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TEXTOS PARA DISCUSSÃO UFF/ECONOMIA

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Academic year: 2021

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Universidade Federal Fluminense

TEXTOS PARA DISCUSSÃO

UFF/ECONOMIA

Universidade Federal Fluminense Faculdade de Economia

Rua Tiradentes, 17 - Ingá - Niterói (RJ)

Tel.: (0xx21) 2629-9699 Fax: (0xx21) 2629-9700 http://www.uff.br/econ

esc@vm.uff.br

Professora da Faculdade de Economia/UFF. E-mail: anepm@globo.com.

Em Direção as Metas de

Desenvolvimento do

Milênio: uma análise

regional

Rosane Mendonça

TD 179 Outubro/2005

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Em Direção as Metas de Desenvolvimento do Milênio:

uma análise regional

Resumo

A melhoria do desenvolvimento humano, com a promoção de melhores condições de vida para a população nas regiões menos desenvolvidas, tem recebido grande destaque nas inúmeras conferências internacionais. Em setembro de 2000, os líderes de 189 países se reuniram em Nova York e estabeleceram objetivos mundiais de desenvolvimento, conhecidos como as Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Quando se observa o cumprimento de tais metas para o Brasil como um todo, verifica-se que ele já atingiu ou está preste a atingir várias das metas estabelecidas. No entanto, quando focamos nossa atenção nos estados brasileiros, observamos que enquanto alguns estados já atingiram essas metas a alguns anos, outros só deverão atingi-las vários anos (ou mesmo décadas) após o prazo estabelecido de 2015. Assim, apresentar o Brasil para o mundo como um país que vêm cumprindo as metas, evidentemente, tem sua importância; internamente, contudo, essa informação tem pouca relevância. De fato, o estabelecimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio representa mais uma oportunidade para que observemos a baixa efetividade da política social, refletida no nível dos vários indicadores analisados.

Neste trabalho buscamos descrever o nível e a evolução dos principais indicadores relacionados às Metas de Desenvolvimento do Milênio, estimar a velocidade histórica com que esses indicadores vêm melhorando e, portanto, avaliar a posição da região ou estado frente aos objetivos de desenvolvimento do milênio, além de descrever um pouco do processo de convergência entre as grandes regiões brasileiras, e entre os estados pertencentes a cada região.

Apesar da grande convergência entre os estados do Norte e Nordeste, e os estados pertencentes às demais regiões, as disparidades ainda são muito elevadas. Ainda se faz necessário concentrar cada vez mais esforços com o intuito de melhorar o nível dos indicadores nos estados destas duas regiões, aumentando suas chances de também vir a atingir as metas estabelecidas até 2015.

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Em Direção as Metas de Desenvolvimento do Milênio:

uma análise regional

*

1. Introdução

A melhoria do desenvolvimento humano1, com a promoção de melhores condições

de vida para a população nas regiões menos desenvolvidas, tem recebido grande destaque nas inúmeras conferências internacionais. Observa-se um grande esforço em desenhar uma estratégia global para reverter o quadro de extrema pobreza, fome, analfabetismo e doenças que afetam milhões de pessoas. A idéia é de que o mundo já possui tecnologia e conhecimento suficientes para resolver a maioria dos problemas enfrentados pelos países pobres. Contudo, uma vez que as especificidades de cada país e sua capacidade em absorver e utilizar os recursos são tão variadas – tanto em termos de suas necessidades quanto de recursos –, faz-se necessário o desenho não de uma estratégia global, mas uma série de estratégias específicas para cada país.

Em setembro de 2000, os líderes de 189 países se reuniram em Nova York e estabeleceram objetivos mundiais de desenvolvimento, conhecidos como Metas de

Desenvolvimento do Milênio (MDM). São oito objetivos centrais subdivididos em

dezoito metas (veja Tabela 1). A Conferência Internacional sobre o Financiamento para o

Desenvolvimento veio reforçar os resultados obtidos em 2000, examinando as várias opções

para prover os recursos necessários para o cumprimento das metas estabelecidas. Reformas econômicas e políticas seriam implementadas nos países em desenvolvimento de forma a reforçar a ajuda dos países mais ricos que chegaria em forma de doações, investimentos ou mesmo reduções nas dívidas externas. Em setembro de 2002, a Conferência Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em Johannesburgo, selou o compromisso de avaliar as

mudanças globais e de realizar ações concretas para melhorar a qualidade de vida da população, conservando os recursos naturais num mundo onde a população é cada vez mais numerosa, e é crescente a demanda por água, comida, energia, serviços de saúde, saneamento, proteção e segurança econômica.

Em suma, as agências internacionais vêm realizando um grande esforço com o objetivo de não somente renegociar as dívidas externas dos países mais pobres mas, também, alocar recursos para reduzir a extrema pobreza e promover o desenvolvimento sustentável.

Além do conhecimento fundamental sobre a viabilidade de se solucionar o problema da extrema pobreza e de várias outras questões sociais que afligem a população, o grande volume de pesquisas produzidas tem, por um lado, identificado um número crescente de

* Este estudo foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID. Gostaria de agradecer muito os comentários e sugestões de Carlos Eduardo Vélez-Echavaria, Viviane Azevedo, Maurício Blanco e Carlos Alberto Herrán.

1 O conceito de desenvolvimento humano aparece pela primeira vez em 1990, especificamente no Relatório do

PNUD desse mesmo ano. A partir desse ano, este conceito foi permanentemente alterado no sentido de incluir mais categorias com a finalidade de obter uma definição que responda às exigências e desafios contemporâneos, bem como permitir a operacionalização mais eficiente deste conceito.

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políticas, programas e formas alternativas de intervenção, e por outro, tornado cada vez mais evidente que esses problemas não aparecem de uma única forma, isto é, não existe uma única forma de pobreza, mas uma variedade delas.

O conjunto mais efetivo de políticas para enfrentar esses problemas sociais em cada país dependerá crucialmente de uma série de características específicas locais e, portanto, a disponibilidade de recursos e de conhecimento sobre a eficácia dos programas sociais não é suficiente. O sucesso de um programa de erradicação da pobreza depende, em grande medida, da adaptabilidade da solução às condições locais (seja o país, o estado ou o município). Por isso, embora se possa falar, em linhas gerais, do desempenho do Brasil com relação a uma série de indicadores, cada região, estado, município ou mesmo comunidade, em função de suas especificidades, natureza e estágio de desenvolvimento requererá uma estratégia própria para enfrentar esses problemas, adaptada a essas especificidades.

No que diz respeito ao cumprimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio não poderia ser diferente. Observamos que o Brasil já atingiu ou está preste a atingir várias das metas estabelecidas. No entanto, quando focamos nossa atenção no desenvolvimento das regiões e seus estados, observamos algo que o nosso bom senso já dizia: enquanto alguns estados já atingiram essas metas há alguns anos, outros só deverão atingir essas metas, tudo mais constante, vários anos (ou mesmo décadas) após o prazo estabelecido de 2015. Ou seja, apresentar o Brasil para o mundo como um país que vêm cumprindo as metas, evidentemente, tem sua importância; internamente, contudo, essa informação tem pouca relevância.

O objetivo deste trabalho é analisar alguns dos os indicadores propostos em cada uma das metas, não somente ao nível do país como um todo, mas principalmente ao nível das grandes regiões e estados brasileiros, buscando posicioná-los frente aos objetivos de desenvolvimento do milênio. As desigualdades regionais, em termos do desempenho de grande parte dos indicadores, são grandes e necessitam, sempre que possível, serem dimensionadas e monitoradas.

O trabalho encontra-se organizado em sete seções, além desta introdução e das conclusões finais, obedecendo às metas de desenvolvimento do Milênio estabelecidas2. Mais

especificamente, o que o trabalho se propõe a fazer é descrever o nível e a evolução dos principais indicadores sociais, estimar a velocidade histórica com que esses indicadores vêm melhorando e, portanto, avaliar a posição da região ou estado frente as objetivos de desenvolvimento do milênio, e descrever um pouco do processo de convergência entre as grandes regiões brasileiras, e entre os estados dentro de cada região.

2 Como o foco deste estudo é uma análise ao nível das regiões e estados brasileiros, o último objetivo –

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Tabela 1: Metas de Desenvolvimento do Milênio

Objetivo 5: Melhorar a saúde materna

Objetivo 4: Reduzir a mortalidade na infância

Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar PPC por dia.

Objetivo 1: Erradicar a extrema pobreza e a fome

Objetivo 2: Atingir o ensino fundamental básico

Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome.

Garantir que até 2015 todas as crianças, de ambos os sexos, concluam o ensino fundamental básico

Objetivo 3: Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

Eliminar as disparidades entre os sexos no ensino fundamental e médio, se possível até 2005, e em todos os níveis de ensino até 2015.

Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos de idade.

Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em regras, previsível e não discriminatório.

Objetivo 6: Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças

Até 2015 ter detido, e começado a reverter a propagação do HIV/AIDS.

Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.

Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura.

Objetivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental

Até 2015 ter detido, e começado a reverter, a incidência da malária e outras doenças importantes.

Em cooperaçao com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial as

tecnologias de informação e de comunicações.

