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Os povos indígenas e os Censos do IBGE: Uma experiência brasileira

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Os povos indígenas e os Censos do IBGE: Uma experiência brasileira

Nilza de Oliveira Martins Pereira Marta Maria Azevedo Resumo

A importância dos dados quantitativos para os povos indígenas no sentido de atender as suas necessidades específicas e orientar suas próprias políticas e as políticas públicas setoriais adquiriu nos últimos anos um grande interesse nos diversos países.

Muito se pode atribuir ao crescimento do volume populacional desta população na última década em diversos países da América Latina.

Vários são os critérios utilizados para quantificar as populações indígenas nos países a partir da fonte censitária. Na América Latina os mais utilizados são a localização geográfica, línguas faladas e autoidentificação (Peyser e Chackiel, 1999).

A experiência do Brasil quanto a aplicação da metodologia de autoclassificação na captação da população indígena data do Censo Demográfico de 1991 onde foi incorporada mais uma categoria às quatro já existentes (branca, preta, amarela e parda) no quesito "Qual a sua cor ou raça?" . E, assim, foi possível obter a categoria indígena separadamente das pessoas que se classificavam como pardas nos censos até 1980.

Os resultados do Censo Demográfico 2000 revelaram uma nova distribuição espacial da população que se autodeclarou indígena, segundo as Grandes Regiões do Brasil.

O ritmo de crescimento anual no período 1991/2000 da população que se autodeclarou indígena foi da ordem de 10,8%. Acreditamos que este crescimento não seja apenas demográfico, mas também uma mudança na autoidentificação de um contingente de pessoas que anteriormente se identificavam como pardos.

A composição por sexo e idade da população que se declarou indígena, em 2000 apresentou um significativo estreitamento de sua base, representando declínio da fecundidade, ainda com alta razão de dependência em função da grande contribuição do contingente de jovens. Regionalmente as pirâmides etárias são bem distintas para o conjunto total da população.

Os resultados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 revelaram características estruturais bem distintas para a população que se autodeclarou indígena quando recortadas pelas regiões brasileiras. Da mesma forma que a dicotomia urbano/rural é acentuada na análise deste grupo populacional, é preciso levar em consideração as diferentes categorias sociológicas que se autodeclararam indígenas em ambos os censos: de um lado pessoas descendentes de índios, mas que não reconhecem um pertencimento étnico específico, contingente este que cresceu muito no Censo de 2000, e em geral moram nas áreas urbanas, e de outro lado pessoas pertencentes aos cerca de 220 povos indígenas que habitam as Terras Indígenas e mantêm suas tradições, organizações sociais, línguas e culturas específicas. Cada uma destas categorias sociológicas se distingue regionalmente no Brasil, e através das análises demográficas que os Censos possibilitarão será possível melhorar e tornar mais eficazes as políticas públicas direcionadas às mesmas.

Trabalho apresentado no I Congresso da Associação Latino Americana de População, ALAP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 18- 20 de Setembro de 2004.

Estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísrica.

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Os povos indígenas e os Censos do IBGE: Uma experiência brasileira

Nilza de Oliveira Martins Pereira Marta Maria Azevedo Introdução

A importância dos dados quantitativos para os povos indígenas no sentido de atender as suas necessidades específicas e orientar suas próprias políticas e as políticas públicas setoriais adquiriu nos últimos anos um grande interesse nos diversos países. Muito se pode atribuir ao crescimento do volume populacional desta população na última década em diversos países da América Latina.

Vários são os critérios utilizados para quantificar as populações indígenas nos países a partir da fonte censitária. Na América Latina os mais utilizados são a localização geográfica, línguas faladas e autoidentificação (Peyser e Chackiel, 1999).

A experiência do Brasil quanto a aplicação da metodologia de autoclassificação na captação da população indígena data do Censo Demográfico de 1991 onde foi incorporada mais uma categoria às quatro já existentes (branca, preta, amarela e parda) no quesito "Qual a sua cor ou raça?" . E, assim, foi possível obter a categoria indígena separadamente das pessoas que se classificavam como pardas nos censos até 1980. Esta metodologia está baseada na declaração espontânea do indivíduo, e consiste na formulação do quesito onde a pessoa tem que se autoclassificar segundo a consideração que tem de si mesma (Giusti, 2000). O conceito foi aplicado àqueles que viviam em Terras Indígenas, como também aos que viviam fora das mesmas. Porém, esta forma de captação da informação não identifica cada povo indígena, apenas toma como critério o índio genérico, deixando de identificar os cerca de 220 povos que habitam o território brasileiro. Existem algumas limitações quanto ao critério metodológico de autoidentificação ou autoclassificação, tais como: a subenumeração da informação em função do

Trabalho apresentado no I Congresso da Associação Latino Americana de População, ALAP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 18- 20 de Setembro de 2004.

Estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísrica.

Antropóloga, demógrafa do Instituto Socioambiental.

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processo de miscigenação que a sociedade brasileira sofreu e que se mantém até hoje, e também a sobrenumeração como resultado de uma certa simpatia pela causa indígena e suas culturas específicas ou de percepção de possíveis benefícios provenientes de políticas destinadas a favorecer estes grupos (Schkolnik, 1998).

1. Crescimento e distribuição espacial

Os resultados do Censo Demográfico 2000 revelaram uma nova distribuição espacial da população que se autodeclarou indígena, segundo as Grandes Regiões do Brasil. Na Região Norte do país residia, em 2000, 29,1%

desta população, enquanto que em 1991, esta proporção era 42,4%.

Historicamente esta região sempre concentrou a maior proporção de população indígena no total de indígenas do país, com estes resultados praticamente a hegemonia foi dividida com as participações significativas das regiões Nordeste e Sudeste. Isto aconteceu provavelmente devido ao grande crescimento de pessoas que se identificavam como pardas ou negras e que, no censo de 2000, passaram a se identificar como indígenas. Na região sudeste, em 1991, 30.586 pessoas se autoclassificaram como indígenas e em 2000 esta população passou para 156.134; no nordeste de 55.851 pessoas identificadas como indígenas em 1991, em 2000 este contingente era de 166.500.

42.4

29.1

19.0 23.2

10.4 22.0

10.3 11.5

17.9 14.2

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Participação relativa da população residente que se autodeclarou indígena por Grandes Regiões - Brasil -

1991/2000

1991 2000

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O Censo Demográfico de 1991 revelou que o percentual de indígenas era 0,2%, obtido em relação a população total brasileira, totalizando assim 294 mil indígenas no país. O Censo Demográfico 2000 revelou 734 mil pessoas autoidentificadas como indígenas no país, portanto atingindo um crescimento absoluto de 440 mil indígenas. Com este resultado o ritmo de crescimento anual no período 1991/2000 foi da ordem de 10,8%. Acreditamos que este crescimento não seja apenas demográfico, mas também uma mudança na autoidentificação de um contingente de pessoas que anteriormente se identificavam como pardos. Segundo Azevedo, vários fatores poderiam explicar este crescimento no período 1991/2000. “A década de 90 foi muito boa para os índios. Houve a Constituição e a Rio-92, que fizeram com que eles aparecessem na mídia de maneira positiva. Cresceu a questão ambiental, onde eles surgiram como defensores do meio ambiente. Houve também uma pesquisa sobre o DNA dos brasileiros feita pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, em 1997 que mostrou 45 milhões de brasileiros têm ascendência indígena. Coisas assim reforçaram a identidade étnica e fizeram surgir um orgulho de ser descendente de índio”.

A distribuição deste crescimento foi de forma desigual nas regiões brasileiras, onde a Região Norte que detém a maior participação de indígenas do país apresentou o menor ritmo de crescimento anual. A Região Sudeste que em 1991 detinha a menor participação de indígenas no total de indígenas do país dobrou a sua participação em 2000, passando de 10,4% para 22,0%, logo com um ritmo de crescimento anual da ordem de 20,5%. Para melhor entendimento desta identificação, o recorte pela situação do domicílio urbana/rural revelou que as áreas urbanas de todas as regiões brasileiras apresentaram significativos incrementos, enquanto a área rural tem na Região Sudeste o grande destaque. Um prejuízo negativo na identificação da população indígena é aqueles residentes nas cidades, onde talvez por preconceito deixam de responder que realmente são indígenas, como será visto mais adiante com as informações para as 27 capitais brasileiras. Não se pode deixar de considerar a relação existente com o aumento na proporção de população urbana de um modo geral em todos os estados brasileiros, principalmente ligado a três fatores: o próprio crescimento vegetativo nas áreas

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urbanas, da migração, sobretudo dentro do próprio estado, com destino urbano e, em pequena escala, da incorporação de áreas que em censos anteriores eram consideradas rurais (Pereira, 2004).

