Rafael Junior Matias de Freitas (FTA)
matiasdefreitasrafael@gmail.com
Amanda Souza Oliveira Pimentel (FTA)
amandaprod@yahoo.com.br
Roberli Leopoldino Cantidio (FTA)
roberlicantidio@gmail.com
VANDER CLAUDIO SEZERINO (FTA)
vander@organizzer.net
Cristiane Elisa Ribas Batista (FTA)
psicologia.cristiane@gmail.com
No processo de fundição de ferro cinzento, devido ao alto índice de defeitos apresentados para um determinado item, efetuou-se um estudo utilizando-se algumas das ferramentas da qualidade com o intuito de obter uma redução no percentual de refugo. Os defeitos da peça foram identificados e somente os três principais relacionados à macharia foram tratados neste trabalho: presença de gases, macho quebrado e inclusões de areia. Para atuação nesse processo, as causas principais dos desvios foram identificadas. A criticidade das causas foi avaliada e soluções para os desvios foram propostas. De forma geral, as principais causas dos desvios são falhas nos procedimentos adotados e falta de treinamento operacional. Ao final deste trabalho as soluções propostas para os desvios foram implantadas no processo de macharia.
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Palavras-chave: Defeitos de fundição, Ferramentas da qualidade,
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1. Introdução
Na produção de ferros fundidos, os defeitos em processo de macharia são responsáveis por grande parte do refugo existente. Os principais problemas são geralmente provenientes de mão-de-obra não treinada, equipamentos inadequados e sem manutenção periódica com graves desgastes devido à falta de manutenção.
A importância de um estudo para análise do processo reside no alto custo que as empresas sofrem com a não qualidade, o refugo e o retrabalho oriundo dos defeitos de fundição. Os custos gerados relacionam-se a: material descartado, insumos consumidos para produção de peça refugada e retrabalho, tempo de trabalho de equipamentos e operadores sobre a peça refugada e sobre o retrabalho, transportes de material e insumos, perda de produção correndo-se o risco de atraso na entrega para cliente e alto custo de retrabalho no cliente.
Tendo em vista os problemas apresentados, foi realizado uma análise do processo de macharia de uma peça fundida em ferro cinzento de perfis complexos e de pequena espessura para a detecção dos principais defeitos ocorrentes. Na sequência, aplicaram-se algumas ferramentas da qualidade, como Diagrama de Pareto, Brainstorming, Fluxograma e Matriz de Priorização, no intuito de resolver ou minimizar os problemas evidenciados durante o processo. O objetivo deste trabalho consiste em detectar e minimizar a ocorrência dos principais defeitos de uma peça fundida em ferro cinzento oriundos do processo de macharia cold box, reduzindo desperdícios no processo e incrementando a qualidade do produto.
2. Revisão bibliográfica
2.1 Defeitos no Processo Cold Box
O processo de macharia “Cold Box” consiste na obtenção de núcleos de areia ou moldes para a utilização na fundição de materiais metálicos. O processo consiste na mistura entre areia e resinas, após ocorre a confecção/sopro desse material em um molde (ferramental), sendo adicionado gás catalisador fazendo com que ocorra a cura do macho instantaneamente. Em
4 seguida efetua-se a pintura e estufagem dos núcleos de areia para que haja a eliminação de grande parte do gás catalisador e por fim os machos são estocados (HERMANN, REINERT e DUARTE, 2014). Não conformidades no processo de macharia resultam em machos defeituosos, que por sua vez, vão ocasionar a produção de peças fundidas defeituosas.
Alguns defeitos comuns ocorrentes em peças fundidas devido à confecção de machos são a presença de gases, macho quebrado e inclusão de areia. A presença de gases é encontrada nas peças como bolhas de paredes lisas e de formato esférico. Os gases são provenientes de machos ou moldes, havendo a sua propagação para o metal líquido por meio da evaporação da água ou decomposição de aditivos da areia. Segundo Duarte (1999), os gases advêm da elevada umidade da mistura de confecção dos machos, baixa permeabilidade da areia, cura dos machos inadequada e grande camada de tinta refratária.
A não conformidade na peça fundida por macho quebrado caracteriza-se como saliência com formato irregular, tendo aspecto de ruptura em partes internas da peça (BRAGA JR., 2016). Esse defeito forma-se pela projeção irregular do macho dentro da cavidade, uma vez que o macho esteja danificado ou com desvios consideráveis. Os danos no macho são causados, por sua vez, possivelmente pela falta ou excesso de estufagem, ausência de reforço no macho, areia base inadequada, falha de posicionamento do macho e negligência na confecção, pintura, estocagem ou transporte dos machos (DUARTE, 1999; SOUZA, 1979).