Objetivo 8: Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Até 2020, ter alcançado uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.

Atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos. Inclui: um regime isento de direitos e não

sujeito a quotas para as exportações dos países menos desenvolvidos; um programa reforçado de redução da dívida dos países pobres muito endividados.

Atender às necessidades especiais dos países interiores e dos pequenos estados insulares em desenvolvimento. Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medidas nacionais e

internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável no longo prazo.

Em cooperação com os países em desenvolvimento, formular e executar estratégias que permitam que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo.

Em cooperação com empresas farmacêuticas, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços

acessíveis, nos países em vias de desenvolvimento.

2. Desenvolvimento humano: análise regional

Alguns dos indicadores propostos internacionalmente não foram analisados nas seções a seguir por falta de informação ou acesso à mesma. Além disso, os indicadores utilizados para avaliar o desempenho das regiões e seus estados no cumprimento das metas

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estabelecidas diferem, algumas vezes, daqueles que foram propostos internacionalmente, por limitações nas fontes de informação.

Quando a fonte de informação for a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, os dados para a região Norte e seus estados (exceto Tocantins a partir de 1992) não estarão sendo apresentados uma vez que o IBGE não coleta informações para as áreas rurais nestes estados. Apenas no caso do estado do Tocantins, a partir de 1992, passou-se a coletar informações também para a área rural. Portanto, os números para os estados da região Norte não são comparáveis com os dos demais estados cuja informação refere-se tanto a área urbana quanto rural. Além disso, há problemas de cobertura nos estados da região Norte, levando a que, muitas vezes, a amostra seja pequena, gerando grandes flutuações estatísticas.

2.1. Erradicar a extrema pobreza e a fome

O primeiro objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é a erradicação da extrema pobreza e da fome. Duas metas fazem parte desse objetivo: (a) reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a 1 dólar PPC por dia, e (b) reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome.

Quatro indicadores foram utilizados para analisar o desempenho do Brasil, grandes regiões e estados no cumprimento destas metas: (i) porcentagem da população com renda abaixo da linha de extrema pobreza3, (ii) hiato médio de renda, (iii) porcentagem da renda

nacional apropriada pelos 20% mais pobres da população, e (iv) porcentagem de crianças nascidas vivas com baixo peso ao nascer.

Porcentagem da população abaixo da linha de extrema pobreza.

A Tabela 2 apresenta a porcentagem da população abaixo da linha de

extrema pobreza para o período de 1981 a 2003, para o Brasil, grandes regiões e

estados brasileiros, com exceção da região Norte e seus estados. Em 2003, cerca

de 10% da população brasileira ainda se encontrava vivendo em condições de

extrema pobreza. Esse nível, contudo, não é muito diferente do observado no

início dos anos 80 – 13%. Ou seja, nos últimos 23 anos a extrema pobreza foi

reduzida em menos de 3 pontos percentuais. Vale observar que essa redução

ocorreu durante os anos 90, uma vez que ao longo da década anterior, a extrema

pobreza chegou a aumentar.

Enquanto que o nível desse indicador para vários estados do Nordeste é cerca de três vezes maior que a média brasileira (veja Gráfico 1), os estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam níveis bem abaixo da média para o Brasil chegando, no caso de Santa Catarina, a ser seis pontos percentuais menor. Ou seja, a desigualdade entre os estados em termos do número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza é, essencialmente, uma desigualdade entre os estados do Nordeste e os estados das demais regiões.

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Apesar da redução na extrema pobreza ter ocorrido na maioria dos

estados durante os anos 90, e mais intensamente nos estados da região

Nordeste, observamos um aumento nesse indicador para o Distrito Federal e

São Paulo.

Observando a evolução da extrema pobreza em cada região e seus estados, notamos que houve uma acentuada convergência entre os estados da região Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, isto é, as diferenças entre os estados pertencentes a cada uma destas regiões diminuíram ao longo do tempo. Entre os estados da região Sul, apesar da aproximação entre o Rio Grande do Sul e Paraná, não observamos uma convergência entre os três estados, havendo apenas uma troca de posição. Vale lembrar que, como os níveis de extrema pobreza nestes estados já são bem pequenos, a dificuldade em continuar reduzindo esse indicador é naturalmente maior. NORTE Tocantis - - - 33,4 21,2 21,1 -- --NORDESTE Alagoas 25,9 28,4 36,2 29,1 35,0 35,8 9,9 -0,5 Bahia 26,5 29,2 38,2 30,8 29,4 29,5 3,1 -8,7 Ceará 43,1 40,6 44,9 31,3 28,9 27,2 -15,9 -17,7 Maranhão 45,8 41,7 44,5 39,7 33,3 33,6 -12,2 -10,9 Paraíba 42,5 42,8 44,4 25,5 28,6 25,8 -16,7 -18,6 Pernambuco 27,6 29,2 34,9 24,8 29,9 31,4 3,9 -3,5 Piauí 54,8 51,4 58,3 35,6 32,0 34,7 -20,1 -23,6 R.Grande do Norte 33,4 39,6 36,9 23,3 24,2 23,6 -9,8 -13,3 Sergipe 29,7 26,7 27,8 27,4 25,4 24,4 -5,3 -3,4 CENTRO-OESTE Distrito Federal 6,9 8,0 5,4 4,7 7,8 10,5 3,5 5,0 Goiás 16,2 11,6 12,4 10,4 7,6 7,8 -8,4 -4,6 Mato Grosso 9,1 7,4 10,3 9,7 8,6 8,2 -0,9 -2,1

Mato Grosso do Sul 9,1 7,0 9,3 7,6 7,9 6,3 -2,8 -3,0

SUDESTE Espiríto Santo 9,4 10,7 18,7 10,3 9,7 7,8 -1,6 -10,9 Minas Gerais 12,7 13,4 13,5 9,5 8,8 8,1 -4,6 -5,4 Rio de Janeiro 7,3 9,4 10,9 6,9 7,6 7,3 0,0 -3,7 São Paulo 4,6 5,3 4,7 4,6 6,2 6,9 2,3 2,2 SUL Paraná 13,6 14,0 17,1 12,3 9,9 8,0 -5,5 -9,1

Rio Grande do Sul 10,0 8,7 11,8 8,2 7,9 8,1 -1,9 -3,7

Santa Catarina 6,9 8,9 9,2 6,6 4,4 4,0 -2,9 -5,2

BRASIL 13,0 13,0 15,5 11,4 10,2 -2,8 -5,3

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - 1981 a 2003.

A PNAD não foi coletada em 1980 e 2000 por causa dos Censos Demográficos, e também não foi coletada em 1994. Dados para os estados: Barros, R. et alli (2004);

2001

REGIÃO / Ufs 1981

Tabela 2: Pocentagem da população abaixo da linha de extrema pobreza 1995

1990

1985 2003 1981 - 2003Variação 1990 - 2003Variação

O Quadro 1 apresenta a razão entre o hiato do estado e o hiato do Brasil com relação à porcentagem da população abaixo da linha de extrema pobreza. Mais especificamente, o numerador desta razão é simplesmente a distância entre a porcentagem de pessoas extremamente pobres no estado A para o ano mais recente e sua respectiva meta para 2015, tendo como base o ano de 1990. Assim, por exemplo, a extrema pobreza no estado do Ceará em 1990 era de 44,9% e, portanto, sua meta para 2015 é 22,4. A distância entre o nível de

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extrema pobreza no Ceará em 2003 e a meta a ser atingida em 2015 (hiato do estado) é de 4,8. O denominador desta razão é a mesma conta feita anteriormente para o estado do Ceará, só que agora para o Brasil. Assim, estimamos a distância entre a porcentagem de pessoas extremamente pobres em 2003 e a meta a ser atingida pelo país em 2015.

Gráfico 1: Pobreza extrema nos estados Brasileiros 1990, 2003 e Meta para 2015 21,1 35,8 34,7 33,6 31,4 29,5 27,2 25,8 24,4 23,6 10,5 8,2 7,8 6,3 8,1 7,8 7,3 6,9 8,1 8,0 4,0 7,7 10,2 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 Toc antins Alago as Piauí Mar anhão Per nam buc o Bahí a Cea rá Paraíb a Sergi pe R. G rande D o N orte Distr ito Fed eral Mat o Gr osso Goiá s Mat o Gros so D o Sul Minas Ger ais Espí rito S anto Rio de Janeiro São P aulo Rio G rande Do S ul Para ná Sant a C atar ina Estados do Brasil P o rcen ta ge m da p opu laçã o ab ai xo da l in h a de e xtre m a p obr ez a 1990 2003 Total Nacional 2003 Meta Nacional 2015 Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Norte

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Nota: Apenas para o Estado do Tocantins são coletadas informações tanto para a área rural quanto urbana.

O indicador apresentado no Quadro 1 revela que o hiato do Ceará em relação a sua meta em 2015 é duas vezes maior que o hiato do país. Ou seja, esse indicador nos dá uma idéia do desempenho de cada estado, e do seu desafio em termos de atingir a meta estabelecida, em relação ao desafio da nação como um todo. Quando o indicador é menor do que 1, o estado se encontra em “melhor situação” (com um hiato menor); quando esse indicador é maior que a unidade, significa que o esforço que o estado necessita fazer para cumprir a meta até 2015 deve ser maior.