29.1

12.1 47.6

23.227.6 18.4

22 36.7

5.9 11.5 13.6 9.3 14.2

10 18.8

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Participação relativa da população residente que se autodeclarou indígena por Grandes Regiões, segundo a

situação do domicílio - Brasil - 2000

Total Urbana Rural

10,8 20,8

5,2 6,2 16,4

4,5 13,3

23,9

5,6

20,5 21,3 16,0

12,2 20,1

5,5 8,0

19,6

4,4

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Taxa média geométrica de crescimento anual da população indígena para o período 1991/2000 por Grandes Regiões,

segundo a situação do domicílio - Brasil - 1991-2000

Total Urbana Rural

O crescimento e a distribuição espacial, no âmbito estadual, caracteriza- se por um aumento da população autoidentificada como indígena nos estados onde a participação relativa deste contingente é menor, qualquer contribuição em termos de volume populacional em populações rarefeitas altera substancialmente o seu incremento. No conjunto das capitais brasileiras, 18,1%

dos indígenas residiam nas capitais em 2000, enquanto que em 1991 este percentual era 12,0%, tendo crescido, portanto, em 50,5%. O crescimento nas capitais das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste foi acentuado. Enquanto a

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Região Norte manteve em 2000 a mesma participação de 1991 a Região Sudeste apresentou maior concentração de indígenas no interior1, embora as taxas de crescimento, tanto das capitais quanto as do interior, experimentaram aumentos em seus contingentes. Algumas capitais da Região Norte (Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista); no Nordeste (Fortaleza) e as da Região Sudeste, excetuando Vitória, revelaram redução na proporção de pessoas autodeclaradas indígenas com relação ao total de indígenas do estado de 1991 para 2000, e com isto, Boa Vista e Rio Branco apresentaram até uma perda populacional no período 1991/2000.

1 Considerou-se como interior o conjunto de municípios que não possuíam o status de capital.

População residente que se autodeclarou indígena, distribuição relativa e taxa média geométrica de crescimento anual, segundo as Grandes Regiões,

Municípios das Capitais e Interior - Brasil - 1991/2000

População residente que se autodeclarou indígena Total Distribuição relativa (%) Grandes Regiões, Municípios das

Capitais e Interior

1991 2000 1991 2000

Taxa média geométrica de crescimento anual -

1991/2000

Brasil... 294 131 734 127 100.0 100.0 10.8

Capitais... 35 341 132 706 12.0 18.1 16.0 Interior... 258 790 601 421 88.0 81.9 9.9 Região Norte... 124 615 213 443 100.0 100.0 6.2 Capitais... 12 785 21 399 10.3 10.0 5.9 Interior... 111 830 192 044 89.7 90.0 6.3 Região Nordeste... 55 853 170 389 100.0 100.0 13.3

Capitais... 6229 38655 11.2 22.7 22.7

Interior... 49 624 131 734 88.8 77.3 11.6

Região Sudeste... 30 589 161 189 100.0 100.0 20.5

Capitais... 10631 43367 34.8 26.9 17.1

Interior... 19 958 117 822 65.2 73.1 22.0 Região Sul... 30 334 84 747 100.0 100.0 12.2

Capitais... 2094 12395 6.9 14.6 22.1

Interior... 28 240 72 352 93.1 85.4 11.1

Região Centro-Oeste... 52 740 104 360 100.0 100.0 8.0

Capitais... 3602 16890 6.8 16.2 18.9

Interior... 49 138 87 470 93.2 83.8 6.7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991-2000.

