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O Jardim Am. cidade no decorrer do desenvolvimento urbano da metr. bairros-jardim s. Trata-se, antes de mais nada, de uma rea

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CAPÍTULO 2 O JARDIM AMÉRICA E A AVENIDA BRASIL: CONCEPÇÃO, EVOLUÇÃO E LEGISLAÇÃO

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2.1. Ebenezer Howard e as cidades-jardim

O Jardim América, primeiro loteamento promovido pela Companhia City em São Paulo, localizado no quadrante Sudoeste da cidade, para onde se dirigiram as elites da

cidade no decorrer do desenvolvimento urbano da metrópole, foi projetado por dois dos maiores expoentes do movimento pelas cidades-jardim, Raymond Unwin e Barry Parker.

Assim, a orientação adotada pela City na implantação de seus loteamentos enquanto bairros-jardim só pode ser compreendida a partir das premissas desse movimento.

Trata-se, antes de mais nada, de uma reação às mazelas da grande cidade industrial. Como resultado da Revolução Industrial, a população urbana da Inglaterra havia explodido no século XIX, inchando as cidades. Em 1851, 75% dos ingleses moravam nas cidades (OTTONI, 1996 p. 38), num quadro crescente de degradação e pobreza. O operariado inglês se organizava e os conflitos entre capital e trabalho se intensificavam.É um período também marcado pelo surgimento de debates e propostas em torno de alternativas possíveis para a organização social e urbana, envolvendo reformistas, socialistas e pensadores utópicos. Ebenezer Howard publica então, em

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1898, seu livro Tomorrow: A peaceful path to real reform, reeditando-o em 1902 com o título Garden cities of tomorrow. Ele propõe nesse trabalho uma conciliação entre as forças conflitantes do socialismo e do individualismo.

“Nestes dias de forte sentimento partidário e de problemas sociais e religiosos extremamente contestados, talvez possa parecer difícil encontrar uma única questão de importância essencial para a vida e o bem estar da nação sobre a qual estejam todos completa e inteiramente de acordo, não importando seu partido político ou qual a matriz de sua opinião sociológica”(HOWARD, 1996, p. 104).

Essa colocação, logo no primeiro parágrafo de seu livro, já dá idéia do tom conciliador que o autor assume: uma alternativa de reforma pacífica e eficaz. Considerando também as críticas feitas às péssimas condições dos trabalhadores e a pregação da volta destes ao campo, ou pelos menos a contenção da onda migratória para as grandes cidades, Ebenezer Howard pretende resolver os dramas sociais de seu

tempo por meio de um novo modelo de urbanização: formula sua teoria de

cidade-jardim, unindo as vantagens da cidade com as da vida no campo, ou seja, “a

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com toda a beleza e os prazeres do campo, na mais perfeita harmonia” (HOWARD, 1996, p. 108). Essa associação das vantagens da vida urbana e da vida rural seria esquematizada no diagrama dos três imãs (Fig. 2.1.1):

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Nesse esquema há a cidade (town) e o campo (country) colocados lado a lado, comparativamente, sempre com um aspecto positivo e um negativo de cada. E, como

solução, uma nova realidade: a cidade-campo (town-country), onde se uniriam os pontos positivos da cidade e do campo. Seriam aglomerações planejadas com 20 a 30 mil habitantes, baseadas na propriedade comunal do solo, economicamente

auto-suficientes, reunindo atividades industriais e agrícolas.

Finalmente, após Howard percorrer a Inglaterra difundindo suas idéias, em 1902 foi fundada a “The Garden City Pioneer Company Ltd.” para viabilizar a construção da primeira cidade-jardim, Letchworth, próxima a Londres (Fig. 2.1.2).

