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MERILANDA DZIEVULSKI, DBM CALL CENTER

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Academic year: 2021

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fls.1

DANO MORAL. BOA FÉ OBJETIVA. VENIRE CONTRA . FASE PRÉ-CONTRATUAL. Os FACTUM PROPRIUM

contratos devem ser interpretados com enfoque na tutela de confiança entre os contratantes. Trata-se do princípio da boa-fé objetiva nos contratos, descrita no artigo 402 do CCB/02, que impõe aos contratantes o dever de manter comportamento marcado pela lealdade, honestidade e cooperação, inclusive na fase pré-contratual, com o intuito de preservar a confiança na relação contratual.

A ré tem o direito de contratar ou não determinado candidato ao emprego, mas ao exercê-lo não pode exceder seus limites e romper a confiança que lhe foi depositada pela contraparte, causando-lhe prejuízo. Creditar vale transporte e solicitar a CTPS à autora, após processo seletivo, gera mais que mera expectativa de contratação, demonstra que a contratação era certa. Assim, ao deixar de contratar a autora, a ré falhou com o dever de conduta no contrato de trabalho, incidindo na hipótese de ofensa à boa-fé objetiva chamada pela doutrina de Venire contra factum proprium. A ré teve um comportamento que gerou à autora a confiança de que aquele comportamento seria mantido e, contraditoriamente, realizou um segundo comportamento contrário ao primeiro, quebrando a confiança e gerando um prejuízo à autora. Nega-se provimento ao recurso da ré.

V  I  S  T  O  S, relatados e discutidos estes autos de , provenientes da

RECURSOS  ORDINÁRIOS 06ª  VARA  DO  TRABALHO  DE , sendo recorrentes

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fls.2

LTDA.  e  CLINIPAM  -  CLINICA  PARANAENSE  DE  ASSISTENCIA  MEDICA

e recorridos .

LTDA OS MESMOS

I - RELATÓRIO

Inconformadas com a sentença de fls. 109-117, complementada pela decisão resolutiva de embargos de fls. 121-122, ambas proferidas pela Exma. Juíza do Trabalho Célia Regina Marcon Leindorf, que acolheu parcialmente os pedidos, recorrem a autora e a primeira ré.

A autora interpôs recurso ordinário de fls. 124-132, postulando a reforma da sentença quanto aos seguintes pedidos: valor arbitrado para a indenização por danos morais e juros.

Contrarrazões apresentadas pela segunda ré às fls. 157-159.

Contrarrazões apresentadas pela primeira ré às fls. 160-163.

A primeira ré interpôs o recurso ordinário de fls. 133-146, postulando a reforma da sentença quanto aos seguintes temas: indenização por danos morais decorrente de promessa de emprego e honorários assistenciais.

Custas recolhidas à fl. 147. Depósito recursal efetuado à fl. 148.

Contrarrazões apresentadas pela autora às fls. 151-156.

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Trabalho ante a desnecessidade de seu pronunciamento.

II - FUNDAMENTAÇÃO ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, dos recursos ordinários interpostos, assim como das respectivas CONHEÇO

contrarrazões.

MÉRITO

RECURSO ORDINÁRIO DE DBM CALL CENTER LTDA.

1. Indenização por danos morais decorrente de promessa de emprego

Analiso primeiramente o recurso da reclamada, diante da prejudicialidade da matéria.

A autora alegou na inicial que trabalhou para a primeira reclamada como operadora de telemarketing, de 20/08/2012 a 06/05/2013, quando pediu demissão. Em seguida passou a trabalhar na empresa Cia Beal de Alimentos (supermercados Festval), mas optou por não continuar nesse emprego após o término do contrato de experiência, porque houve a promessa de retorno ao emprego anterior, na primeira reclamada.