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0.4

27.0

0.40.70.9 20.6 26.4 28.8

1.0 23.9

1.11.21.41.41.5 4.9 11.6 18.5 20.9 1.7 6.0 11.2

1.72.01.9 5.4 8.6 13.0

3.83.84.04.3 14.2 16.9 26.2

4.7 12.5

4.95.15.36.56.66.67.38.710.011.7 16.8 19.4

2.1 5.7 8.8

5.9 15.4 AM

BA SP MS MG RS PA RJ PE PR MT RR MA SC GO ES CE RO TO PB AL AC DF SE AP RN PI

Participação relativa e taxa média geométrica de crescimento anual no período 1991/2000 da população residente que se declarou indígena, segundo as Unidades da Federação - 2000

Participacao relativa no total de indígenas em 2000

Taxa média geométrica de crescimento anual no período 1991/2000

(8)

5.5

-1.1 6.4

6.47.0 21.326.8 7.4 15.3

8.69.511.411.514.71521.124.326.6 15.621.1 32.3 1016.116.417.416.220.324.9

10.717.718.920.7 33.3 44.8 21.928.7

-4.9 9.915.416.82127.226.529.129.335.538.437.539.140.243.5

100.0 Brasília 20.6

Rio de Janeiro Natal Aracaju Teresina São Paulo Salvador Fortaleza Boa Vista Goiânia Maceió João Pessoa Porto Velho Porto Alegre Curitiba Macapá Belo Horizonte Recife Vitória São Luís Belém Campo Grande Cuiabá Manaus Florianópolis Palmas Rio Branco

Proporção da população residente que se declarou indígena no total de indígenas do estado e taxa média geométrica de crescimento anual no período 1991/2000 , segundo as Capitais

Brasileiras - 2000

Proporção da população residente que se declarou indígena no total de indígenas do estado em 2000

Taxa média geométrica de crescimento anual no período 1991/2000

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2. Estrutura por sexo e idade

A razão de sexo da população que se autodeclarou indígena no Censo Demográfico 2000 revelou um equilíbrio entre homens e mulheres; em 1991, existia um excedente masculino da ordem de 4,2%. Na análise da razão de sexo pela situação do domicílio observou-se que esta população segue o padrão da população brasileira como um todo, predomínio feminino nas áreas urbanas e superávit masculino nas áreas rurais.

104.299.0 110.7

106.1 100.9

95.3 90.0 93.2

99.6102.0 104.6 98.4

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Razão de sexo da população residente que se autodeclarou indígena por Grandes Regiões - Brasil - 1991/2000

1991 2000

91.5 108.0

93.5109.8 88.7

107.1 91.5

106.0 100.3104.9 86.0

106.3

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Razão de sexo da população residente que se autodeclarou indígena por Grandes Regiões, segundo a situação do

domicílio - Brasil - 1991/2000

Urbana Rural

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A composição por sexo e idade da população que se declarou indígena, em 2000 apresentou um significativo estreitamento de sua base, representando declínio da fecundidade, ainda com alta razão de dependência em função da grande contribuição do contingente de jovens.

Composição por sexo e idade 1991/2000

BRASIL

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

Para a área urbana a redução do peso relativo do contingente de jovens na população total indígena intensificou o processo de estreitamento da base.

Enquanto que a população que se autodeclarou indígena na área rural apresentou características de uma população jovem com uma base alargada, fruto da persistência de altos níveis de fecundidade, que vai se estreitando proeminentemente na medida em que a idade aumenta, com a redução da população adulta e idosa, caracterizando assim uma alta mortalidade. Isto provavelmente é devido ao fato de que a maioria dos povos residentes nas Terras Indígenas tem passado, nos últimos anos, por um processo de recuperação populacional, apresentando altas taxas de fecundidade e de mortalidade (Pagliaro, 2002 e Coimbra, 2002)

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BRASIL - URBANA

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

BRASIL - RURAL

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

Regionalmente as pirâmides etárias são bem distintas para o conjunto total da população. Para a Região Norte a composição por sexo e idade da população que se declarou indígena, em 2000 apresentou uma base ainda larga e que se estreita rapidamente, representando alta natalidade e mortalidade, com idade mediana baixa e elevada razão de dependência em função da grande contribuição do contingente de jovens.

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REGIÃO NORTE

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

A composição por sexo e idade da população que se autodeclarou indígena na Região Nordeste apresentou características semelhantes a do Brasil como um todo. O contingente de crianças e adolescentes (0 a 14 anos de idade) que em 1991 era 42,8% declinou para 29,9%, tendo os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia revelado reduções que contribuíram muito para este comportamento. A proporção de idosos, pessoas de 65 anos ou mais de idade atingiu em 2000, 6,4%, convém destacar o Estado do Piauí com 7,2% de idosos indígenas.