As informações contidas nesse quadro revelam que os estados do Nordeste encontram-se a uma distância de suas respectivas metas cerca de 1,5 a 7 vezes a distância que o país se encontra de sua meta. Em 5 estados, dentre os 9 que fazem parte da região, esse indicador é superior a 4, isto é, o hiato desses estados em relação as suas metas é mais de 4 vezes maior o hiato do país. Nas demais regiões, os únicos estados que apresentam um hiato próximo ao dos estados da região Nordeste são: Distrito Federal, Mato Grosso e São Paulo.

Hiato de renda médio.

O hiato de renda médio é um indicador da média das distâncias relativas de renda de todos os indivíduos, sejam eles extremamente pobres ou não. Para uma pessoa em situação de extrema pobreza esse indicador é definido como a distância da sua renda à linha de extrema

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pobreza, medida como fração da linha de extrema pobreza. Para os que não são extremamente pobres o hiato de renda é definido como sendo nulo.

Pocentagem da população abaixo da linha de extrema pobreza

Hiato de renda médio (P1)

Pocentagem da renda apropriada pelos 20%

mais pobres

Porcentagem de nascidos vivos com baixo peso ao

nascer Alagoas 7,3 1,6 2,5 0,9 Piauí 2,3 4,0 0,5 0,8 Maranhão 4,7 2,6 1,4 0,8 Pernambuco 5,8 1,7 1,6 0,9 Bahía 4,3 1,9 1,3 1,0 Ceará 2,0 2,4 1,5 0,8 Paraíba 1,5 2,8 0,4 0,8 Sergipe 4,4 1,2 2,2 0,9 R. Grande do Norte 2,1 2,1 1,2 0,9 Norte Tocantins 0,4 2,6 -- 0,8 Distrito Federal 3,2 0,2 1,5 1,1 Mato Grosso 1,3 0,4 1,6 0,8 Goías 0,7 0,6 0,8 0,9

Mato Grosso do Sul 0,7 0,4 1,5 0,9

Minas Gerais 0,6 0,6 1,2 1,2

Espírito Santo 0,0 1,0 0,5 0,9

Rio de Janeiro 0,8 0,5 1,5 1,1

Sao Paulo 1,9 0,3 2,0 1,1

Rio Grande do Sul 0,9 0,6 1,3 1,2

Paraná 0,0 0,9 1,2 1,0

Santa Catarina 0,0 0,4 1,1 1,0

Fonte: os três primeiros indicadores são obtidos com base nas Pesquisas por Amostra de Domicílios (PNADs); O indicador de baixo peso ao nascer é obtido com base Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Notas:

1. Razão entre o hiato do indicador para o estado (ano mais recente) e sua respectiva meta para 2015, e o hiato do indicador entre o Brasil e a meta estabelecida para 2015.

Quadro 1: Razão entre o hiato do estado e o hiato do Brasil1

Ce n tr o -Oe st e Su des te Su l

Objetivo 1: Erradicar a extrema pobreza e a fome

No

rdes

te

Estados

ODMs

As estimativas do hiato de renda médio para a população abaixo da linha de extrema pobreza para o período de 1981 a 2002, e para todas as regiões e estados brasileiros encontram-se na Tabela 3. Em 2002, o hiato de renda médio era cerca de 5%, apenas 1,6 ponto percentual abaixo da estimativa para 1981. Ou seja, em 23 anos o hiato de renda médio foi reduzido em menos de 2 pontos percentuais. De forma similar ao que ocorreu com a porcentagem de extremamente pobres, quando restringimos o período a partir de 1990, a variação no indicador passa a ser duas vezes maior.

Enquanto que o nível desse indicador para os estados do Nordeste é cerca do dobro da média brasileira (veja Gráfico 2), os estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam níveis bem abaixo da média para o Brasil chegando, no caso de Santa Catarina, a ser quatro pontos percentuais menor. Ou seja, como no caso do indicador anterior, a desigualdade entre os estados em termos do hiato de renda médio é, essencialmente, uma desigualdade entre os estados do Nordeste e os estados das demais regiões.

Apesar da maior redução do hiato de renda médio ter ocorrido na maioria

dos estados durante os anos 90, e mais intensamente nos estados da região

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Nordeste, observamos na Tabela 3 um aumento nesse indicador para o Distrito

Federal e São Paulo.

NORTE 3,8 3,5 5,3 7,0 7,2 5,8 1,9 0,5 Tocantis 0,0 0,0 0,0 16,1 9,3 6,5 -- -14,5 NORDESTE 14,0 14,9 17,6 12,9 13,1 10,1 -3,9 -7,6 Alagoas 9,5 9,3 12,8 11,1 14,7 11,8 2,3 -1,0 Bahia 9,0 10,7 15,1 12,7 12,7 10,0 1,1 -5,1 Ceará 18,2 17,1 19,4 13,6 13,1 10,0 -8,1 -9,3 Maranhão 19,8 17,0 21,1 18,1 14,1 10,7 -9,0 -10,4 Paraíba 18,5 18,7 22,4 11,3 12,0 7,9 -10,6 -14,5 Pernambuco 10,3 12,3 14,1 9,8 13,4 10,0 -0,2 -4,1 Piauí 26,8 32,8 32,2 18,3 15,7 12,8 -14,0 -19,4 R.Grande do Norte 13,8 16,7 16,7 8,8 10,1 9,0 -4,8 -7,7 Sergipe 10,2 10,2 9,9 11,5 11,6 7,3 -2,9 -2,6 CENTRO-OESTE 4,2 3,0 4,0 3,7 3,8 3,1 -1,1 -0,9 Distrito Federal 2,8 2,7 2,0 2,1 3,9 3,1 0,3 1,1 Goiás 5,7 3,8 5,0 4,2 3,6 3,2 -2,5 -1,9 Mato Grosso 2,8 2,0 3,5 4,1 4,4 3,4 0,6 -0,1

Mato Grosso do Sul 2,3 2,1 3,2 3,4 3,5 2,5 0,2 -0,7

SUDESTE 2,9 3,0 3,5 2,9 3,6 2,6 -0,2 -0,8 Espiríto Santo 3,1 3,1 8,0 4,2 4,5 2,9 -0,2 -5,0 Minas Gerais 4,3 4,4 4,9 3,8 4,1 2,9 -1,4 -1,9 Rio de Janeiro 3,0 3,2 4,0 2,7 3,3 2,1 -0,9 -2,0 São Paulo 2,0 2,2 2,2 2,5 3,5 2,7 0,6 0,5 SUL 3,9 3,8 5,4 3,7 3,5 2,2 -1,6 -3,2 Paraná 4,8 4,9 7,0 4,8 4,7 2,4 -2,3 -4,6

Rio Grande do Sul 3,6 3,0 5,1 3,3 3,3 2,7 -0,9 -2,3

Santa Catarina 2,6 3,1 3,3 2,8 1,8 1,0 -1,6 -2,3

BRASIL 6,5 6,6 8,1 6,2 6,6 4,9 -1,6 -3,2

Fonte: IPEA DATA. As estimativas são baseadas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - 1981 a 2002. A PNAD não foi coletada em 1980 e 2000 por causa dos Censos Demográficos, e também não foi coletada em 1994. Notas:

Hiato de Renda Médio: média dos hiatos relativos de renda de todos os indivíduos sejam eles extremamente pobres ou não. Define-se como hiato relativo de renda para uma pessoa extremamente pobre a distância da sua renda (Y)

à linha de extrema pobreza (Z), medida como fração desta linha (Z-Y)/Z. Para as pessoas não pobres, define-se o hiato de renda como sendo nulo.

Variação 1990 - 2002 Tabela 3: Hiato de renda médio (P1)

Extrema pobreza

REGIÃO / Ufs 1981 1985 1990 1995 2001 2002 Variação

1981 - 2002

No que diz respeito à convergência entre as grandes regiões, observamos que estas vêm tornando-se mais parecidas com relação ao hiato de renda médio, principalmente em decorrência da maior redução ocorrida na região Nordeste. A diferença entre a região com o maior valor para esse indicador e aquela com o menor valor passou de 11 para 8 ao longo do período analisado.

Entre os estados de cada uma das regiões há uma acentuada convergência entre os estados da região Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, isto é, as diferenças entre os estados pertencentes a cada uma destas regiões diminuíram ao longo do tempo. Entre os estados da região Sul, apesar da aproximação entre o Rio Grande do Sul e Paraná, não observamos uma convergência entre os três estados; há apenas uma troca de posição. Vale lembrar que, como os níveis de extrema pobreza nestes estados já são bem pequenos, a dificuldade em continuar reduzindo esse indicador é naturalmente maior.

O Quadro 1 apresenta a razão entre o hiato do estado e o hiato do Brasil com relação a esse indicador. Assim, por exemplo, o hiato de renda médio no estado do Ceará em 1990

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era de 19,4% e, portanto, sua meta para 2015 é 9,7%. A distância entre o nível desse indicador no Ceará em 2002 e a meta a ser atingida em 2015 (hiato do estado) é de 0,4, uma vez que o nível desse indicador em 2002 era de 10,0%.