O defeito de inclusão de areia consiste na formação de cavidades na peça ou orifícios superficiais, devido à presença de grãos de areia entre a superfície do macho e da peça. Segundo Romanus (2005) esse defeito ocorre devido à alta velocidade de vazamento ou à baixa resistência mecânica do molde.
2.2 Ferramentas de Análise e Resolução de Problemas
De acordo com Montgomery (2004), define-se qualidade de várias maneiras. A maior parte das pessoas compreende o conceito de qualidade como algo pertinente a uma ou mais características desejáveis de um produto ou serviço. O autor salienta que é importante
5 compreender e buscar a melhoria, uma vez que ela seja o principal fator que conduz ao sucesso da organização.
Segundo Campos (2004), os problemas surgem quando há resultados indesejáveis no processo, ou seja, não conformidades. Para que se gerencie o processo em busca da qualidade, faz- se preciso resolver tais problemas. As ferramentas da qualidade são utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor soluções aos problemas identificados que interferem no desempenho dos processos organizacionais (DEMING, 1984). As ferramentas ajudam a estabelecer melhorias de qualidade.
De acordo com Seleme e Stadler (2008), brainstorming trata-se de uma ferramenta da qualidade utilizada em reuniões onde todos os integrantes têm total liberdade de expressar suas ideias por mais absurdas que pareçam ser, não se preocupando com os outros. As ideias são classificadas conforme as expectativas da empresa. Ao fazer o uso dessa ferramenta são consideradas três fases diferentes, sendo que a primeira é onde as ideias são geradas, a segunda tem como objetivo os esclarecimentos referentes ao processo e a terceira seria a avaliação das ideias ou propostas adquiridas.
A matriz de priorização é uma ferramenta que tem como objetivo a identificação das principais variáveis que exercem impacto sobre um resultado de interesse de uma companhia. Cada coluna da matriz representa um critério ou filtro que a empresa utiliza para definir quais as causas prioritárias ou soluções mais importantes encontradas, o grau de importância atribuído a cada critério é consequência das estratégias e necessidades da empresa (TUPY, 2015). A aplicação da matriz de priorização se dá para cada variável listada classificando os critérios de acordo com a pontuação atingida. Quanto maior a pontuação da coluna “Total”, maior é a prioridade de execução da ação corretiva ou causa potencial de maior importância que deverá ser tratada para que ocorra sua diminuição ou eliminação.
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3. Materiais e Métodos
Escolheu-se para a análise o processo de um componente que apresentava alto índice de refugo. O componente é produzido em ferro fundido cinzento e apresenta geometria consideravelmente complexa e de parede de fina espessura. Procurou-se a causa raiz dos defeitos mais ocorrentes na peça fundida relacionados à macharia. As possíveis causas foram listadas por meio de brainstorming. Após foram geradas matrizes de priorização. A prioridade obedeceu a uma escala decrescente. Os índices foram atribuídos subjetivamente conforme a equipe de trabalho julgou adequado. Para a comprovação das causas, procederam-se avaliações no próprio processo produtivo. Para isso, observaram-se as prováveis causas ocorrentes e os resultados obtidos. Comprovando-se as causas, soluções foram levantadas e implementadas no chão de fábrica.
4. Resultados
A primeira análise refere-se à identificação dos defeitos ocorrentes no processo de macharia do componente em análise. Os defeitos foram acompanhados por 8 meses e identificados como gases, macho quebrado, inclusões de areia e quebra por manuseio. O percentual de refugo devido ao defeito de gases corresponde a 0,17%, ao defeito de macho quebrado corresponde a 1,9%, ao defeito de inclusão de areia, 1,3%, enquanto que ao defeito de quebra por manuseio, corresponde a 1,9%. No presente artigo, são tratados os defeitos de gases, macho quebrado e inclusão de areia.
A Figura 01 ilustra o defeito de inclusão de areia.
7 Fonte: Próprio autor.
Após a identificação dos defeitos, prosseguiu-se à análise de suas prováveis causas. Busca-se a causa raiz de cada defeito. Matrizes de priorização foram geradas para as causas de cada tipo de defeito, conforme quadros 01, 02 e 03. Consideraram-se como parâmetros à priorização o impacto da causa sobre a não conformidade, a dificuldade de detecção da causa, bem como sua frequência de ocorrência. As causas hachuradas foram consideradas prioritárias para as subsequentes etapas de análise.
