byrsonima spicata (Cav.) DC. 3620
Malvaceae Apeiba echinata Gaertn. 2829
Guazuma ulmifolia Lam. 3528
Lueheopsis sp. 3519
Marantaceae Calathea propinqua (Poepp. & Endl.) Korn. * 2841
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2042
Henriettea spruceana Cogn. * 3623
Miconia splendens (Sw.) Griseb. 3570
Miconia tomentosa (Rich.) D.Don 3498
Mouriri collocarpa Ducke * 3449
Menispermaceae Abuta grandifolia (Mart.) Sandwith 3603
Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber 3531
Brosimum lactescens (S. Moore) C. C. Berg 3453
Brosimum potabile Ducke * 3471
Ficus duckeana C.C.Berg & Ribeiro * 3485
Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.)
Rusby
3589
Pseudolmedia laevigata Trécul 3526
Sorocea klotzschiana Baill. 3503
Myristicaceae Compsoneura ulei Warb. 3463
Iryanthera juruensis Warb. 3461
Virola calophylla Warb. 3592
Myrtaceae Eugenia aurata O.Berg * 3636
Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 2851
Eugenia stictopetala DC. 3614
Eugenia florida DC. 3626
Eugenia flavescens DC. 3505
Eugenia ramiflora Desv. * 3556
Marlierea sp. 3601
Myrcia fenestrata DC. 3606
Myrcia multiflora (Lam.) DC. 3510
Myrcia splendens (Sw.) DC. 3624
Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh 3515
Psidium riparium Mart. ex DC. 3482
Nyctaginaceae Guapira graciliflora (Mart. ex Schmidt)
Lundell
3545
Guapira hirsuta (Choisy) Lundell * 3529
Ochnaceae Ouratea polygyna Engl. * 3508
Phyllanthaceae Amanoa sp. 2843
Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. 3554
Proteaceae Panopsis rubescens (Pohl) Rusby 2832
Roupala nitida Rudge * 3493
Rubiaceae Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. 3495/3513
Amaioua guianensis Aubl. 3585
Cordiera macrophylla (K.Schum.) Kuntze 3555
Faramea sessilifolia (Kunth) DC. 3562
Genipa americana L. 3496
Kutchubaea insignis Fisch. ex DC. 3464
Kutchubaea sericantha Standl. 3590
Margaritopsis nana (k. Krausw) C.M Taylor 3588
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2043
Psychotria amplectens Benth. 2839
Psychotria laxiflora Blume 3582
Psychotria prunifolia (Kunth) Steyerm. 3598
Psychotria turbinella Müll.Arg. 3602
Rudgea longiflora Benth. 3494
Simira rubescens (Benth.) Bremek. ex
Steyerm.
3512
Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.)
K.Schum. *
3637
Salicaceae Casearia arborea (Rich.) Urb. 3583
Casearia javitensis Kunth 3476
Sapindaceae Matayba purgans Radlk. 3584
Talisia retusa R.S.Cowan 3564
Sapotaceae Micropholis guyanensis (A. DC.) Pierre SSP 3538
Pouteria gardneriana (A.DC.) Radlk. 3507
Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. 3577
Ulmaceae Ampelocera edentula Kuhlm * 2864/4112
Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. 3629
Qualea multiflora Mart. 3599
Qualea parviflora Mart. 3634/3630
Qualea sp. 3451
Vochysia floribunda Mart. 3549
Vochysia pyramidalis Mart. 2840
As famílias com maior riqueza foram Rubiaceae 16 (espécies), Annonaceae e Fabaceae (15), Myrtaceae (12), Chrysobalanceae (8), Burseraceae e Moraceae (7), Euphorbiaceae e Vochysiaceae (6), Apocynaceae e Melastomataceae (5) e Erythroxylaceae (4), que juntas representaram 41,21% da riqueza total (Figura 2).