Gráfico 2: Hiato de Renda Médio nos estados Brasileiros 1990, 2002 e Meta para 2015 6,5 11,8 12,8 10,7 10,0 10,0 10,0 7,9 7,3 9,0 3,1 3,4 3,2 2,5 2,9 2,9 2,1 2,7 2,7 2,4 1,0 4,0 4,9 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 Toc antins Alago as Piauí Mar anhão Perna mbuc o Bahí a Cea rá Par aíba Sergi pe R. G rande D o Nor te Distr ito Fed eral Mat o Gr osso Goiás Mat o Gros so D o Sul Minas Ger ais Espí rito S anto Rio de Janeiro São P aulo Rio G rande Do S ul Para ná Sant a C atar ina Estados do Brasil H ia to de Re nd a Méd io 1990 2002 Total Nacional 2002 Meta Nacional 2015 Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Norte

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Nota: Apenas para o Estado do Tocantins são coletadas informações tanto para a área rural quanto urbana.

O indicador apresentado no Quadro 1 revela que o hiato do Ceará em relação a sua meta em 2015 é praticamente idêntico ao hiato do país. Ou seja, esse indicador nos dá uma idéia de que o estado do Ceará, no que diz respeito ao hiato de renda médio, vem caminhando a uma velocidade similar a do país como um todo.

As informações contidas nesse quadro revelam que todos os estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam um hiato em relação a sua meta para 2015 que é igual ou inferior ao hiato do país. Como já era de se esperar, apesar de toda a melhoria observada nos estados do Nordeste, a distância à meta estabelecida em 2015 é maior do que a distância observada para o país, encontrando-se entre 1,2 (Sergipe) e 4,0% (Piauí).

Porcentagem da renda apropriada pelos 20% mais pobres.

A Tabela 4 apresenta a porcentagem da renda apropriada pelos 20% mais pobres da distribuição de renda para o período de 1981 a 2001, e para todas as regiões e estados brasileiros, exceto os da região Norte. Em 2001, os 20% mais pobres se apropriavam de apenas 2,3% da renda5. Essa parcela da renda apropriada por esse grupo apresenta-se bastante

estável ao longo do tempo, variando apenas 0,3 entre 1981 e 2001. O comportamento desse indicador, no entanto, foi distinto nas duas décadas. Durante os anos 80, a parcela da renda apropriada pelos nove primeiros décimos da distribuição de renda diminuiu ou permaneceu constante; apenas a parcela referente ao último décimo aumentou. Assim, observamos na

4A tabela com as informações para todos os anos encontra-se em anexo.

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Tabela 4 que a parcela da renda apropriada pelos 20% mais pobres caiu em 0,5. Segundo Ramos e Mendonça (2005), ao longo dos anos 90, a parcela da renda apropriada pelos oito primeiros décimos da distribuição aumentou, e a parcela referente aos dois últimos décimos (os mais ricos) diminuiu. Considerando o período 1990 a 2001, há um ligeiro aumento na parcela da renda apropriada pelos 20% mais pobres (0,2) gerando, para o período como um todo, uma queda de 0,3 ponto percentual.

Vários estados do Nordeste – Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe – além do Distrito Federal, Mato Grosso e São Paulo apresentaram uma redução, tanto durante os anos 80 quanto durante os 90, na parcela da renda apropriada pelos mais pobres, o que preocupa em termos do cumprimento da meta estabelecida. Por outro lado, 5 estados se destacaram em termos desse crescimento, variando entre 0,7 e 1,1: Paraíba, Piauí, Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina. O maior crescimento foi observado na Paraíba.

NORTE 4,2 3,6 2,9 2,9 3,1 -1,3 0,2 -1,1 NORDESTE 3,3 3,1 2,6 2,7 2,6 -0,8 0,0 -0,8 Alagoas 4,1 4,3 3,9 2,7 2,7 -0,2 -1,2 -1,4 Bahia 3,8 3,3 2,6 2,7 2,7 -1,1 0,0 -1,1 Ceará 3,3 3,1 2,8 2,5 2,4 -0,5 -0,3 -0,8 Maranhão 3,7 4,4 3,0 2,8 3,1 -0,8 0,1 -0,7 Paraíba 3,4 2,9 1,8 2,5 2,9 -1,6 1,1 -0,5 Pernambuco 3,6 3,2 2,8 3,2 2,3 -0,8 -0,5 -1,3 Piauí 3,3 1,8 1,6 2,2 2,2 -1,7 0,7 -1,1 R.Grande do Norte 3,3 3,0 2,6 3,0 2,8 -0,8 0,2 -0,6 Sergipe 4,2 3,8 3,6 2,8 2,7 -0,6 -0,9 -1,5 CENTRO-OESTE 3,1 3,0 2,5 2,8 2,7 -0,6 0,3 -0,3 Distrito Federal 2,7 2,4 2,4 2,4 1,9 -0,3 -0,5 -0,8 Goiás 3,1 3,1 2,4 3,2 3,2 -0,7 0,8 0,1 Mato Grosso 4,2 3,7 3,1 3,1 2,9 -1,1 -0,2 -1,3

Mato Grosso do Sul 3,9 3,6 3,1 3,3 3,1 -0,8 0,0 -0,7

SUDESTE 3,0 2,9 2,7 2,8 2,8 -0,3 0,1 -0,2 Espiríto Santo 3,1 2,9 1,8 2,5 2,6 -1,3 0,7 -0,5 Minas Gerais 3,1 2,9 2,6 2,7 2,9 -0,5 0,2 -0,2 Rio de Janeiro 3,1 3,0 2,9 3,0 2,9 -0,2 0,0 -0,2 São Paulo 3,8 3,6 3,5 3,4 3,0 -0,3 -0,5 -0,8 SUL 3,5 3,2 2,7 2,9 3,1 -0,8 0,4 -0,4 Paraná 3,5 3,1 2,6 2,6 2,8 -0,9 0,2 -0,7

Rio Grande do Sul 3,3 3,2 2,8 3,1 3,0 -0,5 0,3 -0,3

Santa Catarina 4,2 3,8 3,0 3,3 4,0 -1,2 0,9 -0,3

BRASIL 2,7 2,5 2,1 2,3 2,3 -0,5 0,2 -0,3

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - 1981 a 2001.

A PNAD não foi coletada em 1980 e 2000 por causa dos Censos Demográficos, e também não foi coletada em 1994.

Tabela 4: Pocentagem da renda apropriada pelos 20% mais pobres

1985 1990 1995 2001 1990-2001Variação Variação 1981-2001

REGIÃO / Ufs 1981 1981-1990Variação

Em todos os estados da região Nordeste, com exceção do Piauí, a parcela da renda apropriada pelos 20% mais pobres é igual ou maior que a média para o Brasil, situando-se no intervalo de 2,3 a 3,1 (veja Gráfico 3). De fato, na grande maioria dos estados brasileiros a parcela da renda apropriada pelos 20% mais pobres encontra-se entre 2 e 3%, não havendo entre eles grandes disparidades. Vale ressaltar que as disparidades entre os estados quando observamos a renda apropriada pelo 1% mais rico são bem mais elevadas, com uma diferença de 9 pontos percentuais entre o estado onde esse 1% se apropria da maior parcela – 17,6% (Alagoas) – e aquele onde esse grupo se apropria da menor parcela – 8,6% (Santa Catarina). Ou seja, os pobres são bem mais homogêneos no Brasil do que os ricos, quando se trata da parcela da renda apropriada. Santa Catarina é o estado onde os 20% mais pobres se apropriam da maior parcela da renda e o estado onde o 1% mais rico se apropria da menor parcela da renda.

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No que diz respeito à convergência entre as grandes regiões, os resultados revelam que as diferenças se mantiveram ao longo do tempo. Em 1981, a diferença entre as regiões (não considerando a região Norte por problemas de comparabilidade mencionados anteriormente) que apresentavam o melhor e o pior indicador era de 5 pontos percentuais; em 2001 observamos a mesma diferença.

Já com relação aos estados em cada uma das regiões, observamos um ligeiro aumento das disparidades entre os estados das regiões Centro-Oeste e Sul ao longo do período analisado. Em 1981, a razão entre a maior e a menor parcela da renda apropriada pelos 20% mais pobres na região Centro-Oeste era 1,6 e na região Sul era 1,3. Isso quer dizer que, na região Centro-Oeste, no estado onde os pobres estavam em melhor situação, a proporção da renda por eles apropriada era 1,6 vez maior do que o estado onde os mais pobres estavam em pior situação. Em 2001 esses números são, respectivamente, 1,7 e 1,4. As outras duas regiões – Nordeste e Sudeste – revelam uma tendência bem mais clara e de convergência entre os estados. Em suma, enquanto que as diferenças entre os estados com relação a esse indicador parecem estar crescendo nas regiões Centro-Oeste e Sul, nas duas outras regiões essas diferenças estão cada vez menores.