Quadro 01 – Matriz de priorização de causas de defeito de gases. Matriz de priorização Item GASES Im p a c to Di fí c il de te cç ã o O c o rr ên c ia
Nº Causa Pontuação Total
1 Saída de gases ineficiente 5 5 5 15
2 Permeabilidade da areia baixa 5 5 5 15
8
4 Saída de gases obstruída 5 1 5 11
5 Permeabilidade da tinta baixa 5 1 5 11
6 Excesso de resina 5 3 3 11
7 Excesso de umidade no macho 5 1 3 9
8 Temperatura de estufagem baixa 5 1 3 9
9 Tempo de estufagem baixo 5 1 3 9
10
Resina com composição fora do especificado
5 1 3 9
11 Composição do metal 5 1 3 9
12 Saída de gases obstruída 5 1 3 9
Fonte: Próprio autor.
Quadro 02 – Matriz de priorização de causas de macho quebrado. Matriz de priorização
Item MACHO QUEBRADO
Im pa c to Di fí c il de te cç ã o O c o rr ên c ia
9
Nº Causa Pontuação Total
1 Desgaste no ferramental 5 5 5 15
2 Trava da cadeira de montagem (lateral) não atende 5 3 5 13
3 Diâmetro do parafuso do pezinho da camisa inadequado 5 3 5 13
4 Condições inadequadas do cilindro pneumático 5 3 5 13
5 Falta de treinamento operacional 5 1 5 11
6 Caixa aberta (parte móvel) 3 3 5 11
7 Batidas durante o manuseio 5 1 3 9
8 Extrator desregulado 5 1 3 9
9 Montagem do macho-camisa no pacote (dispositivo desregulado) 5 1 3 9
10 Contrasaída de marcações dos machos 5 3 1 9
11 Porosidades nos machos 5 3 1 9
12 Desgastes nas agulhas de furação para parafusamento 5 3 1 9
13 Excesso de aperto nos tirantes 5 1 1 7
14 Excesso de torque durante parafusamento 1 1 1 3
Fonte: Próprio autor.
Quadro 03 – Matriz de priorização de causas de defeito inclusão de areia. Matriz de priorização
10
Item INCLUSÃO DE AREIA
Im pa c to Di fí c il de te cç ã o O c o rr ên c ia
Nº Causa Pontuação Total
1
Passagem de ar comprimido nas laterais (projetando sujidades para o
pacote) 5 5 5 15
2 Macho poroso 5 3 5 13
3 Batidas durante o manuseio 5 3 5 13
4 Cadeira de montagem desregulada 5 3 5 13
5 Machos camisa montados nos pacotes e estocados sem os machos laterais 5 3 5 13
6 Garra do robô de pintura desregulada 5 5 3 13
7 Condições das tesouras de manuseio inadequadas 5 1 5 11
8 Falta de treinamento operacional 5 1 5 11
9 Falta de limpeza na cadeira de montagem 5 1 5 11
10 Machos laterais estocados em baixo da linha de resfriamento (correntão) 5 1 5 11
11 Extrator desregulado 5 1 5 11
12 Canto vivo na marcação do macho 5 3 3 11
13 Macho poroso 5 3 3 11
14 Pinos-guia do dispositivo tesoura danificando o macho 5 3 3 11
15 Desgaste nas buchas de sopro 5 1 3 9
16 Desgaste nos extratores 5 1 3 9
Fonte: Próprio autor.
As causas priorizadas foram acompanhadas e avaliadas no processo produtivo a fim de que fossem validadas. Os quadros 04, 05 e 06 mostram a descrição de cada causa, as evidências de ocorrência das causas no processo produtivo e as provas que indicam aceitação ou refutação da causa.
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Quadro 04 – Comprovação de causas de defeito de gases.
GASES Causa
priorizada Descrição da causa
Evidência da
causa Prova da causa
Causa real?