Diante disso, foi submetida a exame médico admissional, teve sua CTPS retida pela empresa e recebeu adiantamento de vale-transporte. Deveria

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começar a trabalhar em 02/09/2013, mas antes dessa data foi informada que a vaga que lhe foi oferecida (operador de telemarketing sênior) não estava mais disponível, pelo que lhe devolveram sua CTPS. No dia 06 de setembro, foi formalmente avisada de que não seria admitida pela ré. Postulou indenização por danos materiais e morais "em virtude do abuso de poder evidenciado na frustração de contratação, em montante de 100 vezes o

" (fls. 03-08). último salário percebido

A reclamada negou a promessa de emprego à autora, ressaltando que não há prova desse fato. Alega a recontratação da autora não foi possível porque, durante o processo de seleção, a reclamada percebeu que ela estava se habilitando a uma vaga de trabalho para um cargo inferior ao que exercia anteriormente, já que exerceu a função de operador de telemarketing sênior, ao salário de R$820,00, por mês, quando pediu demissão em 2013, e a vaga para a qual se candidatou era de operador de telemarketing Jr, com salário de R$735,00(fl. 68-71).

O Juízo de origem concluiu que a primeira ré criou à autora a falsa expectativa de sua contratação, causando-lhe danos de ordem extra-patrimonial. Diante disso, a condenou ao pagamento de indenização por danos morais, mediante os seguintes fundamentos: (fl. 110-115)

"No caso em apreço, o procedimento adotado pela primeira reclamada demonstra que houve processo seletivo para escolha de novo empregado, que foi descartado em razão da verificação de que a contratação poderia causar futuros problemas judiciais para a empresa, situação essa bastante plausível.

Ocorre que, a primeira ré, sabedora de que a autora já havia sido sua empregada, bem como da função que esta já havia desempenhado e a função para a qual estava se candidatando, não poderia ter permitido que a reclamante participasse do teste seletivo, justamente para se evitar a situação de desempenhar função inferior à que anteriormente

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desempenhava na empresa, além de receber remuneração também inferior a que anteriormente recebia.

No entanto, ao permitir que a autora participasse do teste seletivo, com sua aprovação, realização de exame admissional, entrega de CTPS bem como crédito de vale transporte, por certo que, deu à autora a certeza de que seria contratada.

Embora entenda ser justificável o motivo pelo qual a autora não foi contratada, a primeira ré agiu com culpa ao criar na autora a falsa expectativa de sua contratação vez que, como reconhecido em depoimento pela testemunha, ela havia sido aprovada em todas as etapas do teste seletivo, sendo que, apenas quando foram analisar seu histórico funcional, perceberam que a contratação não poderia ser efetivada. Por conseguinte, entendo que, agindo deste modo, causou a primeira ré na autora angústia, desilusão, frustração, já que se viu, de uma hora para outra, sem emprego e sem seu meio de subsistência.

(...)

No caso dos autos o dano moral sofrido pela reclamante é inerente à conduta praticada pela primeira ré, vez que, embora tenha aceitado que a autora concorresse a vaga para função e com salário inferior ao que exerceu anteriormente na empresa, bem como por tê-la aprovado em todas as etapas, bem como creditado vale transporte em seu cartão (sendo que a primeira ré confessa que o crédito desta parcela somente se dá após a assinatura do contrato de trabalho - fls. 68), além de recebido sua CTPS (conforme confessado pela primeira ré- fls. 68) a expôs à situação de frustração, desilusão, angústia.

Não se pode esquecer que a autora já havia laborado para a primeira ré anteriormente, sendo certo que, como já tinha experiência, ao participar de teste seletivo, tinha sim muitas chances e grande expectativa de ser contratada.

(...)

Tenho que a honra da reclamante foi violada de forma reprovável, sendo da primeira ré a responsabilidade pela reparação do dano moral sofrido (...)