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2.2 Os projetos de Unwin e Parker

Barry Parker e Raymond Unwin trabalharam com Ebenezer Howard, sendo

responsáveis pela execução do plano de implantação de Letchworth; em seguida, abriram um escritório como sócios, realizando o projeto de Hampstead Garden Suburb em Londres. Unwin se envolveu com o nascente movimento inglês pelo urbanismo moderno ou town planning e em 1909 publicou sua obra Town planning in practice, resumindo os ideais urbanísticos que deveriam balizar a cidade do século XX. Em termos de novos loteamentos, propunha bairros aprazíveis e arborizados, com ruas pitorescas, adaptadas à topografia, traçados variados, residências isoladas ou geminadas em vias locais protegidas do tráfego de passagem, entremeadas por áreas verdes de uso comum, e pontuadas por pequenos centros comunitários.

Quando, em 1912, se formou a Companhia City, reunindo investidores ingleses

interessados no mercado imobiliário de São Paulo, o escritório de Unwin já era um dos mais prestigiosos no campo do urbanismo na Grã-Bretanha; em 1913, foi contratado para elaborar o primeiro projeto para o loteamento do Jardim América, em São Paulo.

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Tratava-se da segunda iniciativa da empresa, após o frustrado primeiro projeto para o Pacaembu traçado por Bouvard mas inviabilizado pela legislação da época; o prestígio de Unwin serviria para garantir o nome do empreendimento junto ao público de alto poder aquisitivo visado, e ao mesmo tempo avalizá-lo na aprovação junto à Diretoria de Obras Municipais. Mesmo assim o loteamento, lançado em 1915, não atraiu o sucesso esperado.

Nesse ínterim Unwin saiu da sociedade com Parker para assumir um cargo no governo; Barry Parker, fugindo da guerra, se transferiu para Portugal; lá foi contatado pela City para reestudar seus projetos de loteamentos, vindo se instalar em São Paulo em 1917 e permanecendo por dois anos. Tornou-se então o responsável pela revisão do projeto do Jardim América em São Paulo, pelos novos estudos para o Pacaembu e pelo desenho do Alto da Lapa.

O loteamento da Companhia City seguia alguns preceitos adotados em

cidades-jardim como Lechtworth, mas não se implantou como uma, mas sim como um bairro-jardim. Enquanto a cidade-jardim era concebida como uma unidade autônoma e

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auto-sustentável, o Jardim América foi construído para servir de moradia para a elite de São Paulo, mas que ainda utilizaria os serviços localizados no centro da cidade.

O bairro foi implantado numa área na época periférica, descendo da recém-inaugurada Avenida Paulista, em direção à várzea do Rio Pinheiros. A região foi drenada para que o loteamento fosse viabilizado (Fig. 2.1.3).

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2.3. Evolução, ocupação e consolidação

Em 1919, já podia ser observada a versão do projeto definitivo de Parker para o bairro, como mostra a planta abaixo:

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Nessa planta podemos ver claramente os grandes lotes quase quadrados,

destinados a residências unifamiliares isoladas, com jardins de uso coletivo internos às quadras. As casas deveriam ser centralizadas nos lotes, sem a distinção rígida entre frente e fundos que prevalecia até então nas residências brasileiras, voltando-se tanto para a rua como para os jardins comuns. O traçado das ruas segue um padrão que combina ruas curvas e retas, conforme havia sido permitido pela legislação municipal em 1913. Isso foi possível pelo fato do terreno ser plano, ao contrário do Pacaembu, cuja topografia acidentada exigia ruas sinuosas, ainda proibidas naquele momento. Há uma combinação sutil entre elementos simétricos e assimétricos no plano, entre ruas longas e curtas, entre traçados retilíneos convergentes e percursos mais sinuosos. A continuidade com o loteamento existente ao Norte é dada pelo prolongamento da Rua Augusta (pela Rua Colômbia) e de algumas de suas paralelas.

Devemos destacar que a maior via do loteamento, a Avenida Brasil, situa-se no

mesmo alinhamento da Avenida Paulista, paralela a esta, não se configurando como via de ligação entre bairros. Era proposta, portanto, quase como uma nova Paulista,

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destinada a receber as mansões de maior prestígio. Apesar da intenção inicial de se construir um distrito comercial no cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Colômbia, conforme relatório datado de 1915 (BACELLI, 1982, p. 17), acabou se optando pela destinação dos lotes desta avenida apenas para residências, configurando um tráfego de caráter local. Caráter esse acentuado pelo fato de que, naquele momento, a Avenida Brasil acabava na Rua Guadalupe.