O Quadro 1 apresenta a razão entre o hiato do estado e o hiato do Brasil com relação à porcentagem da renda apropriada pelos 20% mais pobres da população. Assim, por exemplo, a porcentagem da renda apropriada pelos 20% mais pobres no estado do Ceará em 1990 era de 2,8% e, portanto, sua meta para 2015 é de 5,5%. A distância entre o nível desse indicador no Ceará em 2001 e a meta a ser atingida em 2015 (hiato do estado) é de 3,1 (houve uma redução na porcentagem da renda desse grupo), uma vez que o nível desse indicador em 2001 era de 2,4%. As informações apresentadas no Quadro 1 revelam que os 3 estados que mais se distanciam da média brasileira em termos do hiato em relação à meta de 2015 são Alagoas, Sergipe e São Paulo. Ou seja, esses 3 estados são os que, relativamente ao país, encontram-se mais distantes de suas metas para 2015. São quatro os estados que apresentam esse indicador menor do que 1, isto é, o hiato deles em relação as suas metas é inferior ao hiato da nação: Piauí, Paraíba, Goiás e Espírito Santo.

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Gráfico 3: Porcentagem da renda nacional apropriada pelos 20% mais pobres nos estados Brasileiros 1990, 2001 e Meta para 2015

3,9 1,6 3,0 2,8 2,6 2,8 1,8 3,6 2,6 2,4 3,1 2,4 3,1 2,6 1,8 2,9 3,5 2,8 2,6 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Alagoa s Piauí Mara nhão Pern ambuc o Bahí a Cear á Paraíba Serg ipe R. G rande Do N orte Distr ito F eder al Mato G rosso Goiás Mato Gros so Do Sul Minas Gera is Espí rito San to Rio d e Jane iro São P aulo Rio G rande Do Sul Para ná Santa Cat arina P o rcen ta gem apro pria da pel o s 20 % m ais p obres

1990 2001 Meta Nacional 2015 Total Nacional 2001

Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

4,3

2,3

Em suma, se esse cenário perseverar, principalmente naqueles estados que apresentaram redução na parcela da renda apropriada pelos mais pobres, os estados enfrentarão dificuldades para atingir a meta estabelecida até 2015.

Porcentagem de nascidos vivos com baixo peso ao nascer.

A porcentagem de nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2.500 gramas em relação ao total de nascidos vivos, segundo o Ministério da Saúde “expressa retardo do crescimento

intra-uterino ou prematuridade e representa importante fator de risco para a morbi-mortalidade neonatal e infantil”. Valores abaixo de 10% são aceitáveis internacionalmente, embora esse número esteja

em torno de 6% nos países desenvolvidos. No Brasil, conforme mostra a Tabela 5, cerca de 8% das crianças nascidas vivas em 2002 apresentavam baixo peso ao nascerem. Essa porcentagem não apresenta grandes variações entre 1994 e 2002, com uma redução de menos de 1 ponto percentual.

Em todas as regiões e estados brasileiros os valores encontrados estão abaixo de 10% e, portanto, dentro dos limites das metas recomendadas internacionalmente. A média desse indicador para a região Norte6 encontra-se abaixo de 7. As regiões Nordeste e Centro-Oeste

apresentam níveis que variam entre 7,0 e 7,5. Por outro lado, nas regiões Sudeste e Sul o nível desse indicador encontra-se acima de 8,0. A explicação mais imediata para observarmos níveis menores do indicador nas regiões mais pobres, e níveis elevados nas regiões mais ricas, deve-se aos problemas de cobertura populacional, conforme o próprio Ministério da Saúde adverte.

6 A fonte de informações para esse indicador não é mais a PNAD. Assim, apesar dos problemas de cobertura

(15)

As disparidades regionais estão apresentadas no Gráfico 4, indicando uma diferença de 3,4 pontos percentuais entre os estados com o melhor e o pior desempenho.

Ao longo do período analisado as disparidades regionais com relação a esse indicador se mantém. Exceto para a região Nordeste, onde a redução nesse indicador é sensivelmente maior do que nas demais regiões (-2,5), os números apresentam-se relativamente constantes ao longo dos anos analisados. A razão entre as regiões com melhor e pior desempenho era de 1,4 em 1981 e em 2002. As regiões Norte e Sul são as únicas que apresentaram crescimento nesse indicador. Ou seja, ao longo desse período não observamos uma aproximação entre as regiões com relação a esse indicador.

As disparidades entre os estados dentro de uma mesma região também seguem esse comportamento, isto é, permanecem estáveis ao longo do tempo. Entretanto, vale ressaltar que, para a grande maioria dos estados, a partir de final dos anos 90, observamos um aumento na porcentagem de crianças nascidas abaixo do peso. Esse fato pode ser simplesmente o reflexo de uma melhoria no sistema de coleta de informações mas, de qualquer forma, merece ser investigado em maior profundidade.

As estimativas para Roraima apresentam um comportamento sempre crescente, diferentemente dos demais estados. Amapá e Rondônia podem ser considerados exceções pois apresentam maiores oscilações. Como podemos observar na Tabela 5, a razão entre o estado da região Norte com o maior e aquele com o menor nível do indicador é a que mais oscila ao longo do tempo, mas apresenta uma clara tendência de convergência entre os estados.

(16)

NORTE 6,7 6,6 6,5 6,4 6,5 6,3 6,3 6,5 6,8 0,02 Acre 6,9 6,6 7,2 7,1 7,5 7,5 6,9 6,7 6,5 -0,39 Amapá 9,0 8,7 8,4 7,8 8,1 6,3 7,2 8,3 8,0 -1,04 Amazonas 7,5 7,6 7,0 6,9 6,8 6,9 7,2 6,8 7,5 -0,04 Pará 6,4 6,3 6,1 6,3 6,2 6,2 6,2 6,2 6,5 0,11 Rondônia 6,1 5,9 5,7 5,5 5,7 5,3 4,1 5,4 6,0 -0,12 Roraima 5,3 5,9 6,1 6,4 6,8 6,6 6,7 7,4 7,1 1,77 Tocantis 6,4 5,8 6,6 6,4 6,4 6,1 6,3 6,6 6,4 0,06 NORDESTE 9,7 7,0 7,1 7,0 7,1 6,9 6,8 7,0 7,2 -2,47 Alagoas 6,6 7,3 7,3 6,5 6,7 6,5 6,5 6,5 7,0 0,34 Bahia 8,2 7,8 8,1 7,6 7,6 7,2 7,3 7,5 7,9 -0,31 Ceará 6,4 5,5 5,6 6,3 6,4 6,6 6,0 6,6 6,8 0,45 Maranhão 7,3 7,2 6,7 6,5 7,2 7,0 7,0 7,1 6,9 -0,46 Paraíba 8,3 8,0 7,0 7,2 7,2 6,3 6,4 6,1 6,1 -2,19 Pernambuco 7,6 6,9 7,0 7,0 7,3 7,1 7,1 7,1 7,6 -0,01 Piauí 8,1 7,3 7,6 7,4 6,8 6,8 6,4 6,4 6,5 -1,66 R.Grande do Norte 8,3 7,0 7,0 7,1 7,1 6,9 6,9 7,4 7,6 -0,67 Sergipe 7,2 7,1 7,0 7,2 7,0 6,8 7,3 7,7 0,44 CENTRO-OESTE 7,7 7,1 7,2 7,1 7,3 7,1 7,1 7,2 7,4 -0,28 Distrito Federal 8,8 8,0 8,4 8,1 8,4 8,1 8,3 8,7 8,9 0,10 Goiás 7,2 7,0 6,9 6,8 7,1 6,9 6,8 7,1 7,2 0,01 Mato Grosso 7,0 6,4 6,5 6,2 6,6 6,3 6,4 6,3 6,4 -0,58

Mato Grosso do Sul 7,8 7,2 7,6 7,6 7,3 7,3 7,0 6,8 7,3 -0,50

SUDESTE 9,3 9,0 8,8 8,7 8,8 8,5 8,6 9,0 9,1 -0,12 Espiríto Santo 7,7 7,5 7,5 7,4 7,5 7,2 7,4 7,6 7,7 -0,03 Minas Gerais 10,7 10,1 9,5 9,1 9,3 8,8 8,8 9,2 9,5 -1,27 Rio de Janeiro 9,1 9,0 8,9 8,8 8,9 8,5 8,6 9,1 9,2 0,07 São Paulo 9,3 9,0 8,7 8,7 8,7 8,4 8,7 9,0 9,1 -0,25 SUL 8,1 7,8 7,8 7,9 8,1 8,0 8,1 8,5 8,6 0,56 Paraná 7,9 7,7 7,6 7,7 7,8 7,7 7,9 8,3 8,4 0,43

Rio Grande do Sul 8,7 8,4 8,5 8,5 8,7 8,8 8,8 9,0 9,4 0,68

Santa Catarina 7,1 7,2 6,9 7,1 7,6 7,3 7,2 7,8 7,9 0,80

BRASIL 8,8 7,9 7,9 7,8 7,9 7,7 7,7 8,0 8,1 -0,62

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Notas:

a) No número de partos considerados, não foram contados os partos com peso ao nascer ignorado. b) A proporção de nascidos vivos com baixo peso está calculada sobre o número de partos considerados.

c) Foram considerados de baixo peso os nascidos vivos com peso inferior a 2.500g, independentemente do tempo de gestação. d) O tempo de gestação a termo foi considerado de 37 a 41 semanas.