Rubiaceae apresentou a maior riqueza de espécie, sendo o gênero mais representativo, Psychotria (5 ssp.). Zappi et al. (2011), em estudos na região do Parque Estadual do Cristalino, próximo à área de estudo, relatou que a família Rubiaceae ocorre com a segunda maior riqueza de espécies, sendo Psychotria com maior representatividade corroborando com esse estudo.
Na Reserva Ducke, foi estimada 2079 espécies onde a família Annonaceae está entre as mais diversas, sendo encontradas 60 espécies dessa família (HOPKINS, 2005). Segundo ZAPPI et al. (2011), a família Annonaceae é apresentada como uma das três famílias com maior quantidade de indivíduos, e entre as dez famílias com maior riqueza de espécies. Nesse estudo, a família Annonaceae ocorre como a segunda mais diversa.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2044
FIGURA 2: Riqueza de espécies de angiospermas da região de influência da UHE Sinop, Médio Teles Pires, Mato Grosso.
A família Fabaceae apresenta 15 espécies, sendo a terceira com maior riqueza na área estudada. Esses dados são corroborados por estudos de IVANAUSKAS et al. (2002), ARAUJO et al. (2009), FERREIRA et al. (2008), KUNZ et al. (2008) em estudos em áreas de contato Floresta-Cerrado e na Floresta Amazônica também configura entre as famílias com maior riqueza de espécies, como citados por MALHEIROS et al. (2009), OLIVEIRA & AMARAL (2004), e na Floresta Estacional Perenifólia de acordo com KUNZ et al. (2010).
Das 163 espécies amostradas, 38 não constam na lista Oficial da Flora do Brasil como ocorrência para o estado de MT, o que corresponde a 23,33% do total de espécies amostradas nesse estudo. A Família Annonaceae (Figura 3) apresentou o maior número de espécies cujos nomes não estão com distribuição para o Estado, embora todas tenham sido registradas nos estados circunvizinhos no Bioma Amazônico ou Cerrado. Tendo em vista que espécies que com frequência são encontrados em áreas de cerrado e pantanal mato-grossense como Tocoyena
formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. (Rubiaceae) e na parte norte do Estado, a Copaifera langsdorffii Desf não consta na Flora do Brasil para o MT, ocorrendo como
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2045
FIGURA 3. Número de espécie por família, que não consta com distribuição para o Estado de Mato Grosso na lista da Flora do Brasil.
CONCLUSÃO
Em relação ao total de espécies vegetais, apenas 23% são novos registros. Porém, o fato de espécies que ocorrem na região não estarem sendo citadas na flora para o MT, indica a grande lacuna de coleta que existe na região. Dessa forma, sugere-se o aumento de coletas florísticas na região, sendo essa uma importante contribuição para ampliação do conhecimento da flora do MT.
AGRADECIMENTOS
À Themag Engenharia e Juris Ambientis Consultoria, empresa responsáveis pelos estudos de impactos ambientais da UHE Sinop, o qual a primeira participou da componente vegetação.
REFERÊNCIAS
ACKERLY, D. D., W. W. THOMAS, C. A. C. Ferreira, and J. R. PIRANI, 1989: The Forest-cerrado transition zone in Southern Amazonia: results of the 1985 Projeto Flora Amazônica Expedition to Mato Grosso. Brittonia, 41(2), 1989, pp. 113-128. ARAUJO, R. A., COSTA, R. B., FELFILI, J. M., GONÇALVEZ, I. K., SOUSA, ROBERTO A. T. M., & DORVAL, A. (2009). Florística e estrutura de fragmento florestal em área de transição na Amazônia Matogrossense no município de Sinop. Acta Amazonica, 39(4), 865-877.
ARAÚJO, R. A., Dinâmica de supressão da vegetação em área de tensão ecológica no Município de Sinop, MT. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT. Orientador: Prof. Dr. Reginaldo Brito da Costa. Co-orientadora: Profa. Dra. Jeanine Maria Felfili.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2046 BIGGS, N.; HIND, N. 2013. Sciadocephala gracieliae (Compositae: Eupatorieae: Adenostemmatinae): a new species from Mato Grosso State, and a new generic record for Brazil. Kew Bulletin, (68): 309 Y 315
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto RADAM. Folha SC21. Juruena. Rio de Janeiro, 1979.