As características de uso e ocupação dos lotes eram definidas no contrato feito pelos compradores e pela Companhia City, na“Minuta de servidão para a Cidade Jardim América”. Nessa minuta estavam definidos os recuos mínimos de frente, fundo e laterais; volume e altura máxima de corte e aterro dos lotes; uso estritamente residencial; e gabarito; entre outros parâmetros, que eram então registradas nas escrituras dos terrenos (vide Anexo A).

Na planta abaixo, de 1925, vemos a Avenida Brasil cruzando a Rua Guadalupe e

seguindo em direção à Vila Cerqueira César, e à direita, vemos a área adicional comprada pela Companhia City, com a Rua Chile e a Avenida Brasil seguindo em

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Vemos também a linha de bonde que descia pela Rua Augusta e pela sua continuação, a Rua Colômbia, vindo do centro da cidade, principal meio de ligação com o bairro. Virava na Avenida Brasil e seguia até a Rua Dona Hipólita (atual Gabriel Monteiro da Silva) no vizinho Jardim Paulistano. A criação dessa linha pela Light foi um fator de atração fundamental nos primórdios do bairro.

Nessaépoca, toda a atividade comercial e de serviços se concentrava no centro da cidade, sendo que o fluxo de pessoas era quase que totalmente no sentido

centro-bairro. A Avenida Brasil não estava inserida dentro desse sistema de circulação radio-concêntrico, sendo apenas uma via de trânsito local, de acesso às edificações lindeiras. Era o modelo de cidade que se imaginava para um país agroexportador, de dimensões limitadas, com um centro terciário de perfil "europeu", restrito à colina histórica, e rodeado por bairros residenciais horizontais e subúrbios-jardim (CAMPOS, 2002).

Com a aprovação da Lei de Loteamentos em 1923, que regulamentava as ruas sem saída, e o impasse sobre quem seria responsável pela manutenção dos jardins internos, a Companhia City decidiu lotear as áreas internas às quadras, até então

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destinadas ao uso comum dos moradores do bairro. Temos então a seguinte conformação do loteamento, conforme planta de 1941:

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A Avenida Brasil continuava com sua função de via local. A linha de bonde seguia descendo pela Rua Colômbia, entrando na Brasil e seguindo para a Rua Dona Hipólita; outro ramal seguia em frente até o Jardim Europa e seria prolongado até a Avenida Cidade Jardim.

Outra observação pertinente é quanto às calçadas e ao canteiro central da Avenida Brasil. Até a planta de 1925, a calçadas são iguais às do restante das ruas, largas. Mas na planta de 1941 já se observa que as calçadas diminuíram, dando lugar a um canteiro central.

Com a análise dos levantamentos aerofotogramétricos disponíveis, é possível ver a evolução através da ocupação dos lotes ao longo do tempo. O primeiro é o Sara Brasil, feito em 1930 pelo Prefeito Pires do Rio. Este levantamento foi feito para toda a cidade

na escala 1:5.000 e no centro e áreas próximas também na escala 1:1.000. Porém a maior parte da avenida Brasil ficou apenas na escala 1:5.000, com um pequeno trecho

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Levantamento aerofotogramétrico Sara Brasil –1930–Fonte: SEMPLA

Por esse levantamento, não se pode afirmar quantos lotes estavam remembrados ou desmembrados, pois não aparece a divisão deles. Mas podemos afirmar que no trecho em estudo havia 28 casas já construídas ou com sua construção já bem adiantadas. A Igreja ainda não estava construída. Os jardins internos às quadras ainda não haviam sido loteados.

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Aqui não aparecem as calçadas nem os canteiros centrais. Mas no trecho da Brasil no levantamento mais aproximado, podemos ver que a calçada no sentido de Pinheiros é menor que a da rua Canadá e que não havia ainda sido implantado o canteiro central. Já no sentido Ibirapuera, ainda havia a calçada com um “dente” semelhanteàs calçadas das demais ruas.

