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III A COMPOSTAGEM E SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS UMA VISÃO DA COMPLEXIDADE DO TEMA

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Academic year: 2021

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-091 - A COMPOSTAGEM E SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS –

UMA VISÃO DA COMPLEXIDADE DO TEMA

Fabiana Abreu de Rezende(1)

Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Lavras (MG). Estudante de mestrado em Geoquímica e Meio Ambiente pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA).

Josanídia Santana Lima

Bióloga, Doutora em Ecologia Paisagística pela Universidade de Kassel, Alemanha; Professora Adjunto IV do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia. Ganhadora do Prêmio CETREL/ABES de Tecnologia Ambiental no 18º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Atua nas áreas de Biomonitoramento da poluição atmosférica urbana e industrial e no gerenciamento de resíduos sólidos urbano e industrial. Orientadora do trabalho (joslima@ufba.br)

Roza Amélia Pereira Cambuí

Graduanda em Ciências Biológicas no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia.

Endereço(1): Rua Jardim Federação, 451/11 – Federação – Salvador – BA – CEP 40231-060 – Brasil – Tel: (71) 3331-1439-e-mail: rezendefa@yahoo.com.br

RESUMO

Sendo a destinação adequada de resíduos sólidos de grande preocupação para a população humana, soluções para a redução de sua disposição final, em lixões ou aterros, se torna muito importante. A reciclagem da fração orgânica deste resíduo, que corresponde à cerca de 40% do total, vem sendo muito trabalhada especialmente no aproveitamento deste material como adubo a ser utilizado em áreas agrícolas. Inúmeros benefícios podem ser alcançados com esta reciclagem de material orgânico, mas a qualidade deste é de fundamental importância para seu uso seguro. O presente trabalho tem como objetivos capacitar os integrantes de uma cooperativa de agricultores de algumas comunidades do litoral Norte da Bahia (COOPEVALES), a utilizar o adubo orgânico que será produzido por uma Unidade de Processamento de Resíduos, de forma segura e sem riscos para o meio ambiente. A capacitação da comunidade foi feita através de aulas, cuja definição dos temas teve a participação da própria comunidade. Cada propriedade rural que posteriormente se beneficiará com o adubo produzido pela usina teve seu solo coletado e analisado. Com o início do funcionamento da usina o adubo produzido também foi analisado. As análises dos solos das propriedades indicam solos com baixa fertilidade. Os primeiros resultados do adubo obtido mostram a necessidade de otimização do processo de produção e possíveis ajustes nos equipamentos, bem como melhor seleção dos resíduos a serem usados no processo. Com os devidos ajustes vislumbra-se o fechamento de um ciclo que se inicia com o aproveitamento de resíduos, produção de adubo, enriquecimento de solos, produção e comercialização de alimentos. Fatores fundamentais para o desenvolvimento da comunidade em questão. PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem de orgânicos, comunidades rurais, uso de adubos orgânicos, capacitação.

INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações da população mundial consiste na destinação adequada de resíduos sólidos urbanos. Existem inúmeras formas de se reutilizar estes resíduos, reciclar estes materiais e também há uma tentativa de se minimizar a produção destes através da redução do consumo excessivo. Grande parte dos resíduos sólidos urbanos, cerca de 40%, se apresenta na forma orgânica (Silva, 2003) e uma solução para a diminuição de seus impactos consiste em sua transformação em adubo orgânico a ser aplicado em solos agrícolas, de parques e jardins, recuperação de áreas degradadas e produção de mudas. A reciclagem da fração orgânica dos resíduos sólidos tem se apresentado como uma alternativa viável e ambientalmente correta para a destinação de resíduos sólidos, priorizando a reciclagem da fração decomponível, o que contribui significativamente para a redução do volume de lixo, não degrada o ambiente além de permitir a obtenção de fertilizantes (Escosteguy et al, 1993 citado por Figueiredo, 2001).

Sua aplicação, no entanto, depende de um trabalho de conscientização e sensibilização das pessoas que irão utilizar este material, pois com a grande difusão dos adubos inorgânicos de alta solubilidade, o uso de

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

composto orgânico ficou visto como defasado e inviável devido aos grandes aportes de material que deve ser aplicado nas áreas, dificultando seu transporte.

