• Nenhum resultado encontrado

CASO 1 FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR PARA ACESSO AOS MERCADOS LOCAIS: A EXPERIÊNCIA DE TINGUI. ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CASO 1 FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR PARA ACESSO AOS MERCADOS LOCAIS: A EXPERIÊNCIA DE TINGUI. ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

CASO 1

ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM

FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR PARA ACESSO AOS

MERCADOS LOCAIS: A EXPERIÊNCIA DE TINGUI.

CONTEXTUALIZANDO A EXPERIÊNCIA

A Comunidade de Tingui, está situada a cerca de 4 Km da sede do Município de Monteiro. Antigamente a Co-munidade era conhecida como Varzinha, pelo solo e pela região de baixos próximo ao Rio Paraíba, onde vários agricultores desenvolvem a horticultura, constituindo assim um excelente potencial para esta atividade. A renda das famílias agricultoras do Sítio Tingui é baseada na agricultura, com cultivos de milho, mandioca e feijão, que são atividades desenvolvidas de sequeiro. Algumas dessas famílias produzem frutas e hortaliças. Essa produção de hortaliças e frutíferas passou por um processo de conversão de produção convencional para produção de base agroecológica.

Deu-se início a partir desse momento, a criação da Feira Agroecológica de Monteiro, que contribuiu para mel-horar a renda familiar. A feira agroecológica também se constituiu um espaço de educação popular, que contri-bui para a mudança de um hábito alimentar mais saudável dos seus consumidores. Para apoiar o processo de conversão agroecológica das famílias agricultoras, conta-se com uma organização das famílias agricultoras, a Associação dos Produtores Agroecológicos de Monteiro (APAM).

COMO SE INICIOU A EXPERIÊNCIA?

Esta experiência teve início na Comunidade de Tingui no ano de 2004, por meio de uma ação do Projeto Dom Helder Camara, que promoveu a sensibilização das famílias agricultoras para conversão agroecológicas de hor-tas e pomares. O foco dos debates e um dos fatores mobilizadores desta sensibilização foram a recente perda do cultivo de tomate, a época convencional, pela incidência de pragas; e a discussão sobre a comercialização dos produtos, que tinha como principal gargalo a ausência de um ponto de venda – no caso do tomate, por exemplo, havia constante mudança dos locais de vendas. Ainda nesta oportunidade de sensibilização, o grande debate se concentrava em responder como produzir sem o uso dos produtos químicos (fertilizantes e agrotó-xicos).

(2)

CASO 1

ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM

Após o processo de sensibilização ocorrido em 2004 e coordenado pelo Projeto Dom Helder Camara- PDHC, a experiência começou a criar corpo em 2005, com a inserção das famílias agricultoras da Comunidade Tingui na reunião de planejamento da feira agroecológica do Município de Monteiro. Este planejamento foi uma ação estratégica apoiada pelo Projeto Dom Helder. Neste mesmo ano, foi elaborado um projeto que estruturava a participação das famílias na feira agroecológica do Município de Monteiro. As famílias foram contempladas por uma assessoria técnica permanente do Projeto Dom Helder Camara.

Na sequencia a experiência avançou tanto no campo produtivo melhorando a infraestrutura da produção, com projetos financiados pelo PDHC, como através de implantação de sistemas PAIS (produção Agroecológica Sus-tentável). Também avançaram na comercialização com a estruturação da feira agroecológica e acesso aos mer-cados institucionais PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Ainda avançaram no campo da organização social com organização da Associação dos Produtores Agroecológicos de Monteiro- APAM, constituição da Organização de Controle Social – OCS.

CONQUISTAS DA EXPERIÊNCIA

- consolidação de instância de organização e gestão da produção agroecológica: uma conquista

rele-vante que a experiência deixa como legado foi a constituição de uma associação para congregar e apoiar as famílias agricultoras na produção agroecológica, o que resultou na criação em 2009 da Associação dos Produtores Agroecológicos de Monteiro (APAM).

- consolidação da Feira Agroecológica de Monteiro: melhorias que passaram pela reestruturação da

Feira, em pontos significativos, tais como a definição de um local e data específicos para a mesma; a ampliação da quantidade de famílias envolvidas; e aumento e diversificação da produção;

(3)

- constituição da Organização de Controle Social OCS: a formalização do registro das famílias junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) foi um grande marco na valorização dos produtos agroecológicos do município de Monteiro;

- melhoria de qualidade de vida: a experiência de hortas e pomares proporcionou maior oferta de

ali-mentos para as famílias, geração de renda, maior autonomia e bem-estar das famílias;

- permanência no campo: a experiência forneceu condições favoráveis para as famílias agricultoras

fortalecerem suas estratégias de convivência com o semiárido e, portanto, assegurar sua permanência no campo;

- sede própria: apesar da mobilização das famílias da Comunidade em torno de uma organização social,

com a constituição de uma associação, pois não dispunham de um local para suas atividades de reunião e planejamento, o que se conseguiu por meio de financiamento durante o curso da presente experiência;

- cozinha experimental: esta conquista se reveste de grande importância para as famílias, pois permitiu

incrementar as atividades de processamento dos produtos da horta e pomares;

- fé, esperança, amor, orgulho da agricultura: ocorreu uma significativa mudança no sentimento das

CASO 1

ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM

famílias em relação à agricultura. Antes bas-tante desacreditada e desanimada por muitos, hoje é motivo de orgulho;