1 Saída de gases
ineficiente
Saída de gases não atende a necessidade de ventilação da região com o desvio Pino de saída de gases não preenche completamente, evidenciado solidificação antes
da saída total dos gases Desvio evidenciado após a avaliação do conjunto de canalização Sim 2 Permeabilidade da areia baixa Permeabilidade da areia baixa diminui os vazios intersticiais
da areia
Pode vir a causar obstrução da saída dos gases
Avaliado vários lotes de areia onde foi
evidenciado a permeabilidade"ideal" para trabalho e o desvio de gases persistiu Não 3 Temperatura do metal líquido baixa Temperatura de vazamento do metal líquido abaixo do especificado Evidenciado o desvio nas cartas
de controle de temperatura
Lotes que foram fundidos com temperatura abaixo do especificado apresentaram aumento do percentual de refugo por gases Sim 4 Saída de gases obstruída Devido ao desgaste no ferramental as saídas de gases ficam obstruídas com
uma película de areia Após avaliação do ferramental foram encontradas agulhas com desgaste Agulhas não apresentavam dimensões corretas estabelecidas no projeto Sim 5 Camada da tinta alta Com a camada de tinta alta a permeabilidade tende a diminuir Evidenciado o desvio nas cartas
de controle da preparação da
tinta
Lotes que foram fundidos com camada
de tinta fora do especificado não apresentaram aumento no percentual de refugo por gases Não
12
6
Excesso de umidade no
macho
Pode gerar aumento no volume de gás no momento do vazamento do metal líquido Com a evaporação da umidade estes gases ficam aprisionados no interior da peça
Avaliado lotes com temperatura de estufagem baixa, não
sendo evidenciada elevação do refugo
por gases
Não
Fonte: Próprio autor.
Quadro 05 – Comprovação de causas de defeito de macho quebrado. MACHO QUEBRADO
Causa priorizada Descrição da causa Evidência da causa Prova da causa Causa
real?
1 Caixa aberta
(parte móvel)
Durante o fechamento do ferramental a parte
móvel não fecha totalmente
Este desvio causa vazamento de areia e consequentemente a fragilização do macho Houve geração de refugo por penetração de metal e não
macho quebrado Não
2 Desgaste do ferramental Agulhas de parafusamento gastas Provocam trincas ou encaixe irregular o macho
Após troca das agulhas gastas o desvio de macho quebrado não melhorou Não 3 Trava da cadeira de montagem não atende Durante a etapa de montagem do pacote de macho, o macho lateral não fica
travado adequadamente Macho lateral acaba escapando vindo a bater no pacote Evidenciou-se o desvio de macho quebrado devido a batidas geradas no momento do fechamento do pacote Sim 4 Falta de treinamento operacional Neste processo produtivo as operações não estão
totalmente definidas Os operadores não conhecem o impacto do seu trabalho no produto final Ficha técnica desatualizada Sim
13 5 Cilindro de fechamento do dispositivo (cadeira) sem regulagem Na montagem do pacote, as montagens
dos machos laterais são feitas por um
dispositivo semiautomático Dispositivo é movimentado por um cilindro pneumático e devido á desregulagem acaba efetuando o fechamento muito rápido ocasionando batidas entre os machos O desvio é evidenciado sempre que ocorrem batidas durante o fechamento do macho lateral. Sim 6 Parafusamento inadequado (pezinho do macho-camisa) Devido ao parafusamento de fixação ao macho-guia o pezinho vem a
trincar/ quebrar Diâmetro maior do furo do pezinho no macho camisa Alto índice de peças apresentando o desvio de macho quebrado nesta região Sim
Fonte: Próprio autor.
Quadro 06 – Comprovação de causas de defeito de inclusão de areia. INCLUSÃO DE AREIA
Causa
priorizada Descrição da causa Evidência da causa Prova da causa
Causa real? 1 Passagem de ar comprimido nas laterais (projetando sujidades para o pacote) Durante a passagem de ar comprimido nos machos laterais, sujidades podem ser
direcionadas para o pacote se o mesmo estiver na cadeira de montagem. Areia aderida ao pacote após passagem de ar comprimido Durante o processo, este desvio foi evidenciado durante a etapa de limpeza com ar comprimido Sim 2 Batidas durante o manuseio Batidas do dispositivo tesoura no pacote Guias do dispositivo tesoura danificam o pacote Durante a produção os guias da tesoura danificam a região superior do pacote gerando resíduos que caem para o interior do mesmo
14 3 Cadeira de montagem desregulada Fechamento inadequado da cadeira de montagem Cilindro de fechamento do dispositivo danificado Após simulação montando o macho lateral junto ao pacote , foi evidenciado aperto com geração de resíduos na marcação do pacote Sim 4 Machos camisa montados nos pacotes e estocados sem os machos laterais Devido à falta de macho lateral os pacotes são montados
somente com os machos camisas e levados ao estoque
para posterior montagem das laterais
Esta prática facilita a entrada de tocos
de macho nas cavidades do
pacote
Feitos testes com pacotes simulando a sujidade proveniente da estocagem e o resultado foi o acumulo de areia na região Sim 5 Falta de treinamento operacional Operações e processos não estão
devidamente padronizados Ficha técnica desatualizada Ficha técnica desatualizada Sim 6 Condições de estocagem inadequada Machos estocados embaixo da linha de resfriamento Acúmulo de areia sobre os machos
Após limpeza com ar comprimido tocos de macho ficam aderidos entre os machos dreno e lateral Sim 7 Falta de limpeza da cadeira de montagem Passagem de ar comprimido deficiente Procedimento de passagem de ar comprimido não estabelecido Procedimento de passagem de ar comprimido ausente em ficha técnica Sim
Fonte: Próprio autor.