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A primeira reclamada se insurge contra a decisão ao argumento de que não há prova de que tivesse se comprometido a contratar a autora, ou que esta tivesse a certeza de que seria contratada. Aduz que o fato de não ter rejeitado de imediato a solicitação de emprego da autora, encaminhá-la para avaliação médica e creditar-lhe vale transporte não demonstra, por si só, que a contratação já estava garantida. Defende que "Tal fato poderia sinalizar, no máximo, que a Recorrente cogitou contratar a Recorrida caso esta se mostrasse apta à função pretendida, o que inocorreu."

Destaca que "a realização de exames pré-admissionais, bem como de processos seletivos, constituem pré-requisitos rotineiros para a contratação de trabalhadores, podendo, dependendo da situação apresentada no caso concreto, implicar responsabilidade pré-contratual. Entretanto, para que ocorra a responsabilização da empregadora, é necessária a caracterização da certeza na contratação, já que, sem esse ". Contudo, entende que a autora não elemento, o que existe é apenas a expectativa

comprovou de forma robusta a tese de que tinha a certeza de que seria contratada, tampouco o suposto abalo emocional vivenciado.

Aduz que o exame pré-admissional é obrigação do empregador e deve ser realizado antes da contratação, em cumprimento às normas do MTE. Explica que a autora ainda precisava passar pelas duas fases do processo de seleção, pelo que não se pode dizer que a autor tivesse certeza de sua contratação. Defende que não praticou ato ilícito, apenas praticou o exercício regular de um direito. Requer a reforma da sentença para excluir a condenação ao pagamento de indenização por danos morais. Sucessivamente, requer a redução do valor da condenação (fls.133-145).

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fls.7 Analiso.

Os contratos devem ser interpretados com foco na tutela de confiança entre os contratantes. Trata-se do princípio da boa-fé objetiva nos contratos, descrita no artigo 402 do CCB/02, que impõe o dever aos contratantes de manter comportamento marcado pela lealdade, honestidade e cooperação, inclusive na fase pré-contratual, com o intuito de preservar a confiança entre elas.

No caso, é incontroverso que a autora participou de processo de seleção para ocupar vaga de emprego na primeira ré. Não foram colhidos depoimentos pessoais. Apenas foi ouvida uma testemunha, a convite da primeira ré. Passo à análise de seu depoimento.

Primeira testemunha do 1º réu, Sra. Paola Poligiana Amarante: 1-trabalha na primeira ré desde julho/2012, como analista de RH; 2- a autora trabalhou na primeira ré como operadora de telemarketing sênior; 3- a autora ficou sabendo da existência de vaga para operador júnior, e se candidatou à mesma; 4- a remuneração do operador sênior é superior à de operador júnior; 5- quando da candidatura da autora, o foi para a vaga de operador júnior, não havendo vaga para operador sênior; 6- no caso de ex-empregados a análise de compatibilidade do cargo em que o teste está sendo realizado e o antigo cargo ocupado somente se dá ao final do teste seletivo; 7- no que tange a autora, esta realizou o teste sendo que quando da análise do histórico seletivo e, foi aprovada neste,

da reclamante na empresa, foi constatada que esta estava concorrendo a uma vaga em cargo inferior e com remuneração menor do que anteriormente ocupava e recebia; 8- o exame admissional faz parte do teste seletivo; 9- não sabe se a CTPS da autora foi entregue durante o processo seletivo; 10- o crédito do vale transporte proporcional se dá quando o candidato está na parte final do processo seletivo, mesmo sabendo a empresa que corre o risco do candidato não ser contratado; 11- não houve em nenhum momento promessa de contratação da autora como operadora sênior, 12- durante o processo seletivo, não foi dito à autora que esta estava contratada; Reperguntas da parte passiva (1ª ré): 13- a autora não devolveu o dinheiro antecipado à título de vale transporte; 14- a vaga de operador júnior foi preenchida em outro processo seletivo; sem reperguntas pela segunda ré; Reperguntas da

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parte autora: 15- a parte final do processo seletivo para candidatos novos é a realização do exame admissional e, no caso da autora, a parte 16- o exame da análise de seu histórico funcional na primeira ré;

admissional apenas é realizado pelos candidatos que passaram pela primeira etapa (avaliação pelo RH) e segunda etapa (avaliação pela supervisão); 17- a entrega da CTPS (ao departamento pessoal) para anotação somente se dá após aprovação nas duas fases, bem como ; 18- a depois do exame admissional e da análise do histórico funcional pessoa responsável pelo recebimento da CTPS para a contratação era a funcionária Alane, do RH. Sem mais."