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No levantamento VASP – Cruzeiro, feito entre 1953 e 1959, podemos constatar que quase todos os lotes já estão ocupados e construídos. Aparentemente só o lote na esquina com a rua Equador, em frente À Praça das Américas, ainda estava vazio. Uma edificação que chama a atenção nesse levantamento, é a casa na esquina com a rua Canadá, que deu lugar ao estacionamento do escritório instalado na edificação contígua à ela, cujos lotes hoje estão remembrados. Aqui já se vê desenhado o canteiro central da Brasil e a Igreja também.

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Levantamento aerofotogramétrico VASP - Cruzeiro–1953/59–

Avenida Brasil x Rua Canadá - Fonte: SEMPLA

Levantamento aerofotogramétrico VASP - Cruzeiro–1953/59–

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Oúltimo levantamento desse tipo feito na cidade de São Paulo foi o Gregran, de 1972. Nesse levantamento todos os lotes já estão edificados e a avenida 9 de Julho já está completamente alargada. Aqui ainda permanecem as casas que foram desapropriadas mais tarde para a implantação da praça entra a rua Colômbia e a rua México.

Levantamento aerofotogramétrico GREGAN –1972 - Fonte: SEMPLA

Até os anos 50 do século passado, não havia ainda grandes alterações nas características da Avenida Brasil. Ela se mantinha como via residencial de alta classe. O artigo 40 da Lei nº 3.427/29 (Código de Obras Arthur Saboya), derivado do Ato Municipal nº 127 de 1931, consagrou o uso exclusivamente residencial do bairro, enquanto o artigo

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39 reafirmou a obrigatoriedade de se respeitar as convenções contratuais dos loteamentos.

Mas até meados desta mesma década a prefeitura não conseguia aprovar uma Lei de Zoneamento abrangente devido a batalhas judiciais baseadas nas prerrogativas

da propriedade privada.“Mantinha-se a política anterior de empregar um conjunto de leis parciais, no lugar de um zoneamento abrangente, sendo tal legislação dirigida preferencialmente à proteção e qualificação de áreas mais prestigiosas da cidade” (SOMEKH, CAMPOS, 2002 p. 92).

Em 1955 foi aprovada a Lei Municipal 4.805/55 – Lei de Ruídos – que definiu as primeiras zonas estritamente residenciais com bases no argumento de evitar o incomodo

do barulho. Todo o Jardim América, assim como outros loteamentos da Companhia City, foram definidos como estritamente residenciais. Isso garantiu à Avenida Brasil e ao Jardim América a manutenção de suas características de uso e ocupação do solo até a entrada em vigor da Lei Municipal nº 7.805/72 –a Lei de Zoneamento.

A aprovação do PDDI (Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, Lei Municipal nº 7.688/71) previa a elaboração da Lei de Zoneamento com o objetivo de estabelecer

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um equilíbrio entre as diferentes funções urbanas (habitação, trabalho, lazer e circulação) de forma harmoniosa. Assim, em 1º de novembro de 1972 entrou em vigor a primeira lei a dispor sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo do Município de São Paulo, sendo definidas oito diferentes zonas de uso, a saber: Z1, Z2, Z3, Z4, Z5, Z6, Z7

e Z8.

O Jardim América ficou enquadrado como Z1, que se define como “Z1 - uso estritamente residencial, de densidade demográfica baixa” (Art. 19, letra “a” da Lei 7.805/72). Mas a Avenida Brasil ficou enquadrada como Z2 entre a Avenida Rebouças e o segundo cruzamento com a Rua David Campista (QUADRO Nº 8, referente à Lei 7.805/72), definida como “Z2 - uso predominantemente residencial, de densidade demográfica baixa” (Art. 19, letra “b” Lei 7.805/72). Ou seja, permitiria usos comerciais e prédios de apartamentos na avenida.