CHASE, M.W. & REVEAL, J.L. 2009. A phylogenetic classification of the land plants to accompany APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v.161, p.122-127. 2009.
CHIRON, G.R., & PETINI-BENELLI, A., 2012: Une nouvelle espèce d'Acianthera (Orchidaceae, Pleurothallidinae) du Mato Grosso (Brésil). Richardiana, 2012 – p. 65-70 - ISSN 1626-3596 (imp.) - 2262-9017 (élect.)
FORZZA, R.C., FILARDI, F.L.R., COSTA, A., CARVALHO JUNIOR, A.A., PEIXOTO, A.L., WALTER, B.M.T., BICUDO, C., MOURA, C.W.N., ZAPPI, D., COSTA, D.P., LLERAS, E., MARTINELLI, G., LIMA, H.C., PRADO, J., STEHMANN, J.R., BAUMGRATZ, J.F.A., PIRANI, J.R., SYLVESTRE, L.S., MAIA, L.C., LOHMANN, L.G., PAGANUCCI, L., ALVES, M.V.S., SILVEIRA, M., MAMEDE, M.M.H., BASTOS, M.N.C., MORIM, M.P., BARBOSA, M.R., MENEZES, M., HOPKINS, M., SECCO, R., CAVALCANTI, T. & SOUZA, V.C., Coords. 2010. Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Andréa Jakobson Estúdio, Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2v.
FORZZA, R. C., BAUMGRATZ, J. F. A., BICUDO, C. E. M., CANHOS, D. A. L., JUNIOR, A. A. C., COELHO, M. A. N., COSTA, A. F., COSTA, D. P., HOPKINS, M. G., LEITMAN, P. M., LOHMANN, L. G., LUGHADHA, E. N., MAIA, L. C., MARTINELLI, G., MENEZES, M., MORIM, M. P., PEIXOTO, A. L., PIRANI, J. R., PRADO, J., LUCIANO P., QUEIROZ, S. S., SOUZA, V. C., STEHMANN, J. R., SYLVESTRE, L. S., WALTER, B. M. T., e ZAPPI D. C.: New Brazilian Floristic List
Highlights Conservation Challenges
BioScience, 2012. 62: 39-45.
FRISBY, S.; HIND, D.J.N. 2014. Ichthyothere sasakiae, (Compositae: Heliantheae: Milleriinae), a new species from the Amazonian campo rupestre of northern Mato Grosso State, Brazil. Kew Bulletin, 69: 9504. 2014.
HOPKINS, M.J.G. 2005. Flora da Reserva Ducke. Rodriguésia, 56(86): 9-25.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2012, Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Av. Franklin Roosevelt, 166 - Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro, RJ – Brasil
IVANAUSKAS, N. M. Estudo da vegetação na área de contato entre formações florestais em Gaúcha do Norte-MT. 2002. 185f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
KILLEEN, T.J. e SOLÓRZANO, L.A. 2008. Conservation strategies tomitigate impacts from climate change in Amazonia. Phil. Trans. R. Soc. B., 363: 1881-188
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2047
KUNZ, S. H.; IVANAUSKAS, N. M.; MARTINS, S. V.; SILVA, E. & STEFANELLO, D. 2008. Aspectos florísticos e fitossociológicos de um trecho de Floresta Estacional Perenifolia na Fazenda Trairão, Bacia do rio das Pacas, Querência-MT. Acta Amazônica, 38:245-254.
KUNZ, S. H.; MARTINS, S. V.; IVANAUSKAS, N. M.; STEFANELLO, D. & SILVA, E. Fitossociologia de uma área de Floresta Estacional Perenifólia na Fazenda Amoreiras, Querência, MT. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.34, n.4, p.713-721, 2010 KUNZ, S. H.; IVANAUSKAS, N. M.; MARTINS, S. V.; STEFANELLO, D. & SILVA, E. Fitossociologia do Componente arbóreo de dois trechos de Floresta Estacional Perenifólia, Bacia do Rio das Pacas, Querência-MT. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 1, p. 1-11, 2014.
