• Nenhum resultado encontrado

PAULO FREIRE E OS POVOS INDÍGENAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PAULO FREIRE E OS POVOS INDÍGENAS"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

PAULO FREIRE E OS POVOS INDÍGENAS

Lóry da Silveira Ribeiro1 Gilson Morais2 Elisabete da Silveira Ribeiro3

Resumo

O presente texto traz uma breve discussão acerca do ser indígena no Brasil atual. Resgatando contribuições de Paulo Freire sobre o assunto. O texto aborda a situação do povo indígena no Brasil atual, bem como o preconceito e a crescente violência contra esse povo. Relembra a indignação de Freire diante do assassinato de Galdino de Jesus, indígena da etnia pataxó, ocorrida pouco antes de sua morte e que resultou na carta escrita em seu último livro. Freire era educador da vida que não aceitava a desumanização arrogante de quem se reveste de uma falsa superioridade para exterminar o outro, o diverso.

Palavras chaves: indígenas; Paulo Freire; violência.

1 Acadêmica do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: lory94@gmail.com 2

Acadêmico do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande. Indígena da etnia Tupi Guarani. E-mail: gilsonantmorais@outlook.com

3 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Professora Assistente do Curso da Universidade Federal

(2)

Introdução

Este pequeno texto tem o intuito de provocar o debate acerca da situação atual dos indígenas no Brasil, onde não faltam preconceitos e violências. Se de um lado nos últimos anos os povos indígenas tiveram alguns avanços, inclusive por conseguir, depois de muitas lutas, parcas demarcações de terras e cotas nas universidades públicas, de outro lado o preconceito e a violência são crescentes e silenciosos dia a dia.

Paulo Freire teve uma trajetória de vida que é facilmente visualizada em sua larga escrita. O amoroso educador sempre foi um respeitador de todos os povos e, pouco antes de morrer escrevia em suas cartas pedagógicas a tristeza da violência contra Galdino pataxó. Pois bem, neste momento socializamos esse mesmo sentimento, a dor de perceber que passa o tempo e que não conseguimos superar enquanto nação, o racismo e o preconceito contra essa parte tão importante da nossa população.

Espaços como este do Fórum de Leituras de Paulo Freire precisam ser cada vez mais permeados de indignação sempre que um ser humano for minizado por outro ser humano como se um tivesse menos valor do que o outro. Estamos assistindo a morte de indígenas como se isso não tivesse a ver conosco. E, mesmo quando eles se destacam de forma positiva, ainda que mundialmente, como nos Jogos Mundiais Indígenas, acontecido em outubro de 2015, em Palmas no estado do Tocantins, tendo os brasileiros como campeões em quase todas as modalidades, coberto pela imprensa internacional e invizibilizado pela nacional, não os vemos e quando vemos é como o exótico, o outro diferente de nós.

É preciso utilizar este espaço também para anunciar que os indígenas estão cada vez mais fortes e com coragem de lutar por seus direitos. Reinventam-se a cada dia, estão ocupando espaços na universidade, que é um desafio, já que a cultura indígena é oralista e a acadêmica é centralizada na escrita, mas eles estão aí qualificando as escolas indígenas e preservando suas raízes.

(3)

Freireando com os povos indígenas

Paulo Freire (1997) revela que a realidade do favelado, do camponês, em Pernambuco o remeteu a Marx, do mesmo modo a realidade dura do povo indígena no Brasil, nos remete a Freire.

Pouco tempo antes de Paulo morrer ele escrevia indignado e incrédulo do que estava vivenciando, o que seria mais tarde o capítulo três de seu livro Pedagogia da Indignação. Freire denunciava a violência praticada contra o indígena Galdino Jesus dos Santos, da etnia Pataxó, ocorrido dia 20 de abril de 1997, em um ponto de ônibus em Brasília. Com uma fala de quem sofre demasiadamente por saber que tamanha crueldade fora praticada, Freire (2000, p.31) diz

Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um índio pataxó, que dormia tranquilo, numa estação de ônibus, em Brasília. Disseram à polícia que estavam brincando. Que coisa estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável.