Esta lei também não fazia menção à convenção contratual do loteamento. Como o bairro também não estava ainda tombado pelos órgãos de preservação do patrimônio histórico, estava aberta a brecha para descaracterização da Avenida Brasil. Como Z2 poder-se-ia instalar na Avenida Brasil usos não-residenciais (inclusive industriais) e

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prédios de apartamentos desde que obedecessem aos parâmetros definidos no quadro nº 2 a seguir.

Aúnica restrição maior era o recuo especial para a Avenida Brasil, de oito metros a partir do alinhamento da via, definido pelo quadro nº 7 referente à mesma lei, com um recuo de fundo de cinco metros. Mas o pequeno recuo lateral (1,5 m apenas de um lado)

e a ausência de gabarito máximo, junto com a possibilidade de usos não-residenciais, poderiam ter desconfigurado definitivamente a avenida.

Somente com a aprovação da Lei nº 8.001, de 24 de dezembro de 1973, é que voltou a valer a convenção contratual, valendo sempre os parâmetros mais restritivos em vigor. Isso assegurou que pelo menos a volumetria das edificações não se alterasse no Jardim América. Essa mesma lei também criou os Corredores de Uso Especial, nas seguintes classificações: Z8 - CR1, Z8 - CR2, Z8 - CR3, Z8 - CR4.

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QUADRO Nº 2, REFERENTE À LEI N° 7.805, DE 1 DE NOVEMBRO DE 1972

CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS DE USO–(Quadro referido nos Artigos 9º e 19)

Categorias de uso

permitidas Características de dimensionamento, ocupação e aproveitamento do lote (c) Zonas de Uso Conformes Sujeitos a Controle Especial (a) Frente mínima Área mínima Recuo de frente mínimo Recuo lateral mínimo recuo de fundo mínimo Taxa de ocupação máxima Coeficiente de aproveitamento máximo (b) Z-1 R1 E4 10 m 250 m² 5 m 1,5 m apenas de um lado 5 m 0,5 1 Z-2 R1, R3, C1, I1, Sl e E1 C2, S2, E2, E3 e E4 10 m 250 m² 5 m 1,5 m apenas de um lado 5 m 0,5 1 Z-3 R1, R2, R3, C1, I1, S1, E1, C2 e S2 S3, E2, E3 e E4 10 m 250 m² 5 m 1,5 m apenas de um lado 5 m 0,5 2,5 Z-4 R1, R2, R3, C1, C2, I1, S1, S2, E1 e E2 C3, I2 e E4 10 m 250 m² 5 m - 5 m 0,7 3 Z-5 R1, R2, R3, C1, C2, I1, S1, S2, E1 e E2 E3 e E4 10 m 250 m² - -3 m, somente acima do 2º pavimento 0,8 3,5 Z-6 C1, C2, C3, I1, I2 e S3 R1, R2, R3, S1, S2, E1, E2, E3 e E4 20 m 1000 m² 10 m 2,0 m de ambos os lados 10 m 0,7 1,5

Z-7 I1, I2, I3, C3 e S3 C1, C2, S1, S2, E1, E2, E3 e E4 50 m 5000 m² 10 m 5,0 m de ambos os lados 15 m 0,5 1 Z-8 (d) (d) (d) (d) (d) (d) (d) (d) (d) Obs:

(a) ver art. 21, item II, bem como o Quadro nº 3

(b) ver art. 24

(c) sem prejuízo de exigências maiores contidas nesta lei, para casos específicos

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A Avenida Brasil foi enquadrada como Z8 - CR1, que tinha como características “uso predominantemente residencial, de densidade demográfica baixa” (Art. 20, item I da Lei 8.001/73). Esse corredor permitia a categoria de uso R1 (residência unifamiliar, uma habitação por lote) e alguns outros usos não-residenciais (agências bancárias; financeiras; imobiliárias; de seguro; câmbio; turismo; publicidade; corretagem de imóveis e galerias de arte; consultórios de médicos; dentistas; escritórios de consultoria; de assessoria; projetos; planejamento; engenharia; advocacia e outros profissionais

liberais). As características de dimensionamento, recuos, ocupação e aproveitamento do lote seriam as mesmas aplicáveis à zona de uso Z1. Limitava ainda o gabarito máximo a dez metros de altura e a no máximo dois pavimentos. O recuo frontal deveria ser ajardinado e não poderia ser utilizado como local para vagas de estacionamento. Houve ainda a Lei nº 9.049, de 24 de abril de 1980, que subdividiu o corredor Z8-CR1 em dois sub-tipos, Z8-CR1-I e Z8-CR1-II, classificando a Avenida Brasil na categoria Z8-CR1-I.