Em busca da melhoria dos processos baseada na análise dos dados foram utilizados experimentos e padronização do trabalho visando à criação de um novo estado de processo. Executando pilotos do processo para estabelecer capacidade, as soluções para as causas apontadas como fundamentais estão listadas nos quadros 7, 8 e 9. As maiores soluções estão atreladas a treinamento operacional, atualizações de ficha técnica e melhorias no processo, ferramentais e gabaritos.
Quadro 07 – Ações para desvios de gases.
LISTA DE AÇÕES PROPOSTAS PARA O DESVIO DE GASES
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SaÍda de gases ineficiente Cria bolsão para saída do metal líquido e retardar a
solidificação do pino de saída de gases Temperatura do metal líquido baixa
Aumentar a faixa de temperatura de vazamento do metal líquido e criar alerta da qualidade especificando
o desvio
Saída de gases obstruída Alterar o ferramental de macharia de forma a não ser
possível a obstrução das saídas de gases Fonte: Próprio autor.
Quadro 08 – Ações para desvio de macho quebrado.
LISTA DE AÇÕES PROPSTAS PARA O DESVIO DE MACHO QUEBRADO
Causa Raiz Soluções Propostas
Trava da cadeira de montagem (lateral) não "atende"
Liberar dispositivo de montagem que se encontra em fase de aprovação, otimizar dispositivo de montagem atual, efetuar o ensaio de teste revelador uma vez
por turno Cilindros de fechamento da cadeira
(lateral) sem regulagem
Falta de treinamento operacional Realizar treinamento operacional com a equipe
Parafusamento inadequado (diâmetro da furo do pezinho do macho camisa maior)
Avaliar contrasaídas, criar check-list na inspeção, avaliar parafusamento/trocar ponteira da parafusadeira/boquilha para usar parafuso menor
Fonte: Próprio autor.
Quadro 09 – Ações para desvio de inclusão de areia.
LISTA DAS AÇÕES PROPOSTAS PARA O DESVIO DE INCLUSÃO DE AREIA
Causa Raiz Soluções Propostas
Passagem de ar comprimido nas laterais (projetando tocos para o pacote)
Treinamento operacional, atualização da ficha técnica de processo, instalação de mangueira de ar
comprimido no dispositivo de montagem
Macho poroso Adicionar peneiras no ferramental de macharia para
16
Dispositivo de montagem desregulada
Efetuar teste revelador uma vez por turno (atualizar ficha técnica de processo), corrigir desgaste no
ferramental de macharia Machos-camisa montados nos pacotes e
estocados sem os machos laterais
Treinamento operacional, atualização da ficha técnica de processo
Falta de treinamento operacional Atualizar ficha técnica e efetuar treinamento
operacional Condições de estocagem inadequado
(pacote)
Fechamento da chapa expandida do túnel de resfriamento da linha e avaliação da mudança do
local de estocagem do estrado para outra área Falta de limpeza da cadeira de
montagem (pacote)
Adicionar mangueira de ar comprimido e treinamento operacional
Fonte: Próprio autor.
As medidas indicadas como solução dos problemas foram implementadas. A eficácia das medidas foi então avaliada individualmente. Algumas medidas são discutidas no presente artigo.
As ações referentes à causa raiz de temperatura de vazamento baixa de 1400°C a 1420°C para o defeito de gases, foram analisadas e comparadas à incidência do refugo por gases em temperaturas abaixo ou próximo ao limite inferior especificado. Foi comprovado que o índice de refugo tende a aumentar drasticamente. Sendo assim, foi elevada a faixa de temperatura para o vazamento do metal em 10°C, sendo alterada para 1410ºC a 1430ºC. Porém, essa nova temperatura gerou um efeito colateral, a saber, houve a intensificação do desvio de penetração metálica em um ponto já conhecido para esse desvio, gerando uma segunda ação na qual foi criada uma pintura adicional para melhoria da refratariedade do ponto em questão.