Esse depoimento deve ser analisado juntamente com a seguinte informação prestada pela ré em sua contestação: "Iniciado o processo de seleção e tendo sido avaliada em exame médico admissional datado de 26/08/2013, foi solicitada sua CTPS e, de forma equivocada, lhe foi creditado, em 30/08/2013 o valor dos vales )" -fl. transportes (o que normalmente só é feito após a assinatura de contrato de trabalho 68.

Pois bem.

Segundo a testemunha, a CTPS é solicitada somente após a aprovação nas duas fases do processo seletivo (avaliação do RH e avaliação da supervisão), e após o exame admissional e análise do histórico funcional. Conforme informado em contestação, a ré solicitou o documento à autora após a avaliação em exame médico admissional. Logo, não há como negar que houve a promessa de contratação, tendo em vista que a entrega da CTPS decorre da aprovação nas duas fases do processo seletivo.

Portanto, a reclamada gerou à autora mais que mera expectativa de contratação, pois praticou atos que normalmente só se executam quando o candidato está apto a ser contratado, após aprovado nas duas fases do processo

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seletivo. Dessa forma, a ré adotou comportamento contraditório no que tange ao processo seletivo e contratação de empregados e não agiu com o dever de conduta pautado pela confiança, pois ao efetuar o crédito do transporte e solicitar a CTPS para registro, evidenciou à autora que sua contratação era certa. Assim, a ré falhou com o dever de conduta no contrato de trabalho, que deve ser observado inclusive na fase pré-contratual, e incidiu na hipótese de ofensa à boa-fé objetiva chamada pela doutrina de

. Venire contra factum proprium

A ré tem o direito de contratar ou não determinado candidato ao emprego, mas ao exercê-lo excedeu seus limites e quebrou a confiança que lhe foi depositada pela autora, causando-lhe prejuízo. Ou seja, a ré teve um comportamento que gerou à autora a confiança de que aquele comportamento seria mantido e, contraditoriamente, realizou um segundo comportamento contrário ao primeiro, quebrando a confiança e gerando um prejuízo à contraparte. Por isso, a existência de culpa no sentido subjetivo é irrelevante, mas o que importa é uma análise objetiva da questão. Significa que demonstrado comportamento contraditório por uma das partes, de forma a lesar a confiança entre elas no contrato, há o dever de indenizar, independentemente de culpa no sentido subjetivo.

Ilustro e justifico esse entendimento com a transcrição das seguintes ementas deste Colegiado:

CONTRATO LABORAL FRUSTRADO. RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. REPARAÇÃO DEVIDA. Evidenciado que a frustração da expectativa de efetivação do ajuste decorreu de conduta ilícita da demandada, vislumbra-se, assim, violação aos arts. 186 e 927 do Código Civil, bem como ao dever de lealdade e proteção, decorrentes do princípio da boa fé, que informa o Direito do Trabalho (art. 422 do CC). Exsurge, pois, o direito da autora à indenização pleiteada, vez que a