FORZZA, R.C.; STEHMANN, J.R.; NADRUZ, M.; COSTA, A.; CARVALHO, A.A.; WALTER, B.M.T.; BICUDO, C.; MOURA, C.W.N.; ZAPPI, D.; COSTA, D.P.; PERALTA, D.F.; LLERAS, E.; MARTINELLI, G.; LIMA, H.C.; PRADO, J.; BAUMGRATZ, J.F.A.; PIRANI, J.R.; SYLVESTRE, L. S.; MAIA, L.C.; LOHMANN, L.G.; PAGANUCCI, L.; ALVES, M.V.S.; SILVEIRA, M.; MAMEDE, M.C. H.; BASTOS, M.N.C.; MORIM, M.P.; BARBOSA, M.R.; MENEZES, M.; SOARES, M.L.; EVANGELISTA, P.H.L.; GOLDENBERG, R.; SECCO, R.; RODRIGUES, R.S.; CAVALCANTI, T.; SOUZA, V.C. Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 27 agosto de 2014.
MALHI, Y., L.E.O.C. ARAGÃO, D. GALBRAITH, C. HUNTINGFORD, R. FISHER, P. ZELAZOWSKI, S. SITCH, C. MCSWEENEY AND P. MEIR. 2009: Exploring the likelihood and mechanism of a climate-change-induced dieback of the Amazon rainforest PNAS 2009 106 (49) 20610-20615; published ahead of print February 13, 2009,doi:10.1073/pnas.0804619106
NELSON, B.W.; FERREIRA, C.A.; SILVA, M.F. & KAWASAKI, M.L. 1992. Refugia: Endemism Centers and Collecting Density in Brazilian Amazonia. Nature, 345: 714-716.
PENNINGTON, T.D.; CLARKSON, J.J. 2013. A revision of Guarea (Meliaceae). Edinburgh Journal of Botany 70 (2): 179–362.
PETINI-BENELLI, A; GRADE, A. Catasetum apolloi Benelli & Grade (Orchidaceae): correction taxinomique. Richardiana, v. 7, n. 4, p. 153-157, 2012.
SCHULMAN, L.; TOVOINEN, T. & RUOKOLAINEN. 2007. Analysing Botanical Collection Effort in Amazonia and Correcting for it in Species Range Estimation. Journal of Biogeography, 34(8): 1388-1399
SEPLAN/MT. ZONEAMENTO SÓCIO-ECONOMICO-ECOLÓGICO: Diagnóstico sócio-econômico-ecológico do Estado de Mato Grosso. Aspectos das formações vegetais/uso do solo Folha MIR-220 – Rio Cururu – Folha MIR -247 – Rio Teles Pires. 2ª. Aproximação. 2001. Dados secundários do DSEE/MT: Zoneamento
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014 2048
SOUZA, V.C. e LORENZI, H. Botânica Sistemática: Guia Ilustrado para Identificação das Famílias de Fanerógamas Nativas e Exóticas no Brasil, Baseado em APG III. 3. ed. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 2012. TEIXEIRA, L.; ROSENDO, J. S. 2004. A expansão da fronteira agrícola no norte do Mato Grosso: impactos sócio-ambientais da exploração madeireira. Sociedade & Natureza, 16: 71-79.
VANDERPLANK, J.; ZAPPI, D. 2011. Passiflora cristalina, a striking new species of
Passiflora (Passifloraceae) from Mato Grosso, Brazil. Kew Bulletin, (66): 149–153.
ZAPPI, D. C., SASAKI, D., MILLIKEN, W., IVA, J., H., GRACIELI S., BIGGS, N., & FRISBY, S., (2011). Plantas vasculares da região do Parque Estadual Cristalino, norte de Mato Grosso, Brasil. Acta Amazonica, 41(1): 29-38. Retrieved September 30, 2014,.