Passaram-se dezenove anos e a denúncia de Freire continua atual, pois mês a mês muitos “Galdinos” são assassinados e os povos indígenas são desrespeitados de muitas maneiras. Cresce dia a dia o número de conflitos pela terra de que são expropriados e o desrespeito às suas culturas é evidente.

Paulo insistentemente falava sobre o respeito às diferenças, sobre a necessidade das culturas não se entenderem superiores nem inferiores, construindo constantemente o diálogo que faz de nós mais humanos. Temos vivido tempos difíceis da tirania da cultura de poucos sobre as culturas da classe trabalhadora. Para Freire (1996, p.56)

Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não pode se dar. Se discrimino o menino ou a menina pobre, a menina ou o menino negro, o menino índio (...) não posso evidentemente escutá-los e se não os escuto, não posso falar com eles, mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo de entendê-los. Se me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-me escutá-lo ou escutá-la. O diferente não é o outro a merecer respeito é

(4)

um isto ou aquilo, destratável ou desprezível.

Assim, se nos vemos como quem é superior de alguma forma, o diferente de nós não merece ser visto, escutado, compreendido. Infelizmente, essa tem sido uma situação bastante comum na sociedade atual. A grande imprensa trata de apresentar os indígenas de forma muito negativa, como arruaceiros, invasores, quando não os invizibiliza. Paralelo a isto, donos de grandes propriedades de terra, principalmente no norte e centro-oeste do país interessados em expulsá-los de suas terras e alguns políticos corruptos e mal intencionados fomentam o ódio contra os indígenas.

Por isso, ratificamos a indignação de Freire é muito atual, a violência se espalha e é cada vez mais banalizada. Tanto quanto a história que iremos contar a seguir. Santa Catarina é um estado brasileiro de belas praias, no verão chegam turistas de todos os lados, principalmente da região sul e dos países vizinhos Uruguai e Argentina. Isto faz com que os indígenas percebam a possibilidade de venda de seus artesanatos. Como de costume Caingangues saem de Chapecó e vão para Imbituba realizar suas vendas. Dormem no chão da estação rodoviária. No dia 30 de dezembro de 2015, um rapaz se aproxima de uma moça indígena que está amamentando seu filho, acaricia o menino Vítor, de apenas dois anos e em seguida desfere-lhe um golpe com um lâmina, degolando o menino e foge do local. A mãe desesperada pede socorro. Sem êxito, pois Vitor morre em seguida. Morre e, a sociedade silencia, banaliza o fato.

Perguntamo-nos porque a grande mídia não mostra repetidas vezes de forma indignada tal fato, como acontece quando a violência é com o filho da elite branca. Pelo simples fato de que ser indígena neste país é visto como ser menos. A jornalista Eliane Brum, escreve no jornal espanhol El país (2016):

Se fosse meu filho, ou de qualquer mulher branca de classe média, assassinado nessas circunstâncias, haveria manchetes, haveria especialistas analisando a violência, haveria choro e haveria solidariedade. E talvez houvesse até velas e flores no chão da estação rodoviária, como nas vítimas de terrorismo em Paris. Mas Vitor era um índio. Um bebê, mas indígena. Pequeno, mas indígena. Vítima, mas indígena. Assassinado, mas indígena. Perfurado, mas indígena. Esse “mas” é o assassino oculto. Esse “mas” é serial killer.

(5)

parece se desumanizar. O educador em que bebemos é aquele que busca incessantemente a gentetude, o respeito ao outro, o que demonstrou por todos os lugares onde andou. Na Nicarágua recém liberta, Paulo Freire contribuiu com a alfabetização da população, na ocasião alertava o grupo que trabalharia com os indígenas para que:

se apresentassem como representantes da Revolução, falando do que se vinha fazendo no país no campo da alfabetização, deixando claro que a Revolução não estava querendo alfabetizá-los em espanhol. O que ela queria era conversar com eles sobre si mesma e ouvir deles o que tinham a dizer a ela, quais os seus sonhos, suas esperanças.(FREIRE, 1986, p.47)

O que vimos acima mostra a sensibilidade e o respeito do educador pelos povos nativos, com quem propõe o diálogo, e demonstra que quer compreender essa cultura, os sonhos, as esperanças. Isto precisa ser resgatado, inclusive nas universidades, espaços onde recentemente os indígenas estão se inserindo e onde ainda há muito preconceito.