REGIÃO NORDESTE

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

As características da pirâmide etária dos autodeclarados indígenas da Região Sudeste são correspondentes ao padrão etário da população urbana brasileira, se caracterizando por uma pequena proporção no grupo de crianças e adolescentes (0 a

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14 anos ou mais de idade). Uma fecundidade em níveis baixos, uma baixa mortalidade, com a menor razão de dependência e a maior proporção de idosos dentre as regiões do país. A proporção de pessoas indígenas de 15 a 64 anos de idade desta região atingiu 72,6% do total de indígenas da região. O declínio da fecundidade conjugada à redução da mortalidade contribuiu para as mudanças processadas na composição por idade desta população. Esta situação reflete, provavelmente, o aumento de pessoas que se audeclaravam como pardos, ou outra categoria, nos censos anteriores e passaram a se declarar indígenas, já que a população que reside em Terras Indígenas nesta Região é bem inferior à população autodeclarada indígena no Censo.

REGIÃO SUDESTE

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

A base da pirâmide etária da Região Sul apresentou comportamento distinto das demais com o patamar do grupo de 5 a 9 anos de idade inferior ao patamar do grupo de 0 a 4 anos de idade.

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REGIÃO SUL

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

A Região Centro-Oeste apresentou na composição por sexo e idade formato piramidal semelhante a da Região Norte, isto é, com uma base ainda larga e que se estreita rapidamente, representando alta natalidade e mortalidade, com grande contribuição do contingente de jovens.

REGIÃO CENTRO-OESTE

( 2 0 ) ( 1 5 ) ( 1 0 ) ( 5 ) 0 5 1 0 1 5 2 0

0 - 4 1 0 - 1 4 2 0 - 2 4 3 0 - 3 4 4 0 - 4 4 5 0 - 5 4 6 0 - 6 4 7 0 - 7 4 8 0 +

Ho mens M ulheres

No país como um todo, a contribuição do segmento de crianças e adolescentes indígenas de 0 a 14 anos de idade no total da população indígena declinou de 41,8%, em 1991, para 32,6%, em 2000, ao passo que o grupo de idosos de 65 anos ou mais de idade, no mesmo período, aumentou em 23,4%

(4,7% em 1991, e 5,8%, em 2000).

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As diferenças observadas nas razões de dependência referentes às regiões foram bastante significativas. Enquanto o peso dos jovens e dos idosos sobre o segmento de 15 a 64 anos de idade residente na Região Norte, correspondia a 90,2%. Este indicador para a Região Sudeste alcançou 37,7%.

Os estados brasileiros que formam a Região Sudeste acrescido de Goiás e o Distrito Federal apresentaram as mais reduzidas razões de dependência. A estrutura por idade da população que se autodeclarou indígena permitiu a derivação do índice de envelhecimento populacional, este índice está em elevação em praticamente todas as regiões, o que reflete a influência da continuada queda da fecundidade e simultaneamente, o aumento da esperança média vida. Os níveis mais elevados foram encontrados nos estados pertencentes à Região Sudeste, destacando-se o comportamento do Rio de Janeiro com uma relação idoso/criança de 49,9%.

3. Considerações finais

Os resultados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 revelaram características estruturais bem distintas para a população que se autodeclarou indígena quando recortadas pelas regiões brasileiras. Da mesma forma que a dicotomia urbano/rural é acentuada na análise deste grupo populacional, é preciso levar em consideração as diferentes categorias sociológicas que se autodeclararam indígenas em ambos os censos: de um lado pessoas descendentes de índios, mas que não reconhecem um pertencimento étnico específico, contingente este que cresceu muito no Censo de 2000, e em geral moram nas áreas urbanas, e de outro lado pessoas pertencentes aos cerca de 220 povos indígenas que habitam as Terras Indígenas e mantêm suas tradições, organizações sociais, línguas e culturas específicas. Cada uma destas categorias sociológicas se distingue regionalmente no Brasil, e através das análises demográficas que os Censos possibilitarão será possível melhorar e tornar mais eficazes as políticas públicas direcionadas às mesmas.

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CEPAL/ CELADE – 1998. I Encuentro Internacional: Todos Contamos Los Grupos Etnicos en los Censos. Cartagena de Indias, Colombia, 2000.

Referências

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