1997 2000 2001 2002 Variação 1994 - 2002

Tabela 5: Porcentagem de nascidos vivos e cujo peso ao nascer foi menor que 2500 g

1999 1996

1995 1994

REGIÃO / Ufs 1998

O Quadro 1 apresenta a razão entre o hiato do estado e o hiato do Brasil com relação à porcentagem de nascidos vivos com baixo peso ao nascer. As estimativas apresentadas revelam, em primeiro lugar, uma certa homogeneidade entre os estados com respeito a esse indicador, o que significa que a distância entre o nível do indicador em 2002 e a meta estabelecida até 2015 não difere muito Portanto, as razões entre esses hiatos e o hiato do Brasil em relação a sua meta não são muito diferentes. Os estados para os quais essa razão é maior do que a unidade são: Distrito Federal (1,1), Minas Gerais (1,2) e Rio Grande do Sul (1,2). Ou seja, esses são os estados que, relativamente ao país, encontram-se mais distantes de suas metas para 2015.

Finalmente, no que diz respeito à meta de redução pela metade na porcentagem de nascidos vivos com baixo peso ao nascer, o Brasil e seus estados deverão empreender esforços para aumentar a velocidade de redução desse indicador, caso contrário, dificilmente atingirão a meta em 2015. A velocidade com que esse indicador vem melhorando ao longo do tempo, apesar do grande esforço empreendido pelos estados da região Norte, coloca o país numa situação ainda muito delicada com relação ao cumprimento desta meta até 2015. Entre 1994 e 2002 o país observou uma redução de menos de um ponto percentual na porcentagem de crianças nascidas vivas que apresentavam baixo peso.

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Gráfico 4: Porcentagem dos nascidos vivos com baixo peso ao nascer nos estados Brasileiros em 1994, 2002 e Meta para 2015

6,4 7,0 6,5 6,9 7,6 7,9 6,8 6,1 7,7 7,6 8,9 6,4 7,2 7,3 9,5 7,7 9,2 9,1 9,4 8,4 7,9 4,1 8,1 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 Tocant ins Alagoa s Piauí Mar anhão Pernambuc o Bahí a Cea rá Para íba Sergip e R. G rande Do N orte Distrit o Fed eral Mato Grosso Goi ás Mato G rosso Do Sul Minas Gerai s Espí rito S anto Rio de Jane iro São P aulo Rio Gran de Do Sul Paran á Sant a Cat arina P o rcen ta g em dos n asci do s v ivo s com ba ixo p eso 1994 2002 Total Nacional 2002 Meta Nacional 2015 Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Norte

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).

Nota: Apenas para o Estado do Tocantins são coletadas informações tanto para a área rural quanto urbana.

2.2. Atingir o ensino fundamental básico

O segundo objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é a atingir o ensino fundamental básico. Apenas uma meta faz parte desse objetivo: garantir que até 2015 todas as crianças, de ambos os sexos, concluam o ensino fundamental básico. O indicador utilizado para analisar o desempenho do Brasil, grandes regiões e estados no cumprimento dessa meta foi a taxa esperada de conclusão (%) para o ensino básico (primeiro grau).

Taxa esperada de conclusão (%) para o ensino básico (primeiro grau).

A Tabela 6 apresenta a taxa esperada de conclusão do primeiro grau (8ª

série) para os anos de 1995 a 2000, para o Brasil e todos os estados. Essas

estimativas foram obtidas com base nos Censos Escolares do MEC e, portanto,

são de natureza distinta daquelas estimadas com base nas pesquisas domiciliares.

No primeiro caso a informação é coletada na escola e, no segundo, no domicílio

de residência.

Em 2000, apenas cerca de 60% das crianças que ingressavam no primeiro grau o concluíam. Essa estimativa é cerca de 7 pontos percentuais maior do que a observada para o ano de 1995. Portanto, conforme mostra o Gráfico 5, o hiato entre o indicador para o país em 2000 e a meta estabelecida para 2015 – 100% das crianças concluindo o 1º grau – é de cerca de 40 pontos percentuais. Assim, se o país mantiver essa velocidade de aumento na taxa

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esperada de conclusão do primeiro grau – 7 pontos percentuais a cada cinco anos – em 2015 o país ainda não terá alcançado a meta estabelecida uma vez que sua taxa de conclusão estará em torno de 80%. De fato, se esse ritmo for mantido, o país estará atingindo a meta estabelecida apenas por volta do ano 2030.

As diferenças entre as regiões e estados são elevadas conforme podemos observar no Gráfico 5. Apenas os estados do Sul e do Sudeste, além do Ceará, Distrito Federal e Goiás, encontram-se acima ou muito próximos a média brasileira. Novamente, o desempenho de grande parte dos estados das regiões Norte e Nordeste encontra-se acima da média. No Norte, por exemplo, com exceção dos estados de Roraima, Amapá e Tocantins, a taxa de conclusão do primeiro grau aumentou entre 13 e 17 pontos percentuais, revelando um desempenho acima do observado para o país como um todo. Contudo, apesar desse melhor desempenho, a distância da meta estabelecida para esses estados ainda se encontra muito elevada, variando entre 49 e 90 pontos percentuais.

O comportamento dos estados da região Nordeste com respeito a esse indicador também é heterogêneo, com a distância a meta estabelecida variando entre 58 pontos percentuais em Sergipe, e 30 pontos percentuais no Ceará. Dentre os quatro estados que apresentaram uma variação bem menor no período analisado – 0,6 a 5,3 pontos percentuais – o Ceará encontra-se numa situação distinta dos outros três estados uma vez que sua taxa de conclusão é não somente a mais elevada no Nordeste, mas é a segunda mais elevada de todo o país, só perdendo para São Paulo. De qualquer forma, ao longo do período analisado a taxa de conclusão aumentou apenas em 4 pontos percentuais, o que significa que se esse estado não aumentar substancialmente a velocidade de melhoria desse indicador, não vai conseguir atingir a meta estabelecida para 2015. De fato, a essa velocidade, o Ceará vai atingir a meta somente por volta do ano de 2037, o que revela uma situação dramática mesmo para o estado que apresenta a segunda maior taxa de conclusão do país.

Os estados da região Centro-Oeste despertam ainda maior preocupação uma vez que, como no Tocantins, a taxa de conclusão do primeiro grau se reduz ao longo do período analisado e no Mato Grosso do Sul ela praticamente não se move. Apenas o estado do Mato Grosso apresenta um bom desempenho, aumentando a taxa de conclusão em 24 pontos percentuais, apensar do nível desse indicador em 2000 ainda ser baixo.

Os estados das regiões Sudeste e Sul são os que apresentam as maiores taxas de conclusão. No Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, entretanto, o aumento na taxa de conclusão foi significativamente menor.

Com relação à convergência entre as grandes regiões, a Tabela 6 revela que não houve convergência entre as grandes regiões brasileiras. Em verdade, as diferenças aumentaram. Em 1995, a diferença entre as regiões com a maior e a menor taxa de conclusão era de 26 pontos percentuais; em 2000 essa diferença aumentou para 31 pontos percentuais. Entre os estados das regiões Norte e Sul não houve convergência, isto é, aumentaram as diferenças entre os estados em cada uma das regiões. Nas demais regiões observamos uma tendência para que os estados se tornem cada vez mais parecidos.

(19)

NORTE 29,0 35,1 32,5 36,3 37,3 37,8 8,8 Rondônia 28,8 36,8 40,1 44,6 46,1 46,3 17,5 Acre 35,5 53,3 30,9 46,2 46,5 48,4 12,9 Amazonas 37,6 43,3 48,6 47,9 50,1 52,6 15,0 Roraima 26,8 46,3 35,4 45,4 34,1 34,5 7,7 Pará 21,9 31,3 29,4 27,3 33,3 36,4 14,5 Amapá 44,1 42,9 40,5 49,4 48,8 51,7 7,6 Tocantins 38,3 34,7 38,0 38,8 28,6 21,6 -16,7 NORDESTE 41,0 44,1 50,3 53,1 50,7 49,5 8,5 Alagoas 36,6 50,2 44,9 51,0 57,2 52,8 16,2 Bahia 39,3 45,3 50,2 51,3 45,9 44,6 5,3 Ceará 65,5 50,3 60,7 69,8 63,8 69,4 3,9 Maranhão 39,1 45,0 43,1 47,1 44,7 43,6 4,5 Paraíba 33,4 46,2 47,5 51,1 52,1 47,0 13,6 Pernambuco 37,8 45,2 53,0 53,0 51,0 54,3 16,5 Piauí 23,4 33,8 40,1 42,1 43,3 43,0 19,6 R. Grande do Norte 36,2 52,4 63,2 57,2 59,7 50,1 13,9 Sergipe 41,0 40,4 52,1 49,5 47,6 41,6 0,6 CENTRO-OESTE 50,7 50,5 48,2 55,2 52,2 49,9 -0,8 Distrito Federal 63,6 64,1 61,4 61,5 64,8 58,2 -5,4 Goiás 63,0 50,0 47,6 56,6 55,2 49,1 -13,9 Mato Grosso 26,6 54,3 41,4 51,7 45,1 50,5 23,9 M. G. do Sul 39,9 39,3 45,7 49,7 48,0 40,5 0,6 SUDESTE 55,3 61,2 70,3 65,9 64,4 68,7 13,4 Espírito Santo 51,7 46,8 60,4 62,3 63,7 58,7 7,0 Minas Gerais 58,2 61,6 73,2 62,7 60,7 64,7 6,5 Rio de Janeiro 49,2 59,2 69,8 63,6 61,3 64,6 15,4 São Paulo 56,2 64,5 71,4 75,5 74,8 73,3 17,1 SUL 54,4 57,4 67,5 59,5 63,1 64,1 9,7 Paraná 49,5 50,2 63,8 57,6 60,6 61,1 11,6 R. G. do Sul 58,1 62,8 66,4 64,1 63,4 66,2 8,1 Santa Catarina 57,0 58,5 71,9 67,4 66,8 69,3 12,3 Brasil 51,9 58,4 65,8 63,0 61,1 59,3 7,4

Fonte: MEC/INEP. Geografia da Educação Brasileira - 2001.