Léia Ramos (2016) da etnia Macuxi revela que está cursando doutorado em Antropologia, estudando “autores que falam sobre indígenas e percebendo quantos preconceitos colocam em suas escritas”. Ou seja, se desconhecemos as etnias e os próprios autores que vamos estudar carregam em suas teorias o preconceito, a tendência é aumentar a desvalorização do povo indígena. Daí a necessidade de ver o outro como pessoa, como possibilidade de verdadeiro encontro, de trocas e de diálogos que nos ajudem a nos educarmos na relação entre sujeitos.

Eliane Boroponema (2016) da etnia Umutina diz que

em muitos lugares os indígenas ainda não são bem vistos na universidade e, que para eles esta também é um grande desafio já que a cultura indígena é voltada a oralização, enquanto as outras culturas brasileiras são totalmente focadas na escrita. [Denuncia ainda que] há poucas semanas atrás, um líder indígena ao sair da universidade foi alvo de muitos tiros.

Como dizia-nos Freire (2000, p. 31) o indígena “continua minimizado” na escola, onde a lembrança de sua existência é no dia 19 de abril (dia do índio), quando professoras dão desenhos de indígenas que muitas vezes nem se parecem com os brasileiros em tempo e espaço, pintam seus rostos e, assim vamos para casa e ficamos

(6)

com nossas consciências tranquilas. Raras vezes os indígenas são chamados a contar um pouco da cultura deles, assim continuamos os vendo como os atrasados, os exóticos.

Porém, Léia Ramos (2016) nos alerta, eles resistem, “diziam que os indígenas iriam todos morrer de fome, mas estamos sobrevivendo na luta e cada dia nascem novos indígenas.” e é esta resistência de quem está inserido no mundo que os mantêm neste, pois a violência da elite branca é incessante.

No Mato Grosso do Sul o que temos visto é uma verdadeira chacina contra os indígenas que têm que se reinventar a cada dia. Estudos antropológicos confirmam que os Guaranis-Kaiowás habitavam as terras até a década de 1950 quando foram expulsos pela expansão agrária. Os indígenas que se sentem parte da terra, reivindicam esta para seu povo, para servir a sua função social e não para o lucro que impera entre os latifundiários, porém são muitas as barreiras e os conchavos políticos e policialescos que não estão a serviço da vida, mas da reprodução do capital.

Segundo Léia Ramos (2016) “É preciso conhecer cada cultura para respeitar todas. Para os invasores o que importa são as riquezas, já para os indígenas é a coletividade”. O sentimento que temos é que os povos indígenas historicamente expropriados de suas riquezas, de suas culturas, de seus sonhos, estão abertos a conhecer e respeitar as outras culturas que muitas vezes fecham as portas ao diálogo.

Em Política e Educação Freire (1993, p.15) nos fala de um sonho

fundamental que se deveria incorporar aos ensinamentos das cidades educativas é o do direito que temos, numa verdadeira democracia, direito de ser diferentes e, por isso mesmo que um direito, o seu alongamento ao direito de ser respeitados na diferença. As cidades educativas devem ensinar a seus filhos e aos filhos de outras cidades que as visitam que não precisamos esconder a nossa condição de judeus, (...) de brasileiros, de africanos, latino-americanos de origem hispânica, de indígenas não importa de onde, de louros, de homossexuais, (...) para gozar de respeito e atenção.

Este respeito e atenção de que o educador nos fala está faltando em nossa sociedade contemporânea, inclusive no nosso Congresso Nacional, onde temos representantes elitistas, racistas, homofóbicos, enfim com preconceitos de toda a ordem que não seja a da lógica própria e insana deles. Para Freire (1993, p.15)

(7)

Não se faz nem se vive a substantividade democrática sem o pleno exercício deste direito que envolve a virtude da tolerância. Talvez as cidades pudessem estimular as suas instituições pedagógicas, culturais, artísticas, religiosas, políticas, financeiras, de pesquisa para que, empenhando-se em campanhas com este objetivo, desafiassem as crianças, os adolescentes, os jovens a pensar e a discutir o direito de ser diferente, sem que isto signifique correr o risco de ser discriminado, punido, ou ainda pior, banido da vida.