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situação violou diretamente seu patrimônio moral, ocasionando-lhe dor psicológica, gerando consequências negativas em sua vida pessoal, funcional e indiscutível prejuízo financeiro, pois a ré, repiso, violou os deveres de lealdade e confiança, que devem integrar os contratos de trabalho desde o nascedouro. Sua responsabilização decorre não só de tal fato, como, também, da proibição do venire contra factum proprium. Como bem ressalta EDUARDO MILLÉO BARACAT "no venire contra factum proprium verificam-se comportamentos contraditórios da parte, sendo que, por primeiro, por atos, palavras ou omissões (factum proprium), a parte cria na outra a confiança relativa à situação criada, para, em seguida, violar essa confiança praticando ato contrário ao primeiro" (A boa-fé no direito individual do trabalho. São Paulo: LTr, 2003; p. 239). Logo, não obstante incomensurável a dor humana, o abalo moral que, repita-se, compromete bem essencial, traduzido na força de trabalho, merece ser mitigado por meio de indenização, a fim de preservar a dignidade do trabalhador (art. 5º, V e X, da CF). (TRT-PR-30146-2012-009-09-00-0-ACO-19161-2014 - 3A. TURMA Relator: ROSEMARIE DIEDRICHS PIMPÃO, Publicado no DEJT em 13-06-2014).

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL. PROMESSA DE CONTRATAÇÃO. Incumbe ao reclamante o ônus da prova, quanto à promessa de emprego, por se tratar de fato constitutivo do seu direito. O dever de indenizar exige prova robusta acerca do ato ilícito praticado pelas reclamadas, do dano decorrente desse ato e do nexo causal entre ambos. Evidenciada a quebra da boa-fé objetiva por parte da empresa, é devida a indenização pleiteada. Recurso ordinário do reclamante conhecido e parcialmente provido. (TRT-PR-01220-2008-303-09-00-0-ACO-11966-2012 - 3A. TURMA, Relator: Des. ALTINO PEDROZO DOS SANTOS, Publicado no DEJT em 20-03-2012).

Não há dúvidas de que a frustração da formação do contrato de trabalho ocasionou dano de índole pessoal e material à autora. Por todo exposto, é devida a indenização por danos morais e materiais à autora.

Mantenho a sentença.

O pedido sucessivo para redução do valor da indenização por danos morais será analisado juntamente com o recurso da autora.

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2. Honorários assistenciais

O MM Juízo condenou a reclamada ao pagamento de honorários assistenciais, diante da comprovação da assistência propiciada pela entidade sindical representativa da categoria profissional da parte autora e da declaração desta no sentido de que não tem condições de demandar em Juízo sem prejuízo de seu sustento e de sua família (fl. 116).

A recorrente pretende a exclusão da condenação aos honorários assistenciais, caso acolhido o pedido de reforma da sentença quanto ao pagamento de indenização por danos morais (fl. 145).

Tendo em vista que foi mantida a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, não há razão para acolher o pedido da ré.

Rejeito.

RECURSO ORDINÁRIO DE MERILANDA DZIEVULSKI

1. Valor arbitrado para a indenização por danos morais O MM Juízo de origem fixou em R$1.500,00 o valor a título de indenização por danos morais, mediante os seguintes fundamentos: "(...) levando-se em consideração todas as particularidades do caso em apreço, bem como o potencial econômico-social do agente, e a finalidade educativa, visando que o ocorrido com a autora não torne a acontecer, afigura-me razoável a indenização de danos morais que ora fixo no importe de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais)", fl. 115.

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A autora pretende a ampliação do valor fixado para condenação em danos morais, porque é fato notório que a primeira reclamada é uma empresa de grande porte. Aduz que "uma condenação risível como a de primeira instância não surtiria o efeito pedagógico que a indenização deve irradiar"(fl. 131).

A reclamada postula a redução do valor (fl.145).

Analiso.

O valor da indenização deve ser fixado considerando o fato ocorrido, a gravidade do dano causado, a condição social da parte autora, a situação econômica do réu, o grau de culpa deste, bem como a dupla finalidade da indenização: de confortar a vítima pelo infortúnio sofrido e de desestimular o réu a praticar ilícitos da mesma natureza. Dessa maneira, o valor da indenização não pode constituir sanção irrisória ao causador do dano nem implicar enriquecimento sem causa para a vítima.

