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O CORPO E OS VESTUÁRIOS PSICOPATOLÓGICOS. Palavras-chaves: SOMA, PSIQUICO, MASOQUISMO, DOR, CORPO

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O CORPO E OS VESTUÁRIOS PSICOPATOLÓGICOS” Ana Maria del Pilar Bidondo

Eixo: O corpo na teoría

Palavras-chaves: ​SOMA, PSIQUICO, MASOQUISMO, DOR, CORPO

Resumo

De que corpo estamos falando? Do corpo da anatomia? Do da biologia? Trata-se do corpo na psicanálise. Com as suas próprias conotações: o corpo animado pelo soma. Corpo e soma como duas entidades específicas. E a noção de pulsão, conceito limite entre o psíquico e o somático.

É a partir da metapsicologia que se retrocede ao início do ´talking cure´ de Anna O e a condensação das cenas sexuais infantis nas conversões corporais.

Para transitar pelo caminho marcado pela histeria em Freud para a ´neurose de angústia ´ou ´ para as neuroses atuais´. O presente contínuo da tragédia edípica: o atual. Os sintomas como uma quantidade de estímulos que emergem do psiquismo quando as excitações sexuais (incestuosas, herdadas do id) ao não ter inscrição no pré-consciente – devido à imaturidade do ego- se dirigem para o corpo que adoece. No narcisismo haverá outro corpo, que o narcisista vê no espelho e ama como se se tratasse do objeto, sendo reflexo de si mesmo. Momento do encontro com a hipocondria, com¨ a sombra do objeto que cai sobre o ego¨ e com ele´ linguagem do

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órgão´ da esquizofrenia. O corpo que ´fala´ e usa vocábulos que provêm das marcas mnêmicas da palavra ouvida.

Desenvolvimento

E finalmente, é o corpo do mundo contemporâneo, o das tatuagens, dos silicones, polido pelo cinzel do bisturi, que ao ser exibido na sua perfeição faz alusão a um estranho procedimento. O do masoquismo, do erógeno, do feminino e do feminino no homem e da moral, com a sua enorme contribuição ao sentimento de culpa inconsciente. Em que o erotismo unido com a culpa provoca o aparecimento de condutas que Freud denominou ´enigmáticas. As do masoquismo, o vestuário erótico da pulsão de morte.

O CORPO E OS VESTUÁRIOS PSICOPATOLÓGICOS

Segundo a RAE (Real Academia Espanhola) definiria corpo como um conjunto de sistemas orgânicos que constituem um ser vivo. O corpo humano, no início da vida, a partir das zonas erógenas interage com o mundo exterior e se carrega de informação. Sendo essencial a presença do objeto para investi-lo narcisisticamente e transformar esse corpo em soma. E decodificar a informação do exterior que pela indefensão do ser poderia aniquilá-lo.

Revesti-lo libidinalmente ¨como a pessoa que fez parte de si mesmo¨ de acordo com a descrição de Freud na escolha do objeto narcisista, é um mandato da pulsão-vida. Na sua função de unir, aderir, ligar, numa trama de objetos significantes (família) e livrá-lo da pura condição de ´corpo´

…¨​Se consideramos a atitude dos pais carinhos com os seus filhos, teremos de discerni-la como renascimento e reprodução do próprio narcisismo há muito tempo abandonado

​ ¨. Situação necessária para definir essa transferência do corpo para o

soma, na criação e no processo de humanização do homem primitivo.

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Define-se o soma como o corpo do neurônio, unidade singular pela sua função de receber estímulos, decodificá-los intracelularmente e responder com uma descarga, a fim de aliviar um incremento de tensão que poderia afetar as maiores necessidades que emergem do homem, o amor e a auto conservação. O somático na linguagem psicanalítica é o que anima e dá vida ao corpo, também aquilo que faz adoecer e causa morte. ¨Corpo foste e em corpo te transformarás¨, seria a adaptação do ditado bíblico de ter nascido do pó ao qual o sopro divino deu vida. E que em ´ Introdução do narcisismo¨ Freud explicita a favor da constituição do ego, pelo ato de identificação massiva com os objetos primários. …¨​Então, as pulsões

auto eróticas são iniciais, primordiais; portanto algo deve ser acrescentado ao autoerotismo, uma nova ação psíquica, para que o narcisismo seja constituído

¨… E,

seguindo a linha do soma e do corpo, no ¨Ego e no id¨ Freud confirmará, ¨ ​o ego é especialmente uma essência-corpo.

​ ¨

O ego contém no seu interior o corpo, sendo o soma aquele que reage na sua singularidade de constituir-se em um ´objeto´, atributos que emanam do narcisismo infantil e depois pela satisfação da libido de objeto.

O trajeto das afecções da ´alma´ (a psique dos gregos) compromete o soma em diferentes graus e corresponde à psicanálise diferenciar uns dos outros, a fim de tornar ´egóicos´ sofrimentos que emergem como castigo devido às paixões do id nas doenças orgânicas. Uma transação intermediária entre o desejo e a proibição, nas neuroses. Os defeitos da conformação narcisista, na hipocondria, na esquizofrenia e na melancolia e, por último, o que corresponderia ao vestuário erótico da pulsão de morte do masoquismo.