Os indígenas continuam sendo banidos da vida pelo simples fato de serem indígenas. Esta é uma realidade cruel e silenciosa no Brasil atual, onde muitos estão preferindo negar suas origens para não sofrer violência. A mesma indignação que movia Paulo Freire, pouco tempo antes de sua morte nos move neste momento. Lembramos as palavras de Freire (2000, p.31)

Para sua crueldade e seu gosto de morte, o índio não era um tu ou um ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior no mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva.

Que coisa estranha brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em que decresceram em vez de crescer.

Os indígenas não podem continuar sendo vistos como sombras. A nossa ética tem que ser outra a do pertencimento cultural, a da inserção no mundo como parte integrante de um planeta de tantos seres, que precisa tanto do cuidado de cada um, no sentido de não nos entendermos superiores, mas gente que se constrói a cada dia na relação com o outro gentificando-se cada vez mais na aceitação do outro. Isto não quer dizer nossa anulação, nem que temos que concordar com tudo o que o outro traz consigo, mas no sentido de que juntos, sem que um seja superior ao outro vamos crescendo como seres humanos.

Freire (2000, p. 31) é enfático ao afirmar que “não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torna-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor”. Esta deve ser uma luta diária, a qual é um paradoxo, por estarmos em pleno século XXI, onde parece que as distâncias são diminuídas pelas tecnologias, as comunicações são muito rápidas, poderiam ser mais humanizadas, mas o capital prevalece ao invés de prevalecerem as

(8)

pessoas.

Com Freire (2000, p.31) queremos chamar à atenção para a importância da educação no processo de humanização da sociedade pois “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Assim, o comprometimento com a mudança deve perseguir nossa práxis e renovar as nossas esperanças em um mundo mais humano a cada dia. Somos parte integrante desse processo histórico que apresenta muitos condicionantes limitadores, mas temos a certeza de que embora se imponham desafios para uma educação mais humanizada, estes não são determinantes e que assim a construiremos diariamente.

Para tanto, é importante reconhecermos o conhecimento do outro. Freire (1997, p.69) conta que

O professor Adão Cardoso, biólogo da UNICAMP, me relatou que foi convidado por um jovem índio do interior da Amazônia a aprender a usar arpão na pescaria. Respondendo à indagação provocadora do cientista que lhe perguntara por que atirava o arpão não no peixe, mas entre o peixe e a lateral do barco, respondeu: “Não. Atirei no peixe. Você não viu certo porque às vezes os olhos mentem.” O índio explicava à sua maneira, ao nível da “ciência’ que sua prática permitia, o fenômeno ela refração. À custa de sua prática e da prática da sua aldeia, o jovem índio tinha intimidade com o fenômeno e o operava com acerto.

A forma de como este conhecimento é processado é pouco valorizada, tanto na escola quanto na academia, como se fosse um não conhecimento por não ter explicação academicista. Freire, no entanto, sempre valorizou o conhecimento popular, não apenas por ser basista, mas compreender que conhecimento pode se inter-relacionar com o acadêmico potencializando a ambos.

Considerações finais

Este pequeno texto buscou trazer à tona discussões sobre os indígenas no Brasil atual. Vimos em Freire um enorme respeito a todos os povos e vários de seus livros chamam à atenção para os povos nativos.

(9)

comovente, assim como se solidariza com seu povo. Como os povos indígenas, Freire foi um educador pela vida, respeitador dos seres e consciente de sua incompletude e de pertencimento à gentetude. Corajoso, não deixava de denunciar as violências que os menos favorecidos economicamente sofriam.

Vivemos momentos muito difíceis, como outrora viveu Paulo Freire, em tempos de ditadura militar, mas o educador nos dá a esperança de que nada é para sempre e que temos que nos fazer presença no mundo para que este possa transformar-se. Freire não fugiu à luta por um mundo melhor, onde quer que fosse, em outros países da América Latina, na África, no nordeste brasileiro e, este exemplo nos dá coragem de lutar a cada dia. Assim como, de denunciar as violências dos que se julgam superiores às classes trabalhadoras do Brasil.

Os povos indígenas continuarão sua luta e buscarão novas estratégias de enfrentamento e deverão ocupar cada vez mais espaços à revelia dos preconceitos, se recriando cada dia.