- aprendizado: as famílias relatam terem

aprendido bastante com a experiência, apro-priaram-se das formas de produção sustentá-vel, e consideram que este aprendizado foi mui-to facilitado pelos instrumenmui-tos de formação utilizados, principalmente pela formação pela experiência e a Unidade Demonstrativa (UD). Registram ainda que esta apropriação de con-hecimento oferece a condição de desenvolve-rem bem suas ações, recorrendo a aportes da assessoria técnica praticamente apenas para a elaboração de projetos e as articulações insti-tucionais;

- fortalecimento do grupo e das pessoas:

sen-timento de valorização e reconhecimento, os quais algumas famílias já vêm apresentando suas experiências em feiras e congressos. O grupo também tem muito orgulho com o cre-denciamento da Organização de controle So-cial (OCS) conseguido;

- ações afirmativas de gênero: com a

(4)

- ampliação e troca de conhecimento de outras experiências – intercâmbios: as famílias conside-raram muito importantes conhecerem outra realidade, inclusive para identificar o estágio em que se encontram. Isso por que muitas vezes se tem a impressão de estarem em situação muito ruim, e o inter-câmbio fez perceber que também já avançaram muito. Os interinter-câmbios, segundo elas, também foram muito importantes por permitirem a assimilação de muitos conhecimentos com outros agricultores; e

- transportes próprios, as dificuldades iniciais de transporte para transporte dos produtos, que resumia

a contar com bicicletas e carros de boi, foram praticamente supridas, pois todas as famílias agora dis-põem de veículos próprios, que vão desde motos, passando por carros de passeio e até utilitários.

LIÇÕES APRENDIDAS

• Aprender a conviver com as pragas

Algo que sempre foi assustador para as famílias nos seus cultivos convencionais, foi a ocorrência de pragas, sobretudo por fixarem sua produção muitas vezes em um único produto – como o tomate, que via de regra tem uma possibilidade de incidência maior de pragas. Então, controlar pragas sem a necessidade do uso de veneno, algo que parecia muito distante ou impossível de ocorrer, é uma lição extraordinária.

“Aprendemos a conviver com a praga sem o uso de venenos, fazemos mudança das culturas do lugar, usamos caldas, nim, e biofertilizantes. A praga tem o tempo certo para aparecer no ano, e quando ocorre não acaba com todas as culturas, por isso é importante diversificar as culturas, pois às vezes uma praga dá na alface, mas não na couve” Síntese fala das famílias agricultoras participantes da sistematização.

CASO 1

(5)

• Respeitar o meio ambiente

As famílias se tornaram mais conscientes em relação aos cuidados ambientais do que anteriormente. As mesmas passaram a incorporar mudanças de práti-cas, eliminando aquelas que produzem prejuízos ao ambiente, tais como as queimadas e o uso de agro-químicos ou venenos, como os mesmo se referem ao mencionar estes produtos. Observa-se também uma maior preocupação com a produção e destinação do lixo na comunidade.

• A união faz a força

A compreensão do grupo é de que sozinhos não iriam alcançar os resultados que conseguiram trabalhando associados. Quando estavam trabalhando isolados, não passaram da condição de ter uma caixa de toma-te como ponto de venda, cuja localização se altoma-terna- alterna-va, não dispondo nem de ponto fixo nem de estrutura. Essa união possibilitou acessar programas, diversificar a produção, organizar uma feira agroecológica e aces-sar outros mercados.

“Quando estávamos sozinhos não conse-guíamos nos desenvolver, o trabalho cole-tivo ajudou a melhorar o acesso ao merca-do e a tumerca-do”. Verinha

CASO 1

ROTA ESTRATÉGICA DE APRENDIZAGEM

• Troca e intercâmbio gerado aprendizado

As famílias consideraram de muita importância a realização de intercâmbio, pois o mesmo possibilitou dialogar com outros agricultores que estão trabalhando alternativas; de modo que puderam ver na prática o funcio-namento de uma atividade que ainda se apresenta nova para o grupo. Desta forma, considera que os inter-câmbios foram muito valiosos para aprenderem uma nova prática, e também se definir conscientemente pela implantação em sua área.

“Os intercâmbios foram muito importantes, pois se consegue olhar para sua experiência de forma diferente, comparando com as outras, se tiver intercâmbio eu paro tudo para poder participar”. Manoel Messias

(6)

• Diversificar a produção e o mercado

Quando se trabalha a muito tempo de uma maneira, fica-se preso a esse jeito de fazer, que torna difícil incor-porar mudanças. No entanto, foi fundamental promover mudanças de ampliação da diversidade dos cultivos, e de articulação para acessar mais mercados.

• As relações e aprendizagem da experiência ficam para sempre

O trabalho em parceria e envolvendo diversas atividades coletivas proporcionaram maior união, solidariedade e vínculos de amizade, que ultrapassam as relações específicas para a condução do projeto.

“A relação entre as famílias e as parceiras nestas construções conjuntas o tempo todo, vão para muito além da experiência do projeto, cria-se um ciclo de relacionamento, de amizades, que geram vínculos para a vida”. Verinha

CASO 1

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Histórico: ADIANTAMENTO DE VALOR DE 02 (DUAS) DIÁRIAS A AUXILIAR ADMINISTRATIVO DO SISPREV-TO PARA PARTICIPAÇÃO "CURSO CONCESSÃO DE APOSENTADORIAS E PENSÕES", REALIZADO

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Frondes fasciculadas, não adpressas ao substrato, levemente dimórficas; as estéreis com 16-27 cm de comprimento e 9,0-12 cm de largura; pecíolo com 6,0-10,0 cm de

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis

da quem praticasse tais assaltos às igrejas e mosteiros ou outros bens da Igreja, 29 medida que foi igualmente ineficaz, como decorre das deliberações tomadas por D. João I, quan-