NEUROSES ATUAIS. PSICONEUROSES

As neuroses atuais ou neuroses de angústia, as primeiras descritas por Freud, quando ele inicia as pesquisas sobre a histeria. As mesmas, puro ´ato´, implicam aos órgãos do corpo, durante a pré-história do ser, tanto da ontogenia como da filogenia. Diante dos estímulos que depois serão decifrados como de origem

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sexual, por causa da condição passiva infantil, imaturidade e pela indefensão. E na falta de uma inscrição pré-consciente respondem com uma disfunção dos órgãos que compõem seus sistemas (respiratório, cardiovascular, digestivo, etc…). Uma forma de expressar o aumento de uma tensão de disprazer.

A excitação sexual que nascendo de fontes somáticas, ao ir para o psiquismo, por não possuir representações pré-conscientes – seu enlace com a palavra- volta para o soma em forma de descarga. Provocando os sintomas citados, ao não coexistir com uma sensação de prazer, o corpo reage diante da pulsão sexual como diante de um perigo externo.

O corpo contém o que foi herdado, o organizado filogeneticamente pelas pulsões, que nascendo do soma tem seu representante no id, para depois quando se unir com a palavra criar o patrimônio do pré-consciente. De um ego que se prepara para dominar ditas forças e começar o processo de amadurecimento na criança e de humanização na espécie.

Se o somático é o genuinamente psíquico, como diz Freud na sua segunda suposição, o corpo do qual a psicanálise se ocupa é um corpo erogeneizado. Na Salpetriere,Freud supera ao mestre Charcot, quando descobre nas conversões histéricas os avatares do processo repressivo, que mantém ´mudas¨ as neuróticas por sintomas corporais. Uma transação em que a doença ao agir, ao mesmo tempo, como uma satisfação libidinal e castigo, lhe outorga às pacientes a condição de doentes que a medicina exclui. E que nos tempos de Charcot, incentivavam internar em um hospício. E na idade média, a convicção de pertencer ao gênero de seres endemoniados, que poderiam beneficiar-se unicamente com as práticas esotéricas do exorcismo.

O complexo de Édipo, complexo nodular das neuroses, no seu aspecto repressivo, castigar o ego, por algo que desconhece e que corresponde às vicissitudes da pulsão sexual, presente desde o momento do próprio nascimento. Transformando a histeria devido aos sofrimentos invalidantes em seres cujos tormentos impedem

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uma existência útil. A razão pela qual o ´talking cure¨de Anna O, modificado depois na psicanálise por Freud, passa de ser um método de investigação do inconsciente para a constituição de uma terapia psíquica. E se expande pelo mundo como uma cura em que a palavra tinha acesso ao status de um ensalmo, pela utilização do artifício técnico da transferência. A maneira em que o psiquismo renova como um clisé os seus objetos primários, reparando com o objeto analista, os avatares culposos de Édipo na sua versão trágica.

É a partir da experiência de dor em que o corpo começa a ser percebido desde o somático através da sensação de disprazer. Da qual se tenta fugir constituindo a base do processo repressivo. Enquanto que, ao contrário, a vivência de satisfação instaura a marca mnêmica do objeto que a satisfez. A partir da qual, um novo estado de necessidade provocará o estímulo que excite esta marca mnêmica que gerará o desejo. E o que diz respeito ao universo imaginário, que aprisiona a neurose no circuito das suas fantasias, com o afastamento da realidade estabelecida.

HIPOCONDRIA. ESQUIZOFRENIA. MELANCOLIA

O narcisismo torna o próprio corpo como objeto sexual e na hipocondria erogeniza o órgão doente, como ocorre com os genitais na excitação sexual. A transgressão de intumescê-los, inflamá-los, como no coito, equipara a hipocondria com a doença orgânica. Ambos os órgãos aparecem na consciência doentes, correspondendo à doença orgânica uma maneira de reação trágica. Não podendo o paciente diferenciar uma da outra, que, por causa de como é conhecido ´doente imaginário, fica excluído de um atendimento sério, como se o seu sofrimento não fosse importante. Provavelmente seja uma expressão de uma afecção que na filogenia arrasou com as pulsões de auto conservação, deixando no órgão hipocondríaco a memória de um passado trágico. Uma espécie de alerta para a posterioridade, emanado da injúria das pulsões vitais.

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A palavra esquizofrênica, ou também chamada linguagem de órgão, implicaria diretamente a utilização do órgão como coisa, um deslocamento metonímico do processo primário. O órgão acumulando uma quantidade infinita de significações, que como partes de um todo, são impossíveis de serem decifradas, ao não ter uma união com os signos da língua. Já que a representação coisa inconsciente em contínuo movimento, não está ligada à representação palavra correspondente. Constituindo uma relíquia/relicto da origem humana, em que ao começar a esboçar uma linguagem, uma palavra servia para a expressão das necessidades vitais e das situações de perigo, cuja finalidade é paliar a indefensão humana diante da natureza indômita. Mesmo sem os códigos universais que regem os usos de uma língua na atualidade. A respeito do que diz Freud, o dito esquizofrênico, teria uma tendência hipocondríaca ao devir linguagem de órgão.