Este trabalho está inserido no contexto do programa de desenvolvimento sócio-ambiental das comunidades do litoral norte da Bahia (Programa Berimbau) e vem sendo desenvolvido com financiamento da Fundação Banco do Brasil e Empreendimento Costa do Sauipe. O programa tem como objetivo implantar diversos projetos de desenvolvimento em pequenas comunidades desta região. A implantação de uma Unidade de Processamento de Resíduos (UPR), a organização de pequenos agricultores em uma cooperativa e o acompanhamento técnico destes, são algumas das iniciativas deste programa diretamente relacionadas a este trabalho.

O presente trabalho tem como objetivos capacitar os integrantes da cooperativa de agricultores de algumas comunidades do litoral Norte da Bahia - Coopevales, a utilizar o adubo orgânico produzido pela UPR, de forma segura e sem riscos para o meio ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

O lixo orgânico será selecionado e recolhido na fonte produtora, ou seja, não apresentará contaminação por inorgânicos. Sua transformação em adubo orgânico de qualidade é de responsabilidade da UPR, que recorre ao uso de biocatalizadores, responsáveis pela aceleração do processo.

A tecnologia de aceleração da degradação do resíduo orgânico consiste em: processo de biodegradação acelerada que transforma vários resíduos orgânicos (lixo doméstico, serragem de madeira, bagaço de cana, lodo de esgoto, dentre outros resíduos orgânicos) em um tempo de até 72 horas em Biofertilizante Organofértil e Organomineral, tendo biocatalizadores específicos, obtidos por processo único e exclusivo com patente requerida (www.bioexton.com.br).

Os integrantes da cooperativa irão utilizar este adubo em seus solos e incrementar sua produção agrícola e a equipe de técnicos ficará responsável pelo monitoramento da qualidade deste adubo e pela sensibilização dos cooperados para a importância de seu uso.

Para dar início ao processo de capacitação e sensibilização dos agricultores, foi utilizado o método de pesquisa-ação que, de acordo com Thiollent (1997) consiste: “essencialmente em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores implicados participam, junto com os pesquisadores, para chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas coletivos, buscando e experimentando soluções em situação real”. O que se fez foi inserir nas reuniões dos agricultores cooperativados a participação dos integrantes da equipe de técnicos. Durante as reuniões quinzenais, solicitou-se a sugestão de temas para palestras de interessolicitou-se dos cooperativados e dentro destas solicitações foram inseridos temas chaves. As aulas foram ministradas de forma bastante ilustrativa para um aproveitamento abrangente de todos os participantes e em alguns momentos utilizou-se de técnicas de dinâmica de grupo. Os temas abordados foram: conservação do solo, pH do solo, equilíbrio solo-planta, fertilidade do solo, manejo de pragas e doenças, importância e contaminação das águas e a problemática do lixo e suas possíveis soluções. Além do trabalho de capacitação foi feito um acompanhamento técnico dos solos que receberão o adubo orgânico. Estes solos foram coletados e analisados no LAVIET (Laboratório de Alternativas Viáveis a Impactos em Ecossistemas Terrestres – www.laviet.ufba.br). Os parâmetros analisados foram: fertilidade completa e granulometria (segundo metodologia descrita pela EMBRAPA, 1997). O adubo produzido em fase de implantação e experimentação do processo, também foi analisado.

RESULTADOS OBTIDOS / ESPERADOS

As aulas foram muito proveitosas e contaram com a participação expressiva dos agricultores (Foto 1), que se mostraram cada vez mais interessados. Os cooperados aguardam a produção do adubo em larga escala para seu uso no beneficiamento dos solos e consequente produção agrícola. As práticas de dinâmica de grupo contribuem para uma maior integração do grupo e devem ser adotadas regularmente pela diretoria da cooperativa.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Foto 1. Reunião entre os agricultores e a equipe técnica da UFBA.

Os resultados das análises de solo foram entregues aos agricultores que, em sua maioria, ainda não haviam feito anteriormente este tipo de análise e puderam conhecer melhor as características dos solos de suas áreas. Na foto 2 observa-se uma das idas a campo para a coleta dos solos nas áreas dos agricultores da cooperativa. A baixa fertilidade dos solos pode ser confirmada na Tabela 1. Trata-se de solos com altas proporções de areia e pouca presença de matéria orgânica o que pode indicar o grande benefício que a adição do adubo orgânico irá trazer a estes solos.

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Tabela 1: Resultados Parciais das Análises de Solo nas Areas de Alguns Agricultores.