Diversas ações foram tomadas para reduzir o desvio por macho quebrado. Algumas são aqui destacadas.
Uma ação para o combate da causa geradora do defeito de macho quebrado relacionada ao dispositivo de montagem foi realizar ajuste do cilindro pneumático, e a troca do sensor para atuação de avanço e recuo devido ao antigo apresentar problemas, conforme demonstra a figura 02 nas imagens a) e c), o cilindro juntamente com o sensor circulados.
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Figura 02 – Cilindro pneumático desregulado.
Fonte: Próprio autor.
Para o combate da causa raiz de falta de conhecimento dos colaboradores foi preparado um relatório com os pontos críticos do processo e apresentado para a equipe de trabalho em forma de treinamento operacional, sendo também efetuada atualização da ficha de instrução de trabalho.
Quanto ao defeito de inclusão de areia, para que não houvesse mais o acúmulo de areia gerado pela estocagem embaixo da linha de resfriamento foi definido novo local de estocagem desses machos, onde o risco de acúmulo de sujidades é bem menor.
Foi aplicada a solução à causa raiz “Machos-camisa montados nos pacotes e estocados sem os machos laterais”. Nesta etapa da estocagem os machos encontram-se incompletos, ou seja, os mesmos encontram-se prontos para a montagem sendo que por eventuais problemas no processo não seria possível utiliza-los logo após a sua estufagem fazendo-se necessário estocar os mesmos de forma a gerar acúmulo de areia entre as partes. Este acúmulo de areia é
18 localizado e de difícil visualização, dificultando a sua remoção conforme demonstra a figura 03. Para solucionar esse desvio foi implementada uma nova forma de estocagem, segundo a qual não são montados machos parcialmente e estocados. Somente há estoque com a montagem completa ou individual dos machos.
Figura 03 – Forma de estocagem inadequada. Nas imagens à direita estão indicadas regiões correspondes b) na peça fundida e d) no macho.
Fonte: Próprio autor.
Embora as ações tenham sido implementadas, ainda não houve tempo suficiente para a adequada comparação entre os índices de refugo antes e depois das ações. Portanto, ainda não se dispõe de dados conclusivos sobre a eficácia da metodologia.
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5. Conclusão
Os defeitos de geração de gases, macho quebrado e inclusões de areia foram encontrados no processo e as possíveis causas foram levantadas e priorizadas. As principais causas de defeito de gases encontradas foram: desgaste de ferramental, procedimento inadequado (temperatura do metal líquido baixa); de defeito de macho quebrado foram: falhas nos procedimentos de montagem de pacotes e falta de treinamento operacional e de defeito de inclusão de areia: falhas de montagem de pacotes, falhas na estocagem de machos e também falta de treinamento operacional. Portanto, observa-se de forma geral diversas falhas nos procedimentos adotados, bem como falta de padronização dos procedimentos.
Considera-se a metodologia de resolução de não-conformidades adequada. Foi possível identificar a causa raiz dos desvios encontrados, e combate-las, implementando-se as soluções propostas. Espera-se que o trabalho desenvolvido venha a reduzir a ocorrência de defeitos no processo de macharia permanentemente.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Falconi Vicente. TQC Controle da Qualidade (No estilo japonês). 8. ed. Minas Gerais: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004.
BRAGA JR., Arnaldo Ferreira. Defeitos em Peças Fabricadas pelo Processo de Fundição. Disponível em: <http://www.jmmsassessoria.com.br/upload/files/defeitos-em-pecas-fabricadas-pelo-processo-de-fundicao.pdf>. Acesso em: 09 de abr de 2016.
DEMING, William Edwards. Saia da Crise. As 14 Lições definitivas para Controle de Qualidade de W.
Edwards Deming. Futura, 2003.
DUARTE, Iberê Roberto. Apostila Areia a verde. Escola Técnica Tupy, 1999
HERMANN, Max; REINERT, Maria Inez; DUARTE, Iberê Roberto. Processo areia a verde. Joinville: Nova Letra, 2014.
MONTGOMERY, Douglas C.; Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade. 4°ed.Rio de Janeiro: LTC, 2004.
20
ROMANUS, Arnaldo. Moldagem em areia verde: manual de defeitos soluções. São Paulo: Abifa, 2005 SOUZA, Walter. Defeitos de Fundição. Joinville: Indústria de Fundição Tupy Ltda, 1979.