A atitude da ré frustrou a expectativa da autora de conseguir um emprego e obter recursos financeiros. Além do infortúnio da autora, deve-se levar em conta a finalidade pedagógica da medida e a situação econômica do réu (capital social de R$880.000,00, em 2012, conforme contrato social - fls. 85-91). Diante desses elementos, julgo reduzido o montante fixado em sentença para a reparação dos danos morais.

Assim, observando-se os critérios já mencionados, bem como os parâmetros normalmente adotados por esta C. Turma para casos semelhantes, a exemplo das decisões proferida na RTOrd 2478-2013-658-09-00-4, publicada em 07/02/2014, da Lavra do Exmo. Juiz Dr. Ney Olivé Malhadas, e na RTOrd 11690-2013-513-09-00-3, publicada em 05/12/2014, de minha relatoria, entendo razoável

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fixar o valor a título de indenização por danos morais em R$ 5.000,00, valor este que atende ao princípio da razoabilidade e serve para compensar o abalo sofrido, sem causar o enriquecimento ilícito da autora.

Dessa forma, rejeito o pedido do réu e acolho o pedido da autora para ampliar o valor da condenação por danos morais para R$5.000,00.

2. Juros

O MM Juízo de origem determinou que os valores devidamente apurados em liquidação de sentença a título de indenização por danos morais sofrerão atualização monetária, de acordo com a Lei 8.177/91, a partir da publicação da sentença (fl. 116).

A recorrente requer a reforma da sentença, para que os juros de mora incidam desde o ajuizamento da ação, por aplicação da Súmula 439 do C. TST (fl. 132).

Com razão.

Este Colegiado adota o entendimento consubstanciado na Súmula 439 do C. TST, que prevê que "Nas condenações por dano moral, a atualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento ou de alteração do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento da ação, nos termos do art. 883 da CLT".

No mesmo sentido é a atual redação da Súmula 11 deste E. Regional:

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INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.

I - Danos morais e estéticos. Correção Monetária. O marco inicial da correção monetária devida em ações de indenização por danos morais e estéticos, decorrentes de acidente do trabalho ou doença ocupacional será a data do arbitramento do seu valor (sentença ou acórdão), que é quando a indenização se torna exigível.

II - Danos morais e estéticos. Juros. O marco inicial dos juros devidos em ações de indenização por danos morais e estéticos, decorrentes de acidente de trabalho ou doença ocupacional será a data do ajuizamento da ação."

Assim, reformo a sentença para determinar a aplicação dos critérios da Súmula 439 do TST para atualização da indenização por danos morais

CONTRARRAZÕES DE CLINIPAM - CLÍNICA PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA A segunda ré apresenta contrarrazões para pedir sua exclusão da lide, diante da ausência de condenação sobre ela (fl.158)

Com razão.

O MM Juízo de origem rejeitou o pedido de responsabilidade subsidiária da segunda reclamada (fl. 116). Não houve insurgência recursal neste ponto.

Diante disso, acolho o pedido da segunda ré para determinar sua exclusão do polo passivo da presente demanda.

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fls.15 Pelo que,

os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal ACORDAM

Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DOS , assim como das respectivas contrarrazões. RECURSOS ORDINÁRIOS DAS PARTES

No mérito, por igual votação, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO , nos termos da fundamentação;

DA PRIMEIRA RECLAMADA DAR PROVIMENTO

para, nos termos da fundamentação: a) AO  RECURSO  ORDINÁRIO  DA  AUTORA

ampliar o valor da condenação por danos morais para R$5.000,00.; e b) determinar a aplicação dos critérios da Súmula 439 do TST para atualização da indenização por danos morais; e DAR  PROVIMENTO  AO  PEDIDO  DA  SEGUNDA  RECLAMADA para determinar sua exclusão do polo passivo da presente demanda.

Custas inalteradas.

Intimem-se.

Curitiba, 20 de maio de 2015.

THEREZA CRISTINA GOSDAL RELATORA

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