Parâmetros / Agricultor 1 2 3 4 pH (em H2O) 5,1 5,5 5,3 5,1 Carbono (dag/kg) 0,73 1,23 0,28 0,21 M. Orgânica (dag/kg) 1,26 2,12 0,48 0,36 Fósforo ( mg/dm3) 2,4 2,4 < 1 < 1 Ca + Mg (cmolc/dm3) 0,41 0,78 0,44 0,67 Cálcio (cmolc/dm3) 0,28 0,3 0,19 0,20 Magnésio (cmolc/dm3) 0,13 0,48 0,25 0,47 Relação Ca/Mg 2,15 0,63 0,76 0,43 Potássio (cmolc/dm3) 0,04 0,04 0,04 0,04 Potássio ( mg/dm3) 12 13,2 12 12 Sódio (cmolc/dm3) 0,07 0,08 0,02 0,07 Alumínio (cmolc/dm3) 0,42 1,16 0,11 0,26 Al + H (cmolc/dm3) 2,76 5,32 0,98 1,57 S. Bases (cmolc/dm3) 0,52 0,9 0,50 0,78 CTC (cmolc/dm3) 3,28 6,22 1,49 2,35 Relação V (%) 15,85 14,47 33,56 33,19 Relação ( Al/Al+S).100 44,68 56,31 10,48 25 Micronutrientes Ferro ( mg/dm3) 71,04 34,32 72,24 27,48 Cobre ( mg/dm3) 0,70 0,78 0,94 1,27 Zinco ( mg/dm3) 0,01 0,01 0,01 0,01 Manganes ( mg/dm3) 2,62 0,84 1,13 0,01 Granulometria Argila (%) 5,5 2,7 4,8 31,4 Silte (%) 20 4,6 2,1 12,1 Areia Fina (%) 11,6 33,4 26,8 25,2 Areia Grossa (%) 61,0 56,4 65,5 30,2 Umidade (%) 0,6 0,8 0,3 0,7 Matéria Orgânica (%) 1,3 2,1 0,5 0,4

A Tabela 2 e 3 mostram os resultados das análises feitas no adubo produzido na fase inicial de funcionamento da UPR.

Tabela 2: Resultados das Análises Realizadas no Adubo Produzido na UPR.

pH M.O C N Ca 2+ Mg 2+ H + Al Al 3+ K+1 Na+1 P Conduti- vidade Amostra g/kg Cmolc/Kg mg/Kg µS/cm 7,1 351,32 203,78 9,2 19,13 4,1 4 0 0 3.300 2.000 85, 2 7.640

Tabela 3: Fertilidade do adubos orgânico Produzido na UPR. Micronutrientes

Mg/kg Amostra

Ferro Cobre Zinco Manganês

110 66 2,96 219

O aperfeiçoamento no processo seletivo do lixo e na produção do adubo incrementará sua qualidade. Devido à proximidade da UPR com as áreas agrícolas, espera-se ter uma maior facilidade na distribuição do composto, resultando em maior difusão do uso deste recurso em toda a região. A continuidade do projeto está vinculada à produção do adubo em escala comercial e sua distribuição entre os cooperados.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DIAS, O. B. Caracterização da Matéria Orgânica e Quantificação de Substâncias Húmicas de Latossolo sob Aplicação Continuada de Lodo de Esgoto. Lavras. 2005. Dissertação de Mestrado. Departamento de Ciência do Solo-Universidade Federal de Lavras/MG, 2005.

2. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Manual de métodos de análises de solo. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. 2. ed. Rio de Janeiro. Ed. Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1997.

3. FIGUEIREDO, M. B. S. Avaliação do uso de composto orgânico proveniente de lixo urbano na recuperação de taludes do aterro sanitário da LIMPEC- Camaçari- Ba. PIBIC-2001.

4. KIEHL, E. J. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba; Editora Agronômica “Ceres” Ltda., 1985.

5. SILVA, F. C., SILVA, C. A., BERGAMASCO, A. F., RAMALHO, A. L. Efeito do período de incubação e de doses de composto de lixo urbano na disponibilidade de metais pesados em diferentes solos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, 2003.

6. STEUBING, L., GODOY, R., ALBERDI, M. Monografias: Métodos de Ecología Vegetal. Editorial Universitaria, S. A. Santiago do Chile, 2002.

7. THIOLLENT, M. Pesquisa-ação nas organizações. São Paulo, 1997. 8. <www.bioexton.com.br>: Acesso em 10/03/05.

Referências

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