É necessário superar a ética que Freire (2000, p. 31) critica, ao falar sobre os adolescentes assassinos de Galdino

Penso em suas casas, em sua classe social, em sua vizinhança, em sua escola. Penso, entre outras coisas mais, no testemunho que lhes deram de pensar e de como pensar. A posição (...) do índio neste pensar. Penso na mentalidade materialista de posse das coisas, no descaso pela decência, na fixação do prazer, no desrespeito pelas coisas do espírito, consideradas menor ou de nenhuma valia. Adivinho o reforço deste pensar em muitos momentos da experiência escolar em que o índio continua minimizado. Registro o todopoderosismo de suas liberdades, isentas de qualquer limite, liberdades virando licenciosidades, zombando de tudo e de todos. Imagino a importância do viver fácil na escala de valores em que a ética maior, a que rege as relações no cotidiano das pessoas terá inexistido quase por completo. Em seu lugar a ética do mercado, do lucro. As pessoas valendo pelo que ganham em dinheiro por mês. O acatamento ao outro, o respeito ao mais fraco, à reverência a vida, não só humana, mas vegetal e animal, o cuidado com as coisas, o gosto da boniteza, a valoração dos sentimentos, tudo isso reduzido a nenhuma ou quase nenhuma importância.

A ética que queremos é a da humanização, é a da compreensão de que todos fazemos parte de uma mesma totalidade. Onde possamos compartilhar a beleza das coisas simples e, principalmente onde as pessoas possam buscar o ser mais de que nos

(10)

falava Freire, enfim de que possam juntos ser mais humanos.

Para finalizar a escrita, mas não o debate, queremos dizer que usamos este pequeno texto para provocar a discussão sobre o assunto. De um lado denunciamos o preconceito que mata, que inviabiliza possibilidades de todos crescermos, para que não se tenha mais tanta violência.

Lembrando que a exemplo do Galdino, Vitor foi condenado à morte, apenas com dois anos de idade. Qual o grande crime que cometeu? Ter nascido indígena num país em que ainda impera a ideologia do colonizador, onde o “índio” é menos gente e, por isso pode ser eliminado, sem que um fato de tal violência abale a nossa sociedade, sem que a mídia trate do assunto com o respeito e ênfase merecida, pois quando acontece algo semelhante em outros grupos sociais é o que acontece. De outro lado anunciamos a força e a coragem deste povo que continua se reinventando dia a dia.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:UNESP, 2000.

_____________. Professora sim, tia não: cartas quem ousa ensinar. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1997.

_____________. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

_____________. Política e educação: Ensaios. São Paulo: Cortez Editora, 1993.

_____________; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

<http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/01/o-silencio-da-midia-em-torno-do-assassinato-brutal-de-um-bebe-indigena.html> acesso em 19.04.216.

(11)

RAMOS Léia da Silva; MONZILAR, Eliane Boroponepa. Ser indígena no Brasil contemporâneo. Palestra ministrada na Universidade Federal do Tocantins, Campus de Arraias, TO, 2016.

Referências

Documentos relacionados

Com a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena e a reformulação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, diretamente vinculados ao Ministério da Saúde,

SEAPROF na implementação, na forma de visitas às aldeias e de reuniões com lideranças e representantes das associações, a SEMA promoverá uma avaliação

infraestruturas resilientes, mas também o desenvolvimento de culturas agrícolas que são tolerantes à seca, entre outros; (c) o plano de acção para a redução

É para dar continuidade a essa luta que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB – convoca a todos os povos, organizações e lideranças indígenas e seus aliados

A 1ª edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que será realizada em Palmas, capital do Estado do Tocantins, na segunda quinzena de setembro de 2015, contará com a

Dentre tais tratativas, há a proposta de emenda constitucional nº 215, que visa transformar a demarcação das terras indígenas de um processo técnico para um processo político;

Da mesma forma que a dicotomia urbano/rural é acentuada na análise deste grupo populacional, é preciso levar em consideração as diferentes categorias sociológicas que

Ademais, para desenvolver o turismo indígena no estado do Paraná é preciso, em um primeiro momento, divulgar e estimular maior conhecimento aos não indígenas a respeito dos