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Outro fato importantíssimo ocorrido com o Jardim América foi o tombamento pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo –através da resolução nº 02 de 23 de janeiro de 1986.

Em 26 de Abril de 1985, a Sociedade de Amigos do Jardim Europa e Paulistano–

SAJEP – entrou com o pedido de tombamento no CONDEPHAAT desses bairros,

visando “preservar não só o caráter residencial da área como o patrimônio urbanístico, o paisagismo, o turismo, a arquitetura e o meio ambiente para a Cidade de São Paulo, cuja identidade está ameaçada por iminentes agressões da especulação imobiliária e da exploração comercial desenfreadas” (vide Anexo B). Esse pedido foi motivado pela aprovação de alvará para a construção de um “Shopping Center” na Avenida Europa com a Rua Alemanha. Em 06 de Maio daquele mesmo ano,é aprovada por unanimidade a abertura do processo de estudo de tombamento requerido.

Com o parecer do arquiteto Carlos Cerqueira Lemos, de 05 de Agosto de 1985, a

comissão do CONDEPHAAT designada para deliberar sobre o processo, em 23 de Setembro do mesmo ano elabora um parecer no qual qualifica como exemplar o pedido

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dois bairros solicitado por uma associação de moradores reagindo contra a ameaça de agressão dada a iminente construção de um shopping center na área, bem como a necessidade de preservar-se um dos raros pulmões da cidade, configurado grande extensão da área verde que os Jardins representam”. Em seguida, a comissão saliente que as razões que sustentam caminhamentos favoráveis não foram as razões iniciais, mas sim outros, como a natureza e o pioneirismo do traçado original. Também salientam as discussões relativas ao caráter social do tombamento, pois tombar com base na ecologia urbanaé importante para a cidade, mas por tratar-se de uma área habitada por pessoas abastadas, poderia se configurar como preservação de privilégios sociais. E então, citam as pressões externas sobre o conselho, considerando possivelmente este o processo que mais teve esse tipo de pressão. Por fim, a comissão define que o tombamento dos Jardins deveria estar apoiado fundamentalmente no caráter pioneiro do traçado urbano (vide Anexo B).

O tombamento preservou os seguintes elementos:

1º - o atual traçado urbano, representado pelas ruas e praças públicas contidas entre os alinhamentos dos lotes particulares;

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2º - a vegetação, especialmente a arbórea, que passou a ser considerada bem aderente sujeitoà vigilância do Condephaat;

3º - as atuais linhas demarcatórias dos lotes, pois eram também históricas estas superfícies, sendo os limites ao adensamento populacional delas decorrentes tão importantes quanto o próprio traçado urbano.

A área tombada compreende o perímetro definido pelas seguintes vias: Rua Estados Unidos, Avenida Rebouças, Avenida Brigadeiro Faria Lima, Rua Gumercindo Saraiva, Avenida Cidade Jardim, Avenida Nove de Julho, Avenida São Gabriel, Avenida Antônio João de Moura Andrade, Avenida República do Líbano, Rua Manuel da Nóbrega, Rua Paulino Camasmie e Avenida Brigadeiro Luis Antônio.

Essa resolução também estabelece a manutenção do gabarito e recuos das edificações.

Com a lei de Zoneamento de 1972 e as legislações complementares, estava a Avenida Brasil aberta para a primeira grande transformação desde sua implantação. Deixava de ser uma avenida residencial, com trânsito local, para se transformar em um grande corredor comercial e de serviços da elite paulistana. Os novos parâmetros

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definidos pela nova Lei de Zoneamento de 2004, bem como a situação atual da referida avenida, serão explicitadas no próximo capítulo.

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