Tabela 6: Taxa Esperada de Conclusão (%) para o ensino básico (primeiro grau)

1995

REGIÃO 1996 1997 1998 1999 2000 2000-1995Variação

Gráfico 5: Taxa esperada de conclusão (%) no 1o grau para os estados Brasileiros 1995, 2000 e Meta para 2015

35,5 44,1 37,6 21,9 28,826,8 38,3 36,6 23,4 39,1 37,8 39,3 65,5 33,4 41,0 36,2 63,6 26,6 63,0 39,9 58,2 51,7 49,2 56,2 58,1 49,5 57,0 100,0 59,3 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 Acre Amap á Amaz onas Pará Rond ônia Rora ima Toca ntins Alag oas Piauí Maran hão Pern ambu co Bahí a Cear á Para íba Serg ipe R. G rand e do Nor te Distr ito F eder al Mato Gros so Goiá s Mato Gross o Do Sul Minas Ger ais Espí rito Sa nto Rio de Ja neiro São Paul o Rio Gr ande Do Sul Para ná Sant a Ca tarin a Tax a e s p e ra da de c onc lu o ( % )

1995 2000 Meta Nacional 2015 Total Nacional 2000

Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Fonte: MEC/INEP. Geografia da Educação Brasileira - 2001.

(20)

Em suma, os resultados apresentados revelam que, com relação a essa meta, a situação do país e de seus estados ainda é delicada. Portanto, muito ainda há por ser feito com respeito a aumentar a atratividade da escola de tal forma a aumentar os incentivos para que as crianças concluam o primeiro grau, uma vez que o acesso já está praticamente universalizado e não existem diferenças significativas por gênero7 (promover a igualdade entre os sexos no

ensino fundamental não parece ser um problema).

2.3. Reduzir a mortalidade na infância

O quarto objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é reduzir a mortalidade na infância. Apenas uma meta faz parte desse objetivo: reduzir em 2/3, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos. Apesar da meta estabelecer a redução da mortalidade de crianças menores de 5 anos, utilizamos também a mortalidade de crianças menores de 1 ano. As estimativas apresentadas foram obtidas com base nos Censos Demográficos de 1991 e de 2000.

Reduzir em 2/3, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores

de 5 anos de idade.

A Tabela 7 apresenta a evolução entre 1991 e 2000 da taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos), para crianças até 1 ano e até 5 anos de idade, para o Brasil e seus estados. Entre 1991 e 2000, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu em cerca de 15 óbitos (por mil nascidos vivos) - de 54,5 (1991) para 39,3 (2000). Apesar desta queda, o nível deste indicador para o Brasil ainda é elevado se comparado ao de países vizinhos como Peru, Argentina, Colômbia, México e Venezuela, entre outros. De fato, dado o nível de renda per capita do Brasil, a taxa de mortalidade infantil deveria ser substancialmente mais baixa, isto é, o Brasil encontra-se acima da média prevista para países com seu nível de desenvolvimento econômico.

Apesar da redução observada em todos os estados brasileiros (com os estados da região Nordeste liderando essa redução), ainda permanecem diferenças acentuadas entre eles com respeito a esse indicador (veja Gráfico 6). A mortalidade em alguns estados do Nordeste chega a ser mais de seis vezes maior do que a mortalidade observada em estados do Sul, por exemplo.

Essa redução na taxa de mortalidade infantil é, na verdade, o reflexo de inúmeras ações realizadas, ao longo de um período de tempo maior, na área de saneamento, saúde e educação. No setor de saúde, vale destacar o Programa de Saúde da Família (PSF) criado mais recentemente. Os indicadores mostram, contudo, que ainda há muito a ser feito para que o nível desse indicador seja compatível com seu nível de desenvolvimento econômico.

A análise do processo de convergência entre as grandes regiões brasileiras com respeito à taxa de mortalidade de crianças até 1 ano de idade revela uma queda bem mais acentuada da mortalidade na região Nordeste. Em 1980 a diferença entre a região com maior

7 O terceiro objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é a eliminar as desigualdades

de gênero nos níveis de ensino fundamental, secundário e universitário. Esse objetivo não foi tratado explicitamente nesse artigo.

(21)

taxa de mortalidade e aquela com menor taxa era de quase 72 óbitos por mil nascidos vivos. Vinte anos depois essa diferença caiu para 24 óbitos, ou seja, uma redução de quase 50 óbitos. Contudo, apesar da redução substantiva na mortalidade infantil, não somente seu nível ainda é muito elevado, mas as disparidades regionais ainda são muito elevadas. Apesar da forte convergência ocorrida entre os estados, os estados da região Nordeste ainda apresentam taxas mais de duas vezes maiores do que as observadas para os demais estados. Assim, no que diz respeito ao cumprimento das Metas do Milênio até 2015 – redução da mortalidade infantil em 2/3 – os estados da região Sudeste, Centro-Oeste e Sul deverão atingir a meta dentro do prazo. Quanto aos estados da região Norte e Nordeste, caso não consigamos aumentar um pouco mais a velocidade de redução da mortalidade infantil, os estados destas duas regiões atingirão a meta internacional pós-2015.

1991 2000 1991 2000 Até 1 ano Até 5 anos

NORTE -- -- -- -- -- --Acre 50,6 34,1 50,6 34,1 16,5 16,5 Amapá 78,0 51,3 78,0 51,3 26,7 26,7 Amazonas 54,3 36,4 54,3 36,4 17,9 17,9 Pará 64,4 35,6 64,4 35,6 28,8 28,8 Rondônia 54,1 36,4 54,1 36,4 17,7 17,7 Roraima 63,1 39,2 63,1 39,2 23,9 23,9 Tocantis 98,0 67,0 98,0 67,0 31,0 31,0 NORDESTE -- -- -- -- -- --Alagoas 113,8 62,1 113,8 62,1 51,7 51,7 Bahia 90,7 70,2 90,7 70,2 20,5 20,5 Ceará 97,1 65,0 97,1 65,0 32,1 32,1 Maranhão 106,4 85,7 106,4 85,7 20,7 20,7 Paraíba 113,6 77,7 113,6 77,7 35,9 35,9 Pernambuco 95,5 54,6 95,5 54,6 40,9 40,9 Piauí 99,8 73,5 99,8 73,5 26,3 26,3 R.Grande do Norte 104,0 67,7 104,0 67,7 36,3 36,3 Sergipe 85,1 72,7 85,1 72,7 12,4 12,4 CENTRO-OESTE -- -- -- -- -- --Distrito Federal 30,0 24,0 30,0 24,0 6,0 6,0 Goiás 32,4 24,6 32,4 24,6 7,8 7,8 Mato Grosso 37,4 30,6 37,4 30,6 6,8 6,8

Mato Grosso do Sul 40,7 26,6 40,7 26,6 14,1 14,1

SUDESTE -- -- -- -- -- --Espiríto Santo 48,8 33,7 48,8 33,7 15,1 15,1 Minas Gerais 55,5 30,4 55,5 30,4 25,1 25,1 Rio de Janeiro 34,4 23,1 34,4 23,1 11,3 11,3 São Paulo 30,9 20,0 30,9 20,0 10,9 10,9 SUL -- -- -- -- -- --Paraná 44,5 23,5 44,5 23,5 21,0 21,0

Rio Grande do Sul 26,4 17,3 26,4 17,3 9,1 9,1

Santa Catarina 25,1 16,8 25,1 16,8 8,3 8,3

BRASIL 44,7 30,6 54,5 39,3 14,1 15,2

Fonte: IPEADATA. Censos Demográficos de 1991 e 2000.

Nota: O universo de municípios da tabela é definido pelo IBGE no levantamento censitário e não necessariamente coincide com o oficialmente existente ou instalado na data de referência.