A melancolia com seu luto patológico, é um signo que faz alusão ao objeto, a sua memória, onde o compromisso somático do órgão afetado representa o objeto perdido, o totem que comemora no corpo ao que desapareceu.

MASOQUISMO. ERÓGENO. FEMININO, FEMININO NO HOMEM. MORAL

O notável é que a dor, por um mecanismo colateral relacionado com a comoção mecânica, gera excitação sexual. Em que a quantidade, por corresponder a enormes fluxos causa dano à ´barreira´ anti estímulo e ao lesar se torna traumática. A vivência da dor, antes da vivência de satisfação, faz alusão a um objeto ´hostil¨, oposto ao objeto de satisfação da experiência em que surge o desejo. E a tendência de aluciná-lo cada vez que a insatisfação pulsional implique acalmar as grandes necessidades vitais (fome e amor) pressupõe a sua presentificação.

Enquanto a vivência da dor tende a fugir, que depois se transformará no processo repressivo, uma ação intermediária entre a fuga e a razão adversa, a dor constituída em meta com todo direito se adjetivará como foi feito enigmático por Freud.

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Dor e excitação sexual são componentes do masoquismo erógeno e do feminino, do feminino no homem, com a condição que o sofrimento venha da pessoa amada. Portanto, a dor seria uma oferenda para o amor de objeto; que o ser não merece receber, se não vier acompanhada por mais sofrimento, que poderia terminar em morte, ´morrer por amor´.

A derivação da dor, na ´dor moral´ do masoquismo moral, mostra que a pessoa amada já não é importante, senão o sofrimento por si mesmo. Em ¨O problema econômico do masoquismo¨ Freud fala da necessidade de ser torturado por um poder parental, castigo pela aspiração secreta de entrar em uma vinculação sexual passiva com o pai, seu sentido oculto. Para complementar que se a moral –isto é, a consciência moral- surge pela repressão do complexo de Édipo e da (dessexualização dos vínculos com ambos os integrantes do casal parental, termina em identificação com o membro do mesmo sexo e aspectos carinhosos com o gênero oposto, no masoquismo moral, tudo é revertido voltando a sexualizar a moral ao reanimar-se o complexo de Édipo. Enquanto se afunda a eticidade conseguida depois da repressão edípica, surgindo a consciência de um procedimento ´pecaminoso¨ que deve se expiado através das queixas de um superego sádico, ou com o castigo do destino, em representação de um poder parental. Em clara alusão aos relatos de Fedor Dostoievski, especialmente ¨Os irmãos Karamazov¨, seu último texto, considerado por Freud ´a obra mais grandiosa que já foi escrita”, da qual se serve para considerar que a hipertrofia pulsional destrutiva, ancorada no superego, só se dirige para a própria pessoa na forma de masoquismo moral. Não é preciso ser um criminal para ter castigo, apenas faz falta para obtê-lo, o puro desejo de matar, próprio da exclusão no triângulo edípico. E salienta ​… ¨Para provocar o castigo por parte desta última sub-rogação dos progenitores, o masoquista se vê obrigado fazer coisas inapropriadas, trabalhar contra o seu próprio benefício, destruir as perspectivas que se abrem no mundo real e eventualmente aniquilar a sua própria existência real¨…

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O culto ao corpo do mundo contemporâneo, o das tatuagens, dos silicones, polido pelo cinzel do bisturi, ao ser exibido na sua perfeição faz alusão a um procedimento estranho: o do masoquismo em todas suas versões (condição da excitação sexual, do erógeno. Expressão da natureza feminina. Masoquismo feminino no homem. Norma de conduta na vida, na moral). Visando um maltrato ao corpo puro, com uma certa anulação do seu caráter somático, para imolar-se já não através de uma afecção da alma, como as citadas, senão ser enganado pelo sentimento inconsciente de culpa, que na procura de uma perfeição corporal, proporciona à própria pulsão de morte de um vestuário erótico.

Referências

1. F.Cesio. Actualneurosis. Edit.La Peste.2010.Buenos Aires. 2. S.Freud.1890.Tratamiento psíquico. Tratamiento del alma.A.E.V.I 3. S.Freud.1895.Proyecto de psicología. AE Vol.I

4. S.Freud.1895.Sobre la justificación de separar de la neurastenia un determinado síndrome en calidad de ´neurosis de angustia¨ A.E.Vol.III

5. S.Freud. 1914. Introducción del Narcisismo. A.E.Vol.XIV 6. S.Freud. 1915. La represión. A.E.Vol.XIV

7. S.Freud.1923. El yo y el ello. A.E.Vol. XIX

8. S.Freud. 1924. El problema económico del masoquismo. E.A.Vol.XIX 9. S.Freud .1928.Dostoievski y el parricidio. E.A.Vol. XXI

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