Tabela 7: Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)

(22)

Gráfico 6: Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) - até 1 ano de idade nos estados Brasileiros, 1991, 2001 e Meta para 2015

34,1 51,3 36,4 35,6 36,439,2 67,0 62,1 73,5 85,7 54,6 70,2 65,0 77,7 72,7 67,7 24,0 30,6 24,626,6 30,433,7 23,1 20,0 17,3 23,5 16,8 29,6 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 120,0 Acre Ama pá Amaz onas Pará Rondô nia Rora ima Tocant ins Alag oas Piauí Mara nhão Pern ambu co BahíaCea rá Paraí ba Sergip e R. Gr ande do Norte Distr ito Fed eral Mato Gro sso Goiás Mato Gro sso D o Sul Mina s Ge rais Espír ito S anto Rio de Jane iro São P aulo Rio G rande D o SulParan á San ta Cat arina Estados do Brasil T axa de m o ra talid ad e 1991 2000 Total Nacional 2000 Meta Nacional 2015 Sudeste

Nordeste Centro - Oeste Sul

Norte

Fonte: IPEADATA.

2.4. Melhorar a saúde materna

O quinto objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é melhorar a saúde materna.. Apenas uma meta faz parte desse objetivo: reduzir em 3/4, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

Reduzir em 3/4, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

Ainda hoje, as dificuldades na obtenção de informações sobre a mortalidade materna são grandes. No Brasil não existem pesquisas para mensurar a magnitude da mortalidade materna em cada estado, mas apenas alguns estudos locais.

Segundo as informações apresentadas na Tabela 8, em 1999, de cada 100 mil crianças nascidas vivas no Brasil, eram registrados 56 óbitos maternos. Essa é, no entanto, uma sub-estimativa da verdadeira mortalidade materna que ocorre, principalmente, pelo preenchimento inadequado das declarações de óbitos. Esse preenchimento inadequado da declaração de óbito é ainda maior quando a morte materna ocorre por complicações na gestação, aborto, parto ou puerpério. Ou seja, essa é a informação que se omite com maior freqüência.

A subestimação da mortalidade materna é um problema em quase todos os países do mundo, embora seja mais grave nos países em desenvolvimento. Tomando como base o resultado apresentado na Tabela 8, observamos que o Brasil ocupa, mais uma vez, uma posição de destaque no cenário internacional. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) esse nível de mortalidade está muito acima da média para países desenvolvidos, que registram 20 mortes por 100 mil nascidos vivos. Assim, mais uma vez se pode perceber o contraste entre a posição do Brasil no cenário mundial em termos de renda per capita e sua

(23)

posição em termos de desenvolvimento humano, representado aqui pela taxa de mortalidade materna.

No que diz respeito à convergência entre os estados, a Tabela 8 mostra que as disparidades entre os estados são elevadas, variando de 40 em Minas Gerais, a 83 no Paraná. Mas, apesar das grandes disparidades regionais, existe uma clara tendência de convergência entre os vários estados.

No que se refere ao cumprimento das Metas do Milênio até 2015 – redução da mortalidade materna em 3/4 –, apesar da dificuldade resultante da falta de disponibilidade de dados, considerando as informações contidas na Tabela 13, temos que a redução entre 1997 e 1999 foi de 5 pontos percentuais. Se a cada 3 anos o país reduzir essa taxa em 5 pontos percentuais e, caso essa velocidade tenha se mantido desde 1990, temos que essa taxa deveria ser de cerca de 76 no ponto de partida (1990). Assim, uma redução de 3/4 até 2015 significa cair de 76 para 19. Nesse caso, mesmo partindo de níveis tão elevados, o Brasil conseguiria cumprir a meta. Com relação as três regiões consideradas na tabela, a região Sul deverá atingir a meta estabelecida bem antes das demais regiões, e a região Sudeste deverá atingir a meta dentro do prazo estabelecido. Os dados para a região Centro-oeste mostram um aumento da taxa no período e, portanto, o que pode ser simplesmente o resultado de um processo de coleta de informações mais apurado.

Taxa Óbitos Nascidos

vivos Taxa Óbitos

Nascidos

vivos Taxa Óbitos

Nascidos vivos CENTRO-OESTE 48,0 92 191.611 49,5 94 189.861 58,3 108 185.225 Distrito Federal 44,8 21 46.855 55,8 27 48.418 42,6 21 49.349 Goiás 46,4 47 101.336 44,2 44 99.526 69,1 65 94.017 Mato Grosso

Mato Grosso do Sul 55,3 24 43.420 54,9 23 41.917 52,6 22 41.859

SUDESTE 58,5 568 970.915 67,8 915 1.349.764 53,4 739 1.384.878 Minas Gerais ... ... ... 86,6 294 339.541 41,9 143 341.437 Espírito Santo ... ... ... 51,3 30 58.526 42,8 26 60.800 Rio de Janeiro 66,6 179 268.968 79,4 205 258.284 74,9 201 268.213 São Paulo 55,4 389 701.947 55,7 386 693.413 51,7 369 714.428 SUL 71,5 337 471.234 76,3 350 459.039 61,9 291 470.326 Paraná 79,4 153 192.757 84,2 156 185.378 83,0 155 186.675 Santa Catarina 48,1 47 97.717 43,7 42 96.123 43,5 43 98.854

Rio Grande do Sul 75,8 137 180.760 85,6 152 177.538 50,3 93 184.797

BRASIL 61,0 997 1.633.760 68,0 1.359 1.998.664 55,8 1138 2.040.429

1997 1998 1999

Fontes:

MS/Funasa/Cenepi - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC; MS/Funasa/Cenepi - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM;

Tabela 8: Número de óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos

Região / Ufs

2. Os totais para o Brasil e Regiões foram calculados apenas com as UFs consideradas.

p q g p g

ou superior a 90% dos óbitos femininos de 10 a 49 anos de idade, correspondendo a todos os estados das regiões Sudeste, Sul e Ce IBGE/Estimativas demográficas

Notas:

2.5. Combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças

O sexto objetivo estabelecido pelas Metas de Desenvolvimento do Milênio é combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças. Duas metas fazem parte desse objetivo: (i) Até 2015, ter detido a propagação do HIV/AIDS e começado a reverter a tendência atual, e (ii) Até 2015, ter detido a incidência da malária e de outras doenças importantes, e começado a inverter a tendência atual.

(24)

Quatro indicadores foram utilizados para analisar o desempenho do Brasil, grandes regiões e estados no controle destas doenças: (i) Taxa de incidência de AIDS (casos por 100 mil habitantes) para a população total, crianças até 12 anos de idade, e pessoas com idade entre 13 a 39 anos, (ii) Índice parasitário anual (IPA) de malária – exames positivos por 1000 habitantes, (iii) Taxa de incidência de tuberculose (casos por 100 mil habitantes), (iv) Taxa de incidência de hanseníase (casos por 10 mil habitantes).

Taxa de incidência do HIV/AIDS (casos por 100 mil habitantes)

No início dos anos 80 o país registrou os primeiros casos da doença. A partir daí, esse registro apresenta uma clara tendência de crescimento, conforme podemos observar na Tabela 9. Essa tabela apresenta a taxa de incidência de HIV/AIDS para o período de 1990 a 2003, para o Brasil, grandes regiões e estados brasileiros, com exceção da região Norte e seus estados, além da taxa de incidência para a população com até 12 anos e para a população entre 13 e 39 anos. A fonte para esse indicador é a Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis DST/AIDS do Ministério da Saúde.

Em 2003, a taxa de incidência era de 18 casos por 100 mil habitantes, três vezes maior do que o registrado em 1990. A incidência da doença aumentou continuamente até 1998 quando, então, inicia seu declínio. Apesar das várias medidas tomadas para controlar o avanço da doença, essa tendência de queda é revertida a partir de 2002, quando a doença novamente volta a subir. As regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam um comportamento muito semelhante, diferentemente das regiões Norte e Nordeste, onde a incidência da doença aumenta sempre, apesar do seu nível ser de 2 a 3 vezes menor do que nas três primeiras regiões.

O comportamento da taxa de incidência para pessoas de 13 a 39 anos é similar ao descrito anteriormente para a população total. Já o comportamento da incidência da doença em crianças com até 12 anos de idade difere do comportamento para a população total. Para essa faixa etária, a taxa de incidência cresce todo o tempo, conforme podemos observar na Tabela 9.

As disparidades regionais são também elevadas, com o nível médio do indicador sendo menor nas regiões Norte e Nordeste, exceto no estado de Roraima. As alturas das barras cor de rosa mostram a incidência da doença em 1990, e as alturas das barras azuis mostram o aumento registrado até 2003. Observe que em 1990, a incidência da doença era bem baixa, ou pelo menos, bem pouco registrada relativamente a 2003. Assim, por exemplo, em 1990 a taxa de incidência da doença em Pernambuco era de 2,6 casos em cada 100 mil habitantes. Em 2003, a taxa de incidência nesse estado passou a ser de 8,6, quase três vezes maior.

A disparidades entre as regiões brasileiras aumentaram ao longo do período analisado. De fato, em 1990, a diferença entre a região com a maior incidência da doença (11,3) e aquela com a menor incidência (0,91) era cerca de 12 vezes; em 2003, essa diferença aumentou para 19 vezes, ou seja, a incidência na região com mais casos era cerca de 19 vezes maior do que a incidência na região com o menor número de casos. Em suma, observamos ao longo do período um distanciamento entre as regiões brasileiras em termos da incidência da doença. Esse aumento das disparidades entre as regiões pode também ser observado entre os estados de uma mesma região. Em todas as regiões brasileiras o comportamento é similar ao

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